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Psychê

versão impressa ISSN 1415-1138

Psyche (Sao Paulo) v.8 n.13 São Paulo jun. 2004

 

ARTIGOS

 

O que é uma mulher? Respostas clínicas ao problema do feminino

 

What is a woman? Clinic answers to the problem of femininity

 

 

Michele Roman FariaI

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Desde Freud a feminilidade tem lugar na psicanálise como um enigma que a teoria do Édipo não foi capaz de solucionar. Esses impasses são retomados por Lacan, que mostra que a existência de um único ordenador para a construção da sexualidade – o falo – consiste em um problema insolúvel para a feminilidade, ao menos do ponto de vista simbólico e do gozo que o falo permite delimitar, o gozo fálico. Lacan propõe uma saída para o impasse na perspectiva de um gozo não-todo fálico, a partir do qual situa o feminino. Nosso trabalho pretende um questionamento a respeito das conseqüências clínicas das teorias de Freud e Lacan sobre a feminilidade. Como esses impasses relativos ao feminino podem ser observados na clínica?

Palavras-chave: Mulher, Feminilidade, Falo, Psicanálise, Clínica psicanalítica.


ABSTRACT

Since Freud, femininity has been placed in psychoanalysis as an enigma that Oedipus theory was not able to solve. These impasses were revalued by Lacan, who showed how the existence of an the unique element that orders the construction of sexuality, namely the phallus, gives rise to an insoluble problem for the femininity, at least from the point of view of the symbolic field and the juissance that it allows to define. Lacan proposes a way out of the impasse by taking in consideration another type of juissance, that determines the feminine. Our paper aims at discussing the clinical consequences of Freud’s and Lacan’s theories about femininity and how theses impasses of femininity can be observed in psychoanalytic treatment.

Keywords: Woman, Femininity, Phallus, Psychoanalysis, Psychoanalytical treatment.


 

 

A feminilidade tem lugar, na psicanálise, como um enigma que se origina de um lado da pergunta sobre o que quer uma mulher? – proveniente da escuta de pacientes histéricas –, e de outro das indagações sobre o feminino e a feminilidade, que atravessam toda a obra de Freud, e cujos impasses a teoria do Édipo não parece ter sido capaz de solucionar.

Desde os primeiros trabalhos sobre o complexo de Édipo, Freud encontra dificuldades para descrever o percurso da menina na construção da feminilidade. Os problemas encontrados derivam principalmente da impossibilidade de aplicação direta do modelo masculino ao feminino. Como entender a presença do pai no Édipo feminino, se é a mãe o primeiro objeto de amor também para a menina? Se durante a fase marcada pela primazia fálica o clitóris é considerado o equivalente de um pequeno pênis, o que levaria à passagem do clitóris à vagina como órgão de interesse e satisfação sexual? O Édipo feminino apresenta, portanto, problemas bastante diversos daqueles que Freud encontra no Édipo masculino. A menina tem de passar por uma mudança de objeto e por outra de zona erógena, enquanto para o menino ambos se mantêm.

Para contemplar essas duas mudanças, Freud propõe a divisão do Édipo feminino em duas etapas. A primeira consistiria em uma etapa pré-edipiana, comparável ao Édipo masculino, na qual a mãe é o objeto de amor e o clitóris a zona erógena. Mas haveria uma segunda etapa do Édipo, na qual o pai passaria a ser o objeto de amor, e a vagina a zona erógena.

