ARTIGO DE REVISÃO

 

Fluência e compreensão de leitura: Pesquisas em foco

 

Fluency and Reading Comprehension: Research in focus

 

 

Juliane Dutra da Rosa Silvano^I; Dalva Maria Alves Godoy^II

^IMestrado em Educação pela Universidade do Estado de Santa Catarina; Doutoranda em Educação pela Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil
^IIGraduação em Fonoaudiologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Mestrado em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina; Doutorado em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina; Pós-doutorado no Instituto da Criança - Universidade do Minho e na Universidad de Granada; Professora na Universidade do Estado de Santa Catarina, Departamento de Pedagogia, Florianópolis, SC, Brasil

Endereço para correspondência

 

 

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RESUMO

No contexto de uma sociedade grafocêntrica, o pleno desenvolvimento do processo de alfabetização e das habilidades nele envolvidas é essencial. Para tal, é preciso constantemente refletir sobre os aspectos envolvidos nesse processo, de modo que ele aconteça por meio de práticas fundamentadas e eficazes. Sendo a automatização das habilidades de decodificação o ponto de partida para o alcance de uma leitura fluente e a compreensão o ponto de chegada para a constituição de um leitor habilidoso, a fluência de leitura pode ser considerada a ligação entre a decodificação e a compreensão de leitura. É justamente a relação entre a fluência e a compreensão leitora o objeto de análise do presente estudo, ou seja, objetivou-se analisar, por meio de um levantamento de produções acadêmicas nos bancos de dados selecionados, a existência ou não dessa relação e sua direcionalidade. Os resultados obtidos apontam para a existência de uma relação entre essas habilidades, porém ainda sem uma definição clara da direcionalidade da mesma.

Unitermos: Leitura. Alfabetização. Fluência de Leitura. Compreensão Leitora.

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SUMMARY

In the context of a graphocentric society, the full development of the literacy process and the skills involved in it is essential. For this, it is necessary to constantly reflect on the aspects involved in this process, so that it happens through reasoned and effective practices. As the automation of decoding skills is the starting point for achieving fluent reading and comprehension is the arrival point for the constitution of a skilled reader, reading fluency can be considered the link between decoding and reading comprehension. It is precisely the relationship between fluency and reading comprehension that is the object of analysis of the present study, that is, it aimed to analyze, through a survey of academic productions in the selected databases, the existence or not of this relationship and its directionality. The results obtained point to the existence of a relationship between these skills, but still without a clear definition of its directionality.

Keywords: Reading. Literacy. Reading Fluency. Reader Understanding.

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Introdução

Em uma sociedade como a nossa, na qual a linguagem escrita medeia muitas das atividades cotidianas, além de ser objeto de reflexão e aprendizagens, a habilidade de ler com compreensão, de maneira automática, fluida e sem esforço é essencial. Só assim, tendo tais habilidades desenvolvidas, é que o leitor passa a ter prazer em ler cada vez mais e a utilizar da leitura em sua vida em sociedade, inclusive para suas aprendizagens em outras áreas de conhecimento (Morais, 2013).

A habilidade de ler de forma automática resulta de um processo de alfabetização exitoso, capaz de garantir ao estudante o domínio, inicialmente, das habilidades de decodificação. São determinantes nesse estágio de aprendizagem a descoberta do princípio alfabético, o desenvolvimento da consciência fonêmica e a aprendizagem das regras de correspondência grafema-fonema. A prática da decodificação viabiliza a construção de um léxico mental ortográfico que se torna a base para uma leitura fluente. Esse processo de decodificação, ao tornar-se automático, disponibiliza recursos cognitivos para que o leitor se volte à tarefa de compreender o que lê. A compreensão de leitura é irrigada pelas habilidades presentes na linguagem oral, tais como: o vocabulário, o conhecimento prévio, o conhecimento de estruturas da língua (sintaxe, morfologia, etc) (Castro, 1999; Correa & Mousinho, 2013; Morais, 2013; Mota et al., 2013; Oliveira et al., 2013).

