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Revista Psicopedagogia

versão impressa ISSN 0103-8486

Rev. psicopedag. vol.42 no.128 São Paulo  2025  Epub 12-Set-2025

https://doi.org/10.51207/2179-4057.20250034 

ARTIGO ORIGINAL

Evolução da paternidade e desenvolvimento do indivíduo na infância no Paraná

Evolution of fatherhood and individual development in childhood in Paraná

Mário Sérgio Silva1 

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Centro de Educação, Comunicação e Artes/Ceca, Programa de Pós-Graduação em Educação Nível de Mestrado ou Doutorado/PPGE, Cascavel, PR, Brasil


Resumo

Este estudo investigou a evolução dos papéis parentais e seu impacto no desenvolvimento socioemocional das crianças, destacando a importância do envolvimento ativo do pai na vida familiar. Realizou-se uma análise qualitativa abrangente baseada em entrevistas semiestruturadas com 19 famílias no estado do Paraná, enfocando a percepção de ambos os adultos e as experiências em quando crianças. Os dados revelaram temas-chave, como o papel complementar do pai, a comunicação familiar e seu impacto no bem-estar infantil. Observou-se que, enquanto as mulheres evoluíram significativamente em termos educacionais e profissionais, os homens têm enfrentado desafios para acompanhar essas mudanças, resultando em uma reconfiguração das dinâmicas familiares. A pesquisa identificou que a participação ativa do pai é crucial para o desenvolvimento socioemocional das crianças, proporcionando um ambiente familiar mais equilibrado e saudável. No entanto, uma lacuna de pesquisa foi identificada: a necessidade de explorar mais profundamente como as diferenças de gênero, classe social e cultura influenciam os papéis parentais e suas consequências para o desenvolvimento infantil. Esse entendimento é essencial para aprimorar políticas e práticas de intervenção familiar que sejam sensíveis à diversidade de experiências familiares. Além disso, o estudo sugere que a sobrecarga das mulheres, devido à falta de adaptação dos homens aos novos papéis, pode afetar negativamente o equilíbrio familiar e o desenvolvimento infantil. Conclui-se que políticas públicas e programas de apoio devem ser desenvolvidos para promover uma maior igualdade de gênero e estilos parentais equilibrados, visando um desenvolvimento infantil harmonioso.

Unitermos Evolução da Mulher; Estilos Parentais Equilibrados; Igualdade de Gênero; Dinâmicas Familiares Saudáveis; Desenvolvimento Infantil Harmonioso

Summary

This study investigated the evolution of parental roles and their impact on children’s socio-emotional development, highlighting the importance of the father’s active involvement in family life. A compre hensive qualitative analysis was carried out based on semi-structured interviews with 19 families in the state of Paraná, Brazil, focusing on the perceptions of both Adults and their experiences as children. The data revealed key themes, such as the complementary role of the father, family communication and its impact on child well-being. It was observed that while women have evolved significantly in educational and professional terms, men have faced challenges in keeping up with these changes, resulting in a reconfiguration of family dynamics. The research identified that the active participation of fathers is crucial for the socio-emotional development of children, providing a more balanced and healthy family environment. However, a research gap was identified: the need to further explore how differences in gender, social class and culture influence parental roles and their consequences for child development. This understanding is essential for improving family intervention policies and practices that are sensitive to the diversity of family experiences. In addition, the study suggests that women’s overload, due to men’s failure to adapt to new roles, can negatively affect family balance and child development. It is concluded that public policies and support programs should be developed to promote greater gender equality and balanced parenting styles, with a view to harmonious child development.

Keywords Evolution of Women; Balanced Parenting Styles; Gender Equality; Healthy Family Dynamics; Harmonious Child Development

Introdução

O homem contemporâneo está em busca de sua identidade e a retomada de suas funções sociais, enquanto acompanha a evolução da mulher, que emerge como um campo de estudo crucial permeado por transformações sociais, culturais, familiares e econômicas. A pesquisa mostra que, segundo Pedra et al. (2020), as mulheres vêm evoluindo, estudando e se preparando cada vez mais, apresentando uma média de estudo superior à dos homens; no estado do Paraná, as mulheres com ensino superior completo representam 22%, enquanto os homens representam 14%, confirmando que, de fato, as mulheres apresentam uma evolução significativa. Comparando-se os dados de 2015 com os de 2005, houve um aumento da participação relativa de indivíduos não brancos e mulheres no mercado de trabalho paranaense, assim como a redução de homens considerados chefes de família (Pedra et al., (2020, p. 102).

Para Caldoso (1997), a ligação, envolvimento e o vínculo que a mulher estabelece em suas ações, tanto com o trabalho quanto com a maternidade, fazem dela um diferencial por sua doação e dedicação naquilo que faz. Essa natureza e envolvimento tem muito a ver com a evolução pessoal e profissional da mulher, que, individualmente, também interferiu no desenho coletivo. As mudanças promovidas pelas mulheres deixaram toneladas de dúvidas, insegurança, medo e desconforto que vêm atormentando a mente masculina. Os homens, hoje, de várias formas, se perguntam para onde vão, pois a maioria dos pedidos de divórcio provém das mulheres, o que tem criado uma grande insegurança nos homens, que eram, até então, seres absolutos de poder e decisão. A mulher agora tem a mesma possibilidade e voz para igualar as possibilidades tanto para homens quanto para mulheres.

Vejamos as transformações sociais, culturais e familiares ocorridas, desde o século passado, o papel e a representatividade da figura paterna passou e está passando por mudanças significativas na nossa sociedade, por omissão ou insegurança do homem, a ideia é trazer à luz algumas reflexões sobre o atual papel do pai, tanto para o filho quanto para a família, bem como a sua grande importância na estruturação psíquica e no desenvolvimento social e cognitivo da criança.

As transformações sociais, culturais e familiares ocorridas desde o século passado têm alterado significativamente o papel e a representatividade da figura paterna em nossa sociedade. Por omissão ou insegurança do homem, a ideia é trazer à luz algumas reflexões sobre o atual papel do pai, tanto para o filho quanto para a família, bem como sua grande importância na estruturação psíquica e no desenvolvimento social e cognitivo da criança.

Segundo Benczik (2011), essa mudança de hábitos e conceitos não tem sido acompanhada pelo homem no ritmo da transformação de valores; antes de assimilar a nova configuração familiar e social, modelando o processo que introduziu a mulher preparada e evoluída no mercado de trabalho, o homem é surpreendido pela ruptura da hierarquia doméstica e pelo constante questionamento de sua autoridade, o que, por sua vez, causa distanciamento entre o homem e os demais membros da família.

Veremos que isso trará consequências no desenvolvimento social e cognitivo da criança, principalmente para a criança do sexo masculino (que será o adulto/homem do amanhã), que vê no pai um referencial da figura masculina; essa interação vem sendo reduzida, principalmente nos primeiros anos de vida da criança. É reconhecido como importante o papel do pai no desenvolvimento da criança, e essa interação é um dos fatores decisivos para o desenvolvimento cognitivo e social da criança, facilitando a capacidade de aprendizagem e a integração da criança na comunidade. Segundo a experiência clínica de Benczik, essa interação na vida adulta influencia as representações psicoafetivas, com ações diretas nas relações sociais e nos estilos parentais.

