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Tempo psicanalitico

versão impressa ISSN 0101-4838

Tempo psicanal. vol.46 no.1 Rio de Janeiro jul. 2014

 

ARTIGOS

 

Do universo infinito ao mercado ilimitado – a hipermodernidade de Jacques Lacan

 

From the infinite universe to the unlimited market – the hypermodernity of Jacques Lacan

 

 

Raquel Horta Fialho do Amaral Cougo*; Marcus André VieiraI**

I Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ) - Brasil

 

 


RESUMO

O texto tenta localizar a incidência do discurso científico como agente constituinte do consumismo tal como ele se configurou na contemporaneidade. Para dar fundamento a isso, veremos que, ao determinar um real estruturado matematicamente e, portanto, decifrável matematicamente, a ciência moderna se estabelece como discurso que não concebe limitações ao saber – posição perante o real designada por Lacan "foraclusão do sujeito". Seguiremos as indicações de que a condição pós-moderna teria suas bases neste ilimitado da ciência moderna para observarmos que, nesse ensejo, o capitalismo se oferece como congruente com a demanda ilimitada gerada pela técnica científica. O trabalho se encerra com a articulação entre dois dos atributos do consumismo – a inutilidade do que é consumido e um caráter ilimitado dessa ação – e os efeitos do discurso científico na constituição do sujeito.

Palavras-chave: sujeito; discurso da ciência; capitalismo; consumismo.


ABSTRACT

This manuscript attempts to identify the incidence of the scientific discourse as a constituting agent of the contemporary consumerism phenomena. In order to fundament this argument, we shall see that, as modern science determinates a mathematically structured and, therefore, mathematically decipherable real, it establishes itself as a discourse that does not conceive limitations for knowledge – a position towards the real that Lacan names "subject forclusion". We will follow the indications that the post-modern condition would have its foundations in this boundlessness of modern science, and we will find that capitalism appears as a congruent answer to this unrestrained demand that arrives from the scientific technique. The article concludes with an articulation between two attributes of consumerism – the uselessness of what is ultimately consumed and the unrestricted character of such act – and the effects of the scientific discourse over the constitution of the subject.

Keywords: subject; scientific discourse; capitalism; consumerism.


 

 

Falar de pós-modernidade tem sido sinônimo de tratar dos efeitos do capitalismo na cultura. Compartilharemos com Bauman (2009) e Jameson (2002) desse ponto de partida, mas nossa rota almeja ter como ponto de chegada uma aproximação da questão do consumismo mediante uma reflexão sobre a constituição do sujeito na contemporaneidade, levando em conta a incidência do discurso da ciência nesse processo.

Podemos observar o quanto o capital tem sido extremamente exitoso em seu convite aos shoppings e é preciso que analisemos o que faz esse convite ser quase irrecusável nos dias de hoje. Para tanto, partiremos da observação de Jacques Lacan quanto aos efeitos da incidência do discurso científico sobre os sujeitos na atualidade, bem como sobre a "forma galopante de sua imisção em nosso mundo" (Lacan, 1965/1998: 870) para nos acercarmos da função que o convite ao consumo pode operar diante do sujeito constituído nesse ensejo.

Vejamos brevemente os fundamentos da ciência moderna, tomando, tal como fez Lacan, Alexandre Koyré como guia de nossa incursão. A ciência moderna tem a matemática como linguagem suprema e isto só se torna possível a partir de uma mudança de pensamento que, de tão radical, viria constituir uma nova concepção de mundo. É o que sustenta Koyré (2006), localizando as ideias de Galileu como o ponto originário da revolução científica, como marco inaugural do modo moderno de conceber o universo (Koyré, 1939/1986). As ideias de Galileu partem das ideias de Platão, mas as ultrapassam ao extinguir a distância entre as figuras geométricas e o mundo real em seu postulado de que Deus construiu o mundo em linguagem matemática. Sendo assim, segundo Galileu, viveríamos num universo constituído matematicamente.

