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Psicologia da Educação

versão impressa ISSN 1414-6975versão On-line ISSN 2175-3520

Psicol. educ.  no.39 São Paulo dez. 2014

 

VIII Mostra de Psicologia da Educação - "45 anos do PED: contribuições e perspectivas para questões educacionais"

 

 

RESUMOS DA MESA REDONDA 1: TRAJETÓRIAS DE UM PROGRAMA EM MOVIMENTO: MARCOS E MARCAS

Quarenta e cinco anos de PED

Abigail Alvarenga Mahoney

O Programa está completando 45 anos, dos quais fiz parte durante 37 anos, e tem uma história para contar. Trago uma parte dela. O convite a mim feito deu-se pelo simples fato de ter sido, por um conjunto de circunstâncias, a primeira professora convidada pelo professor Joel Martins para integrar o Programa. Conheci o professor Joel na USP, quando lá fazia graduação em Pedagogia (1948-1951). Ele foi meu professor de Psicologia, e o que mais me lembro daquela época, além de suas aulas vivas e estimulantes, que revelavam grande conhecimento de Psicologia, foi sua disponibilidade em relação aos alunos que o procuravam para qualquer dúvida ou dificuldade, mesmo durante os intervalos. Naquele tempo, dentro do contexto acadêmico da USP, o curso de Pedagogia era o menos valorizado e nós sentíamos isso na pele. Através de bolsa de estudo da OEA, bastante estimulada pelo professor Joel, fiz o mestrado e iniciei o doutorado na Indiana University, que foi terminado aqui no Brasil, na PUC, sob a orientação do professor Joel. Eu aportei na PUC em 1969, mais ou menos seis meses depois da Fundação do Programa. Eu tinha acabado de chegar do exterior, depois de sete anos de ausência. Fui convidada e aceitei o desafio. Não foi fácil enfrentá-lo! O professor Joel me tomou pela mão, encorajando-me a substituí-lo nos primeiros seis meses na graduação, como uma forma de tomar pé da situação. Eu assistia a uma aula dada por ele, e na semana seguinte, assumia o curso. Só mesmo com muito apoio, paciência e confiança da parte dele, consegui sobreviver a esse período. Vocês podem imaginar! Em 1970, comecei a dar aulas na Pós-Graduação. O professor adotou aqui o mesmo sistema adotado em relação à graduação: assistia a uma aula dada por ele e, na semana seguinte, passava a substituí-lo, especialmente em cursos de teorias da aprendizagem, teorias de desenvolvimento e psicologia da educação. O professor Joel vinha de uma longa experiência acadêmica (nacional e estrangeira) e educacional, como professor, diretor de escolas de diferentes níveis, de pesquisador em vários centros de pesquisa. Atuou como especialista na Unesco e na OEA e, na PUC, foi professor de várias disciplinas, orientador de muitas pesquisas. Foi presidente da Comissão Geral de Pós-Graduação, Coordenador do Programa e Reitor. Em todas as posições que ocupou, sempre revelou envolvimento completo nas tarefas para alcançar suas metas e espírito combativo para criar as circunstâncias que promovessem as transformações necessárias. Falar do professor Joel Martins, fundador do Programa de Psicologia da Educação, é falar da criação da Pós-Graduação na PUC-SP. Falar da Pós-Graduação na PUC-SP e do professor Joel é falar da Pós-Graduação no Brasil. O objetivo da sua criação era, e ainda é, o aprofundamento e a ampliação da qualificação de educadores, garantindo que, dessa formação, faça parte também, entre as várias competências necessárias, a de um bom pesquisador. O Programa foi criado no contexto de uma reforma geral para transformar a PUC-SP numa Universidade. Para ajustar-se à nova legislação do Ensino Superior, deveria reunir os vários centros e faculdades numa única estrutura: a Faculdade Paulista de Direito, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Bento, a Faculdade de Economia Sagrado Coração de Jesus, Sedes Sapientiae e a Escola de Serviço Social. Para essa reestruturação, era preciso qualificar professores para a docência e a pesquisa, nas diferentes áreas, e a solução proposta foi estabelecer cursos de Pós-Graduação. Foram convidados para essa tarefa: o professor Joel Martins, para Psicologia da Educação; a professora Maria Antonieta Alba Celani, para Língua c Literatura Inglesa; a professora Lucrécia D'Alessio Ferrara, para Teoria Literária; o professor José Pastore, para Sociologia. O grupo - sob a liderança do professor Joel Martins - estabeleceu critérios para a criação de novos Programas e instalaram a Comissão Geral de Pós-Graduação. Assim, surgiu o Setor de Pós-Graduação da PUC-SP e, em 1976, o professor Joel foi nomeado seu Presidente.

 


 

Os Inícios do Doutorado no PED

Maria Regina Maluf

Um Curso de Doutorado? Por quê? Para que? A ciência organizada concede o grau acadêmico de doutor por meio de Instituições Acadêmicas credenciadas para certificar quem preencheu requisitos que qualificam para desenvolver investigações num determinado campo científico. Oferecer cursos organizados com esse fim, aos quais todos/as podem ter acesso desde que atendam os critérios previamente anunciados e divulgados, é índice de maturidade dos sistemas educacionais nas sociedades contemporâneas. As origens do nosso doutorado encontram-se na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB) que entrou em vigor em 1961, incluindo formalmente os cursos de pós-graduação como parte integrante da estrutura da educação brasileira. A formalização dos cursos por meio de legislação específica deu-se por meio do Parecer CFE no. 977/65 aprovado em 3/12/1965. Assinado por figuras proeminentes da época A. Almeida Júnior, Presidente da Comissão de Educação Superior; Clóvis Salgado, José Barreto Filho, Maurício Rocha e Silva, Durmeval Trigueiro, Alceu Amoroso Lima, Anísio Teixeira, Valnir Chagas e Rubens Maciel, teve Newton Sucupira como relator, que hoje está sendo homenageado pela CAPES pela Plataforma Sucupira de informações sobre a pós-graduação. Como explica o professor Joel Martins (1920-1993) - o idealizador da Pós-Graduação da PUCSP e de nosso Programa, do qual foi criador e coordenador- , quando nosso Programa foi criado a Portaria 77/69, que determinou as normas de credenciamento dos Programas de Pós-Graduação no Brasil, ainda não havia sido publicada, mas havia o parecer 977/65 e sobre essa base teve início o "Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Educação" da PUCSP juntamente com os de Teoria Literária e a Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas. Era o ano de 1969, e os Programas eram todos de Mestrado, visto como etapa preliminar na obtenção do grau de doutor, embora não considerada como condição indispensável. Somente com o amadurecimento paulatino dos Cursos de mestrado começaram a ser criados no Brasil os Cursos de Doutorado, que de acordo com o Parecer "têm por fim proporcionar formação científica ou cultural ampla e aprofundada, desenvolvendo a capacidade de pesquisa e poder criador nos diferentes ramos do saber". Como o Mestrado, o Doutorado em Psicologia da Educação da PUCSP foi pioneiro, ocorrendo sua criação em 1982. Até essa segunda etapa, nosso Programa era designado como Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Educação. Mais tarde, e depois de muitos debates que envolveram discussões de áreas no Setor de Pós-Graduação da PUCSP optou-se por designa-lo como Programa de Pós-Graduação em Educação (Psicologia da Educação).

Na área de conhecimento da Psicologia da Educação as discussões a respeito das relações entre a Psicologia e a Educação nunca foram consensuais, nem sabemos se poderiam chegar a ser. Como "Programa em Movimento", título escolhido para esta Mostra, e, em nosso entender, em Movimento têm que estar sempre a pesquisa, a elaboração teórica e a prática, essa é uma questão que continua a exigir nosso estudo, reflexão e debate. Cabe debater e fazer nossas escolhas: Como se relacionam a Psicologia e a Educação? Que Psicologia é essa que fazemos? A que Educação nos referimos? Com que nível do sistema educacional nos preocupamos, considerando desde as creches até os adultos do ensino superior e os excluídos do sistema educacional regular? Qual a relevância de nossas teses teóricas para as práticas educacionais que criamos, mudamos ou reformulamos? Para onde vamos nestes difíceis caminhos da educação brasileira? O Curso de Doutorado recebe interessados em Psicologia da Educação que de alguma forma já experimentaram a pesquisa, o trabalho acadêmico, o prazer de pesquisar e de estudar. É com a dedicação de todos que podemos multiplicar profissionais e pesquisadores competentes e preparados para dar sua contribuição efetiva para a educação nacional.

 


 

Programa de Psicologia da Educação - Considerações sobre um Momento de Mudança

Melania Moroz

Nas Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1968, constam do Parecer 977/65, três motivos considerados fundamentais para a implantação de cursos de pós-graduação, sendo eles a formação de professores competentes - a fim de atender tanto às necessidades de expansão do ensino superior, quanto às necessidades de elevação dos níveis de qualidade existentes; o estímulo ao desenvolvimento da pesquisa científica, preparando-se adequadamente os pesquisadores, e; o treinamento, com elevado nível de desempenho, de técnicos e trabalhadores, a fim de que possam responder às necessidades de desenvolvimento dos diversos setores do país. Na PUCSP, a Pós-Graduação foi instituída em 1969; o Programa de Psicologia da Educação, um dos primeiros da área da Educação, iniciou naquele ano suas atividades em nível de mestrado, e em 1986 em nível de doutorado. Apesar de a pós-graduação ter por objetivo explícito a formação de pesquisadores, com o passar dos anos, o seu papel na realização/produção de pesquisas passou a ser alvo de debates na literatura. Na década dos anos 1980, foram tecidas críticas, evidenciando-se que a formação do pesquisador não ocorria a contento. Dentre os argumentos, o de que embora os trabalhos realizados pelos alunos permitissem a obtenção de títulos (de mestre e de doutor), nem todos os trabalhos poderiam ser considerados como pesquisa. Alguns autores passaram a criticar a estrutura da pós-graduação, organizada em torno de disciplinas/cursos, e o fato de, consequentemente, se restringir a produção de pesquisa àquela realizada para a obtenção da titulação. Passou-se a explicitar a defesa de que a produção científica deveria ser a espinha dorsal da formação em nível de pós-graduação, para tanto oferecendo condições didáticas para que o pós-graduando pesquisasse durante todo seu processo de formação. No início dos anos 1990, a CAPES passou a sinalizar, em seus comunicados, a necessidade de os cursos de pós-graduação reduzirem o tempo necessário à obtenção da titulação; entre os argumentos, o de que havia poucos doutores no país e o de que o título de doutor era obtido tardiamente, comparativamente ao que ocorria nos países desenvolvidos. Assim, ao lado da crítica realizada pelos quadros da própria pós-graduação, inseria-se, dentre as diretrizes propostas por CAPES, a necessidade de restringir o tempo de titulação dos pós-graduandos. Nesse contexto, deu-se a reformulação curricular do Programa de Psicologia da Educação, em 1992, com a proposta de o aluno participar em projetos ou atividades de pesquisa desde o início do curso. Da grade curricular do mestrado constavam, Disciplinas Básicas, Disciplinas Optativas, Atividades junto a Núcleos Temáticos ou junto a Projetos de Pesquisa, além de se estabelecer a aprovação do anteprojeto de dissertação como critério para o alunos passar para o 2º ciclo do curso (para o doutorado, havia variações no número de créditos). A partir de tal reformulação, as disciplinas-projeto foram oferecidas à participação dos alunos. A própria reformulação, bem como outros aspectos relativos à pós-graduação, foi objeto de investigação em projetos de pesquisa, realizados por grupo de alunos sob orientação de professores. Os resultados indicaram que tal reformulação foi avaliada positivamente pelos alunos; além disso, produziu efeitos positivos sobre a produção científica de PED, podendo-se afirmar ter sido um marco fundamental na trajetória do Programa.

Palavras-chave: pós-graduação, tempo de titulação, projetos de pesquisa.

 


 

Mestrado Profissional em Educação: Formação de Formadores

Laurinda Ramalho de Almeida

Por que apresentar o Mestrado Profissional em Educação: formação de formadores como um dos marcos do PED, nesta mesa que se intitula: Trajetórias de um Programa em movimento? Porque este representa o movimento mais recente do PED. Um grupo de professores do PED, atuando há tempos na formação de mestrandos e doutorandos percebeu que, nos últimos anos, surgia uma nova demanda - muitos alunos demandavam uma formação que os ajudasse a melhor desempenhar seu trabalho nas redes de ensino como formadores da educação básica. Nem todos queriam seguir carreira acadêmica. Essa constatação levou o grupo de professores a elaborar, em 2012, uma proposta de pós-graduação stricto sensu que atendesse a uma necessidade das redes de ensino e de outros espaços educativos, qual seja, a formação de profissionais para formar professores. A formação de formadores, em que pese sua importância, é um terreno pouco explorado. No Brasil, não existem cursos sistemáticos para formação profissional de formadores, seja nas Universidades, seja em outras instâncias educativas. Ações pontuais das secretarias estaduais e municipais de ensino são realizadas nesse sentido, via de regra, com resultados poucos satisfatórios. Foi esse outro fator que mobilizou o grupo de professores dos PED a investir na elaboração da proposta - inovadora, pois é o primeiro Programa em nível stricto sensu, no Brasil, com o objetivo de formar formadores. No Estado de São Paulo, é o coordenador pedagógico ou professor coordenador o responsável pela formação continuada dos professores nas escolas, pela articulação e implementação do projeto político pedagógico e pela execução de ações que possibilitem um ensino de qualidade. Isso implica o domínio de conhecimentos sobre planejamento, avaliação e processos de formação de formadores. Esses conhecimentos, no Formep (sigla para Mestrado Profissional em Educação: Formação de formadores) são concretizados via duas linhas de pesquisa: Desenvolvimento profissional do formador e práticas educativas; Intervenções avaliativas nos espaços educativos. A proposta do PED para o novo Programa foi, pois, elaborada em 2012, aprovada pelas instâncias devidas - PUCSP e CAPES -, e as atividades acadêmicas com os alunos começaram no 2º semestre de 2013. Para a primeira turma foram 133 os inscritos, sendo o Programa com maior número de inscrições na PUCSP. Aprovados 44, 35 efetivaram matrícula. Destes, 70% atuam na rede pública, 15% em ONGs e 15% na rede privada. A maioria exerce função de coordenação pedagógica (50%), 30% são professores da rede e os demais supervisores, diretores ou vice-diretores de escolas ou Diretorias Regionais. Tais dados atestam o acerto do movimento dos professores do PED em elaborar proposta para um novo Programa, direcionado à Educação Básica, para formar formadores.

