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Journal of Human Growth and Development

versão impressa ISSN 0104-1282versão On-line ISSN 2175-3598

J. Hum. Growth Dev. vol.26 no.1 São Paulo  2016

http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.113733 

ORIGINAL RESEARCH

 

Comportamentos suicidas em adolescentes do sul do Brasil: Prevalência e características correlatas

 

 

Carlos Alencar Souza Alves Junior*; Heloyse Elaine Gimenes Nunes; Eliane Cristina de Andrade Gonçalves; Diego Augusto Santos Silva

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) - Florianópolis (SC), Brasil

 

 


RESUMO

INTRODUÇÃO: O suicídio refere-se ao desejo consciente de morrer, sendo que o comportamento suicida é dividido em três etapas (pensamento, planejamento e tentativa de suicídio.
OBJETIVO: Estimar a prevalência de pensamento, planejamento e tentativa de suicídio e identificar as características sociodemográficas e de estilo de vida em adolescentes da região sul do Brasil.
MÉTODO: Estudo transversal, com 1.132 adolescentes de escolas públicas de São José, Santa Catarina, Brasil, com idade de 14 a 19 anos. O pensamento, planejamento e tentativa de suicídio foram avaliados por três diferentes perguntas, retiradas do questionário Youth Risk Behavior Survey (YRBS). As variáveis independentes analisadas foram sexo, idade, cor da pele, nível econômico, qualidade do sono, percepção do peso corporal, nível de atividade física e ingestão de bebida alcoólica.
RESULTADOS: A prevalência de pensamento, planejamento e tentativa de suicídio foram respectivamente, 13,8%, 10,5% e 5,5%. Tanto na análise bruta quanto na ajustada, os adolescentes mais novos (14-16 anos) tinham a característica de terem pensamento suicida. Adolescentes que não dormiam bem tinham característica de terem pensamento, planejamento e tentativa suicida. Por fim, os adolescentes com percepção inadequada do peso corporal tinham a característica de terem pensamento suicida.
CONCLUSÃO: Adolescentes com pensamento suicida apresentavam característica de serem mais novos e terem percepção inadequada do peso corporal. Um a cada dez adolescentes pensou e planejou suicídio. Em relação à tentativa suicida, a proporção foi menor que um. Ademais, os adolescentes acometidos por pensamento, planejamento e tentativa suicida, apresentavam a caracaterística de não dormir bem.

Palavras-chave: suicídio, ideação suicida, adolescente, estudos transversais.


 

 

INTRODUÇÃO

O suicídio refere-se ao desejo consciente de morrer e das consequências que tal ato pode gerar1. O comportamento suicida é dividido em três etapas (pensamento, planejamento e tentativa de suicídio), deste modo, o indivíduo que comete suicídio, demonstra anteriormente sinais de atentar contra a própria vida, transcorrendo estas etapas1. O suicídio é problema global de saúde pública, sendo que na população mundial encontra-se entre as dez principais causas de morte em todas as faixas etárias2.

Em adolescentes, comportamentos suicidas ocorrem devido aos conflitos, característicos da adolescência, mediante transformações físicas e socioculturais, favorecendo o aumento dos níveis de ansiedade e aparecimento de depressão, principal fator de risco para suicídio2. Assim, o período da adolescência é considerado de maior vulnerabilidade aos comportamentos suicidas1.

A cada ano, mais de um milhão de pessoas morrem por suicídio no mundo3. As prevalências de suicídio em crianças e adolescentes no Brasil evoluíram entre os anos 2000 a 2010, de 0,9 a 1,1 por 100.000 crianças e adolescentes, colocando o Brasil na 60ª posição, num total de 98 países analisados; valores relativamente baixos, quando comparados a outros países4. No Brasil, a região sul possui médias superiores de comportamentos suicidas comparadas às demais regiões do país1,2.