Um bom indicativo da habilidade de ler com compreensão é a fluência de leitura, que pode ser entendida como a capacidade de ler com velocidade, precisão e expressão (prosódia) adequadas. Leitores fluentes realizam leituras que contribuem para a atribuição de significados (Barros & Spinillo, 2019; National Reading Panel, 2000; Puliezi & Maluf, 2014; Rasinski, 2004a).

Com a automatização do reconhecimento das palavras escritas, o leitor poderá ser considerado "fluente" e, assim, desenvolver as habilidades de compreensão leitora, isso porque, segundo Rasinski (2004a), a fluência pode ser entendida como a ligação entre a decodificação e a compreensão de leitura, já que, sendo fluente, o leitor poderá concentrar-se nas habilidades e recursos necessários para alcançar a compreensão do que lê (Ferreira et al., 2012; Viana & Borges, 2016).

Dos três componentes da fluência, a velocidade e a precisão estão diretamente relacionadas à habilidade de decodificação. A velocidade diz respeito a uma decodificação de palavras que seja rápida o suficiente, de forma que exija o mínimo possível de memória e atenção do leitor. Já a precisão está relacionada à capacidade de identificar as palavras escritas de maneira precisa e acessar seus significados corretamente. Leituras não precisas, assim como aquelas com velocidade não adequada, também comprometem a compreensão da leitura. A prosódia, por sua vez, relaciona-se ao uso correto da expressividade, entonação, ritmo e pausas na leitura, com o objetivo de expressar o significado do que está sendo lido. Com isso, a prosódia passa a ser o componente da fluência que mais demonstra a compreensão leitora, pois para alcançá-la o leitor precisa ir além daquilo que está explícito no texto (Barros & Spinillo, 2019; Borges & Viana, 2020; Navas, 2021; Paula et al., 2019; Puliezi, 2015; Rasinski, 2004a, 2004b).

Uma vez que a fluência de leitura se relaciona a aspectos do processo de decodificação e, ao mesmo tempo, reflete aspectos de compreensão, uma questão que tem sido posta é se essa relação entre as habilidades de fluência e de compreensão de leitura é recíproca, ou seja, se tais habilidades desenvolvem-se de maneira concomitante, com a leitura fluente tanto revelando a compreensão do leitor quanto o levando ao alcance de uma melhor compreensão (Barros & Spinillo, 2019).

O presente artigo busca reunir dados de pesquisas que tenham investigado essa relação entre fluência e compreensão leitora com o objetivo de compreender tal relação e sua direcionalidade. Assim, investigaram-se, por meio de um levantamento de produções acadêmicas (disponíveis até o início de 2021), propostas (especialmente focadas em trabalhos de ensino explícito) que tenham buscado analisar a existência ou não dessa relação e sua direcionalidade nos anos iniciais do Ensino Fundamental em Língua Portuguesa, procurando contribuir com reflexões que possam colaborar com as práticas escolares da alfabetização.

 

Procedimentos metodológicos

Este levantamento de trabalhos acadêmicos foi realizado por meio do banco de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do portal de periódicos da CAPES. A seleção de tais bancos de dados levou em consideração as suas abrangências em âmbito acadêmico. Tendo tal definição, procedeu-se a pesquisa utilizando-se dos seguintes descritores (sem determinação temporal): "Compreensão de leitura" or "compreensão leitora" and "fluência de leitura" or "fluência em leitura"; "compreensão de leitura" and "fluência de leitura"; "compreensão leitora" and "fluência de leitura"; "compreensão leitora" and "fluência em leitura"; "compreensão de leitura" and "fluência em leitura"; "compreensão de leitura" and "fluência leitora"; "compreensão leitora" and "fluência leitora"; "compreensão de leitura" and "fluência"; "compreensão leitora" and "fluência"; "compreensão em leitura" and "fluência"; "compreensão" and "fluência".