 


 

RESUMOS DA MESA REDONDA 2: DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DE EGRESSOS DO PED EM DIFERENTES ÁREAS: CONQUISTAS E CONTRADIÇÕES

45 anos do PED-PUCSP: incidentes críticos em trajetória profissional

Maria Auxiliadora Ávila dos Santos Sá

UNITAU

Somos as histórias que contamos. O sentido que atribuímos ao vivido importa mais do que os fatos, sendo a memória, pois, a grande tecelã da realidade. E é a memória também a juíza dos acontecimentos vividos, atribuindo-lhes a devida importância nas histórias narradas: pessoas marcantes, momentos críticos! Identificar, conhecer, interpretar, analisar incidentes críticos nas trajetórias profissionais tem sido meu trabalho nos últimos anos, voltado para as narrativas sobre o envelhecimento nas profissões. Tudo começou aqui mesmo, quando iniciei o Mestrado, que pelos desvios fortuitos da vida acadêmica me encaminhou para o Doutorado, também na PUC/SP sempre sob a orientação da Professora Laurinda Ramalho de Almeida, minha eterna Mestra. O sonho acalentado durante a Faculdade de Serviço Social, de estudar no exterior, concretizou-se com o estágio na Universidade de Aveiro, Portugal. Eu, mestranda, dentre as doutorandas, um grande desafio e o sentimento de realização. Mal sabia tratar-se de um início. Ao Mestrado seguiu-se o Doutorado, com o estágio na Universidade de Sevilha, sob a orientação do Prof. Carlos Marcelo Garcia. Um novo mundo se descortinava, ao mesmo tempo em que novas configurações pessoais e familiares eram tramadas. À defesa da tese sobre as trajetórias profissionais de professores engenheiros (tema definido em razão de trabalho como Assistente Social em Campus que congregava Engenharias na Universidade Estadual Paulista), seguiu-se minha saída dessa instituição e a definitiva opção pela docência na Universidade de Taubaté, onde já lecionava há dez anos, mas ainda como segunda opção profissional. Assim, assumi por cinco anos a chefia do Departamento de Serviço Social, fui representante da área de Humanidas no Conselho Universitário, ao mesmo tempo em que exercia a docência na pós-graduação lato e stricto sensu, nesse último como professora do Mestrado em Desenvolvimento Humano, coordenando o Núcleo de Pesquisa sobre Desenvolvimento Humano, Identidade e Envelhecimento. Ao final do período na chefia, aposentei-me. Acontecimento marcante, de difícil opção, mas que representava oportunidade de manter as atividades docentes. Assumi a vice-coordenação do Mestrado Profissional em Educação e sigo pensando as futuras pesquisas e realizando as já propostas. Finalizo agora uma investigação que realizei com reitoras brasileiras e espanholas, durante um estágio pós-doutoral no CSIC, em Madri, com bolsa CAPES e Fundação Carolina, sob a orientação da Profa. Eulalia Perez Sedeño. Desde o Doutorado apaixonei-me pelas questões de gênero, paixão descoberta na invisibilidade das professoras no masculino universo das engenharias. Meus alunos seguem minhas orientações nas pesquisas sobre o envelhecimento profissional de gestoras escolares, de gerentes em empresas de educação, de professoras de escolas multisseriadas rurais, de professores em fase de aposentadoria. Em meu próprio envelhecer me redescubro na realização de sonhos da juventude. Minha participação nessa mesa redonda sobre o Desenvolvimento profissional dos egressos do PED, como parte da programação da VIII Mostra de Pesquisa e Produção em Psicologia da Educação, em comemoração aos 45 anos do Programa, coincide com o mês do nascimento de meu primeiro neto, o que faz desse momento ainda mais especial. Rever meus professores, minha orientadora, falar das contribuições do PED em minha vida profissional e, também pessoal, já que essas dimensões estão sempre vinculadas, certamente terá no futuro, a atribuição de acontecimento marcante!

 


 

O desenvolvimento profissional dos egressos do PED em diferentes áreas: conquistas e contradições

Anna Helena Altenfelder

Atuo há mais de trinta anos, na área de educação. Fui professora de ensino básico, coordenadora pedagógica, professora em cursos de especialização latu senso, formadora de professores e de formadores, autora de material de orientação didática, gestora de projetos de formação de educadores. Atualmente sou superintendente do Cenpec, uma organização que tem como missão desenvolver projetos e pesquisas que contribuam para a formulação e implementação de políticas públicas na área da educação, contribuindo para a promoção da equidade e diminuição da desigualdade social. As relações vividas no exercício da atividade profissional, geram necessidades que configuram os motivos que nos impulsionam a fazer escolhas e buscar novos caminhos, foi neste contexto que busquei o mestrado e depois o doutorado no Programa de Psicologia da Educação na PUCSP Ao longo da minha experiência havia aprendido que a formação do educador não envolve apenas técnicas e referenciais teóricos, mas, sobretudo concepções e valores que constituem a identidade do profissional, assim ao pensar na minha própria formação, procurei um programa que se destacasse pela excelência acadêmica, mas que também fosse marcado por um compromisso político com uma educação de qualidade para todos. Considero importante reconhecer e ressaltar que encontrei no Programa Psicologia da Educação, um espaço que não só ao mesmo tempo prima pelo rigor cientifico, pela produção teórica e compromisso político, mas também revela um profundo respeito a todos os alunos, reconhecendo e respeitando saberes, a experiência e conhecimentos acumulados, os valores e concepções dos sujeitos, assim como suas dificuldades, dúvidas, achados e conquistas, incorporando à dimensão afetiva às dimensões cientifico e política. Sem dúvida, ser formada em um Programa marcado por esta característica foi importante para que eu pudesse construir novos sentidos e significados sobre minha própria atividade que geraram mudanças nas minhas formas de pensar, agir e sentir o meu papel profissional, possibilitando que eu pudesse alcançar formas mais integradas de compreender os diferentes aspectos constitutivos do processo educativo.

 


 

Caminhos Acadêmicos e profissionais: formação humana

Ana Martha de Almeida Limongelli

Essa apresentação teve o objetivo de refletir sobre as influências que o Programa de Psicologia da Educação (PED) proporcionou em minha trajetória acadêmica profissional. Para tanto, organizei minha exposição em dois momentos, finalizando com uma reflexão para o futuro dos ouvintes. No primeiro momento descrevi meu caminho acadêmico profissional. Minha etapa pré-PED foi marcada pela minha Licenciatura em Educação Física e Especialização Lato-Sensu em Ciências do Esporte, meu trabalho como professora de natação, professora de Educação Física da Educação Básica (Escola Estadual e Municipal) e auxiliar de ensino em cursos de graduação em Educação Física com poucas aulas semanais. Na minha etapa PED, cursei o Mestrado de 1996 a 1998, entre 1999 a 2000 continuei participando do grupo de estudo sobre Henri Wallon e de 2001 a 2006 cursei o Doutorado. Ambos os cursos foram sob orientação da Profa. Dra. Abigail Alvarenga Mahoney. Nesse período conheci/compreendi alguns princípios da Teoria Walloniana, possibilitando-me apropriação de valores que foram e são determinantes para minha atuação atual como educadora e pessoa. Na minha etapa pós-PED, atuo, exclusivamente, no ensino superior em nível graduação, especialização e mestrado. No segundo momento descrevi sobre minha formação no PED e suas influências. Em relação aos princípios teóricos, destaco a importância de compreender o Contexto Humano e o Contexto Educacional. Para tanto, Wallon considera que o Ser Humano é uma pessoa biologicamente social composta por quatro conjuntos funcionais: ato motor, inteligência, afetividade e pessoa. Ou seja, é uma unidade sócio histórica em constante transformação. Wallon, entre outros, destaca que o educador precisa participar das questões vividas de sua época baseado no que sua educação e formação lhe permitem e precisa rever suas crenças, compreendendo que a realidade é móvel e constituída pela existência de todos, podendo atender aos interesses de todos dentro de uma sociedade igualitária e justa. Finalizei agradecendo e desejando vida profissional fundamentada em projetos e decisões solidárias para a construção de um mundo com equidade.

 


 

RESUMOS DA MESA REDONDA 3: EGRESSOS DO PED NO SISTEMA EDUCACIONAL PÚBLICO: PRESENÇA E INFLUÊNCIA

Contribuição do PED na Atuação do Educador na Escola Pública

Marcelo de Abreu César

Na rede pública estadual paulista, da qual participo há vinte anos como professor de química, coordenador pedagógico e formador de professores em projetos desenvolvidos pela SEE-CENP, as reuniões pedagógicas coletivas, na escola, eram momentos em que os professores das diversas disciplinas relatavam suas dificuldades. Dentre elas, era constante o relato de dificuldade em arranjar estratégias de ensino que permitissem a aquisição dos repertórios acadêmicos (competências e habilidades) pelos alunos. Relatavam-se, constantemente, problemas de aprendizagem, particularmente de alunos do Ensino Médio, que eram detectados também nas séries finais. Na função de coordenador pedagógico do Ensino Fundamental e Médio, havia necessidade de auxiliar os professores na difícil tarefa de decidir com segurança o que ensinar e a propor estratégias de ensino eficazes para fazer com que os alunos pudessem realizar, com sucesso, as tarefas escolares, inclusive os alunos identificados como apresentando baixo desempenho acadêmico. Nesse contexto, emergiu a necessidade de dar sequência à minha formação profissional, empreendendo a jornada em busca de conhecimentos, que pudessem me habilitar mais completamente como educador. Realizei o mestrado no Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: Psicologia da Educação da PUC-SP. Obtive o título de Mestre, em 2009, apresentando pesquisa sobre ensino de leitura, com ensino programado e com uso de software educativo, para alunos que, a despeito de já estarem no 6º ano, sequer conseguiam ler palavras. Os estudos realizados no mestrado ampliaram meus conhecimentos e a pesquisa realizada demonstrou que, com programação adequada de ensino, alunos aprendem, mesmo aqueles que apresentavam baixo desempenho acadêmico, ajudando-me na orientação aos professores sobre formas de atuação com alunos com dificuldade na aquisição de leitura. O interesse pela busca de mais conhecimentos levou-me a aprofundar os estudos. Em 2014, obtive o título de Doutor em Educação: Psicologia da Educação pela PUC-SP. Realizei pesquisa focalizando o ensino de química orgânica, para alunos do Ensino Médio; elaborei programas de ensino que foram aplicados com uso de software educativo. Novamente, na pesquisa realizada demonstrou-se que, com programação de ensino aplicada com uso de software, é possível ensinar conteúdos complexos com eficácia. A realização de tais pesquisas só foi possível com a contribuição dos estudos realizados no mestrado e no doutorado. Tais estudos também me levaram a refletir sobre as práticas pedagógicas de forma mais sistematizada, sobre os obstáculos com os quais os professores se deparam no dia-a-dia de seu ofício docente - sendo um deles a dificuldade de planejar adequadas situações de aprendizagem, o que contribui para o baixo desempenho nas avaliações escolares e aumento do fracasso escolar. Aceitando o desafio de atuar no sentido de levar os alunos com histórias de fracasso escolar no ensino básico a terem sucesso, considero que elaborar, aplicar e avaliar procedimentos de ensino de diferentes repertórios acadêmicos, assim como possibilitar ao professor utilizar tais procedimentos, é fundamental. É nessa direção que se vislumbra a possibilidade de trabalhar com procedimentos computadorizados de ensino, com a perspectiva de poder contribuir para a melhoria da escola pública, tornando-a uma escola eficaz - garantindo a todos os alunos uma trajetória escolar bem sucedida.

Palavras-chave: atuação docente; ensino-aprendizagem; coordenador pedagógico.

 


 

Legado PEDPUC: narrativas - fios que afloram consciências, alinhavam e tecem o compromisso ético-político.

Vera Lúcia de Oliveira Ponciano

Minha presença aqui tem o sabor de quem veio para se aconchegar naquela manta, grande colcha, cuja tessitura deixa antever um objeto cujas tramas e os alinhavos são firmes, unindo texturas e cores as mais variadas, mas que se entrelaçam com a lassidão necessária para ser leve e suave, possibilitando o aconchego desejado. No aconchego permito-me rememorar minha trajetória, que desde a infância se constituiu pela busca e pela descoberta. As mãos pequenas e os olhos curiosos eram demovidos pelos objetos, mas cesta de costura, novelos de lã, tomados às mãos pelo fio que ficava a mostra e que poderia desenrolado e desvendado até que ao final poderia tomado na totalidade, tornado meu. Desenrolar os fios, na busca por explicações e respostas que me dessem possibilidade de compreender a vida e o mundo, na crença da existência de uma verdade, que pensava existia e subsistia absoluta, a qual me caberia apenas desvendá-la: desenrolar o novelo. A busca pelo conhecimento foi o mote para todas as aprendizagens, mas o novelo não pode ser assim despretensiosamente desenrolado, os fios se entrelaçam e emaranhados nos deixam sem saída, criam-se os nós, cegos, mas se conduzidos com maestria também nos mostra que novelos, tecidos, linhas e fios se transmutam em outros objetos, basta que mãos e cérebros os articulem: as ferramentas em mãos hábeis mostram o novo, que institui a vontade de tecer, conhecer códigos e ferramentas. E elas são muitas e cada fio, tecido, trama que é construída na singularidade das ferramentas me mostram novos olhares, novas tramas, outros lugares, espaços para aprender, em que os códigos e ferramentas são dominados por grupos de mãos, que abarcam peças, tecidos, uma grande cesta de cores e formas, texturas, transparências: verdade parcelada. O que me parecia singular e único torna-se plural; a pretensa verdade se estilhaça em mil pedaços e, ainda que cada um encerre a totalidade, é possível vê-los, desvelá-los na sua singularidade. Esta singularidade, requisito básico do conhecimento que se pretende novo, não se origina do nada, mas é construída a partir de todas as singularidades que lhe produziram até então. São muitos fios e diversas e diferentes ferramentas que constroem novas tessituras que, por entre as tramas, desvelam que a verdade não reina absoluta em algum lugar, mas se constitui na procura, é contextualizada e relacional, é sempre uma possível verdade, aberta, à espera do próximo movimento que a relativize e a direcione. A verdade é múltipla e provisória: pedaços de retalhos que alinhavados podem construir novas tramas e tessituras. Passei por aqui, alinhavei mais peças, que se somaram àquelas que eu trouxe, algumas inacabadas, iniciei outras, teci colchas e pulôveres, fios e novelos ainda a minha frente, mãos mais hábeis que seguram fios a perseguir, ferramentas a experimentar, olhos ainda curiosos e a cesta apesar de cheia incita novas buscas, novas produções, novos fios, texturas e cores, novas tramas e tessituras para aconchegar e contribuir para que cada um possa experimentar e percorrer seus novelos, produzir tramas e construir objetos para si e para o outro. Aprendi aqui forma e conteúdo numa trama indissociável, porque consistente; singularidades, diversidade, ética e estética estiveram e se fizeram presentes, aprendi ver possibilidades na adversidade: fios e costuras que se rompem podem ter novos alinhavados e produzir outras tramas, peças puídas não perdem a essência da tessitura original. O xale trajado, tecido pelas mãos de todos que participaram da minha formação foi (re) vestido pela consciência de responder pelos instrumentos que manipulo, pela beleza e qualidade do material que utilizo, pela leveza e funcionalidade dos produtos que teço, únicos e personalizados pela compreensão fundamental: a consideração pelo humano, pela diversidade e a perspectiva de caminhos distintos para valorizar e empoderar cada um em sua singularidade, para que cada um e todos possam viver a plenitude de suas potencialidades, ainda que como ser inacabado. Foi esta trama que venho construindo e que revela a minha relação com o conhecimento e a construção da educadora, tendo a academia como o centro de busca e a consolidação das ferramentas para enfrentar os desafios das atividades profissionais e que me permitem seguir tecendo numa caminhada infinitamente longa, em meio a crenças e contradições, na alteridade. Tecido que traz a compreensão da interdependência das coisas do mundo, dos fios e da relativa e provisória verdade, sempre presente a (re) constitui-se com o alinhavo do meu próximo movimento. Combinatória, metáfora plausível, prima pelo encontro e pela partilha. Ser mutável a desatar nós e desvencilhar-se de amarras para tecer o novo, de novo, cuidando para que as tramas não virem tecidos velhos, cristalizados por falta de movimento, de contato, de cumplicidade. Sabe-se constituído pela marca da trama dos fios, marcado por tantas divisões, dissensos, correntes, teorias, ideologias, religiões e ciências, deveres e afazeres.

