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Construção psicopedagógica

versão impressa ISSN 1415-6954versão On-line ISSN 2175-3474

Constr. psicopedag. vol.33 no.34 São Paulo  2023  Epub 08-Mar-2024

https://doi.org/10.37388/cp2023/v33n34a06 

RELATO DE PESQUISA

A ADOLESCÊNCIA E OS PROBLEMAS DE CONDUTA E AGRESSIVIDADE NO CONTEXTO ESCOLAR

ADOLESCENCE AND THE PROBLEMS OF CONDUCT AND AGGRESSION IN THE SCHOOL CONTEXT

Assirlene de Fátima Xavier1 

1 Professora e Psicóloga. E-mail: < lennepsi2008@hotmail.com >. Campina Grande , Paraíba , Brasil .


RESUMO

Este artigo, apresenta o resultado de um estudo sobre o desafio dos problemas de conduta em adolescentes agressivos no cenário escolar, que teve como objetivo investigar as características individuais que influenciam no desenvolvimento da personalidade agressiva, apresentando as perspectivas dos alunos, professores e a análise documental dos alunos pesquisados. Em complemento à fundamentação teórica, realizou-se investigação de campo. Utilizou-se o método dedutivo, de natureza aplicada. Nos objetivos, apresentou-se como exploratória descritiva, e teve enfoque quali quantitativo, com predominância do enfoque quantitativo. Constatou-se que o adolescente agressivo, apresenta esse comportamento, a partir de uma multiplicidade de fatores aos quais estão relacionados a família, meio social, influências ambientais e neurobiológicas, apresentando-se os diagnosticados com algum tipo de transtorno comportamental, abandono, abusos, casos de agressão doméstica, os que mais se destacam nesse perfil. Concluiu-se também que, a forma como os educadores lidam nessas situações, exercem influência no resultado do problema no espaço escolar, quando as agressões não se baseiam apenas em punição, mas também, em aproximação dialógica.

Palavras-Chave: Problemas de conduta; Educação; Agressividade

ABSTRACT

This article presents the result of a study on the challenge of conduct problems in aggressive adolescents in the school scenario, which aimed to investigate the individual characteristics that influence the development of aggressive personality, presenting the perspectives of students, teachers and the documentary analysis of the students surveyed. In addition to the theoretical foundation, a field investigation was carried out. The deductive method was used, of applied nature. In the objectives, it was presented as descriptive exploratory, and had a qualitative quantitative approach, with a predominance of the quantitative approach. It was found that the aggressive adolescent presents this behavior, from abuses, cases of domestic aggression, the ones that stand out the most in this profile. It was also concluded that, the way educators deal with these situations, exert influence on the outcome of the problem in the school space, when the aggressions are not based only on punishment, but also on dialogical approximation.

Key words: Conduct problems; Education; Aggressiveness

Introdução

Notadamente, a escola é um espaço importante na sociedade para a aprendizagem de novos conhecimentos, saberes, competências e crescimento pessoal e também, de interações humanas no que diz respeito as relações inter e intrapessoais. Dessa forma, os adolescentes criam novos laços de amizade, aprendem a lidar com um novo olhar sobre as questões sociais, políticas e educacionais, assim bem como, afetivas, o que torna o adolescente mais participativo no convívio social, com a construção e reconstrução de novos ideais, aprendizagens e habilidades que os fazem amadurecer psíquica e fisicamente para tornarem-se independentes e construtores do seu destino. Porém, sabe-se que nas escolas, em algumas situações, também se presencia a ausência de respeito, comportamentos de agressividade tanto físicas, quanto verbais, entre os próprios educandos e também com alguns educadores, como também, existe uma certa impotência do controle e limites, as questões voltadas a sexualidade e a drogadição, tanto no seio familiar, como no contexto escolar.

Nesse cenário, as ações relacionadas a problemas de confronto entre os adolescentes é muito comum, e ainda um tema pouco discutido no ambiente escolar por educandos, educadores e familiares (SILVA, 2011), e quando ocorrem essas discussões, na grande maioria das vezes, não se chega a ações produtivas para dirimir a problemática.

Assim sendo, apresentando-se a indisciplina, ou comportamento inadequado ao meio, como um fator agravante mais comum e que mais atrapalha o processo de ensino aprendizagem e que com certeza, preocupa aos educadores e profissionais da escola e os levam em busca de alternativas que possam sanar essa defasagem e capacitá-los, a todos os profissionais da educação, a lidar com essa problemática diária da realidade escolar cotidiana atual, ajudando-os de forma efetiva a enfrentar esse desafio e dar resposta adequada a determinadas situações. E nesse conflito generalizado, nem educadores, nem familiares sentem-se seguros para enfrentar ou ao menos minimizar essas situações.