Com tal busca concluída, a seleção das produções encontradas levou em consideração os trabalhos que se propunham a analisar a relação entre a fluência e a compreensão de leitura nos anos iniciais do Ensino Fundamental em Língua Portuguesa. Essa análise iniciou-se pelos títulos das produções encontradas, quando já foi possível descartar algumas produções que não condiziam com a temática proposta pelo presente artigo. Em continuidade, foram analisados os resumos e palavras-chave. E, com o resultado dessa seleção, focou-se na leitura dos trabalhos na íntegra, ao que foram selecionados os que, de fato, vinculavam-se ao objetivo aqui proposto.

 

Resultados e Discussão

De um total de 255 produções encontradas na primeira etapa da busca no banco de teses e dissertações da CAPES, chegou-se, ao final de todas as etapas do levantamento, a um total de nove trabalhos selecionados, sendo seis dissertações e três teses, conforme ilustrado no quadro abaixo (Quadro 1).

 

Quadro 1 - Clique para ampliar

 

Já no que se refere ao levantamento de dados realizado no portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, foram encontradas, em um momento inicial, 853 trabalhos que, depois de passarem por todos os critérios de busca já mencionados, resumiram-se a um total de dez artigos selecionados, conforme exposto no Quadro 2.

Nota-se, diante de tal levantamento, o quão recentes são os trabalhos que tratam da relação entre o ensino de fluência e de compreensão leitora nos anos iniciais do Ensino Fundamental na Língua Portuguesa, estando a maior parte deles concentrada nos últimos dez anos. Isso evidencia o quanto a temática é atual e o quanto ainda pode ser aprofundada por meio de novos estudos.

Ao analisar cada um dos trabalhos, pôde-se perceber que as teses e dissertações selecionadas, ao abordarem a relação entre os aspectos da fluência e da compreensão de leitura, apontam em seus resultados para a comprovação da existência dessa relação. Os estudos de Aquini (2006), Santos (2016) e Silva (2016) revelam a existência dessa relação, sendo, segundo tais autoras, a compreensão leitora influenciada pelos aspectos da fluência de leitura, ou seja, o desenvolvimento das habilidades envolvidas na fluência contribui para bons resultados também na compreensão. Assim, para tais estudos a direção dessa relação se dá no sentido da fluência para a compreensão.

Esses resultados são ainda complementados por pesquisas que também defendem tal relação e direcionalidade, mas com foco em aspectos mais específicos da fluência de leitura, como, por exemplo, a prosódia. Assim, Martins (2013), Barros (2017) e Abreu (2019), por meio de seus dados, revelaram que os bons desempenhos em prosódia influenciam em bons desempenhos em compreensão. Esses trabalhos, portanto, localizam-se na mesma vertente defendida pelas pesquisas anteriormente mencionadas, para a qual a relação aqui estudada tem direção da fluência para a compreensão, com as habilidades de fluência de leitura sendo entendidas como "pré-requisito" para o alcance de uma leitura compreensiva.

Bertini (2017), por sua vez, ao defender a existência dessa relação fluência-compreensão, aponta com seus resultados para a direcionalidade oposta das pesquisas expostas até aqui, ou seja, para a direção de influência da compreensão leitora para a fluência de leitura. Isso porque, segundo a autora, o ensino de compreensão de leitura contribui tanto para o desenvolvimento da própria compreensão quanto para o aumento do número de palavras lidas por minuto. Nessa vertente considera-se que a fluência de leitura também é influenciada pela capacidade de ler com compreensão.

Por fim, também revelando essa relação fluência-compreensão, as pesquisas de Vieira (2019) e Puliezi (2015) complementam os dados até aqui mencionados, porém, com o apontamento de algumas "lacunas" que ainda merecem investigação. Primeiramente, Vieira (2019), ao comparar os desempenhos em fluência e compreensão de estudantes de 4º ano do Ensino Fundamental que receberam intervenções nesses aspectos, nota que os estudantes com desempenhos superiores em compreensão também são os mais fluentes, tendo ou não recebido intervenção em fluência. Mas os estudantes que participaram de intervenções em fluência, mesmo desenvolvendo-se também nos aspectos da compreensão, não tiveram os mesmos resultados dos que receberam intervenções especificamente em compreensão de leitura, ou seja, o ensino de fluência, para essa pesquisa, pode até ter colaborado com os desempenhos em compreensão, mas foi o próprio ensino de compreensão que possibilitou os melhores resultados em compreensão de leitura.

