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Boletim - Academia Paulista de Psicologia

versão impressa ISSN 1415-711X

Bol. - Acad. Paul. Psicol. vol.44 no.107 São Paulo  2024  Epub 02-Dez-2024

https://doi.org/10.5935/2176-3038.20240002 

TEORIAS, PESQUISAS E ESTUDOS DE CASO

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO NORDESTE DO BRASIL: 20 ANOS DE HISTÓRIA

Cognitive behavioral therapy in northeast Brazil: 20 years of history

Terapia cognitivo-conductual en el noreste de Brasil: 20 años de historia

Melyssa Kellyane Cavalcanti Galdino5 
http://orcid.org/0000-0001-7180-3458

Caroline da Cruz Pavan - Candido6 
http://orcid.org/0000-0003-3398-6032

Shirley de Souza Silva Simeão7 
http://orcid.org/0000-0002-7866-2210

Irismar Reis de Oliveira8 
http://orcid.org/0000-0002-9680-9247

Neuciane Gomes da Silva9 
http://orcid.org/0000-0002-1262-4457

Neuraci Gomes de Araújo10 
http://orcid.org/0000-0002-4081-3773

Nielky Kalliellanya B. da Nóbrega11 
http://orcid.org/0000-0002-1468-762X

Neuza Cristina dos Santos Perez12 
http://orcid.org/0000-0003-4515-5121

Juliane Matos de Moraes Nogueira13 
http://orcid.org/0009-0005-7367-9653

Eleonardo Pereira Rodrigues14 
http://orcid.org/0000-0002-0484-0934

Beneria Yace Donato15 
http://orcid.org/0009-0009-0456-5336

Sandra Virginia Ribeiro Ory16 
http://orcid.org/0009-0000-5829-2219

Carmem Beatriz Neufeld17 
http://orcid.org/0000-0003-1097-2973

5Universidade Federal da Paraíba

6Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto

7Universidade Federal da Paraíba

8Universidade Federal da Bahia

9Universidade Federal da Bahia

10Instituto Minerva de Educação Avançada (IMEA)

11Faculdade Pernambucana de Saúde

12Universidade Federal do Piauí

13Centro Universitário Estácio do Ceará

14Universidade Estadual do Piauí

15Faculdade Integrada do Recife

16Clínica de Psicologia Ory

17Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto


Resumo

Este artigo tem como propósito descrever o desenvolvimento da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) na região Nordeste do Brasil através de percepções e experiências de profissionais da área. O interesse pela origem e desenvolvimento das TCCs no Nordeste possibilita identificar as influências sócio-históricas para o surgimento da TCC no estado e soma-se a um escopo de trabalhos nacionais e mundiais com interesse pela história das TCCs. Foi realizado um levantamento bibliográfico de publicações impressas e digitais, além de entrevistas com psicólogos especialistas em TCC da região. Destaca-se o papel de professores de instituições de ensino superior da região para o surgimento e desenvolvimento da abordagem, a relevância dos eventos regionais para a difusão dos conhecimentos e a atual consolidação da TCC enquanto prática clínica no Nordeste. Compreende-se que a expansão da TCC no meio acadêmico e clínico nesta região acompanha as mudanças que ocorreram no âmbito nacional e mundial.

Palavras-chave: terapia cognitivo-comportamental; história; Brasil

Abstract:

This article aims to identify and analyze, in historical perspective, the development of Cognitive-Behavioral Therapy (CBT) in the Northeast region of Brazil. Interest in the origin and development of CBTs in the Northeast makes it possible to identify the socio-historical influences for the onset of CBT in the state and adds to the scope of national and global works with an interest in the history of CBTs. A bibliographic survey of printed and digital publications and interviews with psychologists specialized in CBT in the region were carried out. The role of teachers of higher education institutions in the region is highlighted for the development of the approach, the relevance of regional events for the dissemination of knowledge and the current consolidation of CBT as a clinical practice in the Northeast. It is understood that the expansion of CBT in the academic and clinical environment in the Northeast of Brazil accompanies the changes that have taken place at the national and global levels.