Mediante essa perspectiva, existem comportamentos observáveis em adolescentes, que se destacam dos demais, como por exemplo mentir, não frequentar o ambiente escolar com assiduidade, ou frequentar de forma a não contribuir com o processo educativo, ser agressivo em determinadas circunstâncias de forma exagerada, entre outros, e esses comportamentos ficam evidentes a partir da observação do seu desenvolvimento normal, no contexto familiar e também, no contexto escolar. Porém, existem critérios pré-estabelecidos pela ciência que dão suporte na diferenciação entre a normalidade e a psicopatologia, o que torna indiscutível observar a ocorrência de determinados comportamentos isolados, ou já representado como diferenciado de um comportamento comumente esperado para o adolescente com idade e sexo, em uma mesma cultura. Dessa forma, há um desconhecimento relevante no âmbito escolar, no que diz respeito à compreensão e ao manejo do adolescente com Problemas de Conduta (PDC), o que dificulta as relações humanas e sociais nesse ambiente, diante dessa temática (VILHENA & PAULA, 2017).

Nesse contexto, há um interesse crescente pela tema, a partir de situações problema vivenciadas no trabalho voltado a educação e também no atendimento a adolescentes em consultórios de psicologia, e porque não dizer, nas longas conversas entre professores nas diversas camadas de ensino e sociais, seja na escola pública ou privada, seja no ensino fundamental ou no ensino médio, sempre predominando as queixas relacionadas ao desinteresse e a indisciplina e até mesmo, nos episódios de agressividade, seja de forma verbal, seja de forma física, dos educandos no ambiente escolar, que perpassam os encontros pedagógicos, reuniões e corredores das escolas. Fato esse, que angustiam a todos no contexto educacional e familiar desses adolescentes. Para o presente trabalho, foi escolhida para cenário dessa pesquisa, uma Escola Municipal, situada na cidade de Campina Grande-PB, por lidar com uma clientela de adolescentes expostos a vários tipos de dificuldades sociais, relevantes para este estudo, e também por sua localização específica, que atende aos questionamentos levantados na problematização da pesquisa em questão.

Metodologia

Trata-se de uma investigação de campo, na qual foram aplicados três questionários estruturados com a amostra de 112 alunos, 20 professores e 112 fichas individuais, sendo o universo de 224 alunos, 30 professores e 224 fichas individuais e/ou laudos médicos. O método foi dedutivo e de natureza aplicada pretendendo-se que, a partir da construção desse estudo, a mesma pudesse contribuir com mudanças e práticas inovadoras no ambiente escolar. No que diz respeito aos objetivos, apresentou-se como exploratória descritiva, e teve enfoque quali quantitativa, com predominância do enfoque quantitativo. A pesquisa teve como objetivo geral “analisar as características individuais que influenciam no desenvolvimento da personalidade agressiva de adolescentes no espaço escolar” e realizou-se em uma escola pública municipal, que funciona nos turnos manhã, tarde e noite, atendendo uma demanda estudantil, cuja faixa etária compreende, pré-adolescentes, adolescentes e adultos. Com atuação nas modalidades: Ensino Fundamental II, Regular e Ensino Fundamental (PREEJA). Também procurou-se verificar a existência de alunos com os quais os professores mencionassem dificuldades para lidar e de situações de conflitos entre professores e alunos, alunos/alunos, e quais as medidas tomadas com relação a lidar em situações de comportamento inadequado ao ambiente escolar e situações de agressividade envolvendo os mesmos. A partir destas informações foram sendo definidos quem participaria, quais os instrumentos seriam utilizados e quais procedimentos iriam nortear a pesquisa em questão. Nesta direção, e a partir das informações obtidas, os professores de duas turmas indicadas, já a partir do início das aulas, como tendo as maiores queixas de indisciplina e agressividade, foram convidados a se manifestarem sobre a situação de seus alunos em relação aos aspectos mencionados, em reuniões pontuais e em discussões na sala dos professores. Os alunos mais citados foram relacionados em uma lista e os professores foram convidadas, por meio de perguntas a expressarem os aspectos que mais lhes causavam incômodos e quais dificuldades tinham em lidar com estes adolescentes, de modo que se pôde fazer uma primeira seleção das turmas que poderiam ser as participantes, durante a primeira semana de aulas.

O processo de investigação, transcorria de forma positiva e responsiva, com nossas visitas semanais a escola, quando fomos surpreendidos pela pandemia do COVID-19 e fomos obrigados a acelerar o processo em curso, ficando a pesquisa assim delineada a partir de então: a acessibilidade a amostra foi viabilizada primeiramente por meio de critério de conveniência, uma vez que o estudo foi desenvolvido em uma escola municipal de Campina Grande-PB, contando com a acessibilidade dos professores dos determinados alunos, para participação. Também por questão de tempo e de praticidade, foi utilizada também a técnica de Bola de Neve, criada por Leo Goodman, que consiste no uso de informantes como intermediários para o acesso aos participantes, que melhor atendiam aos critérios da pesquisa, pode-se contar como informantes neste caso com os professores, técnicos e diretora, além dos próprios sujeitos já inseridos na investigação por critério de conveniência. Ficando a amostragem, composta dos alunos do 6º (62) e 7º(60) anos do turno vespertino (séries que só funcionam nesse turno), que são formados por quatro turmas, e a partir dessas identificações e observações dos professores e equipe técnica com relação a concentração de graves problemas comportamentais com relação direta inclusive, com a agressividade e problemas de conduta no contexto escolar e fora dele, com essas turmas especificamente, e também por esses alunos estarem inseridos de forma mais concentrada que os alunos do turno da manhã, pelas observações ainda dos mesmos que trabalham na escola nos dois turnos, com relação as situações de riscos mencionadas no estudo.