Mas mesmo essa segunda etapa não permite estabelecer um paralelismo entre o Édipo da menina e do menino. Por uma questão anatômica, a incidência do complexo de castração no menino leva-o à saída do Édipo, uma vez que a possibilidade da perda do pênis (imaginariamente situado como o órgão sobre o qual incide a castração) faz com que ele abandone tanto a atividade masturbatória como seu objeto de amor, a mãe. No caso da menina, entretanto, que já não tem o pênis, o temor é substituído por uma constatação, a de ter sido feita sem o objeto que tanto valoriza. Daí Freud afirmar ser a Penisneid, ou inveja do pênis, o efeito do complexo de castração na mulher. A ênfase recai sobre a decepção da menina de ter sido feita sem o pênis. Essa decepção leva-a ao abandono da mãe como objeto de amor e à passagem ao pai. Freud refere-se a essa passagem como sendo:

originalmente, o desejo de possuir o pênis que a mãe lhe recusou e que agora espera obter de seu pai. No entanto, a situação feminina só se estabelece se o desejo do pênis for substituído pelo desejo de um bebê, isto é, se um bebê assume o lugar do pênis, consoante uma primitiva equivalência simbólica (1932, p. 157-158).

Mas se a castração é responsável pela entrada da menina no complexo de Édipo, sua saída e resolução permanecem bastante enigmáticas para Freud. Conforme ele afirma em Dissolução do complexo de Édipo, não havendo na menina o temor da castração, “cai também um motivo poderoso para o estabelecimento de um superego e para a interrupção da organização genital infantil” (1924, p. 223). De fato, se o temor da castração é o temor da perda do pênis, e se esse temor é o que leva à saída do Édipo, como definir a saída feminina?

Nesse mesmo texto de 1924, Freud descreve a dissolução do Édipo feminino como um abandono gradativo, devido à impossibilidade de realização do desejo edipiano:

em minha experiência, raramente ele vai além de assumir o lugar da mãe e adotar uma atitude feminina para com o pai. A renúncia ao pênis não é tolerada pela menina sem alguma tentativa de compensação. Ela desliza – ao longo da linha de uma equação simbólica, poder-se-ia dizer – do pênis para um bebê. Seu complexo de Édipo culmina em um desejo, mantido por muito tempo, de receber do pai um bebê como presente – dar-lhe um filho. Tem-se a impressão de que o complexo de Édipo é então gradativamente abandonado, uma vez que esse desejo jamais se realiza. Os dois desejos – possuir um pênis e um filho – permanecem fortemente catexizados no inconsciente e ajudam a preparar a criatura do sexo feminino para seu papel posterior (1924, p. 223-224).

Para Freud, é na maternidade que está a possibilidade de solução do Édipo feminino1. Na saída normal do Édipo feminino, o que Freud enfatiza é a equivalência entre maternidade e feminilidade, deixando sem solução o problema do surgimento do superego feminino e das identificações na mulher. A castração, não tendo sido uma ameaça nem uma imposição que gera temor, teria uma eficácia frágil na formação do superego feminino, e conseqüentemente, na inserção da menina na cultura.

Em Algumas conseqüências psíquicas da distinção anatômica entre os sexos, Freud descreve o que ele considera ser o efeito dessa dificuldade em relação à dissolução do Édipo feminino:

para as mulheres, o nível daquilo que é eticamente normal é diferente do que ele é nos homens. Seu superego nunca é tão inexorável, tão impessoal, tão independente de suas origens emocionais como exigimos que o seja nos homens. Os traços de caráter que críticos de todas as épocas erigiram contra as mulheres – que demonstram menor senso de justiça que os homens, que estão menos aptas a submeter-se às grandes exigências da vida, que são mais amiúde influenciadas em seus julgamentos por sentimentos de afeição ou hostilidade – todos eles seriam amplamente explicados pela modificação na formação de seu superego que acima inferimos (1925, p. 320).

Grande parte dos problemas e mal-entendidos decorrentes da teoria freudiana parecem concentrar-se sobre um mesmo ponto: a afirmação de que a sexualidade, tanto no homem quanto na mulher, possui um único ordenador, o falo. Não apenas as feministas (que acusam a psicanálise de um preconceito contra as mulheres), mas muitos dos psicanalistas contemporâneos a Freud recusaram esse aspecto da teoria freudiana sobre a sexualidade, na esperança de poder estabelecer um paralelismo entre os caminhos que definem masculinidade e feminilidade, resgatando a referência anatômica.