Galileu talvez seja o primeiro espírito a acreditar que as formas matemáticas eram efetivamente realizadas no mundo. Tudo o que existe no mundo está submetido a forma geométrica; todos os movimentos são submetidos à leis matemáticas, não só os movimentos regulares e as formas regulares que, talvez, sejam absolutamente inexistentes na natureza, mas também as formas irregulares (Koyré, 1991: 54).

Essa "redução do real ao geométrico" (Koyré, 1991: 53) é o que a ciência moderna tem de moderno e é nisso que ela ultrapassa os limites que separam ciência medieval e modernidade.

Ao mudar a compreensão que se tinha do universo, o nascimento da ciência moderna também modificou a postura do cientista diante de seu objeto de estudo. A partir da concepção de um universo matematicamente ordenado, o cientista moderno se coloca em posição de observar os fenômenos e, partindo do postulado de que esses fenômenos são regidos matematicamente, extrair-lhes as leis (Milner, 1996). Dizer que a lei é extraída do real faz notar que a posição da ciência moderna diante do real não corresponde à formulação de uma teoria, de uma hipótese matemática sobre ele. Newton (citado por Koyré, 2006: 202) foi categórico ao afirmar que ele não formula hipóteses – Hypotheses non figo, e isto nos informa que, mais do que formular induções sobre a natureza, a ciência moderna a acessa de maneira imediata, extraindo dela tudo o que diga respeito ao seu modus operandi. O universo, sob o olhar da ciência moderna, contém leis e estrutura acessíveis ao homem naturalmente, isto é, já contém um saber. Assim, resta ao cientista no processo de produção do saber científico desenterrar, tal como um arqueólogo, esse saber que já existiria muito antes que dele alguém se ocupasse.

As indicações de Jacques Lacan a partir das premissas de Koyré deixam pistas de que o modo como a psicanálise entende e aborda o real difere desta posição da ciência moderna, que se assenta sobre um real acessível e teorizável.

 

O real da psicanálise

"Real" para Lacan não é um adjetivo, mas um dos modos fundamentais de ordenar a experiência freudiana, juntamente com o simbólico e o imaginário (Lacan, 1974-1975). Não poderemos desenvolver este ponto no presente. Será suficiente caracterizar o real, que tem múltiplas acepções para Lacan, como aquilo que há e que "resiste à simbolização, como o que resvala escorregando dos braços do discurso que a estreita" (Lacan, 1972/2003: 478).

A psicanálise observa a existência de um ponto cego que não é articulável e que funciona como gap entre causa e efeito (Lacan, 1959-1960/1997), enquanto a ciência não concebe a existência dessa lacuna. O discurso da ciência agarra o real ao conceber que, por ser matemático, ele é totalmente formalizável. Assim, o que a forma lógica da ciência proporciona é a obturação do vazio estrutural que a psicanálise lacaniana e a linguística de Saussure localizam na linguagem (Lacan, 1957/1998). É esse vazio estrutural que seria, segundo Lacan, estruturante (Vieira, 2008), que opera como ponto cego impedindo a cada um de ser congruente consigo mesmo e, ao mesmo tempo, lhe permitindo apostar que seu real é mais do que lhe é possível conceber.

O sujeito é um dos nomes do real na psicanálise. Ora, se ele se localiza nos "desvãos" da cadeia significante, "entre as palavras", como "hiância" (Lacan, citado por Vieira, 2008: 56), com o tamponamento deste vazio não haverá lugar para o sujeito no discurso científico. Uma Weltanschauung, uma visão de mundo(Freud, 1932-1933/1996) que parte do postulado de que o livro do universo está escrito em língua matemática (Galilei, 1623/1996) concebe um universo integralmente teorizável. Se todo o universo do empírico tem fundamentos matemáticos e leis calculáveis não existe vazio, nenhum ponto cego que represente um limite para o saber. Isso implica que, se na antiguidade o mundo era prenhe de mistérios e continha pontos sobre os quais seria impossível saber, o discurso da ciência formula um mundo no qual o saber não tem fronteiras, donde a célebre fórmula de Koyré para assinalar o surgimento da ciência moderna: "Do mundo fechado ao universo infinito" (2006).