Neste cenário, nos aproximamos dos alunos a serem investigados a partir de conversas descontraídas pelas quais apresentamos os objetivos do trabalho que pretendia-se desenvolver e consultando-lhes sobre o interesse, disposição em participar e também solicitando a sua colaboração para a pesquisa. Conversou-se com cada grupo, explicando-lhes os modos de participação. Depois desse contato inicial com os alunos, no mesmo encontro, em cada uma das quatro turmas, falou-se de modo descontraído, através de perguntas, sobre suas famílias, seus interesses, a rotina em casa, a escola e, gradativamente houve aproximação sobre as questões da sala de aula, na expectativa de que aparecessem em suas falas questões associadas às queixas em relação ao seu envolvimento em situações de conflitos e ou indisciplina e agressividade na sala de aula, com o intuito de incentivá-los a colaboração respondendo o questionário que seria proposto em seguida. Na continuidade, com relação a amostra, apresentou-se como não-probabilística, composta de 122 indivíduos adolescentes na faixa etária de 10 a 16 anos , sem distinção de gênero nas séries finais, correspondendo aos 6º e 7º anos do Ensino Fundamental II, com ou sem diagnóstico de Transtorno de Conduta (TC), Transtorno de Oposição Desafiante (TOD) e Transtorno de Personalidade Antissocial (TPAS), que deviam estar matriculados na referida escola e residentes do município de Campina Grande-PB e que aceitaram fazer parte do referido estudo por meio do TCLE- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e autorizados pelos responsáveis. Desse número, 50% (61) podiam ter Laudo Médico ou encaminhamento e orientação da escola para obtê-lo e 50% não. Houve a preocupação de evitar qualquer procedimento que pudessem causar prejuízo aos sujeitos, adotando a medida de que aqueles indivíduos não selecionados, por não preencherem os critérios de inclusão, fossem informados de maneira respeitosa e esclarecedora. Como instrumentos de coleta de dados, utilizou-se o questionário estruturado.

Aplicou-se os questionários, concomitantemente, as três populações investigadas por meio de formulário de perguntas estruturadas, aplicou-se os questionários com 15 perguntas para os professores e 26 perguntas para os alunos, e também foi aplicado um questionário, analisando as fichas dos alunos, contendo ou não, os laudos médicos dos mesmos, com 14 perguntas, preenchido pela pesquisadora em conformidade com as Fichas Individuais desses alunos.

A análise documental incluiu os documentos produzidos na escola como as Fichas Individuais, como fonte de informações relevantes para os objetivos da pesquisa e também o Projeto Político Pedagógico (PPP), que foi analisado a fim de verificar como se referia aos aspectos comportamentais dos estudantes e como se propunha a lidar com a indisciplina na escola. Porém, as Fichas Individuais mostraram-se mais efetivas para auxiliar nos objetivos do presente estudo. A aplicação dos questionários com os professores e alunos, tanto foram preenchidos presencialmente, como foram preenchidos pelo Google Forms devido à interrupção das aulas presenciais no município e enviados por e-mail a pesquisadora para análise e tabulação e os questionários destinados as informações das Fichas Individuais, foram preenchidos na própria escola.

Adolescência e espaço escolar

A Adolescência vem sendo descrita e compreendida a partir da cultura que o concebe, assim sendo, a Adolescência pode ser vista como uma transição do ser criança para o ser adulto e que envolve vários aspectos dos quais, são necessários para o desenvolvimento do indivíduo. Dessa forma, apresenta-se como uma fase de divergências e contestações aos padrões sociais tradicionais, turbulência física-biológica assim bem como, psicológica. Dessa forma, e por ser este um período de tensões e conflitos internos e externos, propicia ao jovem a vulnerabilidade a atitudes agressivas, de contestação, rebeldia, ao contato com drogas ou vulnerabilidade a possíveis problemas psíquicos relacionados a transtornos comportamentais e de conduta social.

Martins (2005), relata que a adolescência é o período do desenvolvimento humano que se situa entre a infância e à idade adulta, e o que a diferencia é quando as transformações da puberdade (por volta dos 11 anos), se iniciam e seu término, é quando se inicia a vida adulta (por volta dos 20 anos), com algumas características distintas, porém, esse período de finalização, não fica claramente definido. E que esta fase também, é marco de uma transição com diversos tipos de transformações a nível físico/biológico, social, relacionadas as mudanças nos relacionamentos com os pais, amigos e o sexo oposto, e também, a nível psíquico com as mudanças a nível cognitivo e no modo de ver a si mesmo.

Dessa forma, pode-se perceber a adolescência a partir de dois aspectos: como um momento evolutivo do gênero humano que segue certos princípios gerais e como resultante de fatores socioculturais (KNOBEL, 1981). E desse pressuposto podemos constatar que, os fatores socioculturais influenciam os jovens, mas, existem determinantes psicológicos e biológicos também, que se mostram fundamentais neste processo e que sempre caminharão com o adolescente em seu percurso à idade adulta.