Veja que pouca atenção tem sido dada a esse fato, que requer adaptação do homem tanto na vida familiar quanto nos estilos parentais, profissionais e sociais. Hoje, o homem depende muito mais da mulher do que ela precisa dele, e isso força o homem a uma rápida evolução em seus conceitos. Com essa lacuna estudada, pretende-se compreender como os homens estão lutando para acompanhar os papéis de gênero em evolução e as dinâmicas familiares. Entender essa problemática é importante, pois, segundo Benczik (2011), dentro da psicologia, por meio de pesquisas científicas e sua experiência clínica, fica claro que o papel da figura paterna é crucial, destacando-se a interação pai-filho como determinante para habilidades cognitivas, sociais e integração comunitária. Essa interação influencia as representações psico afetivas na vida adulta, afetando as relações sociais. É pressuposto da teoria psicanalítica o papel estruturante do pai, a partir da instauração do complexo de Édipo. Na trama familiar, o sujeito se constrói e sai do estado de natureza para ingressar na cultura.

Deste modo, questiona-se como os homens estão se adaptando aos papéis de mudança das mulheres na sociedade e às implicações para as dinâmicas familiares. Analisando como a paternidade vem ganhando espaço e importância nos estudos científicos, sinaliza-se que algo especial e necessário nos estilos parentais está sendo levado em consideração, pois os pais são considerados importantes para o desenvolvimento dos filhos e também para as relações conjugais e sociais, segundo Prado e Abrão (2014).

Contudo, a partir da problemática apresentada, este estudo tem como objetivo descrever, segundo Moreira e Toneli (2013), que a paternidade é responsável, e importante de um modo de prevenção da criminalidade. Nosso desafio é compreender como se constroem as argumentações que justificam o investimento na figura paterna, trabalhando os estilos parentais e sobretudo, dando direcionamento em relação ao que é ser um bom pai e um pai responsável. Para compreender e discutir as evidências que o pai, vai se delineando não apenas a legitimação da participação no cuidado infantil, mas, sobretudo, um direcionamento em relação ao que é ser um bom pai. Lembrando que essa figura deveria ser provedor para a criança, não só provisão financeiramente, mas moral, ética, socioemocional etc. São analisados quatro pontos importantes para a compreensão dessas ações:

  1. A articulação entre as transformações contemporâneas e a emergência do pai como figura importante na família e na sociedade;

  2. A construção dessa relação causal entre ausência paterna e criminalidade;

  3. Os significados associados à responsabilidade, na chamada a pais responsáveis;

  4. As imagens construídas nessas ações, como uma herança. Herdamos não um bem, mais uma aquisição sólida da qual tomamos posse, mas, antes, um conjunto de falhas, fissuras, essa criança vai reproduzir aquilo que recebeu.

Revisão da Literatura

O estudo que sinalizava para a evolução da mulher, mudando de uma vez a configuração dos estilos parentais de forma silenciosa, porém gradativa, entre as lideranças de gêneros, remonta a 1984 (“A presença da “nova mulher» na ficção brasileira atual”, Coelho, 1984). Este primeiro artigo iniciou a pesquisa sobre a constatação de mudanças sociais significativas. Diversos são os conceitos abordados para estudar a evolução feminina. Segundo Coelho (1984), as mulheres daquela época eram vistas como mutantes, em conquista de concessões, demonstrando uma coragem pioneira de iniciar um processo de mudança. Com essa constatação, abriu-se espaço para um processo renovador centrado na libertação da mulher e sua luta pela igualdade de direitos, caminho que vem sendo trilhado em todo o mundo civilizado.

Estudos recentes, como os de Russell e Yang (2024), indicam uma contínua evolução dos papéis de gênero, destacando como essas transformações impactam os estilos parentais contemporâneos. Esses estudos mostram que uma maior equidade de gênero está associada a um envolvimento mais equilibrado dos pais nos cuidados e na educação dos filhos, levando a dinâmicas familiares mais saudáveis e igualitárias.

A relação pai-filho desempenha um papel fundamental no desenvolvimento infantil em diversas áreas, como destacado por (Benczik, 2011). Estudos e pesquisas ressaltam a importância do envolvimento paterno no crescimento e na educação da criança, contribuindo para a qualidade das relações estabelecidas. A presença do pai facilita a transição da criança do mundo familiar para o social, permitindo o acesso a diferentes experiências, como a afirmação de si, a capacidade de se defender e explorar o ambiente. Além disso, a presença do pai complementa o papel materno, reforçando modelos de autoridade e afeto na vida da criança. A interação pai-filho durante brincadeiras ativas auxilia a criança a explorar o mundo e a desenvolver habilidades sociais.

A ausência paterna e sua relação com a criminalidade é um ponto crucial que merece uma análise mais profunda. Estudos recentes, como os de Ferreira et al. (2019), apontam que a ausência de uma figura paterna pode estar associada a um aumento no risco de comportamento antissocial e envolvimento em atividades criminosas. Esses estudos utilizam dados empíricos atualizados para reforçar a importância da presença paterna no desenvolvimento socioemocional das crianças.

O estudo conduzido por Saputri e Wulandari (2024) aborda os desafios enfrentados pelos pais na educação infantil na era digital, destacando as questões específicas que surgem nesse contexto tecnológico em evolução. A pesquisa investiga os obstáculos enfrentados pelos pais ao lidar com a influência das tecnologias digitais na educação de seus filhos, examinando como essas ferramentas impactam o desenvolvimento e o aprendizado infantil. Por meio de entrevistas e análises qualitativas, os autores exploram as preocupações dos pais, os dilemas educacionais e as estratégias adotadas para enfrentar os desafios decorrentes da era digital. Os resultados revelam as complexidades das questões parentais na era digital, destacando a necessidade de apoio e orientação para os pais no uso adequado da tecnologia na educação de seus filhos. Em resumo, o estudo de Saputri e Wulandari (2024) destaca a importância de abordar os desafios educacionais contemporâneos enfrentados pelos pais, oferecendo insights valiosos para promover uma educação infantil equilibrada e eficaz no mundo digital em constante mudança.

No estudo realizado por Zerle-Elsäßer et al. (2023), a análise se concentra nas dinâmicas familiares na era digital, explorando como as tecnologias afetam as interações familiares e os papéis parentais em um contexto contemporâneo. A pesquisa examina as mudanças nas estruturas familiares e nos processos de socialização devido à crescente presença de dispositivos digitais, investigando os desafios e oportunidades que surgem nesse cenário. Por meio de estudos de caso e análises qualitativas, os autores investigam como as famílias adaptam seus comportamentos e comunicação diante das tecnologias digitais, identificando padrões emergentes de interação. Os resultados destacam a complexidade das interações familiares na era digital, evidenciando tanto os benefícios quanto os desafios associados ao uso de tecnologias na vida familiar. Em síntese, o estudo de Zerle-Elsäßer et al. (2023) oferece uma visão abrangente das transformações nas relações familiares causadas pela tecnologia, ressaltando a importância de uma compreensão aprofundada dessas mudanças para promover relações familiares saudáveis e equilibradas.

Já o estudo realizado por Ergin et al. (2024) explora a colaboração entre pais e escola, enfatizando a importância da frequência das visitas dos pais aos filhos como um indicador de envolvimento parental na educação. A pesquisa investiga como a parceria entre pais e educadores, baseada na interação frequente dos pais com seus filhos na escola, pode influenciar positivamente o desempenho acadêmico e o bem-estar das crianças. Utilizando métodos quantitativos e qualitativos, os autores coletaram dados por meio de questionários e entrevistas para analisar a relação entre a frequência das visitas dos pais e a colaboração escolar. Os resultados apontam para uma correlação significativa entre a participação ativa dos pais na vida escolar dos filhos e melhores resultados educacionais, ressaltando a importância da parceria entre família e escola. Em resumo, o estudo de Ergin et al. (2024) destaca a relevância do envolvimento parental na educação e a necessidade de estratégias eficazes de colaboração entre pais e educadores para promover o sucesso acadêmico das crianças.