Estudos evidenciaram características dos adolescentes com comportamentos suicidas, como ser do sexo masculino, idade acima de 18 anos, cor da pele preta e nível econômico alto3-5. Porém, pesquisas demonstraram dados controversos, ao apresentarem adolescentes com comportamentos suicidas com diferentes características; sexo feminino, idade menor que 18 anos, cor da pele branca e baixo nível econômico6-8. Desta forma, as características sociodemográficas em adolescentes com comportamentos suicidas são controversas, suscitando maiores investigações para melhor compreensão deste fenômeno1.

Dentre os fatores de estilo de vida, não dormir bem, percepção do peso corporal inadequada, inatividade física e ingestão de bebida alcoólica são características de adolescentes com comportamentos suicidas6,9-11. A identificação destes fatores modificáveis é útil para antecipar e aplicar adequada intervenção com intuito de prevenir estes comportamentos3. Contudo, tais fatores podem não ser universais3. Por esse motivo, estudos que permitam avaliação dos fatores de estilo de vida para comportamentos suicidas são necessários em diversas localidades do Brasil, país culturalmente discrepante3.

Indivíduos acometidos por comportamentos suicidas apresentaram diferentes características demográficas, econômicas, sociais, culturais e de estilo de vida3,12. Deste modo, a identificação destas características nas diferentes localidades demonstram os principais indivíduos afetados por comportamentos suicidas, possibilitando acompanhamento e diminuição deste agravo1. Assim, o objetivo foi estimar a prevalência de pensamento, planejamento e tentativa de suicídio e identificar as características sociodemográficas e de estilo de vida em adolescentes da região sul do Brasil.

 

MÉTODO

População e amostra:

Estudo analítico do tipo transversal de base escolar, proveniente do macroprojeto "Guia Brasileiro de Avaliação da Aptidão Física Relacionada à Saúde e Hábitos de Vida - Etapa I", sob Protocolo CAAE: 33210414.3.0000.0121, realizado no período de Agosto a Novembro de 2014. A população foi composta por escolares do ensino médio de 14 a 19 anos matriculados em escolas públicas estaduais da cidade de São José, Santa Catarina, Brasil..

Caracterização do local da pesquisa:

A cidade de São José possui 209.804 habitantes, tem extensão territorial de 152,387 Km2, Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de 0,809, índice de Gini de 0,44, renda per capita de R$ 1.157,43, esperança de vida ao nascer de 77,81 anos e percentual de jovens de 15 a 17 anos com ensino fundamental completo de 70,94%13.

Determinação da amostra:

O processo amostral foi determinado em dois estágios: (1) estratificado por escolas públicas estaduais de ensino médio (n = 11); (2) conglomerado de turmas considerando turno de estudo e série de ensino (n = 170 turmas). No estágio dois, foram convidados a participarem do estudo todos os estudantes do ensino médio que estavam presentes em sala de aula nos dias da coleta de dados.

Para o cálculo amostral, adotou-se prevalência desconhecida para o desfecho (50%), erro tolerável de cinco pontos percentuais, nível de confiança de 95%, efeito de delineamento de 1,5, acrescentando 20% para perdas e recusas e mais 20% para estudo de associação. Considerando que 5.182 escolares estavam matriculados no ensino médio daquela cidade, o tamanho amostral foi estimado em 751 adolescentes. Porém, devido à amostragem por conglomerado, todos os estudantes das turmas foram convidados a participarem da pesquisa, resultando em 1.132 alunos com dados coletados.

Definiu-se elegível estar matriculado na rede estadual de ensino, encontrar-se na sala de aula no dia da coleta e ter idade de 14 a 19 anos. Considerou-se recusa o adolescente que não demonstrou interesse em participar da pesquisa.