 


 

O PED e o compromisso dos profissionais com a redução da desigualdade

Lindabel Delgado Cardoso

Minha trajetória está diretamente imbricada com a Educação; fui professora na Rede Estadual de ensino (Educação Fundamental, Habilitação Específica para o Magistério e CEFAM), no Curso de Pedagogia da PUCCAMP e na pós-graduação da FIG de Guarulhos. Fiz Pedagogia, Especialização em Economia e Mestrado em Educação na UNICAMP; o Doutorado no PED-PUCSP. Participei de movimentos sociais. Fui diretora pedagógica, secretária adjunta e secretária de educação em Guarulhos de 2001 a 2008 e Diretora de Educação em Nazaré Paulista. Há três meses atuo como diretora educacional na rede pública em Campinas. No PED-PUCSP orientada pelo Prof. Dr. Antonio Carlos Caruso Ronca, concluí em 2014 a pesquisa: Análise Sócio-histórica do programa Educriança, uma política pública de ação afirmativa de educação infantil na interação entre as culturas da criança, da família e da escola. Esta pesquisa partiu de uma experiência na gestão da educação municipal em Guarulhos, que me afetou profundamente, próximo do sofrimento ético-político definido por Sawaia (2010). O Programa Educriança foi desenvolvido em Guarulhos de 2003 a 2010, focado no direito das crianças e das famílias e seus responsáveis, de participarem ativamente de grupos de discussão entre seus pares e educadores, tendo como base a cultura da infância, família e escola, tendo como prioridade a infância, o desenvolvimento infantil e a mulher/mãe numa sociedade desigual. A oportunidade de voltar a estudar, no PED-PUCSP, permitiu-me viver intensamente o processo de formação como pesquisadora nas disciplinas com professores comprometidos com a Educação Pública; participei e apresentei os estudos nas Mostras do PED de 2010 a 2013. Em 2010 pude socializar o projeto de pesquisa junto a educadores e pesquisadores da abordagem sócio-histórica de muitos países e de vários continentes, em Moscou. Participei de um intercâmbio Cultural da PUCSP em Victória, no Canadá, em um curso de 30 dias. No mesmo ano de 2012, em setembro, apresentei a pesquisa em Roma, na Itália. Fui monitora da disciplina Seminários Teórico-Metodológicos I. Recentemente participei de uma primeira Banca de Mestrado na PUCSP, atividade inquietadora e desafiadora. Em Nazaré Paulista, aprendi a superar desafios educacionais de um município muito pequeno, com poucos recursos e em grande parte rural, muito diferente da realidade de um município como Guarulhos, cidade vizinha. Entretanto, alcançamos conquistas importantes, como o crescimento do atendimento nas creches, de 13% para 40%, criação do agrupamento de crianças de 3, 4 e 5 anos, potencializando a convivência e o aprendizado humanizado, assim como na Educação de Jovens e adultos (de 14 para 140 adultos e idosos) em pouco mais de um ano, atendendo comunidades da Zona Rural da cidade. Conseguimos concluir o Plano de Ações Articuladas, ferramenta de planejamento da educação proposto pelo MEC e que possibilitou conquistas importantes para a educação do município.

 


 

COMUNICAÇÃO ORAL (2ª PARTE)

A Dimensão Subjetiva da Desigualdade Social: Um Estudo Sobre a Escolha do Curso Universitário entre os Alunos Bolsistas do Programa Universidade para Todos - PROUNI

Alessandra dos Santos Oliveira

Ana Mercês Bahia Bock

O presente trabalho de Doutorado, fundamentado na perspectiva da Psicologia Sócio-Histórica, teve como objetivo investigar a dimensão subjetiva da desigualdade social, a partir da escolha do curso universitário dos bolsistas ProUni. Entendemos que a desigualdade social brasileira é complexa e multideterminada, que deve ser compreendida tanto em sua dimensão objetiva, que se refere à distribuição concreta das riquezas sociais, quanto em sua dimensão subjetiva. No entanto, ainda existem poucos estudos que se preocupam em estudar esta esfera do fenômeno da desigualdade. Ao nos propormos a investigar essa dimensão, procuramos dar visibilidade à presença de sujeitos que ao mesmo tempo constituem a realidade social desigual e são constituídos por ela. Temos como base a ideia de que a desigualdade social, perpassa todos os fenômenos sociais, dentre eles, a escolha do curso universitário dos sujeitos. Portanto, a escolha é realizada em condições sociais desiguais. Trabalhamos com quatro estudantes da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) dentre os indicados pela universidade: Pedagogia, Serviço Social, Direito e Psicologia, sendo um aluno de cada curso. Apesar de frequentarem a mesma instituição, a partir dos dados apresentados, observamos que os cursos selecionados contam com alunos em condições sociais, econômicas e culturais diferenciadas (melhores e piores). Todos os estudantes de ambos os gêneros eram finalistas dos cursos mencionados. Utilizamos como instrumentos um questionário, visando a caracterização do perfil dos jovens universitários. Após, foram realizadas entrevistas dialógicas, como recursos metodológicos, a partir dos quais podemos apreender a dimensão subjetiva da desigualdade relacionada a escolha do curso universitário. A partir do referencial teórico adotado, buscamos, nas falas dos sujeitos elementos de significação (sentidos e significados), analisando as informações obtidas. Observamos que a desigualdade social está presente na escolha do curso\profissão desses jovens, tanto nos argumentos e fundamentações da escolha, quanto na formulação dos projetos de futuro profissional. Isto se evidencia no sentimento de vitória e de engrandecimento que aparece na avaliação do ingresso na universidade. Os jovens indicam que, com a escolha do curso universitário, esperam ultrapassar o que suas famílias já conquistaram; ultrapassar a família para ser melhor, ou seja, para se sentirem\serem vistos como superiores.

Palavras-chave: desigualdade social, escolha da profissão, psicologia sócio-histórica.

 


 

Formação de Educadores com Foco na Atividade Docente e na Reflexão do Cotidiano Escolar

Maria Emiliana Lima Penteado

Wanda Maria Junqueira de Aguiar

O cotidiano escolar é multifacetado, determinado por fatores pedagógicos, psicológicos, sociais, políticos e ideológicos. O objetivo deste estudo é apresentar o processo de constituição de uma proposta específica de formação em serviço, com ênfase na discussão e reflexão do cotidiano escolar a partir de práticas pedagógicas consideradas positivas. Ela foi pensada, organizada e realizada por um determinado grupo de educadores da rede municipal de ensino da cidade de São Paulo insatisfeito com os atuais modelos de formação institucionalizados. O arcabouço teórico-metodológico ancora-se na perspectiva da Psicologia Sócio-Histórica. Nas análises, utilizou-se os "núcleos de significação" - tal como proposto por Aguiar e Ozella (2006, 2013). Os resultados mostraram que dar visibilidade a trabalhos considerados nas escolas como positivos e criar espaço para discutir a realidade escolar tornaram-se, segundo as análises realizadas, possibilidade de, ao mesmo tempo, valorizar os profissionais da educação, pensar nos entraves que impedem outros de seguirem em direção parecida e, ainda, tentar superar a dicotomia entre teoria e prática, a fim de alcançar a práxis.

Palavras-chave: formação em serviço, cotidiano escolar, práxis.

 


 

O Planejamento da Intervenção na Pesquisa com Foco na Colaboração Crítica: Desafios e Questionamentos

Maria Emiliana Lima Penteado

Elvira M. G. Aranha

Bruna Borba

Georgina Terezinha Brito de Vasconcelos

Wanda Maria Junqueira de Aguiar

Este trabalho discute uma pesquisa em desenvolvimento intitulada "A dimensão subjetiva dos processos educacionais" desenvolvida pelo grupo "Atividade Docente e Subjetividade". Tem como objetivo geral investigar a dimensão subjetiva dos processos educacionais, focando, especialmente, as significações constituídas pelos professores, gestores, alunos, funcionários e pais sobre a realidade escolar e as relações com o processo de (trans) formação do indivíduo entendido sempre como ser mediado pela história e pela cultura. O foco desta apresentação elege os questionamentos surgidos no processo de planejamento das intervenções na escola, lócus da pesquisa, e os desafios da aproximação com uma perspectiva que almeja desenvolver a colaboração crítica entre os participantes: pesquisadores e colaboradores. A escola situa-se numa região de alta vulnerabilidade social e faz parte da rede pública de ensino do estado de São Paulo. Os colaboradores são aproximadamente 30 docentes, destes, 01 coordenadora, 01 vice-diretora e 01 diretora. O arcabouço teórico-metodológico está centrado na Psicologia Sócio-Histórica e no Materialismo Histórico e Dialético, e os procedimentos metodológicos se aproximam dos da perspectiva da Pesquisa Crítica de Colaboração - PCCol, e permeiam o processo de desenvolvimento da pesquisa. Até o momento, o planejamento das intervenções revelou-se como espaço de discussão teórico-metodológica acerca da dificuldade de alinhar os objetivos da pesquisa com as expectativas docentes e ao mesmo tempo, constituir um grupo colaborativo.

Palavras-chave: pesquisa crítica de colaboração, intervenção.

 


 

Presença de Wallon nas Reuniões da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED)

Ana Lúcia Pereira

Laurinda Ramalho de Almeida

Este texto apresenta os resultados de um levantamento de cunho documental, realizado na disciplina projeto "A afetividade no processo de constituição e na atuação do educador", cujo objetivo foi verificar de que forma Henri Wallon e/ou seus estudos têm sido apresentados nas reuniões da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED), no período de 2000 a 2012. A escolha pela ANPED decorreu do fato de ser esta uma importante associação acadêmica da área da educação no Brasil, portanto, referência para pesquisadores e estudiosos. O enfoque em Wallon se deu pelos importantes e férteis subsídios que seus estudos oportunizam para a educação, tendo em vista que sua teoria de desenvolvimento vê o ser humano de forma não fragmentada, considerando-lhe constituído e constituinte do meio. Os 5424 estudos apresentados pelos Grupos de Trabalho (GT) das ANPED de 2000 a 2012 foram consultados, de forma a verificar-se quais continham a teoria do autor. Para tanto foram utilizadas como indicadores as palavras: Wallon, psicogenética e afetividade. Feito isso foram identificados 75 trabalhos que de alguma forma mencionaram Wallon e/ou seus estudos, sendo 61 comunicações orais, 12 pôsteres e dois minicursos; deste montante 32 utilizaram Wallon como autor principal. A partir da análise dos trabalhos verificou-se que as ideias wallonianas aparecem em 15 dos 23 grupos de trabalho da ANPED, o que permite dizer que a proposta de Wallon, que entende a pessoa como resultado da integração dos conjuntos afetivo, cognitivo e motor, tem transitado por diferentes temáticas da educação, contribuindo para fundamentar pesquisas e estudos que se propõem a compreender o desenvolvimento humano e o processo ensino-aprendizagem. Entretanto, sua predominância se deu no GT07 - Educação de Crianças de 0 a 6 anos e no GT20 - Psicologia da Educação. No caso do GT07, entende-se que a opção por Wallon se dá pelo fato de sua teoria buscar compreender o desenvolvimento da pessoa desde o seu nascimento, descrevendo as origens e transformações que ocorrem na sua constituição, considerando as dimensões afetiva, cognitiva e motora no decorrer de toda a vida. Em relação ao GT20, nota-se que esse grupo tem sido campo fértil para pesquisadores que se propõem a entender a realidade utilizando-se de fundamentos wallonianos, que partem da premissa de que não há entre Psicologia e Educação uma relação hierárquica, mas de interdependência e complementaridade, sendo ambas fontes em que psicólogos e educadores podem se abastecer para compreender os atores escolares e o contexto no qual convivem (WALLON, 1975, p. 10). O presente levantamento permitiu verificar que a proposta de Wallon, que entende o ser humano de forma completa e integrada, possibilita-lhe transitar por diferentes pesquisas e estudos que tenham como proposta a compreensão do desenvolvimento humano.

Palavras-chave: Wallon, psicogenética walloniana, levantamento documental.