Keywords: cognitive-behavioral therapy; history; Brazil

Resumen:

Este artículo tiene como objetivo describir el desarrollo de la Terapia Cognitivo-Conductual (TCC) en la región Nordeste de Brasil a través de las percepciones y experiencias de profesionales del área. El interés por el origen y el desarrollo de la TCC en el Nordeste permite identificar las influencias sociohistóricas para el surgimiento de la TCC en el estado y se suma a un ámbito de trabajos nacionales y globales con interés en la historia de la TCC. Se realizó un levantamiento bibliográfico de publicaciones impresas y digitales, además de entrevistas a psicólogos especialistas en TCC de la región. Se destaca el papel de los profesores de instituciones de educación superior de la región en el surgimiento y desarrollo del enfoque, la relevancia de los eventos regionales para la difusión del conocimiento y la actual consolidación de la TCC como práctica clínica en el Nordeste. Se entiende que la expansión de la TCC en el entorno académico y clínico de esta región sigue los cambios que han ocurrido a nivel nacional y mundial.

Palabras clave: terapia cognitivo-conductual; historia; Brasil

Introdução

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) engloba uma série de modelos terapêuticos que, apesar de distinções filosóficas, teóricas e práticas, compartilham características terapêuticas (Herbert, Gaudiano & Forman, 2013) e utilizam estratégias cognitivas, comportamentais e/ou focadas nas emoções (Hofmann, 2011). No Brasil, a expansão no meio acadêmico e clínico das TCCs ocorreu no final dos anos 1980 (Neufeld et al., 2015a) e percorreu uma trajetória semelhante à de outros países (Rangé, Falcone & Sardinha, 2007). Relacionou-se a uma série de fatores históricos, tais como insatisfações com a psicanálise e com a abordagem comportamental não-mediacional para explicar o comportamento humano (Knapp & Beck, 2008), além do crescente corpus de pesquisa que sustentava a eficácia clínica das intervenções cognitivo-comportamentais (Dobson & Dozois, 2001). O interesse pela história das TCCs é evidenciado pelo escopo de trabalhos que descrevem seu surgimento e desenvolvimento a nível mundial (Dobson & Dozois, 2001), e em países específicos, como França (Seiden, 1994), Argentina (Korman, Viotti & Garay, 2015) e Brasil (Rangé et al., 2007; Shinohara & Figueiredo, 2011) e pode ser embasado pelos propósitos da historiografia, que possibilita, através da análise da origem de determinadas questões, observar como uma área do conhecimento trilhou certos caminhos, e identificar as diversas influências sociais, políticas, econômicas e pessoais que um cientista ou ciência sofreu (Morris et al., 1990). Entretanto, o relato do desenvolvimento das TCCs no nordeste do Brasil ainda é inexistente, apesar de pesquisas dessa natureza já terem sido realizadas em terapia analítico-comportamental (Barbosa et al., 2017). O nordeste do Brasil é formado por nove estados da federação, do Maranhão à Bahia, e 42 mesorregiões. Representa 18,2% da área do território nacional e 28% da população do país (Silveira Neto, 2014). Alguns aspectos balizam a importância de estudos históricos da TCC do nordeste, entre eles, a criação de cursos de pós graduação lato sensu na área, a realização frequente de eventos científicos regionais de TCC e a publicação crescente de periódicos e livros especializados de pesquisadores e terapeutas nordestinos. Com isso, o presente artigo tem o propósito de descrever a história da TCC no nordeste do Brasil, relacionando-a á eventos científicos e profissionais em cada estado, procurando mostrar, em cada um deles, como ocorreu o desenvolvimento da TCC e a difusão de saberes. Nesse sentido, faz se a opção por uma história regional, ou nativa, pelo reconhecimento de particularidade de cada região. A proposta tem ainda como premissa, favorecer a apresentação da situação atual do ensino e pesquisa das universidades do nordeste brasileiro para estudantes e profissionais desta área, de modo a contribuir para o avanço na área nesta região.