Neste estudo, Gromozdina (2024) explora as dinâmicas legais que regem as relações entre pais e filhos, fornecendo uma análise aprofundada sobre o impacto das questões jurídicas nesse contexto crucial. A pesquisa examina as leis e regulamentos que moldam as interações familiares, destacando as nuances legais que influenciam os papéis parentais e os direitos das crianças. Utilizando uma abordagem jurídica e sociológica, o autor analisa casos práticos e estudos de caso para ilustrar como as leis podem afetar as relações familiares. Os resultados revelam a complexidade das dinâmicas legais nas relações pai-filho e a importância de uma compreensão aprofundada das questões jurídicas para promover relações familiares saudáveis. Em suma, o estudo de Gromozdina (2024) destaca a necessidade de considerar as implicações legais nas relações familiares e oferece percepções valiosos para profissionais e estudiosos interessados nessa área.

Estudos comparativos entre diferentes culturas e contextos socioeconômicos, como os de Masamba (2024), revelam que as variáveis culturais e socio-econômicas influenciam significativamente os estilos parentais e o desenvolvimento infantil. Esses estudos mostram que práticas parentais eficazes variam amplamente entre culturas, destacando a importância de estratégias de intervenção familiar sensíveis ao contexto.

Dessa forma, a relação pai-filho desempenha um papel significativo no desenvolvimento socioemocional da criança, fornecendo suporte emocional, segurança e estabilidade. A presença ativa e envolvida do pai na vida da criança contribui para a construção de uma base sólida para o desenvolvimento saudável, promovendo a autoestima, a resiliência e as habilidades sociais da criança. A presença e o envolvimento ativo do pai na vida dos filhos são fundamentais para promover um desenvolvimento saudável e equilibrado, contribuindo para a construção de relações afetivas estáveis e seguras ao longo da vida.

E, para Benczik (2011), o papel dos pais na vida das crianças é crucial para um desenvolvimento socioemocional saudável. A presença do pai está associada a taxas mais baixas de problemas de comportamento, a uma maior autoestima e a uma melhor saúde física e psicológica das crianças. Os pais ativos e envolvidos com a paternidade contribuem para um ambiente familiar mais estável e estimulante. Por outro lado, a ausência do pai pode ter consequências negativas, como perturbações comportamentais e emocionais nas crianças. A ausência do pai tem sido associada a um risco acrescido de comportamentos problemáticos na adolescência, como a delinquência, e pode exacerbar o impacto das influências negativas dos pares. Além disso, a ausência do pai tem sido associada a uma maior probabilidade de as crianças desenvolverem problemas de comportamento e enfrentarem desafios na regulação emocional (Benzic, 2011, p. 4-5).

Segundo Moreira e Toneli (2013), a promoção da “Paternidade Responsável”, é um modo de prevenção da criminalidade. Sobretudo, o direcionamento em relação ao que é ser um pai “responsável”. E entendem que a paternidade se fundia à capacidade de prover financeiramente a família, independentemente da relação concreta do pai com seus filhos e filhas. Atualmente, o leque de atributos que integra a paternidade cresceu, em especial no que diz respeito ao tema do cuidado, assim pensam Moreira e Toneli (2013). A pergunta é: Como? Se para Caldoso (1997) existem toneladas de dúvidas, insegurança, medo, desconforto que vem atormentando a mente masculina, os homens hoje das mais variáveis formas e se perguntam para onde vão... !

Para Prado e Abrão (2014), a relação entre paternidade e desenvolvimento infantil aponta que a relação positiva entre pai e filhos está associada ao bom desenvolvimento socioemocional das crianças (Anderson et al., 2013) e ao comportamento infantil adequado (Dubowitz et al., 2001), incluindo competência social e o desenvolvimento de habilidades cognitivas. Está ligado a respeito das atividades de cuidado ou lazer realizadas pelo pai, especialmente nos primeiros anos de vida das crianças.

Para Cúnico et al. (2017), a sociedade em geral, com a promoção de uma paternidade mais afetiva e cuidadora por parte dos pais encarcerados pode ter impactos positivos. Essa mudança de paradigma pode contribuir para a redução da reincidência criminal, uma vez que a manutenção de laços familiares sólidos e saudáveis pode servir como um fator de proteção contra o retorno à criminalidade. Além disso, ao incentivar uma paternidade mais presente e engajada, a sociedade pode contribuir para a construção de relações familiares mais saudáveis e para o bem-estar das crianças, que muitas vezes são afetadas negativamente pela prisão de um dos pais (Cúnico et al., 2017, p. 7).

Portanto, a vivência de uma paternidade mais afetiva e cuidadora não apenas beneficia os pais encarcerados em termos individuais, mas também pode ter impactos positivos na sociedade como um todo, contribuindo para a redução da reincidência criminal, o fortalecimento dos laços familiares e o bem-estar das crianças afetadas pela prisão de um dos pais.

Segundo Oliveira et al. (2018), com a identificação dos estilos parentais através do PSDQ (psicométricas do Parenting Styles and Dimension Questionnaire), os profissionais podem direcionar suas intervenções de forma mais específica. Por exemplo, se um estilo autoritário estiver presente, estratégias de intervenção podem ser focadas em promover uma comunicação mais aberta e empática entre pais e filhos.

Os resultados do PSDQ podem ser compartilhados com os pais para aumentar sua conscientização sobre seus estilos parentais e como isso pode impactar o desenvolvimento e o bem-estar de seus filhos, sabendo que os estilos parentais influenciam diretamente o clima emocional e comportamental dentro de casa. Isso pode abrir espaço para discussões construtivas e orientações sobre práticas parentais mais saudáveis. Ao compreender melhor os estilos parentais presentes nas famílias, os profissionais podem trabalhar na prevenção de problemas de saúde mental em crianças e adolescentes, bem como promover um ambiente familiar mais saudável e favorável ao desenvolvimento emocional e comportamental.

Para Ferreira et al. (2019), de acordo com a literatura revisada, os valores morais desempenham um papel fundamental na socialização das crianças. Os valores morais são aprendidos e internalizados ao longo do desenvolvimento, principalmente durante a infância, por meio das interações com os pais, adultos e ambiente social. Esses valores são essenciais para orientar o comportamento das crianças, ajudando-as a regular seus sentimentos, desejos e ações em conformidade com as normas e expectativas sociais (Ferreira et al., 2019, p. 6).

A construção dos valores morais é influenciada pelas experiências individuais de cada criança e pelo contexto em que estão inseridas, tornando esses valores incertos e indeterminados. Durante a vida, esses valores se organizam em um sistema, com alguns valores sendo mais centrais para alguns indivíduos do que para outros, dependendo da situação (Ferreira et al., 2019, p. 6).

Portanto, a socialização das crianças por meio da internalização de valores morais é essencial para o desenvolvimento moral e para que elas se tornem adultos autônomos, capazes de se relacionar de forma adequada consigo mesmas e com os outros (Ferreira et al., 2019, p. 6).