 


 

Os Desafios Explicitados no Início da Docência por Professores de Cursos de Licenciatura

Rodnei Pereira

Lisandra Marisa Príncepe

Laurizete Ferragut Passos

O presente trabalho discute resultados de uma pesquisa que objetivou investigar os desafios explicitados por professores iniciantes em cursos de licenciatura - que contam com até três anos de experiência profissional, em acordo com Huberman (1995). Fondón, Madero e Sarmiento (2010) citando Gross e Romana (2004), reforçam que nas últimas décadas está se prestando mais atenção aos problemas enfrentados por aqueles que estão no início da carreira. A relevância de se compreender esses problemas se deve ao fato de que a entrada na carreira é um momento crucial para a constituição da identidade profissional docente. O primeiro ponto a ser destacado refere-se ao crescimento do ensino superior nas últimas décadas. Em acordo com dados do MEC/INEP (2012), as Instituições de Ensino Superior Privadas correspondem a aproximadamente 88% das instituições de ensino brasileiras contra 12% das públicas. Sguissardi (2008) alerta que o crescimento do ensino superior está diretamente ligado a um processo de mercadorização. A metodologia do estudo contou com a realização de entrevistas semiestruturadas com dois professores que atuam em cursos de licenciatura em História, Pedagogia e Letras, numa Instituição privada de Ensino Superior localizada na zona leste da cidade de São Paulo. Os desafios enfrentados pelos professores iniciantes participantes do estudo indicam que, na entrada na carreira, as principais dificuldades explicitadas se voltam para a gestão pedagógica da sala de aula, o perfil dos alunos e as condições de trabalho. A discussão dos dados aponta para um questionamento sobre a ausência de programas de inserção à docência e para a falta de regulação sistemática do trabalho desenvolvido pelas IES privadas, por parte do poder público. No caso brasileiro, observa-se a inexistência de tais programas nas universidades privadas, que são em maior número, e uma descontinuidade nas políticas de formação de professores universitários, sobretudo para os cursos de licenciatura. Esse dado indica pistas importantes para futuros estudos, que apontam para dois níveis, ao menos: de um lado, alertamos para a necessidade de pesquisas que poderiam se dedicar a investigar como os programas de formação de professores universitários estão sendo desenvolvidos, considerando que se trata de um tema difuso na LDBEN 9.394/96, pois a formação de professores para o ensino superior ocorre em cursos de pós-graduação lato e stricto sensu, sem que tenhamos dados concretos de avaliação desta formação. Em outro nível, é relevante investigar como os programas de pós-graduação, sobretudo do campo da Educação, estão se dedicando à formação de professores para os cursos de licenciatura. Chamamos especial atenção para que o poder público reconheça a urgência de se responsabilizar pela normatização, regulação e acompanhamento da formação, inserção profissional, carreira e condições de trabalho dos professores universitários dos cursos de licenciatura.

Palavras-chave: ensino superior; professor iniciante; cursos de licenciatura.

 


 

Representações Sociais de Professores sobre Alunos Considerados em Situação de Risco

Maria da Conceição Rocha Pesce

Clarilza Prado de Sousa

A presente pesquisa partiu de questionamentos acerca da falta de investimentos em defesa e promoção dos direitos de crianças e jovens, que vivem nas regiões mais periféricas de São Paulo, e que são designados pela sociedade como população de risco. Como resultado dessa falta, nos deparamos com crianças e jovens que já frequentaram a escola, porém estão vivendo ou trabalhando nas ruas das metrópoles, em busca de melhores condições de vida. Compreendendo a escola como polo de transformação, verificou-se que a questão do risco ou problemas sociais vivenciados pelos alunos tem sido pouco acolhida na literatura escolar. Considerando que a relação e a comunicação professor-aluno são fundamentais no processo de educação, a presente pesquisa investigou qual a visão que professores de uma escola pública têm a respeito do futuro de alunos que consideram em situação de risco. A pesquisa foi desenvolvida dentro da perspectiva psicossocial, à luz da Teoria das Representações Sociais, que parte do pressuposto de que representações sociais são cultural e historicamente construídas, e influenciam a forma de lidar com o cotidiano e de vê-lo. Na metodologia, aprovada pelo comitê de ética, foram entrevistados dez professores dos anos finas do ensino fundamental de uma escola da região periférica de São Paulo. As entrevistas foram gravadas em áudio, transcritas e processadas pelo programa ALCESTE. As repostas foram agrupadas em duas categorias: alunos em situação de risco - quem são, como são e como será seu futuro, e participação do Outro em prol de um futuro melhor. Os resultados da primeira categoria apontaram que aproximadamente vinte por cento dos alunos são considerados em situação em situação de risco; que o próprio termo situação de risco é uma representação social contendo os seguintes elementos: comportamento inadequado do aluno; família desestruturada; contexto social de violências, uso e tráfico de drogas ilícitas; falta de equipamentos de esporte, lazer e cultura; limitação do professor. Os resultados da segunda categoria indicaram como agentes de mudança a escola, o professor, a família e o governo, indicando que, na opinião dos professores, o futuro desses jovens está nas mãos de Outros. A imagem que esses professores têm é de um aluno indisciplinado, que não estuda, não aprende, não tem apoio da família; não terá profissão, não cursará um ensino técnico nem superior; será um adulto emocionalmente instável, sem condições para formar uma família e ter melhores condições de vida. O professor objetiva as condições do aluno na visão naturalizada de família e de pobreza, porém, como a realidade apresenta outros modelos, ele se sente limitado. Constatou-se uma situação preocupante, pois essa imagem que o professor tem pode se transformar na única realidade conhecida por seu aluno, anulando possibilidades de um futuro melhor. Para transformar essa visão é extremamente necessário o desenvolvimento de programas de formação/orientação para os atores da educação, alunos e famílias acerca da historicidade dos conceitos de risco, educação, família e desigualdade social, assim como informações sobre direitos, políticas públicas e equipamentos públicos de atenção psicossocial, para que escola e comunidade atuem de forma integrada como espaços de transformação social.

Palavras-chave: ensino fundamental, representações sociais, situação de risco.

 


 

Pontes da Afetividade: Um Estudo Sobre a Atuação de Professores Tutores Segundo a Psicologia Genética de Henri Wallon

Katia Martinho Rabelo

Laurinda Ramalho de Almeida

A ação de professores tutores tem sido adotada em algumas escolas de anos finais de Ensino Fundamental com o papel de cuidar dos jovens, de suas aprendizagens e da convivência da sala de aula. Porém, essa ainda é uma atuação pouco estudada e difundida no Brasil. Esta comunicação apresentará o resultado de uma pesquisa para o título de Mestre em Educação: Psicologia da Educação. O estudo buscou compreender o que seria a atividade de tutoria a ser realizada nos anos finais de Ensino Fundamental entrecruzando essas atuações aos pressupostos da psicogenética walloniana que considera a imbricada relação entre as diversas dimensões do indivíduo (conjunto afetividade, cognição e ato motor) e ainda o papel do meio como parte integrante da constituição dos indivíduos que dele fazem parte, numa relação de dependência e transformações mútuas. Fez parte ainda do estudo um levantamento documental sobre os pressupostos de Tutoria segundo a literatura de países como Espanha e México que inseriram em seus sistemas de ensino a prática de professores tutores. O estudo também ouviu, por meio de entrevistas semiestruturadas, dois professores tutores que atuam em duas instituições de ensino particular da cidade de São Paulo para identificar como se dão suas ações inseridas no sistema educacional brasileiro. A análise qualitativa do material coletado permitiu relacionar as práticas de tutoria aos pressupostos wallonianos de afetividade, integração dos conjuntos funcionais e ainda ressaltar o importante papel do meio escolar como espaço de formação solidária e dos professores como significativos mediadores de uma formação cultural ampla e comprometida com a formação cidadã ética e solidária. O estudo indicou que os professores tutores reconhecem que o apoio por eles oferecido aos alunos dos anos finais de Ensino Fundamental, no momento em que vivem as transformações cognitivas, físicas e emocionais próprias do estágio da Adolescência e Puberdade, qualifica o processo de aprendizagem e os apoiam sobremaneira. Ficou evidenciado que essa ação pressupõe uma responsabilidade do coletivo dos professores e que o papel articulador do tutor possibilita uma ponte entre docentes, equipe escolar, estudantes e famílias em prol do melhor desenvolvimento acadêmico, emocional, social e integral dos alunos.

Palavras-chave: professor tutor, afetividade, psicogenética walloniana.

 


 

Afetividade no Processo de Constituição e na Atuação do Educador

Katia Martinho Rabelo

Laurinda Ramalho de Almeida

Esta comunicação apresenta o percurso de três anos de trabalhos de um grupo de alunos do curso de Pós-graduação stricto-sensu em Educação: Psicologia da Educação, coordenado por Laurinda Ramalho de Almeida, dedicado a estudar e refletir sobre o conjunto teórico produzido por Henri Wallon, dando relevância à integração organismo meio, à relação eu-outro e à afetividade para a compreensão da constituição das trajetórias de professores e do desempenho de alunos no processo ensino aprendizagem. Cumpre notar que este grupo de pesquisa focou suas análises em docentes dos anos finais do ensino fundamental, cujo levantamento bibliográfico revelou menor índice de pesquisas. As análises dos dados permitiram apresentações em congressos nacionais e internacionais. Além do aprofundamento teórico dos postulados wallonianos, o grupo realizou um levantamento bibliográfico nas reuniões da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED), a mais importante associação acadêmica da área da educação no Brasil, no período de 2000 a 2012, para identificar como Henri Wallon e/ou seus pressupostos foram apresentados ao longo dos anos; aplicou questionários e realizou entrevistas biográficas narrativas com professores dos anos finais do Ensino Fundamental que lecionavam em escolas públicas estaduais ou municipais das diferentes regiões do Estado de São Paulo - capital, grande São Paulo e interior do Estado. Mediante os 84 questionários obtidos foi possível analisar a formação e tempo de docência, razões que conduziram os professores ao magistério, desafios e dificuldades que os docentes enfrentam em sala de aula, bem como, a contribuição do meio no processo de constituição do educador. Os resultados ressaltaram que os fatores que contribuíam para a desistência da profissão estavam diretamente relacionados à valorização profissional, à remuneração, às condições materiais e estruturais da rede de ensino, bem como com o desgaste físico e emocional dos docentes. As entrevistas biográficas narrativas realizadas identificaram como fatores mais relevantes para a constituição dos professores: afetividade (com tonalidades positivas e negativas), papel do outro e papel do meio. Portanto, os dados dos questionários e das entrevistas confirmam que a constituição do professor se dá no meio social e sua atuação traz as marcas de sua trajetória pessoal e profissional, das representações que tem sobre o magistério, das memórias afetivas do ser aluno, da entrada na profissão, das expectativas suas e dos outros, de suas realizações e frustrações. Enfim, as apropriações simbólicas e culturais de tudo o que vivenciou dão a ele um "jeito de ser professor".

Palavras-chave: afetividade, Henri Wallon, análise documental.

 


 

A Dimensão Subjetiva da Desigualdade Social na Escola

Raizel Rechtman

Georgina Mota

Bianca Salvatico

Mirian Segawa

Ana Mercês Bahia Bock

A desigualdade social é um aspecto que atravessa a realidade brasileira e estudar esse fenômeno está relacionado ao projeto de compromisso social da psicologia. A partir do referencial teórico da psicologia sócio-histórica, compreendemos que a dimensão subjetiva se refere aos sentidos e significados construídos na vivência escolar que, como parte da realidade brasileira, está marcada pela desigualdade social. Analisando pela categoria da contradição, assumimos que a escola é o lugar da reprodução da desigualdade, mas também da superação da mesma. Assim, esta pesquisa objetiva contribuir para esta superação ao dar visibilidade e possibilitar uma maior compreensão do fenômeno da desigualdade social na escola. Tal estudo faz parte da disciplina-projeto intitulada "Dimensão Subjetiva da Desigualdade Social: sua expressão na escola" do Programa de Pós Graduação em Educação: Psicologia da Educação da PUC SP. Quatro sujeitos participaram da pesquisa a partir do método de conversação de González Rey. Destes, 2 alunos frequentam escolas públicas em uma região com alto índice de exclusão social de São Paulo, e os outros 2 estudam em escolas particulares em uma região com baixo índice de exclusão social. Na análise foram construídos núcleos de significação de cada sujeito e comparados com os do participante que estuda numa escola de mesmo tipo, pública ou privada. Como resultado, identificamos que os jovens atribuem à escola a fundamentação de suas expectativas de futuro, somada ao esforço pessoal, e colocam a importância de se ter bons professores para auxiliar a aprendizagem. Todos os jovens afirmam que a escola é o lugar de estar com os amigos, tornando marcante o seu papel social. Duas questões aparecem de forma oposta, estando presentes num tipo de escola e ausente na outra. Nas falas dos sujeitos que estudam em escolas públicas aparece a questão da violência, em contrapartida nas particulares a reivindicação por uma escola mais democrática. Em relação à desigualdade social, verificamos que os jovens se reconhecem como diferentes devido à questão financeira. Um dos sujeitos que estuda em escola pública relaciona a região em que vive como determinante do caráter e um aluno da escola particular indica respeitar o pobre, porém afirma não ter responsabilidade por essa realidade. Concluímos que esta pesquisa levanta aspectos importantes sobre como a desigualdade social se apresenta naturalizada em nossa sociedade e que esta condição se reverbera no espaço escolar fomentando uma reprodução ideológica.

Palavras-chave: desigualdade social, dimensão subjetiva, escola.

 


 

Baixa Visão na Infância: Olhares Cotidianos e Escolares a Partir dos Relatos de Professores, Mães e Crianças

Paula Cristina Reinheimer

Maria Regina Maluf

Para que crianças com baixa visão consigam interagir com independência na vida cotidiana e escolar é importante usar seu resíduo visual com propriedade. A qualidade dessa interação vai depender da capacidade da criança de se inter-relacionar continuamente. Os objetivos desta pesquisa foram identificar desafios e possibilidades a partir dos relatos das mães, professores e crianças perante o diagnóstico de baixa visão das crianças. O método do estudo foi a investigação de caráter exploratório a partir de entrevistas com roteiro semiestruturado. Foram entrevistadas 6 mães de crianças com baixa visão, 6 professores que trabalham com baixa visão, e seis crianças com baixa visão com idades entre 6 a 11 anos. Os tópicos principais das entrevistas foram as vivências cotidianas da criança e a vida escolar, em especial a leitura de livros de literatura infantil. Os resultados mostraram que as mães falaram sobre o esforço e dedicação dos filhos para aprender e de seus medos relacionados à deficiência visual de seus filhos. Os professores mencionaram as possibilidades que as crianças têm para serem independentes na vida cotidiana e escolar. As crianças descreveram suas rotinas e como lidam com a deficiência visual, a baixa visão. Conclui-se que as mães e professores trabalham continuamente para favorecer a independência das crianças na vida cotidiana e escolar, em especial na leitura de livros. As crianças se dedicam ao aprendizado, esforçando-se para se adaptarem à maneira de viver bem na sociedade e escola a partir da baixa visão.

Palavras-chave: baixa visão na infância, vivências cotidianas e escolares, desafios e possibilidades.

