EDITORIAL

 

Editorial

 

 

Fábio Roberto Rodrigues Belo

Editor Geral

 

 

O número 2 do volume 9 da Revista Gerais, mais uma vez, apresenta artigos com estudos importantes nas mais diversas áreas da Psicologia.

Começamos com o artigo "O acerto de contas no trabalho do tráfico de drogas varejistas", de Thaísa Vilela, Vanessa Andrade de Barros. Sob a perspectiva da Psicologia do Trabalho, as autoras buscam compreender a atividade do acerto de contas. O ato de matar, as autoras concluem, é naturalizado e espetacularizado, sendo uma prescrição na gestão do tráfico de drogas.

Vanessa Barbosa Romera Leme, Luana de Mendonça Fernandes, Neidiany Vieira Jovarini, Amanda Oliveira Falcão e Gisele Aparecida de Moraes assinam o artigo "Percepções de jovens sobre a transição para vida adulta e as relações familiares". As autoras realizam um estudo exploratório com abordagem qualitativa. Os resultados da pesquisa poderão auxiliar programas de intervenção preventivos e de promoção de saúde mental com os jovens adultos que vivenciam a transição para a vida adulta e seus familiares.

Em "Reflexões sobre o processo neuropsicológico de pessoas com altas habilidades/ superdotação", Winnie Gomes da Silva, Rossana Gecília Bezerra Rolim e Wayne de Holanda Mazoli examinam as teorias neuropsicológicas que tratam não apenas das pessoas com nível superior de inteligência, mas também a motivação e a criatividade. Os mecanismos neuropsicológicos de pessoas identificadas com altas habilidades / superdotação são examinados. Segundo os autores, novas investigações são necessárias para que se estabeleçam melhores correlações entre as habilidades cognitivas e outras atividades neurofuncionais.

No segundo artigo do campo da Psicologia do Trabalho deste número, Felipe Salvador Grisolia e Lucia Rabello de Castro, em "A padronização no fast-food e seus efeitos na subjetividade do jovem trabalhador", mostram como o trabalho prescrito gera mal-estar entre os trabalhadores em restaurantes do tipo fast-food. Para fugir do mal-estar e das prescrições do trabalho, os trabalhadores se defendem procurando realizar o trabalho de outras formas e brincando com os colegas.

"Homicídio conjugal na grande São Paulo e na grande Florianópolis: notícias publicadas em jornais", de Lucienne Martins Borges, Mariá Boeira Lodetti, Ana Laura Tridapalli e Gustavo da Silva Machado, aborda o gesto homicida que ocorre entre pessoas que estão ou estiveram vinculadas por uma relação afetiva. As autoras e o autor comparam as ocorrências deste tipo de crime em São Paulo e Florianópolis e os resultados mostram a prevalência do gesto homicida perpetrado por homens, por exemplo.

Paulo Coelho Castelo Branco e Sérgio Dias Cirino estudam a noção rogeriana de consciência, relacionando-a com seu contexto estadunidense de ideias psicológicas. O artigo "Reflexões sobre a consciência na fenomenologia e na abordagem centrada na pessoa" problematiza e aprofunda elementos teóricos concernentes à Psicologia de Rogers, traçando um interessante percurso histórico-epistemológico que levam à hibridização desse conhecimento no Brasil.

"O lugar do uso de drogas na identidade de uma pessoa em situação de rua", é uma pesquisa qualitativa realizada por James Ferreira Moura Jr. e Verônica Morais Ximenes. O início do uso de drogas pode estar relacionado à realidade de pobreza e desagregação familiar. Um dado importante é revelado pelos autores: a situação de rua pode permanecer pela discriminação e pelo reconhecimento perverso, que acaba por desenvolver identidades fetichizadas. É possível, concluem os autores, construir identidades metamorfoses com o apoio das famílias e das políticas públicas.

Na seção de Revisões Críticas de Literatura, contamos com dois artigos. O primeiro, "Produção científica brasileira sobre a psicologia evolucionista", de Pablo Mantovani Polippo, Vinícius Renato Thomé Ferreira e Márcia Fortes Wagner. A pesquisa dos autores mostra 46 artigos que abordam temas ligados à psicologia evolucionista. No Brasil, percebe-se que esta área é recente e que merece ampliação de pesquisas e publicações.

Já o segundo artigo desta seção, "Empreendedorismo social, pós-modernidade e psicologia: compreendendo conceitos, atuações e contextos", de Inara Rezende Oliveira, Mário Lázaro Camargo, Marianne Ramos Feijó, Dinael Corrêa de Campos e Edward Goulart Júnior, revisa as publicações dos últimos 15 anos a fim de compreender o incremento das ações de empreendedorismo social. A Psicologia ainda participa de forma branda nestes projetos. Os autores apostam na Psicologia Organizacional e do Trabalho, por meio das práticas de gestão de pessoas, como um importante parceiro destas práticas.

A seção Relatos de experiência traz o artigo "Redução de ansiedade com grupo de diabéticos", de Jessica Maires Severino Mota, Anderson Meireles da Silva, Tatiana Bahia Abrel, Maíra Aparecida de Castro, Marcos Vieira Silva, Maria Nivalda Carvalho-Freitas, Andréa Carmen Guimarães

Finalmente, o número 2, do volume 9, se encerra trazendo a instigante resenha de Caroline Barros Amaral e Érico Bruno Viana Campos, do livro O Sujeito na Contemporaneidade, de Joel Birman.

Esperamos que o trabalho para produção do volume 9 instiga ainda mais diálogo e novas publicações para nosso campo. Desejamos a todos e todas excelentes leituras. Aproveitamos o ensejo para divulgar nossa página no Facebook: https://www.facebook.com/revistagerais/