Variável Dependente

A identificação de pensamentos suicidas foi realizada por três questões do questionário Youth Risk Behavior Survey (YRBS), validado para população brasileira14. O primeiro questionamento foi em relação à quantidade de vezes que o adolescente pensou em cometer suicídio, nos últimos 12 meses, sendo categorizada em "Sim" (uma ou mais vezes) e "Não" (não pensou em cometer). A segunda questão abordava se o adolescente já tinha planejado suicídio nos últimos 12 meses, sendo dicotomizada em "Sim" (planejou) e "Não" (não planejou). Por fim, foi questionado sobre a frequência que o adolescente tentou cometer suicídio, categorizada em "Nenhuma vez" e "Uma ou mais vezes".

Variáveis Independentes

As variáveis sociodemográficas (sexo, idade, cor da pele e nível econômico) e de estilo de vida (sono, percepção do peso corporal, atividade física e ingestão de bebidas alcoólicas) foram coletadas por meio de questionário auto administrado. O sexo (feminino/masculino) foi autorrelatado pelos adolescentes. A idade foi coletada como variável quantitativa discreta (em anos completos), sendo categorizada em "14-16 anos" e "17-19 anos" para que fossem distribuídas igualmente três idades em cada categoria. A cor da pele foi classificada em branca, parda, preta, amarela e indígena, conforme proposto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística15. No entanto, esta variável foi categorizada em "Branca" e "Parda/Preta/Amarela/Indígena" devido à baixa frequência de pretos (7,2%), amarelos (4,4%) e indígenas (1,7%). O nível econômico foi investigado pelo questionário da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa16 que divide a população em oito classes econômicas, por ordem decrescente de poder de compra (A1, A2, B1, B2, C1, C2, D e E). Devido à baixa frequência de adolescentes nas categorias (A1: 0,0%; A2: 4,2%; B1: 20,9%; B2: 42,7%; C1: 26,1%; C2: 5,4%; D: 0,7%; E: 0,0%), optou-se por dicotomizar esta variável em "Alto" (A1; A2; B1; B2) e "Baixo" (C1; C2; D; E).

Dentre as variáveis do estilo de vida, a qualidade do sono e a percepção do peso corporal foram avaliadas pelo questionário "Estilo de Vida Fantástico", que é traduzido e validado para população brasileira17. A qualidade do sono foi analisada por meio da pergunta: "Você dorme bem e se sente descansado?", sendo categorizado em "Dorme bem" (para os estudantes que responderam "algumas vezes", "com relativa frequência" e "quase sempre") e "Não dorme bem" (para aqueles que responderam "quase nunca" e "raramente"). A percepção do peso corporal foi avaliada pela pergunta: "Como você descreve seu peso corporal?". As respostas foram categorizadas em: "Adequada" ("no peso que eu espero") e "Inadequada" ("um pouco abaixo", "muito abaixo do que eu espero", "um pouco acima do que eu espero", "muito acima do que eu espero").

A prática de atividade física foi avaliada da seguinte forma: "Durante os últimos sete dias, em quantos dias você foi ativo fisicamente por pelo menos 60 minutos por dia?" (Considere o tempo que você gastou em qualquer tipo de atividade física que aumentou sua frequência cardíaca e fez com que sua respiração ficasse mais rápida por algum tempo). A questão foi retirada do questionário Youth Risk Behavior Survey (YRBS).14 Os adolescentes que praticavam atividade física cinco ou mais dias na semana foram classificados como "Ativos fisicamente". Aqueles que realizavam menos do que cinco dias na semana foram classificados como "Pouco ativos fisicamente"18.

A ingestão de bebida alcoólica foi analisada pelo Binge Drinking, que identifica ingestão de álcool em jovens14,19 validado para população brasileira14 por meio da questão: "Durante os últimos 30 dias, em quantos dias você tomou cinco ou mais doses de bebida alcoólica em uma mesma ocasião?" A ingestão de bebida alcoólica foi categorizada em: "Não" (não consumiu) "Sim" (consumiu cinco doses ou mais). O consumo de cinco ou mais doses em uma mesma situação é considerado excessivo, o que independe da regularidade20.