 


 

A Formação da Pessoa Humana em Edith Stein: Fundamentos para uma Educação Integral

Magna Celi Mendes da Rocha

Mitsuko Aparecida Makino Antunes

Esta pesquisa bibliográfica baseou-se nos escritos pedagógicos de Edith Stein (1891-1942) que teve os seguintes objetivos: identificar, descrever e discutir o sentido de formação na obra pedagógica de Edith Stein; discutir a formação espiritual como componente fundamental na formação humana; e contribuir, através da visão de pessoa humana e seu itinerário formativo para o que hoje chamamos de educação integral. A vasta produção bibliográfica da autora inclui escritos filosóficos, espirituais, pedagógicos/antropológicos e autobiográficos. Para a realização desta pesquisa utilizamos seus escritos autobiográficos e os escritos pedagógicos e antropológicos. Seus escritos pedagógicos são fruto de uma intensa atividade pedagógica, no espaço de tempo compreendido entre os anos de 1923 a 1933, ano posterior à sua conversão à Igreja Católica e anterior à sua entrada no Carmelo. Para conhecer sua obra torna-se indispensável tomar parte dos acontecimentos de seu tempo, sobretudo a Primeira Guerra Mundial e o Nazismo, e perceber como estes vão orientando suas tomadas de posição, sobretudo na forte ligação entre a concepção de ser humano e o sentido de formação que Stein desenvolve. O conceito de formação é central na obra pedagógica de Edith Stein, que implica a pergunta "como se forma o ser humano?", que deve ser precedida da resposta sobre "quem é o ser humano?". Apoiando-se na fenomenologia de Husserl, na visão aristotélico-tomista e na doutrina católica, Stein percorre um caminho filosófico, psicológico, antropológico, pedagógico e teológico para aclarar essas questões, chegando a conceber o ser humano como uma unidade indivisível de corpo, psique e espírito, que tem em si um potencial a desenvolver, podendo chegar à sua plena realização ou não. Stein questiona uma educação que não leva em consideração o ser humano completo, mas que se limita a fornecer um acúmulo de informações, visando apenas o desenvolvimento intelectual. Para Stein, uma formação humana autêntica forma o homem de modo integral e o conduz à plena realização de si mesmo, em vista do bem comum, pois cada pessoa que se desenvolve de maneira harmoniosa contribui para o crescimento e desenvolvimento do mundo como um todo. Para ela só se compreende a estrutura individual do ser humano se essa for compreendida em sua relação comunitária, numa relação de interdependência, mas em uma relação em que uma dimensão não destrói nem anula a outra. Na concepção steiniana, não há espaço nem para o individualismo, nem para a massificação, pois tanto a questão da individualidade como da comunidade recebem seu devido valor e são complementares no processo de formação da pessoa humana. Edith Stein rompe ainda, apoiada em Agostinho e Tomás de Aquino, com a ideia de uma ciência sem Deus. Reivindica uma metafísica cristã como aporte necessário para a compreensão do ser humano e para uma verdadeira reforma educacional, sobretudo da educação católica.

Palavras-chave: formação humana, Edith Stein, educação católica.

 


 

Professor Iniciante em Cursos de Licenciatura no Ensino Superior: Driblando Desafios na Constituição de sua Profissionalidade

Luana de A. Sant'Ana

Gláucia Signorelli

Georgina Terezinha Brito de Vasconcelos

Laurizete Ferragut Passos

Na disciplina Profissionalidade Docente de Professores Formadores dos Cursos de Licenciatura em Início de Carreira foi realizada uma pesquisa que buscou investigar a constituição da profissionalidade docente de professores iniciantes que atuam em cursos de licenciatura em instituições privadas do Estado de São Paulo. Foram realizadas seis entrevistas semiestruturadas com professores que atuam em cursos de licenciatura em História, Letras, Matemática e Pedagogia. Apresentamos, neste trabalho, os dados coletados em uma das seis entrevistas supracitadas. O objetivo foi discutir as dificuldades e necessidades formativas de uma professora de Pedagogia em início de carreira e verificar como tem conseguido driblar seus desafios profissionais. Nossa entrevistada é uma professora iniciante, que, no momento da entrevista, tinha apenas seis meses de experiência neste nível de ensino. Os dados foram analisados, de forma qualitativa, à luz dos estudos de Marcelo Garcia (2009), Ruiz (2008), Valenzuela e Barnett (2013). Os resultados evidenciaram que o início da carreira desta docente universitária tem sido difícil e complexo, permeado por situações de naturezas diversas, sendo a principal delas o aprender a ser professora ao mesmo tempo em que ensina. Tal situação foi geradora de angústias e incertezas, que acabaram por se transformar em dificuldades a serem enfrentadas pela iniciante no processo de constituir-se professora. Estudos corroboram com o fato de, no início da carreira, os docentes se deparam com necessidades formativas, manifestadas por dificuldades de caráter pessoal, pedagógico, profissional e institucional, que influenciam sua atuação causando desconfortos que os professores buscam superar. Na dimensão pessoal evidencia-se o isolamento e a falta de diálogo com pares; na dimensão pedagógica a dificuldade presente está na realização de aulas mais interessantes que é influenciada pela dimensão institucional em que o grande número de alunos por salas é um condicionante que impede a realização de atividades específicas da disciplina que lecionam; estes aspectos, por sua vez afetam a dimensão profissional exigindo maior esforço dos professores iniciantes não apenas para cumprir com as obrigações profissionais do seu trabalho, mas, sobretudo, para sobreviver na carreira e constituir sua profissionalidade.

Palavras-chave: professor iniciante, profissionalidade docente, início de carreira.

 


 

Ambiente Escolar: Um Estudo Sobre a Dimensão Subjetiva

Edson dos Santos Junior

Ana Mercês Bahia Bock

A partir da noção de ambiente escolar caracterizada pelas interações estabelecidas entre os sujeitos que o constituem, o presente estudo, fundamentado nos pressupostos teóricos da abordagem sócio-histórica, investigou como esse ambiente foi vivenciado pelos alunos, ou seja, que manifestações afetivas e significações estiveram presentes em suas vivências e como se relacionaram com o processo de ensino-aprendizagem. Partimos da premissa de que os sujeitos que se relacionam nesse ambiente estão implicados subjetivamente nele e estabelecem significados (noções e afetos) que são fatores que constituem esse ambiente. Nosso estudo tomou esse aspecto como importante e buscou dar visibilidade à dimensão subjetiva do ambiente escolar, considerando a desigualdade social que caracteriza nossa sociedade. Assim, buscamos entender se há diferenças entre ambientes escolares de escolas da rede pública e privada de ensino, na cidade de São Paulo. Os participantes são alunos de cada série do Ensino Fundamental II, frequentados pela classe pobre e média alta, com idades entre 11 e 14 anos (quatro alunos do sexo masculino e quatro do sexo feminino). Em cada unidade escolar formou-se um grupo e realizamos entrevistas que foram registradas e transcritas, na íntegra. Os dados produzidos foram agrupados e analisados de acordo com o modelo que Aguiar e Ozella (2006) chamam de núcleo de significação. Essas análises permitiram-nos identificar as significações constituídas pelos sujeitos sobre suas vivências no ambiente escolar. Apontou que, embora sejam ambientes diferentes e haja diferenças, encontramos aproximações nessas significações.

Palavras-chave: subjetividade, ambiente escolar, afetividade.

 


 

Primeiras Fases da Alfabetização: como a intervenção em consciência fonêmica ajuda as crianças na aprendizagem inicial da leitura.

Luciene Aparecida Felipe Siccherino

Maria Regina Maluf

Estudos anteriores demonstraram que a intervenção em consciência fonêmica associada ao conhecimento do nome das letras do alfabeto tem grande importância para a aprendizagem da leitura porque o nome da letra é escutado na pronúncia de muitas palavras e ao representarem os fonemas de forma sistemática na grafia das palavras, os grafemas dão ao fonema certa materialidade. O presente estudo verificou se a instrução em consciência fonêmica com atividades de correspondência entre as letras e os fonemas, a formação de pseudopalavras, e a segmentação de pseudopalavras utilizando letras móveis e imagens de articulação fonêmica como apoio, facilitam e aceleram a leitura e a escrita de palavras. Participaram deste estudo 43 crianças da educação infantil de uma escola da rede privada localizada na região do ABC Paulista, São Paulo, Brasil. A coleta de dados foi composta por cinco momentos: Seleção dos participantes; Pré-teste; Programa de Intervenção; Pós-teste 1 (aplicado um dia após as sessões de intervenção; Pós-teste 2 (aplicado sete dias após as sessões de intervenção). Foram formados dois grupos de forma aleatória: um grupo de intervenção e um grupo controle. As crianças do grupo de intervenção participaram de atividades de ensino sobre as correspondências entre fonemas e letras, a formação de pseudopalavras e a segmentação de pseudopalavras em fonemas. As crianças do grupo controle não participaram das atividades de intervenção e permaneceram nas salas de aula com as atividades regulares da escola. Os resultados indicaram que a instrução sistemática da correspondência entre fonemas e letras, a formação de pseudopalavras e a segmentação de pseudopalavras em fonemas foi altamente significativa para desenvolver a habilidade de leitura e escrita de pseudopalavras e de palavras reais. Com base na teoria de Ehri (2005) as crianças estavam na fase pré-alfabética no início do estudo. Após as atividades de intervenção as crianças do grupo de intervenção (GI) tiveram um avanço significativo em leitura e escrita, o que permitiu o movimento delas para a fase alfabética completa, no pós-teste 1 e no pós-teste 2. Em contrapartida, algumas crianças do grupo controle (GC) permaneceram na fase pré-alfabética no pós-teste 1 e no pós-teste 2 e outras começaram a mover-se para a fase alfabética parcial. Foi possível observar forte correlação entre a habilidade de segmentação fonêmica e a leitura e escrita de pseudopalavras e palavras reais.

Palavras-chave: consciência fonêmica, aprendizagem inicial da leitura, psicologia cognitiva da leitura.

 


 

De Profissional a Profissional-Professor: Contribuições para a Formação de Professores Universitários da Área de Administração

Luciana Andréa Afonso Sigalla

Vera Maria Nigro de Souza Placco

Por haver poucos estudos sobre a formação didático-pedagógica de professores universitários em cursos de Administração, esta pesquisa (Sigalla, 2012) teve como objetivo investigar a formação didático-pedagógica de mestrandos nos cursos de Administração e as dimensões que constituem o trabalho docente. A hipótese que norteou o estudo foi que a contratação de professores universitários, em geral, tem como único critério o domínio dos conhecimentos específicos da área em que pretendem lecionar, sem que lhes seja exigida uma formação didático-pedagógica. Foram explorados arquivos de entrevistas da tese "Contribuições do processo de mestrado para a formação do docente em Administração" (Igari, 2010), a partir dos quais esta nova pesquisa procurou responder, dentre outras questões: o que leva um profissional de Administração a se tornar professor universitário e a querer permanecer na carreira docente? Como um profissional da área da Administração aprende a ser professor universitário? O que o professor universitário nos cursos de Administração precisa saber? Constatamos que nem sempre a motivação para ingresso e permanência na docência ocorreu de forma intencional, deliberada, mas que grande parte dos sujeitos da pesquisa ingressou nessa carreira pela possibilidade de transmitir, construir, trocar conhecimentos e experiências e por gostar de interagir com as pessoas. A principal motivação apontada para a permanência na docência foi que a carreira exige estudo constante, propiciando aos professores oportunidades de formação continuada. Nossos sujeitos, ao ingressarem na docência, passaram por uma aprendizagem da profissão, que ocorreu, principalmente: por meio do mestrado; tendo como modelos alguns dos professores que passaram por suas vidas; observando os colegas mais experientes na realização de algumas de suas tarefas; e aproveitando as habilidades desenvolvidas em experiências profissionais anteriormente vividas, como as de falar em público e realizar palestras. De acordo com a maioria de nossos sujeitos, para que um profissional atue como docente na área de Administração, são fundamentais o domínio do conteúdo (conhecimento teórico - dimensão técnico-científica) e a experiência profissional em campo (conhecimento prático - dimensão da experiência). Muito nos impressionou o fato de a dimensão do trabalho coletivo não ter sido posta em relevo pelos sujeitos da pesquisa, razão pela qual sugerimos que, em futuros trabalhos, essa dimensão, presente, segundo Placco (2008), na formação e atuação docentes, seja investigada, uma vez que, a cada dia, ficam mais evidentes a dificuldade e a ineficácia do trabalho isolado. Reafirmamos nossa visão de que profissionais que desejam se tornar professores necessitam de uma formação didático-pedagógica, importante para a compreensão do complexo processo de ensino-aprendizagem, que pode ser obtida por meio da formação continuada, em cursos direcionados à formação de professores. O quadro teórico que fundamentou a pesquisa foi constituído das concepções desenvolvidas por Placco (1992; 2002; 2005; 2006; 2008; 2009; 2010), Abreu e Masetto (1989), Masetto (2003; 2009) e Pimenta e Anastasiou (2010).

Palavras-chave: docente universitário em administração, formação didático-pedagógica, dimensões do trabalho docente.

 


 

A Leitura de Imagens no Ensino de Arte com Uso de Software Educativo

José Souza Ferreira da Silva

Melania Moroz

A equivalência de estímulos, como área de estudos, contribui no ensino de repertórios acadêmicos em diferentes áreas do conhecimento. Defende-se que, com base nos estudos sobre a equivalência de estímulos, pode-se atuar também com o ensino de arte. A leitura de imagem se constitui como um conteúdo fundamental, já que potencializa o desenvolvimento estético do educando. O presente trabalho teve como objetivo desenvolver uma proposta de ensino de arte pautada no modelo de equivalência de estímulos. Antes do ensino, foi avaliado o conhecimento, pelos participantes, sobre os movimentos artísticos alvo do ensino. O ensino envolveu o trabalho com quatro movimentos artísticos, quais sejam, o Futurismo, o Fauvismo, o Abstracionismo e o Expressionismo. Participaram três estudantes universitários de um curso de Artes. Foram-lhes ensinadas, utilizando-se o procedimento de Pareamento de Acordo com o Modelo (Matching to Sample - MTS), relações entre diferentes imagens de pinturas e entre imagens de pinturas e os nomes (impressos) dos movimentos artísticos, apresentadas por meio do software educativo JClic, As atividades foram desenvolvidas individualmente. Após o ensino, foi avaliado o repertório final dos participantes, incluindo-se a avaliação da generalização da leitura de imagens que não foram alvo do ensino e que eram representativas de cada movimento artístico. A comparação de dados no Pré-Teste e Pós-Teste mostrou que os três participantes atingiram 100% de acertos, indicando que eles aprenderam os movimentos artísticos com as imagens utilizadas. Houve, ainda, alto índice de acertos sob condição de avaliação de novas imagens, ou seja, os participantes generalizaram o conhecimento adquirido. Os dados confirmam a possibilidade de formação de conceitos artísticos por meio do ensino de discriminações condicionais com estudantes de arte. Os resultados obtidos no presente trabalho indicam que o desempenho dos participantes não se restringiu à discriminação dos elementos visuais dos estímulos, mas apresentou o reconhecimento dos movimentos artísticos. Os participantes concluíram todas as atividades em até duas horas, o que permitiu economia de tempo na promoção de aprendizagem de conceitos artísticos. Uma vez relações de equivalência são estabelecidas entre estímulos arbitrários, presentes no universo da linguagem, dos signos e dos símbolos, abrem-se novas alternativas para a Arte/Educação diante das contribuições reveladas, à luz da abordagem comportamental.