Aberastury (1996), com base psicanalítica, afirma que, o jovem adolescente precisa vencer três perdas fundamentais realizando os respectivos lutos dessa fase que são: o luto pelo corpo infantil, pela identidade infantil e pelos pais da infância. Aberastury e Knobel (1982, p114-119) descrevem os “lutos” que devem ser elaborados pelo jovem, ao ingressar na adolescência como:

O luto de quem perde o seu corpo infantil: aceitar e conviver harmoniosamente com o corpo, agora mudando e que toma proporções adultas; “luto” pela perda dos país da infância: pais mudam em sua forma de tratar o jovem, agora já não mais protegendo, mais orientando; “luto” pela perda da identidade infantil: o adeus à infância, com suas facilidade e possibilidades de erro desculpáveis devem dar lugar a um ser mais estruturado e atuante com características atitudinais mais maduras. (ABERASTURY & KNOBEL, 1982, p. 114-119).

Dessa forma, é um período de transição doloroso, com um processo de difíceis transformações. Lutos dos quais o adolescente precisa elaborar para poder integrar-se à vida adulta. E se manifesta através de uma conduta psicológica que Knobel (1981, p119) chama de “normal” nesta etapa da vida. É preciso conhecer a dinâmica do contexto em que este jovem está inserido para que, a partir daí, se observe seu “referencial” patológico, visto que, se aprofundar no que foi definido por ele como Síndrome Normal da Adolescência, compreende-se esta etapa como lógica e coerente e como fator de desenvolvimento do ser humano, onde ele afirma que existe uma atitude de instabilidade emocional, na qual oscila entre períodos de timidez e ousadia, desinteresse e urgência, introversão e extroversão, e ao mesmo tempo, confusão afetiva, crises religiosas, ou fé extrema, no campo da sexualidade pode ocorrer homossexualidade ocasional e comportamentos dirigidos para a heterossexualidade.

Observa-se que nas culturas contemporâneas, evidencia-se nos adolescentes os mesmos conflitos e atitudes relacionadas por esse autor e que, não é difícil constatar as coerências relevantes entre as mesmas nesta fase do desenvolvimento humano, o que faz compreender esta etapa como lógica e coerente no contexto necessário ao crescimento do indivíduo. Esta chamada Síndrome Normal da Adolescência é uma busca incessante de encontrar-se consigo mesmo e com o outro na fenomenologia da existência de cada indivíduo. É a partir dos conflitos internos e externos que o indivíduo cresce, conhece a si mesmo, ao outro e aprende a lidar com o meio em que vive, buscando seus próprios recursos internos e externos para o seu desenvolvimento e sobrevivência enquanto “ser” no mundo. Dessa forma, cabe aos pais e demais adultos, ajudar os mesmos, oportunizando na contribuição e orientação necessárias ao desenvolvimento desse processo (KNOBEL,1981).

Na visão de Lesourd (2004) o indivíduo adolescente, encontra-se em conflito constante entre o eu e o ser social, deparando-se com questionamentos, regras e conflitos subjacentes à sua cultura. Ao mesmo tempo em que, necessita da aceitação de si mesmo enquanto ser único, necessita da aceitação do meio em que está inserido e esses dois caminhos, por si só já demandam maturidade psíquica para interpretá-los de forma adequada e coerente. E nesse interim, conflituoso, o adolescente hora sente-se e age de forma coerente “socialmente”, hora age de forma incoerente aos padrões sociais, o que acarreta, muitas vezes conflitos tempestuosos com a família, no ambiente escolar, na própria sociedade e consigo mesmo. Nesse ponto, emerge uma necessidade latente e coerente para que ocorra a maturação, de uma reorganização mental, psíquica, na qual o adolescente possa se situar, amadurecer e crescer a partir de suas próprias vivências. Assim sendo, é de extrema importância a reorganização psíquica, bem como, a física, para o “ser” adolescente em construção.

Dar-se-á no laço social, ou na ausência dele, a configuração de que a psicopatologia na adolescência poder-se-á confirmar, e nesse contexto, pode-se observar o desenvolvimento saudável, ou as diversas formas de delinquência ou até mesmo, do uso abusivo de drogas lícitas ou ilícitas. Dessa forma, torna-se o jovem, o alvo sugestionável e sujeito aberto a experiências “novas e desafiadoras”, que busca o reconhecimento do grupo e o papel de destaque ou líder em seu meio social ou ao menos, membro aceito do mesmo. As mudanças corporais e psicológicas ocasionadas nesse processo, necessários ao seu desenvolvimento físico, mental e social é, sobretudo, passível das cobranças da sociedade, o que o torna suscetível e vulnerável a toda e qualquer pressão a que seja exposto (ABERASTURY,1980).

Sabe-se que, os adolescentes opõem-se as regras sociais e divergem dos padrões aceitáveis pela sociedade. Passa a apreciar novos valores, hobbies e ídolos os quais constantemente, são adversos aos valores e padrões familiares tradicionais que vão sendo paulatinamente, substituídos nesse processo por atitudes, ações, ideologias e crenças que se destacam e se chocam com os mesmos. Essa forma de pensar e agir vem sendo observada na sociedade geração após geração, apesar dos avanços tecnológicos, sociais e culturais, de forma mais específica, no ambiente escolar (ABERASTURY,1980).