Análise estatística

As análises foram realizadas por meio do Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 22.0. Na estatística descritiva utilizaram-se médias, desvios padrão, medianas, intervalos interquartis e distribuição de frequências. Na identificação de diferenças na prevalência de pensamentos suicidas em relação às variáveis independentes, aplicou-se o teste qui-quadrado de heterogeneidade e de tendência linear.

Foi realizada regressão logística binária com estimativa de odds ratio (OR) e intervalo de confiança (IC95%). Todas as variáveis foram introduzidas no modelo ajustado independente do p-valor na análise bruta. A análise ajustada foi realizada de forma hierarquizada21 sendo dividida em dois blocos: distal (idade, cor da pele e nível econômico) e proximal (sono, atividade física, ingestão de bebidas alcoólicas e percepção do peso corporal). Permaneceram no modelo ajustado as variáveis com p-valor <0,2022 por meio do método backward. O nível de significância foi estabelecido em 5%.

 

RESULTADOS

A amostra foi composta por 1.118 alunos que tinham em média 16 ± 1,14 anos de idade. As prevalências foram de 13,8% para pensamento suicida, 10,5% para planejamento de suicídio e 5,5% para as tentativas de suicídio.

A maioria da amostra (54,2%) era do sexo masculino, estava na faixa etária dos 14 a 16 anos (59,8%), tinha cor da pele branca (61,8%), sendo que quase 70% pertenciam ao nível econômico alto. Aproximadamente 75% dos adolescentes não dormiam bem, tinham percepção de peso corporal inadequada (68,5%), eram pouco ativos fisicamente (77,2%) e 97,8% consumiam cinco doses ou mais de bebida alcoólica em uma mesma ocasião (Tabela 1).

Adolescentes do sexo masculino (15,7%) e idade de 14 a 16 anos (15,9%) tiveram maior prevalência de pensamento suicida. Maiores prevalências de pensamento (22,7%), planejamento (17,2%) e tentativa suicida (9,4%) foram identificados em adolescentes que não dormiam bem (p<0,01). Adolescentes com percepção inadequada do peso corporal tiveram maior prevalência de pensamento (16,4%) e planejamento suicida (11,8%) (p < 0,01) (Tabela 1).

De acordo com a regressão logística, bruta e ajustada, os adolescentes com características de terem pensamento suicida foram os mais jovens (14-16 anos). Ademais, adolescentes suscetíveis ao pensamento, planejamento e tentativa suicida apresentavam a característica de não dormir bem (Tabela 2, Tabela 3, Tabela 4 respectivamente). Na análise ajustada, os adolescentes com característica de terem pensamento suicida apresentavam percepção inadequada do peso corporal (Tabela 2).

 

DISCUSSÃO

No presente estudo, aproximadamente 12,1% dos adolescentes tiveram ideações suicidas (pensamentos e planejamentos) e 5,5% tentaram suicídio. O pensamento suicida foi uma caracteristica dos indivíduos mais novos que não dormiam bem e tinham percepção do peso corporal inadequado e eram mais novos. A chance de planejar e de tentar cometer suicídio foi maior para aqueles que tinham sono inadequado.

A análise do suicídio em adolescentes tem sido investigada em relação ao pensamento7,23 ao planejamento4 e à tentativa24. Estudos que analisaram a prevalência de pensamentos suicídas encontraram valores variando de 11,2% em adolescentes do estado de Pernambuco, Brasil7 a 16,0% em adolescentes de Campinas, São Paulo, Brasil23. Em relação ao planejamento, encontraram-se prevalências de 4,0% em adolescentes dos Estados Unidos8 a 9,5% em Sergipe, Brasil4. A tentativa de suicídio ocorreu com variação de prevalências de 2,0% em Campinas, São Paulo23 a 8,8% em adolecentes Tailandeses24.