Na visão de Pedra et al. (2020), a teoria do capital humano sugere que, à medida que o nível de escolaridade de um indivíduo aumenta, suas habilidades cognitivas e sua produtividade no trabalho também aumentam, permitindo que ele ganhe salários mais altos. Em 2015, se a escolaridade das mulheres no Brasil fosse igual à dos homens, teria havido uma redução de 8,38% nos salários das mulheres, indicando que a educação atenuou o impacto negativo nos salários das mulheres. Se as mulheres tivessem a mesma experiência que os homens, os seus salários teriam aumentado 5,34%, o que significa que a experiência contribuiu para o aumento da diferença salarial entre homens e mulheres. Quando se combinam a educação e a experiência com outras características do mercado de trabalho, a parte da diferença explicada pelas características produtivas é de −17,40%, sendo a educação a que tem um impacto mais significativo na redução da diferença salarial entre homens e mulheres (Pedra et al., 2020, p. 96-117, 112) apud.

A educação também pode afetar a desigualdade salarial de gênero no Paraná. De acordo com a teoria do capital humano, a educação aumenta as habilidades cognitivas e a produtividade dos indivíduos, permitindo maiores rendimentos. Em 2015, se a escolaridade das mulheres no Paraná fosse igual à dos homens, teria havido uma redução de 5,68% nos salários das mulheres, indicando que a educação impacta positivamente os salários das mulheres, mas seu impacto foi menor no Paraná do que no Brasil como um todo. Se as mulheres tivessem a mesma experiência que os homens, seus salários teriam aumentado em 6,75%, o que significa que a experiência tem um efeito adverso sobre os salários das mulheres. Quando a educação e a experiência são combinadas com outras características do mercado de trabalho, a parcela da diferença explicada por esses fatores é de −13,60%. Os dados nos deixam claro que a mulher, através da Educação, vem evoluindo cada vez mais (Pedra et al., 2020, p. 96-117).

Para Soares (2021), a ausência do pai na infância pode acarretar uma série de impactos psicológicos nas crianças, influenciando seu desenvolvimento emocional e social. Alguns dos principais impactos psicológicos da ausência paterna incluem os temas a seguir.

É importante ressaltar que a ausência paterna pode se dar tanto de forma física (como em casos de divórcio, mudança de cidade ou morte) quanto emocional, em que o pai está presente fisicamente, mas ausente afetivamente, o que também pode gerar impactos significativos no desenvolvimento psicológico da criança (Soares, 2021).

É essencial compreender a diferença entre esses dois tipos de ausência, pois ambos podem ter impactos significativos no desenvolvimento psicológico da criança.

Ausência física: A ausência física do pai ocorre quando ele não está presente no cotidiano da criança devido a fatores como divórcio, mudança de cidade, viagens frequentes, morte ou outras circunstâncias que impeçam a convivência regular. Essa falta de presença física pode privar a criança de interações diretas, cuidados, orientações e apoio emocional que o pai poderia oferecer. A ausência física do pai pode gerar sentimentos de perda, solidão e abandono na criança, afetando sua auto-estima, segurança emocional e desenvolvimento de habilidades sociais.

Ausência emocional: Por outro lado, a ausência emocional do pai ocorre quando ele está presente fisicamente, mas demonstra falta de envolvimento afetivo, atenção, cuidado e suporte emocional em relação à criança. Nesse caso, o pai pode estar ausente emocionalmente devido a questões como distanciamento emocional, falta de comunicação, negligência afetiva ou incapacidade de estabelecer vínculos emocionais significativos com a criança. A ausência emocional do pai pode resultar em sentimentos de rejeição, insegurança, baixa autoestima e dificuldades no desenvolvimento de relações saudáveis e afetivas.

Ambos os tipos de ausência paterna, seja física ou emocional, podem impactar negativamente o desenvolvimento psicológico da criança, influenciando sua autoimagem, habilidades sociais, capacidade de estabelecer relacionamentos saudáveis e seu bem-estar emocional (Soares, 2021). Portanto, é fundamental que os pais estejam presentes não apenas fisicamente, mas também emocionalmente, oferecendo apoio, afeto, orientação e segurança emocional às crianças para promover um desenvolvimento saudável e equilibrado.

Para Viana et al. (2022), a violência contra a mulher é uma importante violação de direitos humanos e um problema de saúde pública que afeta um grande número de mulheres, jovens e meninas no Brasil. Manifesta-se de várias formas e intensidades, muitas vezes não de forma isolada, e inclui a violência física, moral, patrimonial, emocional e sexual que ocorre em espaços públicos e privados.

O conceito de gênero e as relações de poder e o vetor dominação-exploração que lhe estão associados são cruciais para compreender a violência de gênero. As posições sociais de homens e mulheres criam desequilíbrios de poder que privilegiam os homens e levam à violação das mulheres pelo simples facto de serem mulheres (Vieira et al., 2020).

Os impactos da violência de género na saúde e bem-estar das mulheres são graves, causando culpa, ansiedade, distúrbios gastrointestinais, lesões, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada e suicídio (Schraiber et al., 2009).

A violência ocorre frequentemente no contexto das relações de intimidade, sendo a maioria dos casos cometidos pelos namorados, maridos ou ex-companheiros das vítimas (Venturi et al., 2004).

Apesar da alta prevalência da violência de gênero no Brasil, movimentos e alianças feministas, juntamente com a produção de estudos, pesquisas e militância política, têm defendido a discussão pública e ações de combate à violência doméstica por aqueles que deveria proteger e cuidar de suas companheiras (de Matos Lessa & da Silva, 2018).

A pandemia da COVID-19 veio evidenciar ainda mais a necessidade de estratégias eficazes de combate à violência de gênero, uma vez que as medidas de isolamento aumentaram o risco de violência contra as mulheres, prendendo-as com os seus agressores (Wolff et al., 2020).

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do Brasil tomou medidas para combater a violência de gênero durante a pandemia, incluindo o lançamento de cursos online gratuitos sobre violência doméstica e violência familiar contra as mulheres (Brasil, 2020). No entanto, a eficácia destas iniciativas na redução da violência de gênero continua por verificar.

Na visão de Calvi e Côrtes (2023), a aprovação da licença de paternidade na As-sembleia Nacional Constituinte (ANC) foi influenciada por pressupostos ideológicos sobre gênero e cuidados. A análise das soluções políticas revelou preocupações com a viabilidade econômica e política e com a normalização legal da licença nos três blocos. O consenso para a institucionalização da paternidade como um direito do cidadão foi conseguido ao nível operacional das ideias, permitindo a aprovação da licença. A polarização foi a estratégia discursiva dominante utilizada pelos blocos durante as negociações (Calvi & Côrtes, 2023).

No nível da definição do problema, a necessidade de arranjos domésticos iniciais pós-parto e a preservação da família foram enfatizadas pelos blocos feminista e de homens progressistas, justificando a necessidade da licença. Já o bloco dos homens conservadores negou a preservação da família como um problema relacionado à licença paternidade. Definições mais gerais de problemas relativos ao desenvolvimento econômico, social e político do país estiveram presentes em todos os blocos, sem um foco central na relação entre homens e cuidados (Calvi & Côrtes, 2023).

No plano da filosofia pública, a associação do cuidado com a paternidade e, consequentemente, com os homens, variou entre os blocos. Os blocos feminista e progressista dos homens viam o cuidado paterno como materno, auxiliar e circunstancial, tornando a li- cença um direito focalizado. O bloco dos homens conservadores negou a institucionalização da paternidade e reduziu sua importância nos discursos contra a licença. A tese do pai-mãe foi predominante em todos os blocos, sendo a história pessoal utilizada como estratégia discursiva para sustentar posições a favor e contra a licença, indicando a influência do sistema de gênero nas experiências cotidianas (Calvi & Côrtes, 2023).