Palavras-chave: leitura de imagem, ensino de arte, equivalência de estímulos.

 


 

Formação Inicial de Professores e as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação: Busca de Padrões Orientadores

Selma Colonna de Oliveira Silva

Clarilza Prado de Sousa

A sociedade contemporânea cada vez mais vem se organizando com o apoio das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), impulsionando o surgimento de um novo estádio de nossa civilização, conceituado como "sociedade da informação e conhecimento". Para responder às demandas dessa nova sociedade é necessário aprofundar a compreensão do uso das TIC por parte das novas gerações, o que vem exigindo um redimensionamento dos sistemas educacionais em todo mundo. No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96), o Conselho Nacional de Educação (CNE) - em seus pareceres para as Diretrizes Curriculares Nacionais de Formação de Professores (2001; 2006) e o Plano Nacional de Educação 2011-2020 (Projeto de Lei) destacam a relevância do trabalho com as TIC, nos distintos níveis, esferas e dimensões da educação, e indicam que os assuntos relativos ao uso pedagógico das TIC devem ser devidamente tematizados nos cursos de formação inicial e continuada dos professores, priorizando as universidades nesse processo. Porém, a despeito de tais diretrizes da educação brasileira, pesquisas como as de Gatti e Sá Barreto (2009), Gatti et col. (2011) e Almeida et al. (2013) vêm sinalizando que existe um quadro de fragilidade na formação inicial de boa parte dos professores para integrar as TIC/TDIC às práticas curriculares ao demonstrarem que os currículos das licenciaturas em Pedagogia apresentam disciplinas com conjunto bastante disperso e que as disciplinas com conteúdos referentes aos saberes necessários ao uso das TIC na pratica pedagógica enquadram-se no percentual de 25% de disciplinas optativas, com temas e conteúdos muito variados, que não chegam a caracterizar um padrão, e que divergem do indicado pelas diretrizes nacionais mencionadas. Neste contexto, os objetivos da nossa pesquisa foram: identificar quais os fundamentos dos padrões em TDIC propostos em relevantes iniciativas de formação registradas na literatura da área, e como tais propostas se refletem nos currículos de formação inicial de professores; para tanto analisamos padrões de formação nacionais e internacionais com o propósito de estabelecer parâmetros para a análise da formação inicial de professores no contexto educacional brasileiro e, posteriormente analisamos a programação curricular de curso de licenciatura em Pedagogia de quatro Faculdades de Educação paulistas que fazem formação inicial de professores, buscando identificar possíveis padrões. Dessa maneira, foi desenvolvida uma pesquisa documental cujo estudo demandou uma trajetória metodológica específica para a construção dos seus parâmetros de análise. Esta trajetória contou com fases distintas de coleta, seleção e análise de informações, tanto para a elaboração dos instrumentos de análise (roteiros) quanto para a própria análise dos dados levantados por esses instrumentos e seus resultados. Em uma primeira fase, o corpus da pesquisa foram os padrões de formação presentes em oito iniciativas nacionais e internacionais cuja análise se constituiu em parâmetros preliminares para, em fase posterior, identificar a existência de padrões em TDIC presentes na programação curricular de cursos de licenciatura em Pedagogia de Universidades públicas paulistas. Além, desses parâmetros, elaboramos um conjunto de seis dimensões de análise das competências em TDIC que podem ser abordadas na formação inicial de professores, que contou com os aportes teóricos de Millman & Darling-Hammond (1997), Tuijnman & Postlethwaite (1994), Ravitch (1996), Reigeluth (1997), Gros & Silva (2004), Piccioto (2005), Costa (2010), Almeida (2009, 2011), Almeida e Valente (2011) e Novaes (2013), entre outros. No conjunto de resultados das análises, foi possível identificarmos que, na configuração dos currículos atuais das licenciaturas em Pedagogia das universidades públicas paulistas, existe uma inviabilidade em se adotar padrões de formação TDIC em função das disciplinas, que tratam especificamente do uso das TDIC, serem optativas nas organizações curriculares. Em função disso, não foi possível indicarmos padrões de formação TDIC nos cursos analisados na pesquisa, porém, os currículos foram analisados a partir das seis dimensões de análise de competências elaboradas, evidenciando a necessidade do desenvolvimento de ambientes de aprendizagem com o uso das TIC e uma maior discussão acerca da natureza ética e moral do uso das TIC na prática pedagógica.

Palavras-chave: formação de professores, padrões TIC, integração TIC ao currículo.

 


 

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil e a Prática Docente

Simone de Oliveira Andrade Silva

Clarilza Prado de Sousa

Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB 9394/96, que, entre outras inovações, incluiu a educação infantil na educação básica, esta etapa da educação teve garantido maior espaço de discussão na elaboração das políticas públicas. Com isto, intensificaram-se as reivindicações por uma educação de qualidade, que visasse não só a garantia de vaga, mas um atendimento que possibilitasse o desenvolvimento integral da criança. A partir daí, o Ministério da Educação, interessado na melhoria do atendimento nacional, elaborou o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - RCNEI, que tem como objetivo orientar as escolas e professores na construção e implantação de seus projetos pedagógicos. Após mais de dez anos de sua divulgação, estará ele servindo ao este objetivo? Para responder a esta pergunta, este trabalho teve o objetivo de identificar as diretrizes que estão presentes neste documento que persistiram como orientações da prática docente do professor. A fim de delimitar o trabalho, foi escolhido o eixo de trabalho de matemática presente no RNCEI. Para a análise dos documentos, tomou-se como referência a teoria-metodológica do Ciclo de Políticas, de Stephen J. Ball e Richard Bowe, que pressupõem que uma política educacional está sempre em movimento e só é possível entendê-la se analisados os seus contextos. No presente estudo, foram analisados os contextos de produção de texto e da prática. Para coleta de informações do contexto de produção de texto contou-se com análise documental do RCNEI. Para o contexto da prática foram realizadas entrevistas com professores e coordenadores pedagógicos de escolas municipais de educação infantil - EMEIs do município de São Paulo. A análise dos dados contou com o apoio do software ALCESTE. Os resultados das entrevistas revelaram que os profissionais mantiveram sua forma tradicional de ensino, embora tenham citado o documento como um modelo unificador nacional das diretrizes para a educação infantil. Além disso, foi possível identificar um documento que sofreu influências nacionais e internacionais, o que contribuiu para um texto confuso e de difícil interpretação. Concluiu-se que, embora a terminologia usada no discurso dos profissionais da educação infantil e na organização dos projetos pedagógicos das escolas seja a mesma apresentada pelo documento, este não pareceu orientar as práticas de ensino do professor e, ainda, não apontou uma renovação para o ensino da matemática.

Palavras-chave: política e educação, abordagem do ciclo de políticas, referencial curricular nacional para a educação infantil.

 


 

Mundo das Letras: Um aplicativo para Ensinar o Nome e o som das Letras a Crianças Falantes do Português do Brasil

Joseane Souza

Maria Regina Maluf

Aprender a ler e a escrever, em sistemas alfabéticos de escrita, é uma tarefa complexa que exige várias habilidades, entre elas, o conhecimento das letras e sua correspondência com os sons da fala. Assim, garantir o ensino e a aprendizagem do princípio alfabético na educação infantil, isto é, que as letras representam os sons, permite aos aprendizes uma evolução segura na direção de se tornarem leitores e escritores proficientes. Pesquisas indicam que o conhecimento do nome das letras relaciona-se com o progresso inicial na aprendizagem da leitura e da escrita. A literatura da área ainda demonstra a importância do ensino do princípio alfabético como integrante das práticas de alfabetização. Um aplicativo educativo direcionado ao ensino e aprendizagem do princípio alfabético pode contribuir para que o aprendiz entenda que as letras representam os sons. Esta pesquisa teve como objetivos desenvolver um aplicativo educativo - Mundo das Letras -, voltado para o ensino do princípio alfabético fundamentado nas contribuições da psicologia cognitiva da leitura, e testar seu uso com um grupo de crianças entre 5 e 6 anos. Para testar o uso do aplicativo, foram constituídos dois grupos de 30 crianças do segundo estágio da educação infantil, de uma EMEI localizada na cidade de São Paulo: um Grupo de Aplicação (GA) e um Grupo Controle (GC). Foi utilizado um delineamento em três etapas: avaliação inicial, aplicação e avaliação final. A aplicação do Mundo das Letras foi realizada no laboratório de informática da EMEI durante 30 dias, três sessões por semana e com duração de 30 minutos cada sessão. Os resultados obtidos demonstraram que as crianças do grupo de aplicação obtiveram um grande avanço no reconhecimento e nomeação das letras do alfabeto, quando comparadas às crianças do grupo controle. As falas das crianças do GA, bem como a observação de seu comportamento durante as sessões de aplicação, mostraram que o aplicativo despertou o seu interesse e motivação, mantendo sua atenção e o desejo expresso de continuar a utilizar o aplicativo. Foram feitas, ao final, considerações sobre as implicações desses resultados para o ensino inicial da linguagem escrita a crianças da educação infantil.

Palavras-chave: princípio alfabético, linguagem escrita, software educativo, Alfabetização.

 


 

A Trajetória do Ensino da Geometria nas Reformas Educacionais Nacionais: Análise dos Elementos de Manutenção de uma Representação Social

Karina Alves Biasoli Stanich

Clarilza Prado de Sousa

Ao longo do tempo a Geometria e o seu ensino passaram por períodos que se alternaram entre a extrema valorização, impulsionados por razões de ordem econômica, social e política, sobretudo a partir do desenvolvimento industrial que exigia mão de obra qualificada para a produção de novas máquinas, e outros marcados pelo seu desprestígio e consequente abandono, acarretando, inclusive, diferenciações na estruturação curricular entre as escolas da rede pública e privada. Considerando que o objeto representacional possui sua própria história, o presente estudo, desenvolvido sob o aporte teórico da Teoria das Representações Sociais, tem por objetivo trazer uma maior compreensão sobre a estrutura e os movimentos de manutenção e transformação das representações sociais que os professores do 5º ano possuíam sobre a Geometria e seu ensino. A partir da análise do percurso histórico da Geometria, por meio do estudo de pesquisas realizadas a partir da temática das políticas públicas de educação, implementadas desde a Reforma Pombalina, em 1772, até os dias atuais e por meio de entrevistas semi-estruturadas realizadas junto a vinte quatro professores do 5º ano do Ensino Fundamental, foi possível tomar o objeto representacional como produto cultural, remontando suas origens e desnaturalizando sua maneira atual de concebê-lo. Os resultados demonstraram que há ainda a manutenção de elementos históricos de uma representação que se reflete na presença de um ensino essencialmente prático e cindido dos conceitos geométricos e sua teoria, que resulta na redução dos objetivos de ensino e dificultam, aos alunos, a apropriação de porções gradativas do pensamento geométrico.

Palavras-chave: representações sociais, historicidade, geometria.

 


 

Representações Sociais de Professores do Ensino Fundamental Sobre o Ensino da Geometria: Um Panorama dos Estudos Realizados entre Anos de 2000 a 2012

Karina Alves Biasoli Stanich

Clarilza Prado de Sousa

O ensino da Geometria, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, é um tema ainda pouco explorado e embora exista consenso entre os educadores sobre a importância do ensino da Geometria desde as séries iniciais, o mesmo não se verifica em relação à metodologia e aos conteúdos que devem ser contemplados em cada etapa de ensino. Conforme o levantamento bibliográfico inicialmente realizado, verificou-se um reduzido número de livros e artigos científicos publicados sobre o tema no Brasil. Dentre as obras localizadas, em sua maioria apresentavam um caráter prescritivo que não comportavam um detalhamento acerca das relações que deveriam ser estabelecidas entre os conteúdos e os conceitos geométricos, os objetivos do seu ensino, a historicidade própria do objeto, as atividades propostas e a aprendizagem dos alunos. O presente estudo teve por objetivo analisar a produção acadêmica desenvolvida entre os anos de 2000 a 2012, a partir da temática Representações Sociais de professores do Ensino Fundamental sobre o ensino da Geometria, a fim de trazer uma melhor compreensão sobre os temas que têm sido objeto de estudos na academia e iluminar os campos que ainda necessitam ser explorados. Desenvolvido a partir de busca realizada no portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes, foram quantificados as dissertações e teses localizadas a cada ano. Contando com a leitura na íntegra dos trabalhos localizados; com a análise dos títulos, as palavras chave de cada trabalho, bem como os resumos disponibilizados, procedeu-se à análise de conteúdo dos materiais que mantinham relação com os anos iniciais do Ensino Fundamental. Os resultados demonstraram que há ainda uma pequena produção sobre a Geometria nos anos iniciais do Ensino Fundamental e até o ano de 2012 nenhuma tese ou dissertação havia tomado as representações sociais de professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental sobre o processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos geométricos, por objeto de trabalho. Tal estudo permitiu vislumbrar que embora tenha havido um crescimento significativo das pesquisas desenvolvidas sob o aporte teórico das Representações Sociais, há ainda, na área da Matemática, um amplo espaço de investigação que necessita ser explorado, sobretudo em relação ao Ensino Fundamental e ao processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos geométricos.

Palavras-chave: representações sociais, geometria, ensino fundamental.