As situações de conflito que levam a agressão, exercem um papel devastador nas relações sociais e consequentemente, na aprendizagem. Por esse motivo, há uma preocupação constante com relação à forma de lidar com a questão. Existem múltiplos fatores que facilitam a existência desse problema na sociedade e particularmente nas instituições escolares. Por exemplo, quando as crianças carecem de modelos pró-sociais, para tomar como exemplo, o desemprego e a pouca perspectiva de um futuro estável e produtivo. O próprio bairro pode tornar-se um cenário de violência, quando a violência das gangues se alastra na forma de conflito de território, criando formas de insegurança (BOCK apud SILVA, 2011).

Pode-se entender que a família e a escola, devem ser parceiras nas reflexões e discussões relacionadas aos conflitos entre os adolescentes, buscando manter um constante diálogo entre os mesmos de forma corriqueira, facilitando assim, os processos de enfrentamento de conflitos escolares, visto que, a família influência de forma direta a formação da personalidade da criança, através do vínculo, da interação entre os membros da mesma família (SILVA, 2011). É no seio da família, que o indivíduo aprende a ser e se relacionar com os outros seguimentos sociais de seu meio, aprendendo a lidar de forma coerente ou não com as situações da vida, a partir do que aprendeu com seus familiares e pessoas mais próximas. Para Ballone (2004 apud SILVA, 2005, p. 171), os meios de comunicação como a tv, videogames, assim como as instituições escolares e situação socioeconômica, podem influenciar de forma direta, a conduta de agressividade nas crianças e adolescentes, porém, embora esses fatores (individuais, familiares e ambientais), possam com certeza influenciar, eles por si só, não alcançam todas as pessoas de forma igualitária e nem as submetem as mesmas situações de risco.

Embora existam situações e dispositivos que propiciem as situações de reação agressiva no adolescente, elas de forma isolada, não se justificam, pois, podem aparecer em algumas situações e em outras não, quando trata-se de situações de risco iminente para atitudes agressivas, principalmente, no âmbito escolar.

Segundo Silva (2011), a falta de limites ocorre quando o aluno não tem consciência de seus atos de agressividade, quando não conhece ou apenas não obedece às regras estabelecidas pela instituição. Ao invés disto, há transferência de responsabilidades (professores para diretores, escola para família ou vice e versa). Adiciona-se a isso, a falta de incentivo de valores morais e éticos, como respeito às diferenças e a solidariedade tão necessária para a formação do caráter dos indivíduos, e muitas vezes, são omitidos pelas escolas que se preocupam mais em passar conteúdo do que desenvolver cidadãos críticos capazes de transformar a realidade em que vivem e investir em uma vivência harmônica com os demais.

Muito se tem discutido de onde surgem os comportamentos agressivos e/ou violentos, que têm levado tantos adolescentes a abandonarem a escola, tornarem-se também indivíduos com comportamentos violentos ou abusivos e, em outras ocasiões, até mesmos se ferirem gravemente ou perderem a vida nessas situações. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais- PCNs (BRASIL, 1997), o comportamento agressivo humano e as condutas violentas decorrem de situações e contextos sociais e/ou culturais, mediante os sistemas morais impostos. Portanto, a violência não pode ser concebida como característica individual, mas como um problema social diretamente ligado à justiça. Apesar disso, a democracia empregada como um regime político e um instrumento de convívio social que se dispõe a tornar viável uma sociedade composta de pessoas distintas entre si, pode possibilitar a convivência pacífica numa sociedade pluralista, onde haja a expressão de diferentes opiniões e concepções (BRASIL apud SILVA, 2011).

Há, no cenário escolar, uma notória dificuldade de um acompanhamento mais efetivo entre a família e a instituição escolar, entre os agentes que educam e os que, por sua vez, propõem-se ao contexto de serem educados. E esse, torna-se um fator de déficit na aproximação dos mesmos para o diálogo, a reflexão, a troca de ideias, de projetos, de ações, de incentivo a ações pacíficas no ambiente escolar. Sabe-se que é necessário que a escola cumpra o seu papel de disseminadora do conhecimento histórico e científico, porém, o eixo sobre as relações humanas, deve ser mais discutido e experenciado por todos os atores envolvidos no processo educacional, pois a escola é palco de uma diversidade muito pluralista de relacionamentos humanos, fator esse que a torna palco também de conflitos e confrontos. Silva (2011), destaca em seu artigo a Lei nº 8.069/1990 que rege o Estatuto da Criança e do Adolescente, 2002, em seu Art.4º, onde diz que:

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária.

De certa forma, todos os seguimentos da sociedade, exerce papel importante na formação do cidadão, e que, cada um desses seguimentos, devem estar alinhados entre si, para que exista saúde física, psíquica e principalmente, harmonia nas relações inter e intrapessoais do ser humano, pois assim sendo, pode-se assegurar respeito, diálogo e qualidade de vida a todos. Porém, sabe-se que ainda está distante de alcançar esse patamar devido as injustiças sociais, cenário político atual, entre tantas outras questões vinculadas diretamente a realidade, então, deve-se buscar dentro do contexto do âmbito escolar, criar situações que promovam, ao menos, a conscientização da necessidade de respeito ao próximo com a diminuição de atitudes agressivas físicas e verbais ao outro e potencializando as relações de diálogo e respeito.