Onde a psicanálise localiza uma lacuna que funciona como causa, a ciência moderna introduz uma fórmula universal e, a partir disso, esse vazio que até então era inarticulável (Lacan, 1957/1998) passa a integrar a equação como uma variável, como algo passível de ser calculado. Essa posição da ciência levou Lacan a afirmar que, quando o assunto é sujeito, "[...] da verdade como causa, ela (a ciência) não-quer-saber-nada. Reconhece-se aí a formulação que dou da Verwerfung ou foraclusão [...]" (Lacan, 1965/1998: 889).

 

Foraclusão pós-moderna

Não devemos pensar que a escolha de Lacan por este termo, foraclusão, para falar da ação da ciência sobre o sujeito tenha sido aleatória. Esse tratamento radical confere à representação foracluída o estatuto de non-arrivé" – de "não-acontecido", de uma representação que nunca existiu. Tratamento esse que Freud (1884/1966: 56) delineou como mecanismo concernente à psicose e chamou de Verwerfung. Lacan (1953/1998: 360), por sua vez, propôs que nos remetêssemos a essa operação como foraclusão. Escolher a foraclusão para designar a operação da ciência sobre o sujeito aponta para um radical mecanismo de "supressão do sujeito" (Lacan, 1970/2003: 436), afinal a foraclusão vai além de uma expulsão, é a não existência do que foi foracluído, é, nas palavras de Freud (1984/1966: 64), "[...] como se a representação jamais lhe tivesse ocorrido".

Conclui-se, em virtude disso, que para a concepção científica do mundo, no sentido de Koyré, não há e nem nunca houve esse vazio, essa lacuna que faz do efeito algo imprevisível. Como consequência, não há um ponto cego no saber, não há mistério ou ponto de não saber sobre o real no campo da ciência.

Para abordarmos a condição pós-moderna, seguiremos a hipótese sustentada por J.-A. Miller a partir da leitura lacaniana de Koyré segundo a qual é exatamente este ilimitado da ciência moderna que está na base de nossos dias. Promove-se, portanto, um apogeu de algo iniciado com a modernidade e não uma ruptura com ela. Estaríamos, assim, em uma hipermodernidade e não uma pós-modernidade (Miller, 2002; Lipovestky, 2004).

Podemos notar a incidência dessa condição ilimitada da ciência na cultura pós-moderna, cuja palavra de ordem é a eliminação de barreiras, a abolição dos limites (Bauman, 2009). Diferentemente dos sujeitos observados por Freud (1929-1930/1996) que padeciam dos efeitos de uma interdição, de um limite ao gozo, na contemporaneidade a ciência propaga a ideia de que tudo é possível e de que não é necessário se deparar com a falta (Vieira, 2008: 89).

Ao abolir o impossível do universo, a ciência cria um mundo em que se acredita que não há impossíveis (Vieira, 2008). Isso significa que no imaginário sociocultural atual regido pelo discurso científico a questão da finitude, do limite não encontrará espaço, pois, ao contrário do social castrador descrito por Freud (1929-1930/1996), no social regido pela ciência parte-se do princípio que tudo é possível.

Os efeitos da foraclusão do sujeito pela a ciência apontam para a estruturação de uma cultura que se pretende sem brechas, sem impossíveis e que se organiza no sentido de alcançá-los. Nessa estrutura, mercado, relações, lazer, tudo deverá ser configurado no sentido de não provocar interrupções, de oferecer sempre mais (Vieira, 2008: 104).

Acompanhamos, por isso, as considerações de Bauman (2009: 83) sobre os sujeitos pós-modernos no que ele salienta como um imperativo à fruição do prazer imediato, nas palavras do autor a "uma enfática negação da virtude e da procrastinação e do preceito de 'retardar a satisfação'". Os indivíduos modernos, constituindo-se numa cultura do ilimitado, vivem na direção da obtenção do máximo possível de satisfação e a postergação ou a diminuição disso não é bem vista.