Método

Foram priorizadas as fontes primárias, como preconizado pela literatura, dentre elas, livros, capítulos, artigos científicos e websites. Foi utilizado também um questionário semidirigido composto de oito perguntas e um resumo, destacando os objetivos da pesquisa, enviado por e-mail para profissionais da TCC do nordeste, selecionados por conveniência. Os critérios de escolha destes profissionais foram: profissionais com atuação clínica de no mínimo 10 anos, verificado por meio de consulta prévia ao currículo Lattes, ou representantes regionais da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC). Dos dez questionários enviados, oito retornaram respondidos. O questionário foi composto das seguintes perguntas: 1. Como foi o surgimento da TCC no estado? 2. Quem foram os profissionais responsáveis, datas e eventos que marcaram o surgimento e consolidação da TCC no estado? 3. Como é a formação de profissionais? 4. Existem cursos de graduação e pós graduação? 5. Existem grupos de pesquisa? 6. Existem Associações de Terapias Cognitivas? 7. Qual a perspectiva futura da TCC no estado? 8.Quais os tipos de TCCs tradicionais na formação dos profissionais e quais vem ganhando força?

Foram realizadas entrevistas com Marcos Rogério de Sousa Costa e Irismar Reis, profissionais da saúde mental, e pioneiros, responsáveis pelo surgimento das TCCs no nordeste, seguindo as mesmas perguntas do questionário semidirigido. As entrevistas foram gravadas e transcritas, e as respostas às perguntas foram transcritas em texto corrido. Todos os textos foram enviados por e-mail para os oitos profissionais que responderam aos questionários, os quais realizaram correções e/ou acréscimo de informações.

Após a leitura dos dados transcritos, das respostas aos questionários e dos demais materiais bibliográficos relacionados a pesquisa, foram organizados textos com a descrição histórica e caracterização das TCCs em cada estado.

Resultados

1. Paraíba

A história da TCC no nordeste começou a ser difundida em João Pessoa, na Paraíba, por Marcos Rogério de Sousa Costa (Rangé et al., 2007), que desde sua graduação, apresentou interesse pelos aspectos cognitivos como mediadores do comportamento. Docente do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ) enfatizou tais aspectos em suas aulas, baseado em modelos comportamentais e cognitivos. Em 1985 foi procurado por graduandos concluintes do curso do UNIPÊ para coordenar um grupo de estudos sobre teorias psicológicas, e ao longo dos encontros, por interesse próprio, realizou um aprofundamento teórico no comportamentalismo. A repercussão do grupo culminou na primeira jornada científica coordenada por ele, tendo como convidado internacional Harald Lettner, na época professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Em 1987, a convite do próprio Lettner, Marcos Rogério passou seis meses realizando acompanhamento de suas atividades profissionais, acadêmicas e técnico-científicas. Foi uma oportunidade de aprofundamento de seus estudos e realização de atendimentos clínicos na PUC-Rio e no Instituto de Psicoterapia Comportamental do Rio de Janeiro (IPCRJ). Neste mesmo período, Marcos Rogério firmou parcerias pelos contatos com Geraldo da Costa Lanna, Bernard Rangé, Eliane Falcone e outros expoentes da TCC no contexto nacional. Em seu retorno a João Pessoa continuou com seu grupo de estudos, no formato de extensão universitária, e realizou uma série de jornadas, cursos e seminários científicos com profissionais convidados, como Bernard Rangé, Roberto Banaco e Raquel Kerbauy. Mas foi em 1989, por solicitação dos acadêmicos de psicologia, que Marcos Rogério implantou a supervisão em Psicologia Clínica Cognitivo-Comportamental no UNIPÊ, primeira universidade do Nordeste a oferecer estágio nesta abordagem (Costa, 1997; Rangé et al., 2007; Lipp, Malagris & Tricoli, 2022). Em 2005, após reformulação do projeto político pedagógico do curso, o UNIPÊ passou a oferecer a disciplina “Fundamentos da Terapia Cognitivo-Comportamental” em sua matriz curricular, a primeira disciplina exclusivamente de TCC na Paraíba. Além disso, Marcos Rogério foi presidente da Sociedade Brasileira de Terapias Cognitivas (SBTC) na gestão 2001/2003, e atuou como representante estadual da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC), de 2005 a 2011. Ele expandiu a produção científica da Paraíba para o contexto nacional, e auxiliou a popularização da abordagem em todo Nordeste, ministrando cursos de formação de profissionais em estados vizinhos. Neste período, além da formação de um grande número de profissionais no estado, uma vasta gama de eventos científicos ocorreram em João Pessoa, a exemplo da quarta edição do Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas, em maio de 2003 (Neufeld et al., 2015a).