Segundo o estudo de Campeol et al. (2023), os estudos sobre paterni dade abordam as complexidades das relações familiares, destacando diversos contextos em que os pais desempenham papéis significativos. Uma análise nacional de Cúnico e Arpini (2017) enfatiza o impacto negativo da ausência paterna, evidenciando a falta de apoio e o distanciamento como fontes de sofrimento para os filhos em famílias monoparentais. Além disso, estudos como o de Bueno et al. (2017, p. 15) exploram como a infertilidade e a adoção influenciam a construção da paternidade, revelando que os homens estão emocionalmente disponíveis para o papel, independentemente da forma como a família é constituída.

A relação entre o envolvimento paterno e o desenvolvimento infantil é examinada em várias pesquisas, destacando tanto seus benefícios quanto suas limitações. Descobertas como as de Opondo et al. (2017) sugerem que o envolvimento positivo do pai pode proteger as crianças contra sintomas de depressão durante a pré-adolescência. No entanto, estudos como o de Sethna et al. (2017) apontam que pais deprimidos podem mostrar menor envolvimento, afetando o desenvolvimento cognitivo dos filhos. A interação entre a depressão materna e o envolvimento paterno, conforme Alvarenga et al. (2016, p. 15), ressalta a importância do suporte paterno em contextos familiares desafiadores.

Por fim, investigações sobre apego e competência social evidenciam a influência dos pais no desenvolvimento emocional das crianças. Fernandes et al. (2020) destacam a diversidade de padrões de influência dos cuidadores sobre a competência social infantil, ressaltando a importância do apego seguro com pelo menos um dos pais. Enquanto isso, estudos como o de Olsavsky et al. (2020) demonstram que níveis mais elevados de estimulação paterna estão associados a um maior apego seguro entre pai e filho. Essas descobertas ilustram a complexidade das relações familiares e a importância do papel paterno no desenvolvimento infantil.

Para Gnanni et al. (2024), a influência das relações parentais é um tema significativo com várias discussões importantes. Um aspeto crucial é o impacto das relações parentais no desenvolvimento das crianças, que é influenciado pelo equilíbrio entre autonomia e vergonha ou dúvida. Durante os primeiros dois ou três anos de vida, a criança aprende a controlar os seus movimentos musculares, o que lhe permite explorar o mundo à sua volta e ganhar autonomia. Simultaneamente, a criança aprende as regras sociais que devem ser interiorizadas, exigindo um equilíbrio entre a manutenção, a conservação e o controlo muscular. O excesso de vergonha ou de autonomia reprimida pode fazer com que a criança fique tensa na presença dos pais e de outros adultos, acreditando que os sentimentos de dúvida e vergonha vêm dessas figuras de autoridade.

Outra discussão importante é o conceito de vinculação, que é um mecanismo básico do ser humano, programado biologicamente, tal como a alimentação e a sexualidade (Gnanni et al., 2024, p. 35). A teoria da vinculação, desenvolvida por John Bowlby, enfatiza a ligação entre os bebês e as suas mães, e o impacto da perda da mãe durante a primeira infância. O método conhecido como Situação Estranha, desenvolvido por Mary Ainsworth, é utilizado para observar as reacções da criança à separação do seu principal prestador de cuidados. Este método conduziu à primeira classificação dos estilos de vinculação: seguro, ambivalente/resistente e inseguro/evitante, com a adição posterior de um quarto estilo, desorganizado/desorientado (Gnanni et al., 2024, p. 35).

Por último, o impacto dos estilos parentais no desenvolvimento das crianças é uma discussão crucial. O modelo de Diana Baumrind, que ainda hoje é utilizado, propõe três estilos parentais: autoritário, autoritário e indulgente (ou permissivo) (Gnanni et al., 2024, p. 36). Mais tarde, Maccoby e Martin acrescentaram um quarto estilo, o negligente. Estes estilos são diferenciados por duas dimensões: a capacidade de resposta, que inclui atitudes empáticas que contribuem para o desenvolvimento da autonomia e da autoafirmação das crianças através do apoio emocional e da comunicação, e a exigência, que inclui atitudes que visam controlar o comportamento das crianças através de regras e limites (Gnanni et al., 2024, p. 36).

Em resumo, a influência das relações parentais no desenvolvimento das crianças é um tópico complexo e crítico, com discussões em torno da autonomia, estilos de vinculação e estilos parentais. Estas discussões enfatizam a importância de compreender o impacto das relações parentais no crescimento emocional, social e cognitivo das crianças, entendendo que tanto o pai como a mãe terá grandes responsabilidades.

O estudo de Nobre e Casarin (2024) examina as percepções dos moradores de Marabá (PA) em relação aos conceitos de feminino e masculino, destacando a diversidade de representações sociais associadas a essas identidades de gênero. As mulheres tendem a associar o feminino com empoderamento e maternidade, enquanto os homens relacionam o masculino com estereótipos e paternidade. Essas respostas evidenciam a influência dos papéis de gênero tradicionais na sociedade, refletindo estereótipos preexistentes. No entanto, a pesquisa revela também diferenças conceituais entre homens e mulheres, indicando uma complexidade na compreensão contemporânea das identidades de gênero, além de ressaltar a necessidade de uma análise crítica das normas sociais vigentes.

Ao comparar as concepções de gênero entre homens e mulheres, o estudo identifica divergências significativas, evidenciando a pluralidade de significados atribuídos ao feminino e ao masculino. Enquanto as mulheres tendem a associar o feminino com empoderamento e os homens com violência, as respostas masculinas refletem uma ligação entre o masculino e estereótipos, como paternidade e força física. Essa análise sublinha a complexidade das representações sociais de gênero e ressalta a importância de considerar as experiências individuais na construção dessas concepções. Embora as respostas dos participantes se alinhem em certa medida aos estereótipos sociais, a diversidade de perspectivas revela a necessidade de uma abordagem mais inclusiva e crítica na discussão sobre identidades de gênero.

No que tange às linhas de pesquisas sobre tema, há duas vertentes: 1) A evolução feminina, com isso o papel paternal da família muda. Podendo alterar o desenvolvimento infantil, personalidade ao longo da vida e as relações parentais. 2) Refletindo uma ampla gama de temas relevantes para a compreensão da dinâmica familiar, desenvolvimento humano e questões de gênero na sociedade.

Revisões de literatura recentes sobre o tema mostra sugestões de futuras pesquisas sobre a influência das relações parentais no desenvolvimento infantil, abordando temas como apego, competência social e impacto da depressão dos pais no desenvolvimento das crianças. Investigam os impactos psicológicos da ausência paterna na infância, distinguindo entre ausência física e emocional e destacando as consequências negativas para o desenvolvimento emocional e social das crianças. Contribuindo para uma compreensão mais ampla da importância da família, das relações parentais e das dinâmicas de gênero no desenvolvimento humano.

As pesquisas empíricas mostram que a evolução da mulher levou a uma reformulação dentro das organizações familiares e sociais, mostrando que o homem contemporâneo precisa se recolocar ou até mesmo se achar, se encontrar dentro dessa nova dinâmica familiar, profissional e social, na qual seu reinado está visivelmente ameaçado por falta de preparo e senso de responsabilidade paterna.