Dentre as instâncias que se estruturam de modo a não comportar interrupções, de serem ilimitadas, encontramos o discurso do capitalista principalmente no que tange ao seu convite ao consumo de bens como forma de consistência e liberdade.

 

O discurso do capitalista e o mais-de-gozar

Lacan, ao cunhar o conceito de objeto a, dá lugar a outra apresentação do real. Ele não apenas é ponto cego, o vazio estruturante do sujeito, mas também a presença de um indefinível "a mais". Este conceito não se refere a qualquer objeto apreensível, mas a uma entidade impalpável, que não satura a lacuna constituinte do sujeito, mas que deve ser acrescentado na conta caso se queira lidar com o desejo. Lacan identifica essa presença inefável à mais-valia de Marx (1867/1980), pois, tal como ela, o objeto a é essencial, ainda que fugidio e sem consistência. "Esse mais-de-gozar, [...] esta Mehrlust debocha de nós, porque não se sabe onde ela tem seu nicho" (Lacan, 1968-1969/2008: 40).

Porém a manobra de linguagem empreendida pelo discurso do capitalista o coloca como suposto detentor do nicho do mais-de-gozar. Esse objeto a que opera como resto inapreensível, escorregadio e sem consistência, no discurso do capitalista, será corporificado e considerado como possível de ser consumido. Nas palavras de Aurélio Souza (2008: 159), "isso que se refere a um 'objeto' que se desloca, que desliza e que por estrutura, é impossível detê-lo ou mesmo apreendê-lo, aqui, no discurso do capitalista, trata-se de um 'objeto' acessível". Encontramos em Baudrillard (1991) uma descrição da operação do discurso capitalista na qual podemos identificar o modo como este discurso corporifica o objeto a:

assim como as necessidades os sentimentos, a cultura, o saber, todas as forças próprias do homem acham-se integradas como mercadoria na ordem de produção e se materializam em forças produtivas para serem vendidas, hoje em dia, todos os desejos, os projetos, as exigências, todas as paixões e todas as relações abstratizam-se (e se materializam) em signos e em objetos para serem compradas e consumidas (Baudrillard, 1991: 207).

O discurso do capitalista toma em mãos o "objeto" que operava até então como um inacessível estrutural e se propõe a torná-lo acessível e, principalmente, vendável. Os objetos de consumo deixam de ser simples objetos a serem negociados ao receberem um investimento de mais-de-gozar pelo discurso do capitalista, que lhes confere a aparência de objeto, outrora perdido, agora a ser reencontrado nas vitrines. Nessa operação o discurso do capitalista transforma o objeto a num bem de consumo a ser oferecido aos cidadãos do mundo como promessa de completude (Tfouni & Tfouni, 2008).

Nesse processo de dar consistência ao que falta ao indivíduo, o objeto, que até então se escondia pelas alcovas, vem à luz ou, como afirma Lacan, vai ao zênite (1970/2003). Assim o mais-de-gozar,queera índice de uma maneira particular, artesanalde o sujeito se relacionar com o objeto, passa a ser um mais-de-gozar industrializado, impingido pelo coletivo e devidamente absorvido pelo indivíduo. Disso decorre o encantamento do sujeito pós-moderno pela proposta do discurso do capitalista: se o discurso capitalista, por um lado, oferece objetos totais, cada vez menos parciais, o sujeito constituído numa sociedade cientificista, por outro, busca avidamente essa completude. Assim, o capitalismo vem a servir, nem que seja sob a forma de um engodo, aos anseios desmedidos dos sujeitos constituídos numa cultura do ilimitado.