Em 1997, Benéria Donato fundou o Psicocenter - atualmente desativado, um centro de estudos para formação e aprofundamento teórico, e realização de eventos em TCC, que foi importante para a formação de diversos profissionais da área. Em 2004, foi iniciado o primeiro curso de pós-graduação lato sensu em Psicologia Cognitivo-Comportamental de João Pessoa, proposto e executado por Elinaldo Quirino Leal, intermediado por Otávio Machado Lopes Mendonça e chancelado pela Universidade Integrada de Patos- FIP. Historicamente, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), houve disciplinas relacionadas à Terapia Comportamental, como a disciplina “Teorias e Técnicas Comportamentalistas”, além de supervisão clínica na área, desde 1978, com Almir Del Prette, e em seguida em 1983, com Zilda Del Prette. Entretanto, o início da TCC na UFPB também foi relacionado a Marcos Rogério quando, a convite da coordenadora do curso de psicologia, Marcos Rogério ministrou em 2003, como professor voluntário, supervisão de estágio em TCC para duas turmas de graduação. A disciplina “Teoria e Técnicas Comportamentalistas” voltou a ser oferecida em 2007, mas com foco na TCC, ministrada por Melyssa Galdino, ex-aluna de Marcos Rogério e na época professora substituta da UFPB. Também no mesmo ano foram retomadas as turmas de supervisão clínica em TCC. Inicialmente com Melyssa Galdino, e em seguida com Nilse Chiapetti, contratada em 2007. Em 2013, com a aprovação em concurso público como professora adjunta, Melyssa Galdino criou o Laboratório de Pesquisas em Cognição e Comportamento (LAPECC-UFPB), primeiro laboratório de pesquisas em TCC da Paraíba, com alunos da graduação e pós-graduação a nível de mestrado e doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Neurociência Cognitiva e Comportamento (PPGNeC). Outro importante acontecimento para a área, no estado, ocorreu em 2017, com a aprovação em concurso público da UFPB de Shirley de Souza Silva Simeão, representante estadual da FBTC desde 2012, com atuação ativa no fortalecimento da TCC no estado mediante realização de cursos, workshops e eventos científicos. Observa-se que o surgimento da TCC foi na capital do estado, João Pessoa, e restrito ao UNIPÊ e UFPB, mas atualmente, todas as Instituições de Ensino Superior (IES) da Paraíba oferecem disciplinas, cursos de formação ou de aperfeiçoamento. Das seis universidades públicas e privadas do estado que participaram de um mapeamento nacional, quatro elencam alguma disciplina de TCC na matriz curricular do curso de psicologia (Neufeld et al., 2018). Atualmente existem sete pós graduações lato sensu relacionadas a TCC no estado. A formação em terapia cognitiva Beckiana predomina no estado. Entretanto, observa-se um crescimento das terapias comportamentais contextuais, especificamente a terapia de aceitação e compromisso (ACT), com grupos de formação e workshops coordenados por Simone Nepomuceno. Também é visível um movimento de interiorização da TCC no estado.