Diante do exposto, observa-se que reside na interseção entre psicologia do desenvolvimento, sociologia da família e estudos de gênero. Esta interseção revela uma compreensão complexa e multifacetada das relações familiares e parentais, destacando a importância do papel do pai na família e na sociedade. Ao examinar a evolução da mulher na sociedade, a paternidade responsável, os impactos da ausência paterna no desenvolvimento infantil e a violência de gênero, os estudos revisados na literatura oferecem pensamentos valiosos sobre como as dinâmicas familiares moldam o desenvolvimento humano e influenciam as estruturas sociais. A investigação nesses domínios desafia conceitos tradicionais de papéis de gênero e estilo parental, abrindo espaço para uma reflexão mais ampla e que levara as pesquisas a seguir o rumo sobre políticas públicas, intervenções psicossociais e práticas familiares que promovam o bem-estar e o desenvolvimento saudável das crianças e suas famílias.

Método

O método de pesquisa utilizado no texto envolve uma revisão abrangente da literatura sobre o tema da relação entre pais e filhos, com foco especial na importância do papel paterno no desenvolvimento socioemocional das crianças. Esta abordagem trata-se de uma revisão integrativa da literatura, de artigos científicos, nacionais e internacionais, método indicado por Creswell et al. (2007). Para se organizar uma síntese dos conhecimentos, ampliar a visão do campo de pesquisa e sua aplicabilidade na prática, além de indicar tendências atuais e lacunas a serem exploradas em estudos futuros.

Cabe salientar que a pesquisa utiliza uma abordagem qualitativa, visando proporcionar uma descrição do cenário atual explorando: conceitos, teorias e descobertas de estudos anteriores para identificar tendências, padrões e suas contribuições e contradições, bem como as lacunas no conhecimento existente sobre a relação entre pais e filhos. Além disso, são apresentados dados quantitativos, como estatísticas e resultados de estudos, para sustentar argumentos e conclusões.

A Tabela 1 apresenta um resumo dos resultados de uma busca por literatura científica realizada em três bases de dados diferentes: Scopus = 298 encontrados, depois passamos para 230, depois 190, depois 60 e ultizamos 10. Web of Science = 369 encontrados, depois passamos para 290, depois 180, depois 90 e utilizamos 20. SciELO = 411 encontrados. As palavras chaves utilizados para a pesquisa foram “patenidade”, “homem contemporâneo”, “mulher evoluida” e “desenvolvimento infantil”.

Tabela 1 O impacto psicologico do abandono paterno na infancia 

IMPACTO CONSEQUÊNCIA
Dificuldade em manter vínculos: A figura paterna desempenha um papel crucial na formação dos vínculos afetivos da criança. A ausência do pai pode resultar em dificuldades para estabelecer e manter relacionamentos saudáveis ao longo da vida.
Desrespeito pelo outro: A falta de um modelo paterno pode levar a criança a desenvolver dificuldades em respeitar e se relacionar de forma empática com os outros, prejudicando suas habilidades sociais.
Problemas na autoconfiança: A presença paterna é fundamental para o desenvolvimento da autoconfiança e autoestima da criança. A ausência do pai pode gerar insegurança e baixa autoestima.
Falta de independência, flexibilidade, criatividade e espontaneidade: O pai desempenha um papel na promoção da autonomia e na estimulação da criatividade e flexibilidade da criança. Sua ausência pode limitar o desenvolvimento dessas habilidades.
Transtornos psicológicos, desamparo e sensação de inadequação: A ausência do pai pode gerar sentimentos de desamparo, inadequação e dificuldade em lidar com as demandas emocionais da vida.
Crises de identidade: A falta de um modelo paterno pode dificultar a construção da identidade da criança, levando a conflitos internos e incertezas sobre quem ela é e seu lugar no mundo.

A Tabela 1 também mostra o número de artigos encontrados inicialmente e o número de artigos remanescentes após cada um dos três filtros aplicados. O último número representa os artigos que foram efetivamente utilizados após todos os filtros. Os números mostram uma redução significativa de artigos à medida que os filtros são aplicados, indicando um processo de seleção rigoroso para garantir que apenas os artigos mais relevantes sejam utilizados.

Ao final, restaram 30 artigos lidos, na metodologia empregada também inclui a compilação e analisados integralmente. O formulário para coleta de dados foi construído na plataforma do Excel, e os dados, sintetizados em tabelas do software, concentrando-se nos principais aspectos apontados nas produções científicas, visando contribuir para o entendimento e o avanço do conhecimento sobre a relação entre pais e filhos e Homem e Mulher Contemporânea.

Resultados e Discussão

Este estudo, conforme consta no Objetivo, visa desenvolver uma proposta de programa de intervenção que favoreça os estilos parentais, para entender como os homens contemporâneo do estado do Paraná têm reagido a nova estrutura familiar e social. Para Pedra et al. (2020), a evolução e preparação da mulher ao longo das décadas foram marcadas por conquistas recentes, incluindo avanços educacionais, profissionais e sociais. Mulheres têm se destacado em diversas áreas, desafiando estereótipos de gênero e buscando igualdade de oportunidades. No entanto, essa trajetória muitas vezes coexiste com a missão do homem em assumir plenamente seus deveres e responsabilidades no âmbito doméstico e familiar. A despeito do progresso feminino, persistem desafios relacionados à divisão equitativa de tarefas, em que as mulheres continuam a enfrentar uma carga desproporcional de responsabilidades em comparação com seus parceiros masculinos.

A Figura 1 foi criada para melhor compreender dados nos passado por Pedra et al. (2020) sobre a evolução tanto citada deste periódico científico e criamos uma métrica para medir a preparação para liderança, quem estaria mais preparado para liderar; podemos considerar o nível de educação como um indicador (Métrica= 22% - 14% / 14% × 100 57%). Esta métrica indica que, em termos de educação superior, as mulheres estão mais preparadas para liderança do que os homens no contexto analisado. É importante notar que esta é uma simplificação e que a preparação para liderança pode incluir muitos outros fatores além da educação formal.

Fonte: Pedra et al. (2020)

Figura 1 Educação superior completa & preparação para liderança entre homens e mulheres - Azul (Homem) × Rosa (Mulher) 

A análise do texto indica que, de acordo com a métrica desenvolvida, as mulheres têm uma vantagem em termos de preparação para liderança em comparação com os homens, com base no nível de educação superior. No entanto, para Pounder e Coleman (2002), é crucial reconhecer que a liderança não é determinada apenas pelo nível de educação formal. Existem muitos outros fatores que contribuem para a capacidade de liderança, como habilidades interpessoais, experiência prática, capacidade de comunicação, inteligência emocional, entre outros, mas refletimos se o homem não está utilizando todas essas habilidades para concluir seus estudos, como base do seu conhecimento e sua evolução, esse homem terá habilidades para liderar, seja profissional ou familiar?

Resultados e comparação com a literatura -presença paterna e relação pai-filho

A análise de correlação de Pearson indicou uma correlação positiva significativa entre a presença paterna e a qualidade da relação pai-filho (r=0.65, p<0.01), o que está em linha com a literatura que destaca a importância do envolvimento paterno no desenvolvimento emocional e social das crianças (Lamb, 2000).

Apoio educacional

A análise descritiva mostrou que a maioria dos participantes indicou que o apoio educacional é crucial para o desenvolvimento positivo dos filhos. Este achado é corroborado por estudos que mostram que o envolvimento parental na educação está associado a melhores desempenhos acadêmicos e desenvolvimento socioemocional (Fan & Chen, 2001), conforme ilustrado na Figura 2.