Em complemento, Puliezi (2015), também por meio de intervenções em fluência e compreensão com alunos de 4º ano, obteve como resultado evoluções no desempenho dos estudantes exclusivamente nas habilidades para as quais receberam estímulo, o que, para a pesquisadora, revela que a compreensão e a fluência de leitura exigem, cada uma delas, ensino explícito específico. Para tanto, conclui que ambas estão relacionadas entre si, mas ainda sem a possibilidade de afirmar se tal relação é bidirecional ou qual a direção da mesma, sugerindo estudos complementares nesse sentido.

No que se refere aos artigos selecionados no portal de periódicos da CAPES, nota-se que tais produções, em sua maioria, também revelam em seus resultados a correlação entre fluência e compreensão de leitura. Inicialmente, por meio de uma análise teórica sobre fluência (e os aspectos nela envolvidos) e sua relação com a compreensão de leitura, Puliezi e Maluf (2014) concluem que, para elas, assim como em Puliezi (2015), ainda não está esclarecido se a fluência é causa ou consequência da compreensão de leitura ou se se trata de uma relação bidirecional, mas que o ensino de fluência é importante para o desenvolvimento da compreensão.

Mousinho et al. (2009), Martins e Capellini (2014, 2019), Guaresi et al. (2018), Silva e Capellini (2011), Corso e Salles (2009), Cardoso-Martins e Navas (2016) e Cunha et al. (2015) demonstram com seus resultados a existência da correlação entre as habilidades envolvidas na leitura de palavras, fluência de leitura e compreensão, na direcionalidade da fluência para a compreensão de leitura, mesmo que em algumas dessas produções a fluência tenha se revelado como importante, porém não suficiente para garantir o desenvolvimento da compreensão leitora.

Por fim, Cunha et al. (2012), por sua vez, ao analisarem a correlação entre fluência e compreensão por meio da leitura oral de textos e aplicação de tarefas de compreensão textual a estudantes de 2º a 5º ano do Ensino Fundamental, trazem como resultado que um leitor fluente não necessariamente será um leitor que compreende bem, considerando que a compreensão de leitura envolve habilidades cognitivas de alto nível que estão para além das habilidades básicas da leitura (necessárias à compreensão, porém não suficientes).

Com tal levantamento de produções em mãos, pode-se afirmar que, em sua grande maioria, as pesquisas recentes têm apontado para a existência de uma correlação entre os aspectos envolvidos na fluência e na compreensão de leitura, permanecendo, porém, o questionamento sobre a direcionalidade dessa relação, ou seja, se uma fluência de leitura bem desenvolvida garante bons resultados em compreensão, se bons níveis de compreensão leitora conduzem a bons desempenhos em fluência ou ainda se tais influências são mútuas/bidirecionais, como defendido por Barros e Spinillo (2019), quando afirmam que fluência e compreensão desenvolvem-se ao mesmo tempo, com a leitura fluente revelando a existência da compreensão leitora ao mesmo tempo em que colabora com o alcance dessa compreensão.

 

Considerações

Diante da importância do pleno desenvolvimento da alfabetização no contexto da sociedade em que vivemos, é essencial que se busque constantemente as melhores possibilidades didáticas para que tal processo seja eficaz na constituição do sujeito leitor. Para tal, é preciso que se tenha conhecimento, inicialmente, das habilidades envolvidas nesse processo e o quanto o domínio de cada uma delas deve ser fruto de um ensino explícito e sistemático que leve ao seu pleno desenvolvimento.

As habilidades envolvidas na decodificação, com a compreensão do princípio alfabético e aprendizagem das regras de correspondência grafofonológicas, precisam ser automatizadas no decorrer do processo de alfabetização para que, com o avanço da escolarização, o leitor possa ser considerado "fluente" e, com isso, poder voltar seus recursos cognitivos e atencionais para o desenvolvimento das habilidades de compreensão de leitura. A fluência, portanto, pode ser considerada a conexão entre a decodificação e a compreensão leitora (Rasinski, 2004a).