Reflexões acerca da agressividade

A agressividade está relacionada a uma série de fatores intrínsecos e extrínsecos ao indivíduo e ainda encontra-se como centro de uma diversidade de estudos que discorrem, hora tendo como base, sua origem nos fatores sociais do indivíduos e hora, tendo como base, os fatores físicos ou biológicos, porém, o que se não pode negar, é que inevitavelmente, as características agressivas e comportamentos atípicos e adversos ao convencional, são traços distintos e que, na grande maioria das vezes, é construído a partir da infância e em seguida, na adolescência, desenvolvendo-se com aspectos de agressividade, e dessa forma, sendo designados como Transtornos de Conduta (KAPLAN, 2003). Na área das doenças mentais (ao menos pode-se considerar para alguns autores, porém para outros não), a psicopatia como desencadeador dos processos mais visíveis nas situações de agressão, a mesma sendo uma constante, porém, apresentando-se com uma diversidade de roupagem, dependendo do interesse desse indivíduo. Ela pode apresentar-se também na área sexual, com atitudes incomuns ou bizarras, ou em forma de humilhação ao outro, seja de forma física ou verbal.

No que diz respeito a agressividade relacionada as questões físicas e biológicas Natrielli et al. (2012), citado por Santos et al (2013), relata que a área do lobo frontal, quando se encontra em disfunção, apresentam também, associação com problemas vinculados a área pré-frontal e alguns impulsos relacionados a subtipos nos comportamentos agressivos. Santos et al (2013) ainda afirma que, existe um vasto estudo pelos cientistas que fazem pesquisas com pessoas saudáveis, que se apresentam como voluntários para pesquisas no campo da agressividade humana, assim bem como, com pacientes com transtornos na área psiquiátrica em vários aspectos. Essas pesquisas são realizadas para buscar a presença de um neurotransmissor ou um grupo de substâncias endógenas nas manifestações de agressividade. Essas pesquisas, têm se mostrado efetivas nas questões vinculadas a prevenção de alterações em pessoas que poderiam necessitar de tratamentos diversos ou desenvolver-se cronicamente, neste aspecto da agressividade (CARVALHO & SUECKER, 2011). Com vistas a esses achados, pode-se avaliar, que os mesmos são muito importantes no que concerne as questões voltadas para a prevenção, e que, com base nesses estudos, muito se pode entender com relação ao desenvolvimento e formas de lidar com o evento.

Os estudos levantados acerca dos comportamentos agressivos, remete às questões relacionadas a modelos teóricos que se debruçaram sobre essas duas vertentes: o biológico-conductual ou de condicionamento do processo de socialização, do psicólogo teuto-britânico Hans Jürgen Eysenck (1916-1997), com colaboração do psicólogo e criminalista britânico Gordon Blair Trasler (1929-2002), e o biossocial, do psicólogo norte-americano Sarnoff A. Mednick, na busca de explicar esse comportamento. Não se pode falar sobre a agressividade, sem mencionar os transtornos psiquiátricos que são disparadores da agressividade na grande maioria dos casos, a despeito dos transtornos relacionados a conduta do indivíduo no período da adolescência e a psicopatia no indivíduo adulto (ARAÙJO, 2011).

Algumas personalidades destacam-se das demais por apresentarem características muito fortes, voltadas para a agressividade, a exemplo das pessoas que apresentam transtornos mentais, tendo como destaque entre elas, a psicopatia, que se encontra muito presente em situações de agressão no adulto e nos transtornos de conduta no adolescente. É importante mencionar que as causas do comportamento agressivo estão intimamente relacionadas a fatores genéticos e biológicos complexos, e que, apesar do avanço na área de novas tecnologias que confirma esse achado, a ciência também justifica a agressividade, as questões vinculadas ao meio social de violência, abandono, abusos, entre outras situações negligentes e inapropriados ao desenvolvimento controlado do aspecto agressivo no sujeito (CARVALHO, SUECKER, 2011, SANTOS et al., 2013).

Apesar de possuir personalidades diferenciadas as pessoas que fogem a esse padrão comportamental, seguem padrões intrínsecos ao seu próprio eu e que, via de regra, não concebem os padrões sociais como todas as outras pessoas as percebem, apontando assim inevitavelmente, para algum tipo de distúrbio ou confusão mental, requerendo dessa forma, uma melhor observação clínica a respeito. Sendo o ser humano, um ser biopsicossocial, desencadeia assim, um campo multifatorial que podem influenciar na conduta do mesmo, contribuindo para o desenvolvimento de um comportamento agressivo, que pode apresentar-se também, em um indivíduo, cuja funções mentais, são prejudicadas. Esses fatores podem apresentar-se de forma individual, a exemplo do adoecimento da personalidade e adoecimento do meio social, a exemplo da exclusão social (MONTEIRO & SILVA, 2013). A Psicologia relata que, o desenvolvimento do julgamento moral se dá, no entendimento da psicologia do desenvolvimento cognitivo (Kohl Berg, em ligação com Piaget) em cinco estágios: na orientação pelo castigo, na orientação egoísta e ingênua, na orientação pela aprovação social, na autoridade e na ordem social, na orientação pelo contrato legal e por fim, na orientação pela consciência moral (DORSCH; HÄCKER; STAPF, 2001, pp. 184-185, apud ARAÙJO, 2011).