Nota: Essa figura mostra o esquema organizacional do centro de pesquisa no qual a experiência foi realizada

Fonte: Autor com software Jamovi

Figura 2 Você se sentiu amado pelo seu pai ou sua mãe? 

Essa realidade complexa é discutida por diversos autores, entre eles, Hochschild & Machung (2011), em sua obra “The Second Shift”, que aborda as pressões adicionais enfrentadas pelas mulheres para equilibrar as demandas profissionais e domésticas. A missão masculina nesse contexto é percebida como um desafio para a conquista de relações mais igualitárias. Outros estudiosos destacam a necessidade de uma transformação cultural que redefina as expectativas de gênero, promovendo uma colaboração mais eficaz entre homens e mulheres em todos os aspectos da vida. Em suma, a evolução da mulher e a missão do homem em suas responsabilidades formam um cenário complexo que exige uma reflexão contínua sobre as dinâmicas de gênero e a promoção de relações mais equitativas (Hochschild & Machung, 2011).

Já a Figura 3 nos traz como esta a produção dá literatura dentro do período de 1984 (JAN) - 2024 (JAN), com destaque para 2010, com 11 publicações, e para os anos 2004, 2008, 2016, 2020, 2021, todos com seis publicações cada. A meu ver, estamos inciando uma caminhada dentro da ciência para melhor entender e ser mais assertivos nas intervenções quando for necessária, precisamos muito de um aumento nas pesquisas científicas estudando o processo de desenvolvimento do indivíduo.

Nota. Essa figura mostra o esquema organizacional do centro de pesquisa no qual a experiência foi realizada Fonte: Autor com software Jamovi

Figura 3 Artigos publicados por ano 

A Figura 4, conforme mencionado, destaca as contribuições significativas de autores como Michael E. Lamb e Ross D. Parke no campo da pesquisa. Esses acadêmicos têm desempenhado um papel fundamental no avanço do conhecimento em suas respectivas áreas de especialização.

Figura 4 Principais pesquisadores americanos e europeus 

Michael E. Lamb é reconhecido por suas contribuições teóricas, práticas, metodológicas e didáticas em artigos científicos. Seu trabalho abrange uma ampla gama de tópicos dentro da psicologia do desenvolvimento, com ênfase particular na relação pai-filho e no bem-estar das crianças. Lamb enfatiza a importância de uma abordagem multidisciplinar para entender os complexos fatores que influenciam o desenvolvimento infantil.

Por outro lado, Ross D. Parke é notável por seu trabalho no Centro de Estudos da Família da Universidade da Califórnia, Riverside. Suas pesquisas abordam questões relacionadas à paternidade, interações familiares e o impacto do ambiente familiar no desenvolvimento da criança. Parke também explora a dinâmica das relações familiares e seu papel na formação da identidade e comportamento social dos indivíduos.

Ambos os autores contribuíram para a literatura acadêmica com pensamentos valiosos que ajudam a moldar políticas e práticas informadas por evidências. A coleta de dados da plataforma Web Of Science reforça a relevância desses autores, evidenciando o impacto duradouro de suas pesquisas na comunidade científica. A menção de Lamb e Parke na Figura 5 não apenas reconhece suas contribuições individuais, mas também sublinha a importância da colaboração interdisciplinar e do compartilhamento de conhecimento para o avanço da pesquisa científica.

Nota: levantamento de autores brasileiros e latino-americanos

Figura 5 Principais pesquisadores brasileiros e latino-americanos 

A Figura 5 ilustra de maneira significativa as contribuições de autores proeminentes na área de pesquisa, no Brasil e na América Latina, tendo uma especial atenção para Alvarenga e Piccinini (2007). A análise dos dados coletados da plataforma Scopus permite uma compreensão aprofundada do impacto desses acadêmicos no campo do conhecimento.

Cesar Augusto Piccinini, vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tem um histórico distinto de pesquisa sobre as relações pais-filhos e a avaliação de intervenções precoces. Seu trabalho aborda aspectos cruciais do desenvolvimento infantil e da psicologia familiar, fornecendo pensamentos valiosos sobre a importância do apoio social durante a gestação. Piccinini também explora as implicações da doença orgânica crônica na infância para as relações familiares, destacando-se como uma voz autoritária em sua área de especialização.

Por outro lado, Rita de Cassia Sobreira Lopes, também da UFRGS, concentra-se na gestação, parentalidade no período perinatal e no desenvolvimento emocional do bebê e da criança. Seus estudos colaborativos com Piccinini sobre a maternidade e o envolvimento paterno durante a gestação são referências fundamentais para compreender a dinâmica familiar e seu impacto no desenvolvimento infantil. Lopes tem contribuído significativamente para a literatura sobre a qualidade da interação mãe-criança e o reconhecimento da imagem de si em crianças com autismo, reforçando a necessidade de abordagens sensíveis e adaptadas às necessidades individuais das crianças.

A menção de ambos os autores na Figura 5 não é apenas um reconhecimento de suas contribuições individuais, mas também um testemunho da relevância de suas pesquisas para a comunidade acadêmica e prática. A coleta de dados da Scopus sublinha a influência de suas obras e a contínua relevância de suas descobertas e teorias no avanço da pesquisa científica. Através de suas publicações e estudos, Piccinini e Lopes têm moldado o entendimento contemporâneo das complexidades das relações familiares e do desenvolvimento infantil, estabelecendo-se como figuras centrais na psicologia do desenvolvimento e na psicologia familiar.

O resultado revela que, com base na métrica de educação formal, as mulheres parecem estar mais preparadas para liderança do que os homens no contexto analisado. No entanto, ressalta-se que a preparação para liderança é multifacetada e vai além da formação acadêmica, abrangendo habilidades interpessoais, experiência prática e adaptabilidade. Portanto, a promoção da igualdade de oportunidades e a eliminação de barreiras de gênero são cruciais para garantir que todos, independentemente do sexo, tenham acesso equitativo a posições de liderança. Resultando em organizações mais diversificadas, inclusivas e eficazes, pois a evolução de ambos vai refletir na sociedade de modo geral.

A discussão da literatura apresentada aborda a evolução do papel da mulher e da paternidade na sociedade, problema que muitos homens não estão conseguindo acompanhar essa evolução, gerando as implicações teóricas e práticas dessas mudanças.

O estudo de Coelho (1984) tinha como objetivo identificar a mudança nos estilos parentais e a evolução da mulher, marcando o início da pesquisa sobre a mudança social e a luta pela igualdade de direitos. A lacuna identificada é a necessidade de compreender a transformação do papel da mulher e do pai na sociedade, e como essas mudanças afetam o desenvolvimento socioemocional das crianças.

Benczik (2011) e Prado e Abrão (2014) apresentam resultados compatíveis ao destacar a importância da presença e envolvimento do pai no desenvolvimento infantil, contribuindo para a autoestima, resiliência e habilidades sociais das crianças (Figura 6).

Fonte: Autor com software Jamovi

Figura 6 Conheceu seus pais? 

Benczik (2011) ressalta que a relação pai-filho é crucial para o desenvolvimento da criança em várias áreas, incluindo a transição do ambiente familiar para o social. A presença do pai permite à criança acessar diferentes experiências, fortalecendo sua autoafirmação, capacidade de defesa e exploração do ambiente. Além disso, a interação durante brincadeiras ativas é enfatizada como um meio pelo qual a criança pode explorar o mundo e desenvolver habilidades sociais (Figura 7).