 


 

A Constituição da Profissionalidade Docente do Professor Formador Iniciante de Cursos de Licenciaturas

Ana Lúcia Freire Tanaka

Adriane Fin

Ieda Maria Brock

Laurizete Ferragut Passos

Este resumo apresenta um estudo parcial sobre a constituição da profissionalidade docente de professores formadores em início de carreira no ensino superior realizado na disciplina Projeto: Profissionalidade docente de professores formadores dos cursos de licenciaturas em início de carreira, vinculada ao Programa de Estudos Pós-graduados em Educação: Psicologia da Educação, PUC-SP O estudo teve como objetivo principal: investigar os processos de constituição da profissionalidade docente de professores formadores, em início de carreira, que atuam em Instituições de Ensino Superior públicas e privadas do estado de São Paulo. Os procedimentos metodológicos foram divididos em quatro etapas: a) leitura de textos que fundamentam discussões a cerca de algumas questões: processos de constituição da profissionalidade docente; saberes e conhecimentos profissionais; trabalho docente e cultura institucional; b) Preparação do instrumento de coleta de dados: roteiro para entrevista semiestruturada; c) realização da entrevista; d) análise da entrevista. A partir das leituras, três dimensões foram propostas para análise da entrevista: 1) A trajetória pessoal/acadêmica para compreender o seu processo de profissionalização para inserção no trabalho como formador. 2) O trabalho como formador em cursos de licenciatura com a intenção de identificar/saber o que constitui o trabalho do formador e a concepção que esse professor tem sobre o seu papel de formador. 3) As condições de trabalho com o objetivo de conhecer a cultura institucional no processo de inserção à docência desses formadores. Alguns autores como Garcia, Vaillant, Cunha, Ruiz, Freitas, entre outros, embasaram nossos estudos, o que permitiu uma aproximação com a realidade dos professores entrevistados. Olhando para os diferentes eixos, tentando compreender os contextos e, ainda, tentando perceber questões levantadas pelo entrevistado ao longo do processo de entrevista que até então não haviam sido exploradas no roteiro. Propomos uma análise a partir das dimensões/eixos propostos durante o processo de elaboração do instrumento, o que não nos impediu de trabalhar com outras questões mencionadas ao longo das entrevistas. Iniciamos nossa análise compartilhando alguns extratos da entrevista que nos remetem aos pontos explorados na dimensão/eixo da trajetória acadêmica e de sua formação, bem como de sua constituição profissional. Ressaltamos que explorar a caracterização do nosso sujeito muito nos ajudou a compreender algumas das competências específicas para uma docência no ensino superior apresentadas pelo entrevistado/professor.

Palavras-chave: profissionalidade docente, professor iniciante, ensino superior.

 


 

Sentidos e Significados que Professores Atuando em Escolas de Periferia Constituem para as Dificuldades e Desafios Encontrados em sua Profissão

Elisandra Félix Vieira

Claudia Leme Ferreira Davis

O presente estudo tem como objetivo compreender quais são os sentidos e significados que professores atuando em escolas de periferia constituem para as dificuldades e desafios encontrados em sua profissão e a maneira como, segundo eles, tais percalços afetam sua forma de pensar, sentir e agir. O trabalho docente na atualidade, em termos de processo, é afetado pela proletarização, precarização e intensificação do trabalho, uma vez que os docentes não estão isentos de trabalhar em estruturas organizacionais com baixos recursos, exercendo uma multiplicidade de funções alheias a sua formação, com escassas oportunidades de desenvolvimento profissional e, no mais das vezes, tendo que duplicar ou triplicar sua jornada de trabalho para fazer jus a um salário menos que razoável. Inseridos nesta lógica precária, achamos oportuno entender como esses percalços afetam o trabalho docente, especificamente o de uma professora da rede pública de São Paulo, que exerce sua profissão em um Centro Educacional Unificado (CEU). De seu relato, bem como do de outros seis educadores, foi possível identificar diferentes indicadores de sentidos subjetivos configurados nessas situações educacionais. A articulação das falas revela significações que são apreendidas como parte dialeticamente determinada da totalidade via mediações sociais, formando um retrato que é, possivelmente, compartilhado pelo coletivo profissional do magistério, como aponta, com frequência, a literatura atual. Os dados obtidos foram analisados de acordo com o procedimento de análise e interpretação proposto por Aguiar e Ozella (2006; 2013), núcleos de significações. À luz dos pressupostos teóricos e metodológicos da Psicologia Sócio-Histórica, e subsidiados pelas principais categorias de análise que sustentam o referencial adotado (historicidade, mediação, pensamento e linguagem, sentidos e significados), os resultados obtidos desta pesquisa revelaram que a distância entre o que se espera dos docentes e o pouco que lhes é oferecido em termos de recursos e formações têm produzido neles sentimentos de abandono e fuga frente às responsabilidades profissionais que lhes competem, além de indiferença e despersonalização, fruto das mazelas institucionais que os oprimem, produzem a incapacidade de sair do empírico e compreender as determinações históricas, políticas e econômicas que empobrecem a carreira do magistério. Restritos por uma formação inicial precária e pelas limitações de tempo e de recursos financeiros, os docentes precisam satisfazer-se em desempenhar uma docência pouco articulada ao conhecimento científico pedagógico.

Palavras-chave: psicologia sócio-histórica, precarização, intensificação do trabalho docente.

 


 

PÔSTER (2ª PARTE)

A Formação do Psicólogo para a Realidade Brasileira: Identificando Recursos Facilitadores para a Atuação Profissional

Raizel Rechtman

Ana Mercês Bahia Bock

Há alguns anos a Psicologia brasileira tem construído o projeto do Compromisso Social e se posicionado politicamente por uma atuação que não se restringe às elites. Essa nova postura da Psicologia tem como objetivo ampliar sua ação às populações historicamente excluídas. A formação em Psicologia é um momento crucial para a construção desse novo perfil de psicólogo, o psicólogo comprometido socialmente. O objetivo desta pesquisa é verificar quais recursos da formação os alunos de último ano de psicologia identificam como facilitadores para atuar profissionalmente com que o consideram questões da realidade brasileira. A amostra é constituída por 151 estudantes de psicologia que se formarão no ano de 2014 de todas as regiões o Brasil. O instrumento utilizado foi um questionário disponibilizado via plataforma online composto por perguntas fechadas, que pretenderam traçar um perfil sócio-demográfico da amostra estudada, e perguntas abertas, que tiveram como objetivo identificar questões da realidade brasileira e os recursos teóricos e técnicos que os auxiliaram a lidar profissionalmente com elas. As disciplinas e estágios foram identificados como recursos de formação que mais auxiliaram a compreensão da realidade do nosso país. Os participantes demonstraram ter conhecimento sobre as questões da realidade brasileira e/ou assumir o projeto do compromisso social da Psicologia. A importância deste estudo é contribuir com a formação em Psicologia em âmbito nacional, para tanto, seus resultados serão divulgados em congressos e revistas científicas.

Palavras-chave: Formação, Psicologia, Realidade brasileira.

 


 

Representações Sociais de Estudantes Universitários Sobre Liderança Acadêmica

Vanusa Rodrigues

Márcia Gouvêa Lousada

Marco Cuadros Clarilza

Prado de Sousa

Durante décadas as lideranças universitárias tem assumido um papel importante na política nacional. A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo assumiu um papel de destaque durante a ditadura, gerando líderes comprometidos com a democracia. Nossa preocupação está em analisar como, após 50 anos, estão sendo construídas as lideranças universitárias na PUCSP Não consideramos a liderança como um fato isolado, mas compreendemos sua construção como interdependente das determinações de contexto. Em nosso estudo iremos analisar a liderança como um processo psicossocial, que pode ser desvelado a partir do referencial teórico das representações sociais. A teoria das representações sociais foi inicialmente apresentada e discutida por Serge Moscovici, que partindo dos estudos de Durkheim sobre as representações coletivas, desenvolveu uma teoria que permite compreender o fenômeno representacional no contexto psicossocial. Com o propósito de entender a construção social da liderança estudantil na PUC-SP, o grupo de estudantes da disciplina-projeto: "Seminários metodológicos de análises Quali/Quantitativas para o estudo de fenômenos psicossociais" e sua orientadora, Profa. Dra. Clarilza Prado de Sousa, identificaram a possibilidade de contribuir academicamente com o tema. O tema de estudo exigirá uma análise preliminar da história dos Centros Acadêmicos na PUCSP em seguida será escolhido um grupo de alunos de um dos cursos da PUCSP para compreender como as representações sociais de liderança acadêmica estão se constituindo. Trata-se de um estudo exploratório, em que a trajetória metodológica a ser percorrida e os resultados a serem alcançados tem tanto um caráter formativo dos participantes quanto de indutor de futuras pesquisas na área.

Palavras-chave: representações sociais, liderança, PUCSP

 


 

Os Processos de Inclusão/Exclusão Escolar por Meio da Contradição entre a Medicalização e as Contribuições dos Médicos na Educação: Uma Análise Histórica

Kaciana Nascimento da Silveira Rosa

Mitsuko Aparecida Makino Antunes

Este estudo tem como objetivo fazer uma análise histórica dos processos de inclusão/exclusão escolar por meio da contradição entre a medicalização e as contribuições dos médicos na educação. Dessa forma, ao considerar as primeiras experiências de escolarização e inclusão das pessoas com deficiência, nota-se que foi a partir do século XVIII que médicos como Pereira, Itard, Séguin e Montessori desenvolveram seus trabalhos junto a crianças com e sem deficiência e formularam suas ideias e práticas médico-pedagógicas. Contraditoriamente, o modelo médico adotado pela prática medicalizante dos ditos problemas de aprendizagem e de desenvolvimento vão contra as práticas inclusivistas. Esse fato tem contribuído para que, desconhecendo a história e a medicina, muitos médicos sejam interpretados erroneamente e descartadas suas contribuições para a educação. Por se tratar de um estudo de caráter teórico, considerou-se a produção teórica na área da educação especial, contemplando a leitura e a análise de materiais sobre a vida, os estudos e as experiências desenvolvidas por Pereira, Itard, Séguin e Montessori. Os trabalhos destes quatro pioneiros mostram a necessidade de adaptar estratégias de ensino às peculiaridades de cada criança com ou sem deficiência. A análise dessas peculiaridades e de suas transformações pode ser a base para uma metodologia de ensino especial para pessoas com deficiência; o que implica a formação de professores, além de ser também uma contraposição e, por decorrência, caminho para uma possível superação da prática medicalizante do ensino nos dias atuais.

Palavras-chave: medicalização, inclusão/exclusão, médicos educadores.

 


 

Sentidos Subjetivos de Alunos bolsistas em uma Escola Particular

Bianca Mendes Salvatico

Ana Mercês Bahia Bock

A pesquisa teve como objetivo compreender os sentidos subjetivos constituídos por alunos bolsistas da Educação Básica em uma escola particular de São Paulo. A justificativa se baseia no pressuposto de que ao estudarmos o aluno bolsista em escolas particulares temos a possibilidade de investigar a dimensão subjetiva da desigualdade social, partindo da ideia de que esse fenômeno social não é constituído apenas por uma dimensão objetiva, mas também por formas de agir, sentir e viver que constituem um arcabouço subjetivo que poucas vezes é considerado como aspecto formativo do sujeito. O referencial teórico escolhido foi a Psicologia Sócio-Histórica, que tem como concepção de homem um ser ativo, histórico e social, em contínuo movimento em transformação, à luz das considerações de autores como Aguiar e Ozella (2006). A coleta de informações foi realizada por meio de entrevista coletiva com foco nas vivências escolares de alunos bolsistas em escola particular, com o objetivo de verificar e compreender seus sentidos subjetivos e significados em relação ao espaço escolar. Após a realização da entrevista, partimos para construção dos núcleos de significados, que expressam os pontos centrais do sujeito e o que o envolve emocionalmente. Os resultados apontam para a compreensão das relações estabelecidas e o modo como toda a experiência dos alunos bolsistas é vivida, pretendendo assim contribuir para os conhecimentos da área de investigações em desigualdade social ao revelar os sentidos subjetivos dos sujeitos participantes do processo escolar, procurando compreende-los em suas totalidades, que poderão abrir novas perspectivas das diversas formas de manifestação da desigualdade na sociedade brasileira.

Palavras-chave: desigualdade social, aluno bolsista, educação básica.

 


 

Contribuições de Henri Wallon e Joseph Renzulli para Questões Educacionais

Luana de André Sant'Ana

Laurinda Ramalho de Almeida

Autores como Henri Wallon contribuem para uma compreensão integral do ser humano, tendo as dimensões afetiva, cognitiva e motora imbricadas para constituir a pessoa. Visando ampliar o olhar para situações educacionais atuais que considerem o desenvolvimento humano de forma integral, deparei-me com Joseph Renzulli, autor atuante nos Estados Unidos. Inicialmente empenhado em estudos com crianças superdotadas, Renzulli ampliou sua teoria buscando apoiar o desenvolvimento de todas as crianças, no ambiente escolar. Seu modelo é pautado na identificação dos talentos e formas de expressão de cada criança, individualizando o ensino e motivando os educandos pela aprendizagem. Ao identificar e apoiar cada aluno em sua necessidade específica, o psicólogo e educador Joseph Renzulli leva a psicologia para as escolas de forma sutil e preventiva. Busca apoiar também os professores oferecendo ferramentas de organização e melhor compreensão do público existente em cada sala de aula. Este modelo permite apoiar e incentivar o desenvolvimento integral das crianças, para além dos aspectos cognitivos, acolhendo as diferenças, as legitimando e estimulando. Sendo acolhidas e respeitadas em sua individualidade, as crianças mostram-se estimuladas pela aprendizagem. Meu projeto de pesquisa prevê usar como referencial esses dois autores e observar 1 escola que se mostre atendendo o desenvolvimento integral das crianças.

Palavras-chave: psicologia da educação, talento, individualização do ensino, abordagem de Wallon e Renzulli.

 


 

Professores de Matemática em Início de Carreira dos anos Finais do Ensino Fundamental: Sentimentos, Desafios, Vivências e Superações

Raquel Seriani

Laurizete Ferragut Passos

A insuficiência de produções sobre a prática de docentes de Matemática iniciantes foi o motivo para desenvolver essa pesquisa. Para ampliar a discussão sobre como os professores iniciantes enfrentam desafios e dificuldades houve a necessidade de se buscar pesquisadores que estudam a fase inicial da vida docente. Huberman (1995) estudou o ciclo de vida dos professores e identificou cinco fases usando o tempo como variável para definir o desenvolvimento profissional. Lima (2006) enfatizou que a fase inicial da docência apresenta características próprias, nas quais ocorrem as principais marcas da identidade e da atitude profissional. Mariano (2006) descreveu que o início da carreira é um processo contínuo e composto por etapas: pré-formação, formação inicial, iniciação à docência e formação permanente. Marcelo Garcia (1999) explicitou que a inserção na carreira docente é o período de tensões e aprendizagens em contextos desconhecidos e que os principiantes adquirem conhecimento profissional e mantém equilíbrio pessoal. Essa pesquisa objetiva identificar sentimentos, desafios, vivências e superações dos professores de Matemática iniciantes. É uma investigação qualitativa realizada com cinco docentes. Os dados foram coletados mediante a observação não participante e entrevistas semiestruturadas. Os resultados parciais indicaram que os novatos enfrentam dificuldades relacionadas à indisciplina, motivação dos alunos e, falta de apoio dos gestores e colegas de trabalho. Considerando os depoimentos, nota-se que alguns iniciantes apresentam sentimento de solidão devido à ausência do trabalho coletivo, inexperiência e insegurança. Observou-se que nos cursos de licenciatura não há articulação entre disciplinas específicas e pedagógicas. Portanto, alguns iniciantes enfrentam situações difíceis, pois provavelmente a formação inicial não foi suficiente.