Alguns fatores aumentam a vulnerabilidade de ideação (pensamento e planejamento) e tentativas suicidas, como a depressão, o alcoolismo, o uso de drogas, exposição a violências, histórico de abuso, estresse e dificuldades de aprendizagem1,2,12. Como o pensamento, planejamento e tentativa são fatores que podem predizer o cometimento de suicídio, as prevalências encontradas podem auxiliar na prevenção de uma das principais causas de morte na adolescência1-3. Alerta-se que estes dados, por vezes, podem estar subestimados, já que o suicídio é permeado por mitos, tabus e preconceitos (referentes à moral e à religião) que resulta em omissão de dados1.

No presente estudo, evidenciou-se que adolescentes que tinham pensamento suicida apresentavam a característica de serem mais novos. Resultado semelhante foi encontrado em pesquisa realizada com adolescentes tailandeses24. Este achado justifica-se pois adolescentes mais novos tendem a ter menos maturidade emocional para resolução dos problemas cotidianos, como brigas familiares, relações afetivas, assuntos escolares, agindo com maior impulsividade ao pensar em medidas drásticas como suícidio3,24.

No estudo, identificou-se que indivíduos acometidos por pensamento, planejamento e tentativa de suicídio apresentavam a característica de não dormir bem, sendo tal achado também evidenciado em revisão sistemática9. Ocorrem na adolecência modificações na melatonina, hormônio do sono, assim, neste período há necessidade de mais horas de sono, o que pode ser explicado devido às alterações maturacionais25. Apesar de a necessidade fisiológica na adolescência ser de nove horas de sono, a maioria dos adolescentes não cumprem o recomendado, reduzindo secreção do hormônio serotonina, responsável pelo controle do humor, ansiedade e impulsividade, o que pode provocar instabilidades emocionais9.

Os adolescentes acometidos por pensamento suicida apresentavam a característica de terem percepção inadequada do peso corporal. Este achado demonstrou consonância com estudo realizado em adolescentes (de 12 a 19 anos) de Guangzhou, China10, e estudo longitudinal com adolescentes estadunidenses11. Esse fato se justifica pois adolescentes tendem a valorizar em demasia o corpo para sentirem-se incluídos no padrões estéticos associados à juventude e à beleza, veiculados pela mídia, em especial pela programação televisiva. Assim, o desenvolvimento emocional dos adolescentes é afetado por meio de pressão psicossocial e cultural10.

Dentre as limitações do estudo, o fato de os adolescentes saberem que estavam participando de pesquisa que avaliaria características do estilo de vida, pode por si só, ter influenciado os resultados, como subestimação ou superestimação destas variáveis. Outra limitação é o estudo transversal que não permite estabelecer relações de causa e efeito.

Como ponto forte do estudo, a apresentação de dados referentes às características dos adolescentes com comportamentos suicidas de uma cidade do sul do Brasil, pode servir de parâmetro comparativo para investigações com jovens. Ademais, a associações do estudo intensificam a necessidade de planejamento de ações preventivas sobre o pensamento, planejamento e tentativa suicida dos adolescentes.

O desenvolvimento de programas que preparem profissionais de saúde para lidar com temas relacionados aos comportamentos suicidas é importante no campo da saúde pública, pois auxilia na detecção prévia destes comportamentos, favorecendo acompanhamento adequado, para deter os efeitos deletérios destes comportamentos que podem levar ao óbito12.

Conclui-se que um em cada dez adolescentes apresentaram pensamento e planejamento suicida, sendo que a proporção foi menor que um para as tentativas de suicídio. Além disso, os adolescentes acometidos pelos três comportamentos suicidas (pensamento, planejamento e tentativa suicida), apresentavam a caracaterística de não dormir bem. Os adolescentes suscetíveis ao pensamento suicida apresentavam a característica de serem mais novos e terem percepção inadequada do peso corporal.

 

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Manuscript submitted: Feb 28 2016
Accepted for publication Mar 10 2016.

 

 

* Corresponding author: Carlos Alencar Souza Alves Junior - Universidade Federal de Santa Catarina - Campus Universitário - Trindade - Caixa Postal 476 - CEP 88040-900 - Florianópolis/SC.

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