Foi principalmente na década de 50 que Lacan retomou o tema da sexualidade, inicialmente sob a perspectiva freudiana. No Seminário 3, de 1955-56, ele afirma que:

o sujeito encontra seu lugar em um aparelho simbólico pré-formado que instaura a lei na sexualidade. E essa não permite mais ao sujeito realizar sua sexualidade senão no plano simbólico. É o que quer dizer o Édipo, e se a análise não soubesse disso, ela não teria descoberto absolutamente nada (p. 195).

Dessa realização da sexualidade no plano simbólico – que Freud denominou complexo de Édipo – Lacan ressaltou a importância do falo como o elemento ordenador, re-situando a série de mal-entendidos dos quais esse tema foi objeto.

De acordo com Lacan, o fato de haver apenas um ordenador para a construção da sexualidade consiste em um problema insolúvel para a feminilidade, ao menos do ponto de vista simbólico e do gozo que o falo permite delimitar, o gozo fálico. É por isso que, muitos anos depois de ter abordado o tema da sexualidade pela via freudiana, Lacan propõe uma saída para o impasse na perspectiva de um Outro gozo, não-todo fálico, a partir do qual o feminino pode ser situado. Desta forma, Lacan acrescenta ao debate sobre a sexualidade feminina conceitos como o Real, o objeto a e o gozo, e põe em evidência o fato de que o campo simbólico não oferece senão uma possibilidade de ordenação do real que é, como tal, sempre precária. Essa precariedade aparece, em relação à questão sexual, exatamente na incidência problemática do simbólico sobre a sexualidade feminina, uma vez que a questão fálica é, como afirma Lacan em A significação do falo, de interpretação especialmente espinhosa na mulher (1958, p. 693). A “proporção” sexual que o falo, como elemento simbólico, busca estabelecer só pode admitir o masculino como fálico e o feminino como castrado – e é por meio dessa dicotomia que o sujeito procura dar conta do real de que “não há relação sexual”. Na medida em que Lacan acrescenta a esse debate o tema do gozo, torna-se possível delimitar, para além de um gozo que seria orientado falicamente, um gozo que seria próprio do feminino, e que Lacan define como não-todo fálico.

Como esses impasses referentes à ordenação simbólica da sexualidade podem ser observados na clínica, e quais os efeitos que podemos esperar de uma análise sobre esses impasses? É o que pretendemos discutir a partir dos seguintes recortes clínicos:

1) Primeira entrevista. A paciente entra na sala, senta-se na poltrona, e depois de permanecer algum tempo em silêncio, afirma: “preferia que você fosse um homem”.

2) O analisando deita-se no divã e fica em silêncio. “Acho que seria mais fácil falar de certas coisas com um homem”. São temores ligados à vida amorosa, um medo de não conseguir aquilo que quer em seus relacionamentos. Relaciona esses temores a um outro sintoma seu: “é como meus ataques de pânico: eu entro em pânico, mas não porque não posso sair de um certo lugar, e sim porque tenho medo de não conseguir, se eu quiser”. Recorda-se de uma das primeiras vezes em que sentiu o que ele chama de “pânico”: estava em uma sala fechada, aguardando o início de uma conferência que demorava a começar. Ocorre-lhe o pensamento: “e se eu quiser sair da sala, mas não conseguir?” É esse pensamento que desencadeia seu mal-estar. Começa a suar, fica nervoso, pensa em ir embora. Mas ocorre-lhe um outro pensamento: talvez se sentisse menos mal se estivesse sentado mais próximo à porta. Pede então à mulher que ocupava esse lugar para trocarem de poltronas. A mulher, entretanto, recusa-se a trocar com ele de lugar, o que o deixa enfurecido: “ela não deu o devido valor ao que eu disse”. Pergunto-lhe como é isso, que o Outro não dê o devido valor ao que diz. Ocorre-lhe responder-me com uma brincadeira: “Isso me faz pensar que ela não é uma mulher, que ela é um homem”. Dá uma gargalhada. Encerro a sessão, diante do que ele comenta: “às vezes você me escuta como homem”.