 

O supérfluo e o ilimitado

A ausência de limites da técnica científica encontra, portanto, no mercado capitalista o parceiro ideal para a oferta de uma ilimitação portátil, de uma foraclusão da falta. Essa é a demanda que chega ao mercado: uma demanda que terá suas origens no modo como se constituiu o sujeito e que dará novos contornos ao consumo que, outrora, podia ser localizado como um "[...] aspecto fundamental de qualquer sociedade" (Barbosa, 2008: 14) e atualmente definirá a nossa sociedade como uma sociedade de consumo (Barbosa, 2008; Baudrillard, 1991), caracterizada pelo consumismo.

O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa elenca três acepções possíveis para a palavra "consumismo", mas, por ora, traremos aquela que nos interessa: trata-se do consumismo como "consumo ilimitado de bens duráveis, esp. artigos supérfluos" (grifo nosso). Nessa definição já há a menção de dois pontos a partir dos quais nos guiaremos para pensar o consumismo: a inutilidade do que é consumido e um caráter ilimitado dessa ação.

O objeto oferecido e consumido na sociedade de consumo será inicialmente inútil, desnecessário, são "futilitários" (Vieira, 2008) por não terem seu valor pautado por qualquer tipo de necessidade que se possa pensar. Como vimos anteriormente, será agregando a este objeto supérfluo um sentido – função do discurso do capitalista por excelência – que o mercado o transformará em objeto-significante. Assim, o consumo, tal como Baudrillard (1991: 211) nos esclarece se configura como "[...] uma prática idealista total que nada mais tem a ver (além de um certo limiar) nem com a satisfação de necessidades nem com o princípio de realidade". Não há no objeto adquirido uma utilidade específica, mas ele servirá para o sujeito pós-moderno por ser vendido como promessa de consistência.

No entanto, o que se vê rotineiramente é que essa consistência não sossega. O objeto, tão logo saia da vitrine, já perderá grande cota da carga de desejo que lhe foi incutida e, mais rápido do se possa imaginar, será tachado de démodé para, em seguida, ser descartado. Disso decorre o curto tempo de vida útil que os objetos de consumo possuem em nossa sociedade e o caráter ilimitado que conservamos nos hábitos consumistas.

Na "síndrome consumista" (Bauman, 2009: 83) o consumo sempre necessitará ser renovado porque o mercado, muito rapidamente, atualizará a promessa de que seus novos objetos serão sempre "mais": mais modernos, mais aprimorados, mais potentes, mais satisfatórios que os anteriores (Souza, 2010). O mercado assim o faz porque precisa da manutenção da nossa insatisfação, ou seja, precisa que compremos suas mercadorias para escoar a produção, independentemente da real necessidade destas. Mas, se esta é a lógica do mercado, já podemos concluir sobre o que há nesse funcionamento que nos captura: a crença instalada em cada sujeito de que não é necessário ter limites. Nessa nova configuração subjetiva, o sujeito estará diante de uma permanente incitação ao acesso direto à felicidade (Baudrillard, 1991), que, segundo o mercado, estará na próxima mercadoria adquirida. Esse caráter ilimitado do consumismo "[...] destronou a duração, promoveu a transitoriedade e colocou o valor da novidade acima do valor da permanência" (Bauman, 2009: 83).

Essa tendência ao ilimitado inaugurado pelo discurso da ciência e alimentado pelo discurso do capitalista inventa um sujeito "[...] determinado-a-ser-feliz [...]" (Baudrillard, 1991: 119). Essa tentativa em consistir através das imagens que o mercado não cansa de ofertar resulta, entre outras consequências, em um consumismo ilimitado que reflete a busca pelo que, afinal, se é e que delineará como traço identitário do sujeito não mais a organização em torno de algo que falta, mas pela presença acessível do objeto de gozo.

 

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Artigo recebido em: 8 de janeiro 2013
Aprovado para publicação em: 20 de março 2013

 

 

*Graduada em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense e com especialização em Psicanálise e Laço Social pela mesma instituição. Mestre em psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
**Psicanalista da Escola Brasileira de Psicanálise, Doutor em Psicanálise (Doctorat Nouveau Régime – Université de Paris VIII, 1996). Professor assistente da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.