Assim sendo, avalia-se que este sujeito, tem compreensão das leis, entende os seus processos mediante a sociedade, porém o que lhe falta é o conteúdo emocional e de pré-julgamento de suas próprias ações perante essa mesma sociedade e tão pouco, as respeita ou as leva a sério. Com relação ao sexo, Kaplan (2003) assegura que os primeiros sintomas em mulheres, apresentam-se na pré-puberdade e em homens, antes dessa fase e que a incidência se apresenta maior no homem do que em mulheres. Nesse contexto, entende-se que, o adolescente que apresenta características voltadas para os comportamentos de problemas sérios de conduta, devem ser mais bem observados pela escola, no que diz respeito a aproximação com o mesmo, com a família e com o meio em que o mesmo se encontra inserido, para que se busque dar a esse adolescente, o acompanhamento e encaminhamentos necessários para minimizar as questões voltadas as suas necessidades de saúde psíquica.

Existem uma gama de teorias que discorrem sobre as questões vinculadas ao surgimento da agressividade no comportamento humano e nas relações sociais, e por muitas vezes, que acabam trazendo situações também de violência no ambiente escolar e em todas as faixas etárias e que também estão vinculadas a fatores externos e internos desse ambiente. Conceição e Magrini (2008), discorrem sobre o fenômeno da agressividade, através dos estudos realizados, a partir de uma multiplicidade de fatores aos quais estão relacionados a família e ao meio social do indivíduo e tendo sua definição pautada nos comportamentos inadequados que tem o objetivo de prejudicar o outro e que esse outro, deseja evitar, acrescentando que a agressão pode apresentar-se de forma física, verbal, psicológica e ainda social, tendo para fundamentação dessas afirmações, duas teorias base sobre agressividade humana, que sustentam essa visão e que podem ser agrupadas da seguinte forma:

a) Teorias ativas: aquelas que defendem a agressividade como impulsos internos e inatos. A agressividade seria algo próprio da espécie humana e, portanto, impossível de evitar; b) Teorias reativas: aquelas que defendem que a agressividade tem influência ambiental. A agressividade seria uma reação aprendida no ambiente (FANTE, 2005, p. 162 apud CONCEIÇÃO & MAGRINI, 2008, p. 102).

Nesse contexto, compreende-se que no que diz respeito as Teorias Ativas, há uma resposta imediata do organismo físico, biológico as situações de conflito, é um componente que faz parte da essência humana que por sua vez, ocasiona um impulso de resposta a essas situações. Quando esse impulso violento é voltado para si mesmo, ocasiona por vezes o suicídio e podendo também, desencadear doenças psíquicas e prejuízos mentais, como também, doenças físicas a despeito de muitas doenças crônicas (CONCEIÇÃO & MAGRINI, 2008). Dessa forma, pode-se partir do pressuposto de que as crianças já nascem com uma determinada predisposição para a agressividade, porém, não necessariamente, pois as mesmas dependem também em parte, do contexto social em que as mesmas se encontram inseridas e que, por sua vez, possam desencadear nas mesmas, essas reações de agressividade ao meio como forma de defesa ou até mesmo de aprendizagem, como relata Fernández (2005, apud CONCEIÇÃO & MAGRINI, 2008, p, p. 102-103).

No decorrer da história da humanidade, o homem sempre lançou mão da agressividade ou enfrentou-a para a partir dela, se proteger e sobreviver, então este não é um tema específico relacionado a era moderna, mas sim, de fato, importante ao longo da história e que se seguiu com o desenvolvimento das civilizações, onde o homem sempre buscou defender os seus interesses próprios, muito embora, diferindo, em muitos aspectos, da agressividade entre os animais pois, o ser humano encontrou outras formas, no desenvolvimento de sua existência, para expor o seu comportamento agressivo sem ser pelos motivos anteriormente habituais, ou seja, por alimento ou por território, mas por uma multiplicidade de fatores intrínsecos e extrínsecos a ele, que envolvem todo o contexto de desenvolvimento e cultura tecnológica da era da modernidade aos quais não estão presentes as duas características encontradas nas motivações de agressão entre os animais, a saber, a universalidade e a periodicidade, que nos animais acabam, quando atendidas e no ser humano, pode persistir a partir do contexto social (CONCEIÇÃO & MAGRINI, 2008). É prudente não descontextualizar a discussão sobre a agressividade dos fatores relacionados as questões sociais e familiares. Enquanto alguns autores discorrem sobre as teorias físicas, biológicas e históricas, outros se debruçam nas questões mais visíveis e rotineiras a exemplo da aprendizagem da agressividade pela criança, como fruto de um meio hostil, onde pais e familiares conduzem o processo educativo ou “deseducativo” dessa criança, onde a mesma é reflexo dessa atitude comportamental.