3) Uma menina de oito anos conta-me, pela primeira vez depois de dois anos de análise, que tem duas irmãs: uma mais velha, que não mora com ela, e uma mais nova. Em seguida, diz: “minha mãe queria ter um filho menino, mas não teve. Nasceu a minha irmã maior, depois eu e a outra também”. (E por que sua mãe queria um filho menino?) “Porque menina faz muita bagunça”. (É? – pergunto a ela, lembrando-me que essa foi uma das queixas trazidas pela mãe no início do tratamento – você faz muita bagunça?) Ao que ela responde: “eu não... mais ou menos”.

4) Uma menina de sete anos, em um de seus primeiros encontros comigo, propõe um jogo no qual temos que escolher a cor dos nossos peões. Ela se surpreende com minha escolha: “você vai jogar com o azul? Mas o azul é de menino!”. (E com qual eu devo jogar?). “Com o vermelho, o amarelo... são as cores de menina”. (E o branco, que você escolheu?). “Não é nem de menino, nem de menina, é a cor que minha mãe gosta”. Algumas sessões depois: “Hoje vou jogar com o branco, que pode ser de menino e pode ser de menina”.

5) Um menino de dois anos e meio, que tem uma irmã de quatro, está às voltas com a retirada das fraldas e o uso do penico. Certo dia, ao ver a irmã usar a privada, chega maravilhado a uma constatação, que comunica à mãe: “Já sei! Penico é de menino. Privada, é de menina”.

O fato é que a constatação desse pequeno sujeito de dois anos de idade não é menos precária que a dos sujeitos dos outros casos citados, no que se refere à ordenação da questão sexual em torno dos significantes. Como afirmamos anteriormente, o significante é sempre precário para fazê-lo, mas o que todos esses exemplos clínicos parecem ilustrar é que essa precariedade não faz com que um sujeito possa prescindir dessa ordenação.

Ao endereçar à analista uma demanda tão paradoxal como preferia que você fosse um homem, a paciente de nosso primeiro exemplo é capaz não apenas de ordenar o mundo à sua volta em torno dos significantes homem/ mulher, mas igualmente de se posicionar em relação a esses significantes de uma maneira bastante particular, revelada pelo desdobramento de sua fala nessa mesma sessão. Lembremos que ela procura uma analista-mulher para afirmar que preferia um homem, o que coloca, de partida, esse Outro que a analista encarna em uma posição absolutamente paradoxal, que só se explica pela posição assumida pelo sujeito diante desse paradoxo: em sua história, mulher é um significante recusado pelo pai, que não vai vê-la na maternidade por ocasião de seu nascimento porque “preferia um homem”. Ao revelar esse dado marcante de sua história, ela conclui: “eu sempre achei que minha homossexualidade tinha alguma coisa a ver com isso”. É a partir do enunciado preferia um homem, necessariamente endereçado a uma “mulher”, que esse sujeito é capaz de fazer uma ordenação do campo do Outro como ponto de impasse de uma questão subjetiva, ao mesmo tempo afirmada e negada pela presença do Outro.

Encontramos nos outros casos uma ordenação menos enigmática da questão fálica. No segundo exemplo, a questão sobre “o que é a mulher” comporta uma ordenação fálica aparentemente simples – a mulher escuta; o homem não escuta. A ordenação fálica passa, nesse caso, pelo valor que tem sua palavra para o Outro. Daí o gosto desse sujeito pela argumentação, pelo debate, pela discussão, que remete a um desejo que ele enuncia como sendo o de “ter a última palavra”. Em termos da “relação sexual”, ou seja, de dar-lhe consistência por meio de uma ordenação simbólica, trata-se de uma mulher que escuta, a fim de receber do homem aquilo (a palavra) que não tem. Esta é a posição fálica almejada – posição, aliás, que o sujeito em questão identifica como sendo paterna, pois para ele “o pai é aquele que tem sempre a última palavra”. O embaraço do sujeito em relação a essa questão aparece nas situações, não incomuns em sua vida, nas quais sua argumentação vence a argumentação paterna: “o problema é que eu me sinto como se fosse o pai do meu pai”. O falo ordena, portanto, não apenas a questão sexual, mas também uma outra questão problemática para o sujeito obsessivo: a paternidade.