2. Bahia

Em Salvador, em 1998, o professor de psiquiatria e psicofarmacologia Irismar Reis de Oliveira iniciou o movimento de estudos em TCCs no estado a partir de sua participação em cursos realizados em Porto Alegre, vinculados ao Beck Institute. Seu envolvimento o levou imediatamente a praticar os conhecimentos da abordagem em seu âmbito clínico. Em 1999 e 2000, voltou a realizar os mesmos cursos em São Paulo e no próprio Beck Institute, com supervisão clínica.

Já em 1998, realizou reuniões acadêmicas sobre a TCC com seus alunos na enfermaria do setor de psiquiatria do Hospital das Clínicas (HC), em Salvador. Tornou-se professor titular da Universidade Federal da Bahia (UFB) em 2000, e intensificou a prática clínica realizando atendimentos de casos clínicos graves, gravados em vídeo, para demonstração prática da abordagem, e publicação em periódicos de grande impacto. Em 2004 e 2005 passou a realizar encontros acadêmicos mensais no setor de psiquiatria do HC, o que culminou no primeiro curso de especialização em Terapia Cognitiva (2006/2007), em colaboração com Vânia Powel (Rangé et al., 2007). Em 2006, Irismar Reis começou a executar a TCC em moldes pessoais, desenvolvendo técnicas relacionadas à reestruturação cognitiva, entre elas, o registro de pensamento com base na reversão de sentenças (Oliveira, 2007). A técnica foi aprovada em seus moldes pelo próprio Aaron Beck, e Irismar Reis foi estimulado pelo mesmo a dar continuidade em suas pesquisas. A publicação Sentence-reversion-based thought record (SRBTR): a new strategy to deal with " yes, but " dysfunctional thoughts in cognitive therapy é considerada o nascimento da Terapia Cognitiva Processual (TCP), um novo tipo de TCC, originalmente brasileira e contextual, baseada no interesse do autor pelas ideias do livro “ O processo”, de Franz Kafka, e a junção de duas técnicas cognitivas, a reversão de sentenças e o advogado de defesa, unidas a preceitos metodológicos da Gestalterapia (Oliveira, 2007). A partir de então, várias outras técnicas dinâmicas foram desenvolvidas e fomentadas na TCP, que está consolidada no âmbito nacional e internacional, consta de um grande número de manuais e artigos científicos. Além disso, Irismar Reis é responsável por uma série de cursos de formação no Brasil e fora do país e pela fundação do Instituto de Terapia Cognitiva Processual, sediado atualmente nos Estados Unidos da América. No contexto nacional, Irismar formou o núcleo de terapias cognitivas da Bahia, como representante das TCCs no estado. Entretanto, o núcleo foi desativado e atualmente o estado conta com delegados representantes da FBTC. Em termos de formação discente, a nível de graduação, de 11 IES mapeadas, oito possuem disciplinas de TCC em sua matriz curricular (Neufeld et al., 2018). A nível lato sensu, desde 2006 o estado conta com cursos frequentes de especialização. Em termos de formação stricto sensu, atualmente a pesquisa em TCC, especificamente sobre o desenvolvimento da terapia cognitiva processual, tem se intensificado com alunos de mestrado e doutorado do professor Dr. Irismar Reis. Observa-se que, além da expansão acadêmica, a maior contribuição da Bahia historicamente para o Nordeste, e a nível nacional e internacional, foi o surgimento e atual expansão da terapia cognitiva processual.

