EDITORIAL

“Escrita, é sempre você que me resgata do limiar do eminente nada que borbulha em camadas de pensamentos perigosos e palavras, cepas resistentes à droga da vida...”

Claudia Roquette-Pinto

Esta é a segunda Estudos de Psicanálise de nossa gestão, onde começamos com o desafio de publicar dois volumes por ano, o que me angustiou e também a alguns companheiros. Nossas instituições teriam produção suficiente? Seria sacrificante a escrita de dois números por ano?

Nossa revista é onde podemos depositar nossa produção criativa, mas é também através dela que podemos compartilhar com nossos pares nossas dificuldades clínicas e teóricas, e nossas angústias advindas desta missão dita impossível por Freud: psicanalisar. Sabemos como a escrita tem uma função privilegiada para a psicanálise, sendo a letra, como bem nos disse Lacan em Lituraterra, litoral entre simbólico e real. Escrevemos porque é preciso, para dar conta das angústias que nos causa a clínica!

Parafraseando Chico Buarque, escrever é preciso, viver não é preciso...

E mais uma vez conseguimos trazer um número com artigos consistentes e de excelente qualidade. Abrimos espaço também para convidados de outras instituições e colegas estrangeiros, neste desafio de interlocução que se faz necessário neste momento da pós-modernidade para que a psicanálise sobreviva às constantes expectativas de sua desaparição, presentes dentro do discurso universitário.

O Círculo Brasileiro de Psicanálise sempre primou pela abertura a diferentes correntes dentro da psicanálise e sua revista Estudos de Psicanálise deve acompanhá-lo nesta missão, nem sempre fácil, do respeito à diferença. Afinal, é a circulação de discursos que promove o saber.

Agradecemos a todos que enviaram trabalhos e participaram, direta ou indiretamente, da feitura dessa edição da nossa revista.

Que todos desfrutem da sua leitura!

Isabela Santoro Campanário
Editora