Palavras-chave: professor de matemática, dificuldades, início de carreira.

 


 

De Pajem a Professora de Educação Infantil: Um Estudo sobre a Constituição Identitária das Profissionais de Creche

Dilma Antunes Silva

Mitsuko Aparecida Makino Antunes

Diferentes pesquisas mostram-se contundentes ao enfatizar que o trabalho docente realizado no âmbito das creches traz consigo características do trabalho doméstico caracterizado pelo acúmulo de funções, pela inseparabilidade entre público e privado nas atividades domésticas; pela rotina diária; pela atividade docente estar vinculada ao que se considera como saber natural e o fato de ser um trabalho desempenhado por mulheres, em sua maioria, pobres e com poucos anos de escolarização. Esta pesquisa tem como objetivo investigar o processo de constituição identitária de professoras de educação infantil que atuam em creche, especificamente aquelas que iniciaram seu trabalho nesse campo como pajens, e se justifica pelo fato de ainda ser um tema pouco explorado em teses e dissertações e outros trabalhos e pesquisas sobre a docência na Educação Infantil de zero a três anos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, fundamentada nas concepções da Psicologia Sócio-histórica, na qual optou- se pela utilização da entrevista não diretiva, com foco na história de vida, como instrumento para coleta das informações. Espera-se responder às seguintes questões: Como os percursos da vida pessoal e profissional contribuíram para sua constituição identitária? Quais os sentimentos e perspectivas das educadoras em relação ao seu fazer docente? Qual o significado que essas profissionais dão à função desempenhada? Os relatos foram coletados e gravados mediante expressa autorização das mesmas. Adotou-se esse tipo de entrevista, pois acreditamos que uma pesquisa que se pretenda histórica e social deva ir além do discurso aparente.

Palavras-chave: identidade, professora de educação infantil, educação infantil, creche.

 


 

A Desigualdade Educacional e a Escolha Profissional em Manaus

João Raimundo dos Santos Silva Júnior

Ana Mercês Bahia Bock

No Brasil a desigualdade educacional foi constituída em um processo com dimensões históricas, sociais, políticas, geográficas e econômicas. A disparidade educacional entre as regiões brasileiras consiste desde a educação básica até a educação superior. Essa realidade interfere diretamente no processo de escolha ocupacional do indivíduo, em especial aquelas profissões que exigem uma qualificação universitária. Mediante esse contexto, emerge a necessidade e a importância do estudo, o qual teve como objetivo analisar as políticas públicas de acessibilidade ao ensino superior e seus reflexos no discernimento profissional de estudantes oriundos das camadas pobres no município de Manaus. Para isso, realizou-se uma pesquisa bibliográfica, de natureza descritiva, durante a qual foi executado um levantamento de informações em livros, sites e artigos científicos pertinentes ao tema. Constatou-se em Manaus, que os acadêmicos de baixa renda estão ingressando no ensino superior, nas universidades públicas por meio das políticas de cotas ou por vestibulares seriados, nas instituições particulares por intermédio dos programas ProUni, Fies, Bolsa Universidade e Mais Educações. Entretanto, a população estudantil manauense pobre, em sua maioria, está tendo acesso à educação superior, via ensino privado. Por este motivo, faz-se necessário a continuidade e ampliação das políticas educacionais para o ingresso no ensino superior e a promoção de um trabalho voltado para a orientação profissional deste segmento.

Palavra-chave: acessibilidade educacional, inclusão socioeducacional, escolha profissional.

 


 

A Infância como uma Construção Social e Histórica e a Criança como um Ator Social

Sandra F. de O. Silva

Ana Mercês Bahia Bock

Nem sempre a infância foi reconhecida como uma construção social e histórica, tão pouco havia um campo especifico de estudo. A infância por muito tempo foi reconhecida como uma fase natural da vida, tendo sua origem como individual do homem, representando o estado originário da humanidade, exprimindo os traços essenciais da natureza humana (CHARLOT, 2013, p. 159). A infância quanto uma categoria específica de estudo vem sendo construída a partir de 1980, no hemisfério norte e nos anos de 2000 no Brasil, pelo Estudos Sociais da Infância. Um campo em construção que traz a afirmação de um novo paradigma, que compreende a infância como uma construção social; a infância como uma variável da analise social que nunca pode ser inteiramente isolada de outras variáveis como classe social, gênero e etnia; a criança como sujeito ativo no processo de socialização. A presente revisão bibliográfica objetivou compreender a infância como uma construção histórica e social, a criança como parte coletiva de um grupo, sujeito de direitos, capazes de construir, transformar e produzir culturas. No Brasil essa abordagem é recente, mas já vem sendo abrigada em alguns cursos de pós - graduação e campos acadêmicos, tendo como pesquisadores (Rosemberg 1976, Del Priore, 1991, Cohn, 2005, Delgado e Muller, 2005, Freitas e Kuhlmann Jr., 2002, Castro, 2001, Marchi, 2009). Consideramos emergente a produção acadêmica que traga os Estudos Sociais da Infância, elaborando a reconstrução dos conceitos de infância e criança.

Palavras-chave: sociologia, infância, criança.

 


 

O Processo de Formação de Representantes de Famílias na Escola: Um Estudo Fenomenológico

Débora E.R. de Souza

Heloisa Szymanski

Este trabalho encontra-se inserido em um Projeto mais amplo de pesquisa que tem como objetivo estudar a constituição de um ambiente de representatividade em uma EMEF. Neste projeto específico, busca-se acompanhar o processo vivenciado por famílias no exercício da representatividade no contexto escolar. Trata-se de uma forma especifica de participação, cujos principais desafios estão sendo discutidos no âmbito das políticas públicas educacionais em nível nacional. O estudo está ancorado no pensamento fenomenológico e de Paulo Freire, desde o modo de apreensão do fenômeno até sua analise e interpretação. Tem como objetivo geral apreender quais os sentidos que se abrem para um grupo de familiares de alunos, na reflexão acerca de suas ações no exercício da representatividade no contexto escolar. Com isto, buscar-se-á, 1) descrever o processo de formação das famílias representantes, ao longo do desenvolvimento do projeto maior; e 2) Cotejar a compreensão inicial com aquela do final do processo. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que utilizou como procedimentos encontros grupais que tiveram como referência alguns pressupostos dos Encontros Reflexivos. Os resultados iniciais decorrentes das ações desenvolvidas ainda na perspectiva do projeto mais amplo apontam que houve por parte da escola uma efetiva colaboração no processo de formação de representantes; o convite aos familiares se deu por meio de ações realizadas pelo grupo gestor. A participação da família nestes encontrou revelou: Baixa adesão inicial (em três encontros houve apenas a presença de seis representantes); desconhecimento do que seria o processo de representação; uma ideia inicial de ação isolada, sem consulta ao grupo de pais; possibilidade de contribuir para melhoria da prática de ensino; preocupação com questões do bairro referente a transporte; construção de ações de mobilização das famílias para divulgação do Projeto de formação de representantes das famílias. As ideias iniciais apresentadas por representantes de famílias retratam um desconhecimento do lugar do representante ao mesmo tempo em que há uma disposição para ampliação do número de pais na participação no projeto.

Palavras-chave: formação de representantes de família, representatividade, política educacional e fenomenologia.

 


 

Um Estudo Fenomenológico sobre a Formação de Representantes em uma EMEF

Débora E. R. de Souza

Flávio K. Murahara

Maria Lucia Spadini Silva

Simone A. Venturozo de Queiroz

Tatiana G. Anastácio

Heloisa Szymanski

Relataremos a fase inicial de uma pesquisa que pretende estudar a constituição de um ambiente de representatividade em uma EMEF. O projeto surgiu a partir de uma demanda do grupo gestor da escola no sentido de ampliar a participação das famílias no contexto escolar e foi ampliado para a inclusão dos demais segmentos. Pretende-se oferecer uma contribuição para políticas públicas que priorizem não só a presença da família na escola, mas a criação de um ambiente democrático e participativo. O pensamento fenomenológico e o de Paulo Freire foram os inspiradores dos procedimentos da pesquisa e das interpretações. Tem como objetivos investigar como a representação foi compreendida pelos diferentes segmentos da comunidade escolar (alunos, famílias, professores e funcionários) ao longo de um projeto de construção participativa de um ambiente de representatividade na EMEF. Pretende-se também descrever como a escola se organizou para possibilitar a atuação dos representantes e pesquisar as repercussões no cotidiano escolar. Trata-se de uma pesquisa intervenção que utilizou como procedimentos, encontros grupais e entrevista reflexiva. Os encontros iniciais mostraram que a participação da família na escola dependia de uma articulação entre os vários segmentos da instituição e a necessidade de uma escuta mais atenta aos professores. Houve lentidão na articulação da escola para o início das atividades, por acúmulo de trabalho e uma greve de professores. Ao retomar o projeto, a escola mobilizou-se para a escolha de representantes discentes, docentes e de famílias para definição da continuidade dos trabalhos de formação, instaurando um espaço privilegiado de reflexão e prática do exercício da representatividade.

Palavras-chave: formação de representantes, ambiente de representatividade, comunidade escolar e representação.

 


 

Aprendizagem Significativa na Escola do Campo: Os Ambientes Naturais como Recurso para a Educação da Criança da Educação Infantil Ribeirinha

Georgina Terezinha Brito de Vasconcelos

Mitsuko Aparecida Makino Antunes

O presente trabalho que é parte de estudos de doutoramento em educação e que se encontra em fase inicial, tem como objetivo investigar como os professores utilizam os ambientes naturais como recursos para favorecer a educação da criança da educação infantil, mais especificamente em uma comunidade ribeirinha do município de Parintins-AM. Este estudo nasceu de um diagnóstico realizado em escolas públicas de Educação Infantil na referida cidade e em algumas comunidades rurais, no ano de 2009. Deverá ser investigado também o processo ensino-aprendizagem da criança da educação infantil ribeirinha cujo propósito é indagar: como o professor utiliza os ambientes naturais como recurso pedagógico para uma aprendizagem significativa da criança da educação infantil ribeirinha. Discutir a educação no campo pressupõe entender o movimento político, social e econômico que tem subordinado o campo à cidade, levando, conforme explicita Paese (2006), a desvalorização do universo rural. Essa concepção fundamenta-se num projeto político pedagógico voltado para o universo camponês. A pesquisa está embasada na psicologia sócio-histórica de Vigotsky (2001). Espera-se, com este estudo, que tanto os professores quanto as crianças da comunidade ribeirinha em estudo, tenham a oportunidade de vivenciar experiências em atividades educativas que se utilizem dos ambientes que fazem parte da paisagem natural da escola. Desta forma, levar os professores a perceberem como as crianças constroem e apreendem o conhecimento do mundo natural e a dinâmica dessa construção a partir dos seus significados.

Palavras-chave: Ambientes naturais. Educação infantil. Educação ribeirinha.

 


 

Permanecer na Profissão Professor: Um Estudo na Perspectiva de Henri Wallon

Ana Lucia de SantAna Ferrari Vieira

Laurinda Ramalho de Almeida

Pesquisas com professores evidenciam que em decorrência do baixo salário, da pouca valorização ao professor, entre outras, a procura pela profissão vêm diminuindo.Com enfoque positivo, esta pesquisa tem como objetivo compreender o que faz com que professores, mesmo enfrentando situações desgastantes, e a despeito de se depararem com propostas que lhes pareçam mais promissoras, persistam na docência. Foram identificados professores que após 10 anos de profissão, permanecem na docência. As seguintes questões desencadeadoras lhes foram colocadas, num questionário: 1. Sentiu dificuldades no início e/ou decorrer de sua carreira? Quais? 2. Já recebeu propostas para deixar a docência? 3. Como as recebeu? O que o fez permanecer na docência? 4. Conte um pouco sobre porque escolheu ser professor, descrevendo situações e influências marcantes nessa trajetória. Solicita-se também ao entrevistado que escreva uma carta para um professor que fez diferença em sua escolha e atuação profissional. Que tenha lhe marcado. O referencial escolhido para fundamentar a pesquisa é a teoria de desenvolvimento de Henri Wallon, que estuda o psiquismo humano em sua origem e transformações e tem na integração o eixo principal da teoria. Alguns dos resultados preliminares demonstram que embora tenha sido difícil o começo na docência o apoio dos colegas foi de grande relevância; o reconhecimento de que a afetividade (expressa de forma positiva ou negativa) permeia a relação professor e aluno e a preocupação com essa questão, faz com que o desgaste da profissão seja menos árduo; uma boa formação é importante para os formandos desejarem ingressar na carreira.

Palavras-chave: afetividade, Henri Wallon, permanência no magistério.

 


 

A Timidez nos Periódicos de Educação e Psicologia no Período de 1944-1962: Um Estudo sobre Exclusão/Inclusão Escolar

Mariana Batista Vieira

Mitsuko Aparecida Makino Antunes

Com base na teoria walloniana, pode-se definir a timidez como uma emoção e, também, um medo relativo ao seu próprio "eu" frente aos outros; a presença do outro faz com que os gestos, o andar, a postura tornem-se menos seguros e faz com que a pessoa tímida experimente um forte medo ao ter que interagir com outras pessoas e sofra uma reação emotiva com tonalidade desagradável. Apesar de ser pouco estudada no âmbito acadêmico, a timidez mostra-se como um tema relevante para as pesquisas em Psicologia e Educação, devido a sua relação com o bullying e a invisibilidade, dois fatores de exclusão bastante estudados nos dias atuais. Diante dessas considerações, o presente trabalho tem como objetivo apresentar os resultados preliminares de um estudo em andamento do curso de doutorado em Educação: Psicologia da Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, cuja finalidade é investigar, identificar e analisar como o tema da timidez aparece nos periódicos: Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP) e Arquivos Brasileiros de Psicotécnica no período de 1944 a 1962. Este trabalho, de cunho histórico, apresenta os primeiros resultados verificados na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. No período estudado, foram encontradas 13 publicações em que a timidez aparece e constatou-se que a timidez ora é vista como um comportamento, ora como uma característica da personalidade e, em ambos os casos, é vista como algo não condizente ao que é considerado normal, motivando situações de exclusão e isolamento da pessoa tímida.

Palavras-chave: timidez, personalidade, comportamento.