TransFormações em Psicologia (Online)
ISSN 2176-106X
TransForm. Psicol. (Online) vol.2 no.2 São Paulo 2009
Tradução
O lugar da organização cinestética, visceral e laringiana no pensamento1
Luiz Eduardo de V. Moreira2
Nota introdutória
John Broadus Watson nasceu no ano de 1878 perto da cidade de Greenville, no estado da Carolina do Sul, nos EUA. Fez seus estudos universitários na Universidade de Chicago. Estudou Psicologia Experimental (major) com J. R. Angell, Filosofia (first minor) com J. Dewey, A. W. Moore e J. H Tufts e Neurologia (second minor) com H. H. Donaldson e J. Loeb. Doutorou-se com uma tese de Psicologia Experimental, orientada por Angell e Donaldson, estudando a relação entre o comportamento e o amadurecimento do sistema nervoso de ratos.
Watson tornou-se professor assistente na Universidade de Chicago logo após seu doutoramento. Permaneceria ali até ser convidado a dar aulas na Universidade Johns Hopkins, de cujo recém-criado Departamento de Psicologia seria diretor. Em 1920, por conta de seu envolvimento com uma aluna, viu sua carreira acadêmica terminar abruta e prematuramente. Voltou-se então para o mercado publicitário, no qual alcançaria grande sucesso, assumindo um cargo executivo na J. Walter Thompson Company. Deu aulas na New School for Social Research. Mesmo fora do meio acadêmico, continuou publicando, assumindo um destacado lugar como publicista. Morreu aos 80 anos de idade, em sua fazenda3.
Watson é freqüentemente lembrado e citado pela publicação, em 1913, do artigo Psychology as the behaviourist views it,4 conhecido como "Manifesto Behaviorista", em que expõe uma nova proposta de psicologia, postulando o comportamento como seu objeto de estudo. Colocava-se, de pronto, contra o uso do instrospeccionismo como método e afirmava que os objetivos dessa ciência deveriam ser a predição e o controle do comportamento. De maneira geral, Watson buscou inserir a Psicologia no reino das chamadas hard sciences, de acordo com seus paradigmas de empirismo e materialismo.
Estranhamos que um autor de sua importância histórica seja, embora citado, pouco lido – e Watson não é caso único. Entendemos que a recusa em nos dirigirmos diretamente aos textos originais resulta em uma falsa apropriação daquilo que de fato o autor propõe. A chance para análises equivocadas é grande, assim como para a descontextualização de suas idéias e afirmações. Formaram-se, em torno de Watson, alguns mitos: as "12 crianças", o Pequeno Albert, a desconsideração do estudo dos chamados "eventos privados" – como as emoções e o pensamento. Numa tentativa de contribuir para que esses erros não ocorram pela falta de material em português – já que Watson é também pouco traduzido – julgamos pertinente a presente tradução. Mais especificamente, entendemos que o artigo ora traduzido toca em um ponto crucial para o entendimento da obra watsoniana: a faculdade de pensar e sua explicação a partir dos pressupostos behavioristas. Entender a relação entre linguagem e pensamento é fundamental para entender o debate entre mente e corpo em Watson.
As ilustrações são as mesmas que aparecem no artigo original. Sempre que julgamos pertinente, fizemos algum comentário sobre a tradução. Estas notas estão assinaladas, ao final, entre chaves, por N. do T. – Nota do Tradutor –, para diferenciá-las das notas originais do autor. Optamos por utilizarmos itálico sempre e somente quando o autor o utiliza, bem como aspas e abreviações. Palavras estrangeiras no texto original não foram traduzidas para o português.
1 O artigo original pode ser encontrado em Watson, J. B. (1924). The place of kinaesthetic, visceral and laryngeal organization in thinking. The Psychological Review, 31 (5), 339-347. O artigo original encontra-se em domínio público, segundo informações do site da revista (http://www.apa.org/journals/rev/).
TransFormações em Psicologia, 2009, Vol. 2, nº 2, 114-125
2 Estudante de Graduação em Psicologia da Universidade de São Paulo
3 As informações biográficas de Watson foram retiradas de Buckley, K. W. (1989). Mechanical Man: John Broadus Watson and the beginnings of behaviorism. New York: The Guilford Press, para onde remetemos o leitor interessado.
4 Watson, J. B. (1913). Psychology as the behaviourist views it. The Psychological Review, 20(2), 158-177.