3. Pernambuco

O surgimento da TCC no estado começou com o primeiro curso de TCC ministrado por Bernard Rangé em 1992, durante a IX Jornada Pernambucana de Psiquiatria, a convite da psiquiatra Kátia Petribú (Donato, Nunes & Sougey, 2018), e por iniciativa do então presidente da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria Clínica e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o psiquiatra Everton Sougey. No final dos anos 90, Everton Sougey e um grupo de profissionais, entre eles Adriana Bandeira, Arnaldo Assumpção, Beneria Donato, Luciana Gropo e Marcelino Bandim, tentaram criar uma sociedade científica de TCC. Entretanto, pela falta de ligação com outras sociedades e cenário político e social do país na época, a tentativa não teve êxito. Ainda assim, Everton Sougey continuou no processo de difusão da TCC com a realização de cursos e palestras, entre eles o curso de psicoterapia cognitivo-construtivista, com Cristiano Nabuco e Ricardo Franklin, em Recife. Em 1998, as psicólogas Benéria Donato e Erika Marques, vindas de João Pessoa com formação em TCC com Marcos Rogério, ministraram em Recife, um curso de introdução à TCC. No ano seguinte, Benéria Donato, passou a atuar como psicóloga clínica, e estabeleceu um convênio com a UFPE para supervisionar alunos de graduação em psicologia com interesse em TCC, ajudando a difundir a abordagem no estado. Em 2002, para marcar oficialmente a existência de um grupo de TCC no estado, as psicólogas Adriana Bandeira, Benéria Donato, Cristina Jatobá, Jacira Andrade, Luciana Gropo e Tereza Rego criaram o Núcleo Pernambucano de Psicoterapia Cognitivo-Comportamental (NPC), com sede em Recife. Os trabalhos de supervisão em TCC no núcleo se intensificaram em 2003 com o início de mais grupos supervisionados em TCC, mas em 2005 o NPC foi desativado. Na tentativa de difundir a TCC no estado, em 2004 foi fundada a Associação Pernambucana de Psicoterapia Cognitivo-Comportamental (APC), que tinha como coordenadora Benéria Donato. Na gestão de Reginete Cavalcanti (2008-2012), a APC associou-se à Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC) passando a ter o nome de Associação de Terapias Cognitivas do Estado de Pernambuco (ATC-PE). Desde a sua implantação, a ATC-PE vem oferecendo encontros científicos mensais gratuitos para seus associados, realizando o Simpósio Pernambucano de TCC e cursos com a presença de professores convidados de outros estados. No final de 2005 o departamento de psiquiatria da Universidade de Pernambuco (UPE) iniciou os trabalhos científicos e de atendimento em grupo com pacientes e familiares portadores de transtorno obsessivo-compulsivo, coordenado pela psiquiatra Kátia Petribú. Com a expansão da TCC no estado e a reforma de projetos políticos pedagógicos, diversas IES com graduação em psicologia implantaram a disciplina em sua matriz curricular. A Faculdade de Ciências Humanas (ESUDA) possui desde 2005 disciplinas específicas em seu curso e ofereceu a primeira turma de pós-graduação lato sensu em TCC do estado. A Faculdade Estácio do Recife também tem disciplina e estágio clínico em TCC, desde 2005, e outras IES também possuem disciplinas, estágio clínico, cursos de formação e de pós-graduação, a exemplo da Faculdade Frassinete do Recife (FAFIRE), que iniciou a pós-graduação em 2007, e em 2015 já havia formado mais de 10 turmas. A UPE, Faculdades Integradas da Vitória de Santo Antão (FAINTVISA), Faculdade Maurício de Nassau (Uninassau), Esuda, UFPE e o Psicocenter em Recife, também promovem formação com estágio clínico e cursos específicos em TCC. Das 13 IES do estado que participaram do mapeamento nacional sobre o ensino da TCC no Brasil, sete elencaram ministrar a TCC dentre suas abordagens em uma ou mais disciplinas nos cursos de psicologia (Neufeld et al., 2018).

4. Rio Grande do Norte

Motivado pela TCC como um novo caminho na história dos tratamentos das psicopatologias, Maurilton Morais reuniu-se com outros profissionais e organizaram alguns cursos e jornadas de curta duração em Natal, o que levou à posterior constituição de um grupo de formação teórico-prático em TCC, sob supervisão de Marcos Rogério. De 1997 a 2008 foram formadas três turmas de supervisão.