É notório no ambiente escolar ver crianças e adolescentes interagindo com situações de brigas e desentendimentos, ou até mesmo de uma diversidade de agressões físicas, verbais e psicológicas, e quando se vai investigar, depara-se com filhos de pais agressivos entre si, lares desestruturados ou sem nenhum tipo de cuidado ou respeito com suas crianças e adolescentes. Então, pode-se avaliar que, inevitavelmente, essas crianças e adolescentes copiam e desenvolvem o mesmo comportamento agressivo e sem nenhum tipo de respeito ao próximo. Isto porque, se de um lado, as crianças absorvem a aprendizagem a partir de suas experiências em todos os âmbitos da vida, por outro, quando torna-se adolescente, depara-se com as questões da diversidade de conflitos internos, onde ainda está na busca de encontrar-se a si mesmo ou ao menos de aprender a lidar e a enfrentar os desafios da vida de forma coerente ao que aprendeu em seu modelo de absorção de valores e comportamentos que estão, indubitavelmente, relacionados as pessoas que os acompanham desde a infância: pais e familiares (CONCEIÇÃO & MAGRINI, 2008).

Considerações Finais

A partir dos estudos realizados e mediante os resultados do mesmo, pode-se concluir que, as indagações iniciais que norteou a presente pesquisa, foram respondidas, pois compreendeu-se quais são as características individuais que influenciam no comportamento agressivo de adolescentes no ambiente escolar, onde constatou-se que o adolescente agressivo, apresenta esse comportamento, a partir de uma multiplicidade de fatores aos quais estão relacionados a família e ao meio social do indivíduo, está também vinculado a uma série de fatores intrínsecos e extrínsecos, e que estão relacionadas as influências ambientais e neurobiológicas, que possuem um grau de valor acentuado e provavelmente, com níveis altíssimos de semelhança, no desenvolvimento da agressividade no adolescente.

Identificou-se as características de Problemas de Conduta (PDC) em adolescentes agressivos, a partir do levantamento de comportamentos de ordem diferenciada dos demais, quando o mesmo se apresenta de forma contínua e persistente, com intuito de prejudicar a outro ou ao ambiente e está relacionado a uma dificuldade constante de socialização de forma saudável com os demais, prejudicando a socialização do indivíduo ao meio. Avaliou-se também, que há uma mudança de comportamento do adolescente com relação a sua agressividade no ambiente escolar, quando as respostas a suas agressões não se baseiam apenas em punição, mas em aproximação dialógica com as figuras de autoridade. A partir das observações realizadas, entendeu-se que o objetivo geral foi alcançado com base na investigação e resultados obtidos nos questionários aplicados, tanto diretamente com os adolescentes e professores investigados, quanto nos levantamentos realizados a partir das fichas individuais dos alunos. Verificou-se nesse contexto, como é importante aproximar-se do conhecimento do funcionamento do processo de agressividade no adolescente, para a partir do perfil que se pode traçar, compreender melhor e por vezes, poder contribuir com a escola e a sociedade como um todo. Constatou-se também que, os objetivos específicos que foram delineados inicialmente mostraram-se atendidos, pois foram identificados os fatores que desencadeiam o desenvolvimento do comportamento agressivo em adolescentes, descritas as características dos PDC em adolescentes agressivos, apresentaram-se as características ambientais que são observadas no adolescente com PDC que mostra-se agressivo e a ocorrência de mudanças verificáveis, na maneira de lidar com o processo de agressividade no ambiente escolar. As hipóteses levantadas, considera-se que foram confirmadas, pois avaliou-se que os adolescentes com perfil de características ditas problemáticas pela escola, como por exemplo, diagnosticados com algum tipo de transtorno (Transtorno de Conduta (TC), Transtorno de Oposição Desafiante (TOD) e Transtorno de Personalidade Antissocial (TPAS)), abandono, abusos, casos de agressão doméstica já conhecida pela escola, entre outros fatores, apresentam um grau mais elevado de agressividade que se destaca dos demais em situações de conflito e que, a forma como os educadores lidam com esses adolescentes nas situações de agressividade, exercem influência de forma positiva ou negativa, no resultado do problema no espaço escolar.

O estudo das variáveis em conjunto mostrou-se importante no sentido da compreensão do processo tendo como base, os fatores físicos ou biológicos, porém, o que se não pode negar, é que inevitavelmente, as características agressivas e comportamentos atípicos e adversos ao convencional, são traços distintos e que, na grande maioria das vezes, esse desvio costuma ser estruturado desde a infância e na adolescência, sendo gerado por meios de comportamentos agressivos. A variável relacionada a análise das fichas e laudos médicos, mostrou-se um pouco mais importante que as demais, por apresentar características mais propensas a não contaminação, no sentido de se tratar de dados sociais e científicos relacionados aos adolescentes pesquisados e serviu de base para a compreensão de uma dimensão mais aprofundada com relação à saúde física, emocional, comportamental e mental dos mesmos.

Na compilação dos dados, análise e tabulação, assim bem como, nos resultados da pesquisa, constatou-se que, os adolescentes com perfil de características ditas problemáticas pela escola, como por exemplo, diagnosticada com algum tipo de transtornos a exemplo de: Transtorno de Conduta-TC, Transtorno de Oposição Desafiante-TOD, Transtorno de Personalidade Antissocial-TPAS e/ou outros transtornos, como também abandono, abusos, casos de agressão doméstica já conhecidas pela escola, entre outros fatores, apresentam graus mais elevados de agressividade que se sobressaem aos demais em situações de conflito. Avaliou-se também, que há uma mudança de comportamento do adolescente com relação a sua agressividade no ambiente escolar, quando as respostas a suas agressões não se baseiam apenas em punição, mas em aproximação dialógica com as figuras de autoridade.

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