É igualmente uma tentativa de ordenação fálica da questão da castração em termos de sexuação que a menina do terceiro caso busca fazer. O Outro deseja um menino, mas o que é um menino? Há uma primeira tentativa de significação daquilo para o qual o sujeito encontra dificuldade em significar. Provisoriamente ele responde com: “menino não faz bagunça, menina faz bagunça”. Curiosamente, uma ordenação que situa as meninas pelo que fazem, os meninos pelo que não fazem. Nesse ponto, articula-se o sintoma que a trouxe à análise: a queixa da mãe de que faz bagunça. É o desejo de que não faça bagunça, situado no Outro materno, que a leva a significar o ser menino com o não fazer bagunça. Como então abrir mão de seu sintoma sem que isso implique uma identificação com a posição masculina?

Concluindo, o que todos esses fragmentos clínicos parecem mostrar é que a precariedade do simbólico para dar conta do real de que “não há relação sexual” não torna o sujeito menos dependente da ordem simbólica para fazê-lo, em uma solução que é sempre absolutamente singular e que a análise permite revelar. Se uma análise oferece ao sujeito condições de rastrear esses elementos simbólicos, significantes, dos quais ele necessitou para fazer essa ordenação do real, dando consistência à relação sexual – que não existe (uma consistência cujo efeito é o de situar o campo do Outro e seu objeto) –, então podemos nos perguntar sobre os efeitos esperados no final da análise sobre esse ponto. Qual o destino que um sujeito pode dar a essa ordenação da qual, aparentemente, ele poderia prescindir?

 

Referências Bibliográficas

FREUD, S. (1924). Dissolução do complexo de Édipo. In: ___. Obras completas. Rio de Janeiro: Imago, 1980. vol. XIX.        [ Links ]

________. (1925). Algumas conseqüências psíquicas da distinção anatômica entre os sexos. In: ___. Obras completas. Rio de Janeiro: Imago, 1980. vol. XIX.        [ Links ]

________. (1931). Sexualidade feminina. In: ___. Obras completas. Rio de Janeiro: Imago, 1980. vol. XXI.        [ Links ]

________. (1932). Feminilidade. In: ___. Obras completas. Rio de Janeiro: Imago, 1980. vol. XXII.        [ Links ]

LACAN, J. (1955/56). O Seminário, livro 3. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1988.        [ Links ]

_________ (1972/73). O Seminário, livro 20. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.        [ Links ]

_________ (1958). A significação do falo. In: ___. Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.        [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência
Michele Roman Faria
Rua Abílio Soares, 932 – 04005-003 – Paraíso – São Paulo/SP
Tel.: (11) 3887-0781
E-mail: michelefaria@terra.com.br

Recebido em 26/05/03
Versão revisada recebida em 14/10/03
Aprovado em 14/11/03

 

 

Notas

IPsicanalista; Doutora em Psicologia Clínica (USP); Autora de Constituição do sujeito e estrutura familiar e Introdução à psicanálise de crianças: o lugar dos pais.
1A saída que alinha a posição feminina à maternidade, entretanto, não é a única apontada por Freud. Em Sexualidade feminina (1931), ele menciona duas outras saídas possíveis para o Édipo feminino. Na primeira, a castração incidiria sobre a menina como uma deficiência insuportável, levando-a ao total abandono da atividade sexual. Na segunda, a menina manteria a fantasia e a esperança de possuir um pênis como os homens, adquirindo assim um “complexo de masculinidade”.