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Revista Psicopedagogia
versão impressa ISSN 0103-8486
Rev. psicopedag. vol.23 no.72 São Paulo 2006
ARTIGO ESPECIAL
Avanços da Psicopedagogia em Sergipe
Advances of Psychopedagogy in Sergipe
Auredite Cardoso Costa
Psicopedagoga, Psicomotricista, Graduada em Psicologia e Pedagogia, Coordenadora e Docente da Pós-Graduação Lato-Sensu em Psicopedagogia da Faculdade Pio Décimo, em Aracaju-SE e no Centro de Estudos Superiores de Maceió - CESMAC, Psicopedagoga do Centro de Especialidades Médicas da Criança e do Adolescente - CEMCA da Prefeitura Municipal de Aracaju-SE, Presidente da Seção Sergipe da Associação Brasileira de Psicopedagogia
RESUMO
Este artigo tem como objetivo analisar os avanços da Psicopedagogia em Sergipe, sua inserção social na comunidade sergipana, especialmente na área da Saúde e da Educação, no âmbito da Rede Pública, da Rede Privada e do Terceiro Setor. Percebe-se que a Psicopedagogia em Sergipe tem mostrado sua real função, na esfera da aprendizagem, a partir de seu contato com a comunidade, por meio dos estágios curriculares e da intervenção psicopedagógica voluntária.
Unitermos: Comunidade. Psicopedagogia. Saúde. Educação.
SUMMARY
This article has as purpose to analyze the advances of Psychopedagogy in Sergipe, its social insertion in the sergipana community, especially in the Education and Health areas, in the scope of the Public Sphere, Private and of the Third Sector. It realizes that Psychopedagogia in Sergipe has been showing its real function, in the learning sphere, from its contact with the community, by means of the curricular apprenticeships and of the voluntary psychopedagogical intervention.
Key words: Community. Psychopedagogy. Health. Education.
A análise do processo de desenvolvimento da Psicopedagogia em Sergipe nos leva a inferir, pela sua ação na comunidade, o quanto esta área de conhecimento, que lida com os processos de aprendizagem e suas dificuldades, tem contribuído para as relações que se estabelecem entre o ensinar e o aprender nos espaços da Saúde, da Educação Pública e Privada e do Terceiro Setor.
O compromisso profissional, a luta pelo reconhecimento social e os resultados galgados pela intervenção psicopedagógica realizada por meio do estágio curricular Clínico e Institucional, têm pontuado a ação do psicopedagogo e minimizado problemas de aprendizagem de aprendentes que, por motivos especiais e variados, apresentam dificuldade para aprender.
A Faculdade Pio Décimo, pioneira na formação de psicopedagogos, encaminha seus estagiários em Psicopedagogia para intervirem em crianças e adolescentes com problemas de aprendizagem, vindas de escolas públicas municipais e estaduais. Para tanto, os Postos de Saúde, a Ação Social Comunitária, o Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente, e outras instituições, disponibilizam espaços para o atendimento psicopedagógico, que se repete nas comunidades num período de dez anos.
É nesse espaço que a intervenção psicopedagógica se faz necessária, não só para minimizar os problemas de aprendizagem já instalados, mas também para proceder sessões de orientações aos pais, objetivando a instituição de um comportamento para com as questões de aprendizagem de seu filho, no sentido de contribuir para um processo de aprendizagem saudável.
Muitos pais, por ignorarem as causas das dificuldades de aprendizagem de seus filhos, manifestam insatisfação com os resultados do rendimento escolar, aplicando-lhes punições que só contribuem para manter o sintoma e reforçar o fracasso escolar. Esse comportamento é, muitas vezes, assumido por alguns professores que conseguem rotular os alunos como "deficientes mentais", incapacitando-os para o processo de aprendizagem.
"[...] parto da hipótese de que crianças e jovens com Dificuldades de Aprendizagem podem ser beneficiados com uma intervenção familiar, que lhes permite sair da posição de portador do sintoma [...] para construir uma nova relação com o saber. [...] Seja qual for a etiologia da dificuldade de aprendizagem (neurológica, emocional, cognitiva ou genética), o grupo familiar é um fator decisivo para a condução e/ou resolução dessa situação"1.
Partindo desse pressuposto, a intervenção psicopedagógica pode diagnosticar as possíveis causas do não aprender ou do aprender perturbado e criar condições que possibilitem a ressignificação do desejo de aprender, oferecendo ao aprendente um espaço de confiança em que seus afetos possam ser manifestados e compreendidos.
O grande número de crianças e adolescentes da rede pública com necessidade de atendimento psicopedagógico é notório, dessa forma, não sendo possível aos estagiários atenderem a essa demanda, cria-se insatisfação nas famílias por não conseguirem beneficiar-se com esse serviço no propósito de ressignificar o processo de aprendizagem de seus filhos, livrando-os do fantasma do fracasso escolar.
A Associação Brasileira de Psicopedagogia-Seção Sergipe, consciente da demanda para o atendimento psicopedagógico e do seu papel social frente à comunidade sergipana, investe, junto à Secretaria de Saúde Municipal, na possibilidade de atendimento psicopedagógico nos Postos de Saúde Pública da capital.Viabilizada essa proposta com sucesso, hoje podemos contar com a intervenção psicopedagógica na rede pública, na qual o psicopedagogo faz parte do Centro de Especialidades Médicas da Criança e do Adolescente, em Aracaju. Nesse espaço, a intervenção clínica psicopedagógica assume uma proporção significativa em termos de número e qualidade de atendimentos, não deixando de lado a tão importante orientação às famílias e aos professores das crianças com problemas de aprendizagem atendidas por esse serviço.
Esse reconhecimento despertou, nas Secretarias Municipais de Educação do interior do Estado, o interesse pela realização de concurso público, dando cada vez mais credibilidade ao psicopedagogo sergipano e oportunidade de um maior número de crianças e adolescentes saírem do lugar de quem não aprende, haja visto que o vínculo na relação com o aprendente e com a aprendizagem só "acontece se o sujeito que ensina envolve-se como professor, além de como profissional"2, reforçando para o professor o interesse por novos conhecimentos para poder entender, com mais clareza e cientificidade, o não aprender e o aprender.
REFERÊNCIAS
1. Polity E. Psicopedagogia: avanços teóricos e práticas. escola-família-aprendizagem. V Congresso Brasileiro de Psicopedagogia. I Congresso Latino Americano de Psicopedagogia. IX Encontro Brasileiro de Psicopedagogia; São Paulo;2000. p.131. [ Links ]
2. Fernàndez A. A inteligência aprisionada. Porto Alegre:Artes Médicas;1991. [ Links ]
Correspondência:
Auredite Cardoso Costa
Rua Duque de Caxias, 167, apto. 1001
Aracaju - SE 49015-320
E-mail: auredite@hotmail.com
Artigo recebido: 01/08/2006
Aprovado: 10/09/2006
Trabalho realizado na seção ABPp Sergipe, Aracaju, SE.