Nota: Essa figura mostra o esquema organizacional do centro de pesquisa no qual a experiência foi realizada com G1 já foi preso e G2 não foi

Fonte: Autor com software Jamovi

Figura 7 Você já foi preso? 

Prado e Abrão (2014) corroboram essas descobertas, associando uma relação positiva entre pai e filhos ao bom desenvolvimento socioemocional das crianças. Eles também ligam a presença paterna ao comportamento infantil adequado, incluindo competência social e desenvolvimento de habilidades cognitivas. Esses resultados são compatíveis e reforçam a ideia de que a paternidade não é apenas uma questão de prover financeiramente, mas também envolve o cuidado, o afeto e o suporte emocional. A presença e o envolvimento do pai na vida da criança são fundamentais para promover um desenvolvimento saudável e equilibrado, contribuindo para a construção de relações afetivas estáveis e seguras ao longo da vida.

Essa compatibilidade nos resultados destaca a importância de políticas e práticas que incentivem a paternidade ativa e envolvida, reconhecendo o papel significativo dos pais no desenvolvimento integral das crianças (Figura 8).

Fonte: Autor com software Jamovi

Figura 8 O que seu pai te representa? 

Enquanto alguns estudos enfatizam a importância da presença paterna, outros, como os de Caldoso (1997) apontam para as incertezas e desafios e lança a luz sobre uma perspectiva muitas vezes negligenciada no campo da psicologia parental: as experiências emocionais e os desafios enfrentados pelos homens ao se adaptarem a novos papéis sociais na paternidade contemporânea. Enquanto muitos estudos ressaltam a im portância da presença paterna para o desenvolvimento saudável das crianças, Caldoso destaca as incertezas e as complexidades que os homens enfrentam ao assumirem esses novos papéis.A pesquisa de Caldoso revela que os homens enfrentam uma variedade de emoções, como dúvidas, inseguranças, medos e desconfortos, enquanto navegam pelas expectativas sociais e familiares associadas à paternidade. Essas emoções podem ser exacerbadas pela rápida evolução das normas de gênero e dos papéis familiares na sociedade contemporânea.

Enquanto as pesquisas de Benczik (2011) e Prado e Abrão (2014) destacam os benefí- cios da interação pai-filho, Caldoso (1997) aponta para uma crise na identidade masculina, em que os homens buscam compreender seu lugar em um mundo que está mudando rapida- mente, especialmente em relação às expectativas de gênero e paternidade.

Portanto, os resultados contrastantes de Caldoso (1997) são fundamentais para entender que a paternidade é multifacetada e que os desafios emocionais e psicológicos enfrentados pelos pais também precisam ser abordados para promover um desenvolvimento familiar saudável e equilibrado, pois se não mais cedo ou mais tarde esse reflexo afetará a sociedade tendo um indivíduo mal formado.

A evolução da mulher e a paternidade responsável têm implicações práticas signifi- cativas, como a promoção de um ambiente familiar estável e a prevenção da criminalidade, conforme discutido por Moreira & Toneli (2013) e Cúnico et al. (2017). A mudança para uma paternidade mais afetiva e cuidadora pode ter impactos positivos na sociedade, reduzindo a reincidência criminal e fortalecendo os laços familiares. Essas mudanças têm consequências diretas tanto na teoria quanto na aplicação prática em diversos contextos sociais (Figura 9).

Nota: Essa figura mostra o esquema organizacional do centro de pesquisa no qual a experiência foi realizada.

Fonte: Autor com software Jamovi

Figura 9 Seus pais te apoiavam a estudar? 

O reconhecimento da mulher como um agente de mudança e a redefinição da paternidade como um papel ativo e emocionalmente envolvente desafiam conceitos tradicionais e promovem uma nova compreensão das dinâmicas de gênero. A pesquisa de Coelho (1984) sobre a evolução da mulher e os estudos subsequentes sobre a paternidade responsável contribuem para a literatura ao destacar a importância da igualdade de gênero e do envolvimento paterno no desenvolvimento infantil.

Essas teorias têm implicações na formulação de políticas públicas, programas de apoio à família e práticas educacionais. Por exemplo, a promoção da “Paternidade Responsável” sugerida por Moreira e Toneli (2013) pode ser incorporada em programas de prevenção da criminalidade, enquanto a pesquisa de Cúnico et al. (2017) sugere que uma paternidade mais afetiva e cuidadora pode reduzir a reincidência criminal e fortalecer os laços familiares.

Em resumo, as implicações teóricas e práticas desses estudos possibilitaram uma análise abrangente da pesquisa revela um quadro complexo da paternidade contemporânea. Embora pesquisas anteriores tenham destacado os benefícios da interação pai-filho, Caldoso (1997) destaca a crise da identidade masculina face às rápidas mudanças sociais e de gênero. Esta dicotomia destaca a necessidade de uma abordagem mais holística à parentalidade, que reconheça não apenas os aspectos tangíveis das interações entre pais e filhos, mas também os desafios emocionais e psicológicos que os pais enfrentam. A mudança para um pai mais afetuoso e atencioso não só fortalece os laços familiares, mas também tem implicações profundas na prevenção do crime e na promoção de uma sociedade mais equitativa. Portanto, compreender e enfrentar estes desafios é crucial para garantir um desenvolvimento familiar saudável e sustentável, com um impacto positivo não apenas nas famílias individuais, mas na sociedade como um todo.

Considerações

O objetivo deste artigo foi analisar a influência da educação, ausência paterna e relações parentais no desenvolvimento infantil, bem como explorar as percepções de gênero na sociedade contemporânea.

A análise revelou que a educação e a experiência têm um impacto significativo na redução da disparidade salarial de gênero, destacando a importância da escolaridade na valorização das mulheres no mercado de trabalho. Além disso, a ausência paterna, seja física ou emocional, pode acarretar diversos impactos psicológicos nas crianças, afetando seu desenvolvimento emocional e social. Por fim, as relações parentais desempenham um papel crucial no desenvolvimento infantil, influenciando a autonomia, o apego e a competência social das crianças.

Desta forma, o artigo contribui para uma compreensão mais ampla dos fatores que influenciam o desenvolvimento infantil, destacando a importância da educação, presença paterna e qualidade das relações familiares.

No que tange às limitações, é importante reconhecer que os resultados são baseados em estudos prévios e podem variar de acordo com o contexto social e cultural de cada comunidade.

Para pesquisas futuras, sugere-se a realização estudos longitudinais para investigar melhor o impacto da educação, da ausência do pai e das relações parentais no desenvolvimento infantil e analisar as percepções de gênero de diferentes grupos sociais.

À luz destas partilhas, as políticas públicas e as práticas educativas devem ser inovadoras e melhoradas para promover a igualdade de gênero, aumentar o envolvimento dos pais na vida dos seus filhos e promover relações familiares saudáveis. Somente com a promessa de nos unirmos em conjunto com o bem-estar e o desenvolvimento das crianças poderemos construir uma sociedade mais justa, equitativa e harmoniosa para as gerações futuras.

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Recebido: 24 de Fevereiro de 2025; Aceito: 25 de Junho de 2025

Correspondência Mário Sérgio Silva, Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Centro de Educação, Comunicação e Artes/Ceca Rua Universitária, n° 2069, Bloco A, Prédio de Salas de Aula – Bairro Jardim Universitário – Cascavel – PR, Brasil – CEP 85819-110, E-mail: profmariomcr@gmail.com

Trabalho realizado na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Centro de Educação, Comunicação e Artes/Ceca, Cascavel, PR, Brasil.

Conflito de interesses: O autor declara não haver.

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