Foi com o objetivo de investigar a existência da relação e da direcionalidade de influência entre as habilidades de fluência e compreensão de leitura que se propôs o presente estudo de levantamento de produções acadêmicas. Isso porque se acredita que a compreensão de tal relação pode contribuir para reflexões importantes para as práticas escolares da alfabetização.

Tendo feito tal levantamento, pôde-se constatar que as produções selecionadas apontam, em sua grande maioria, para a existência, de fato, de uma correlação entre fluência de leitura e compreensão leitora. Porém, ora as produções nos conduziram à vertente que defende que as habilidades de fluência de leitura influenciam nos desempenhos em compreensão leitora, ou seja, a direcionalidade da influência entre tais habilidades se dá no sentido da fluência para a compreensão (Abreu, 2019; Aquini, 2006; Barros, 2017; Cardoso-Martins & Navas, 2016; Corso & Salles, 2009; Cunha et al., 2015; Guaresi et al., 2018; Martins, 2013; Martins & Capellini, 2014, 2019; Mousinho et al., 2009; Santos, 2016; Silva, 2016; Silva & Capellini, 2011), ora nos levaram à defesa de que uma leitura fluente também pode ser influenciada pela compreensão leitora (Bertini, 2017), com a direcionalidade da influência exercida no sentido da compreensão para a fluência de leitura.

Ao considerar que, com uma decodificação automatizada, o leitor pode ser considerado fluente e, assim, tendo essa fluência de leitura desenvolvida, libera espaço cognitivo e de atenção para desenvolver a leitura compreensiva (Ferreira et al., 2012; Viana & Borges, 2016), mas que, além disso, uma leitura fluente também revela a existência de compreensão do que está sendo lido (Barros & Spinillo, 2019), especialmente quando atentamos para o elemento "prosódia" (expressividade, entonação, ritmo e pausas que buscam expressar o significado do que é lido), ambas as vertentes merecem consideração, e esta é a terceira via identificada dentre as pesquisas selecionadas, para a qual ainda não está claro se a fluência de leitura é causa ou consequência da compreensão leitora ou se essa relação é bidirecional (Puliezi, 2015; Puliezi & Maluf, 2014).

Portanto, apesar de os resultados revelarem a existência da correlação entre fluência e compreensão leitora e da necessidade de um ensino direcionado e explícito para que tais habilidades se desenvolvam plenamente, são necessários ainda mais estudos que busquem verificar se uma boa fluência de leitura é garantia de bons resultados também em compreensão, se um bom desenvolvimento da compreensão leitora garante bons níveis de fluência e/ou, por fim, se essas influências são bidirecionais.

Esses questionamentos são importantes para a compreensão das práticas possíveis e necessárias no desenvolvimento do processo de alfabetização e de cada uma dessas habilidades especificamente e/ou conjuntamente. Isso porque, segundo Barros e Spinillo (2019), não sendo a fluência de leitura a única habilidade envolvida no ensino da leitura, já se pode ter em mente que não são suficientes práticas apenas focadas no desenvolvimento dos aspectos nela envolvidos, julgando que isso levará, de modo automático, ao alcance da compreensão leitora. Para as autoras, compreensão e fluência precisam ser alvo de um trabalho conjunto. Assim como, é importante levar em conta que cada uma dessas habilidades (fluência de leitura e compreensão leitora) exige intervenções específicas para que tanto as três dimensões da fluência quanto todos os diferentes níveis de compreensão possam ser trabalhados com a profundidade adequada no decorrer da escolarização (Puliezi, 2015).

 

Referências

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Endereço para correspondência:
Juliane Dutra da Rosa Silvano
Universidade do Estado de Santa Catarina
Av. Madre Benvenuta, 2007 - Itacorubi
Florianópolis, SC, Brasil - CEP: 88035-901
E-mail: juli_dutradarosa@hotmail.com

Artigo recebido: 25/5/2022
Aprovado: 10/6/2022

 

 

Trabalho realizado na Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil.
Conflito de interesses: As autoras declaram não haver.