Em 1998, Neuciane Gomes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) foi designada para ministrar a disciplina “Behaviorismo” no Departamento de Psicologia. Em contato com professores da Universidade Federal do Pará, recebeu indicações de literatura para sua preparação, incluindo os livros “Psicoterapia comportamental e cognitiva dos transtornos psiquiátricos” e “Psicoterapia comportamental e cognitiva: Pesquisa, prática, aplicações e problemas” (Rangé, 1995). A leitura das obras a incentivou a iniciar seus estudos em TCC, por iniciativa e interesse individual, visto que no curso de psicologia da UFRN não havia disciplinas obrigatórias desta área. Em 2000, promoveu um curso de extensão em TCC, e em 2001 organizou um grupo de interessados na prática da TCC, que foi supervisionado por Benéria Yace Donato, por dois anos. Em 2004, Neuciane iniciou a primeira turma de estágio supervisionado em TCC de grupo e individual na vertente Beckiana, na UFRN. Até 2007, o curso de psicologia da UFRN não contava com disciplinas de TCC, mas com a implantação da reforma curricular, houve o registro de duas disciplinas optativas nomeadas “Tópicos na abordagem cognitivo-comportamental I” e “Tópicos na abordagem cognitivo-comportamental II”. No mesmo ano foi iniciado o primeiro curso de especialização lato sensu em TCC em uma instituição federal, ministrado quase em sua totalidade por professores do nordeste. O curso, aprovado pela Pró-reitoria de Pós-graduação da UFRN, tem coordenação de Neuciane Gomes, e em 2019 estava em sua quarta turma. Em 2013, um grupo de profissionais e estudantes de psicologia do estado criou o Pró/ATC-RN. Liderados por Neuciane Gomes, na ocasião delegada regional da FBTC, e por Sandra Uchoa - ex-delegada e ex-secretária da FBTC, e atual vice-presidente da ATC-RN, passaram a trabalhar intensamente no sentido de promover ações de divulgação das Terapias Cognitivas, da FBTC e da futura ATC-RN, com vistas a arrecadar fundos para sua fundação. Em 13 de julho de 2015 foi realizada a assembleia de fundação da ATC-RN, com ata aceita pelo cartório em 05 de abril de 2016. Desde a formação do Pró/ATC-RN, uma série de eventos foram realizados com o objetivo de divulgar a TCC no RN, dentre eles o Workshop Internacional sobre transtornos de personalidade com Vicente Caballo, em 2013. Após a fundação da ATC-RN as ações continuaram, tendo como destaques a I Jornada Online em TCC em 2016, e dois Workshops ministrados por Ricardo Wainer, em 2016 e 2017; além de uma palestra sobre a TCC em 2017 e um mini-workshop sobre TCC em grupo para crianças e adolescentes, ministrados por Carmem Neufeld, em 2016 e 2017. Outros cursos e eventos vêm sendo promovidos por psicólogos da iniciativa privada. Em destaque o Instituto Camboim & Petrucci que promoveu a I Jornada em TCC, em 2018 e atualmente possui turmas de curso de formação em Natal e capacitação em Mossoró; e a Clínica Metacognitiva, de Diego Macedo, que promoveu dois cursos de formação em TCC voltados para a infância e adolescência. Atualmente, vários professores ministram disciplinas de TCC em IES públicas e privadas no estado, em sua maioria antigos estagiários de Neuciane Gomes. Das nove IES do estado, sete participaram do mapeamento nacional, e apenas uma não elencava a TCC como disciplina em sua matriz curricular (Neufeld et al., 2018). De forma geral, a vertente teórica dominante é a TCC Beckiana, porém, para além da formação em IES, por iniciativas pessoais, há psicólogos se dedicando a Mindfulness, Terapia do Esquema e terapia focada na compaixão.

5. Maceió

As TCCs começaram a ser difundidas em Maceió, Alagoas, em 2004, através do trabalho de Christiane de Melo Peixoto, Márcia Torres Prado Melo e Maria Cilene Holanda Gameleira, que no mesmo ano fundaram o Núcleo Alagoano de Psicoterapias Cognitivas (NAPC), que promovia atividades de ensino, pesquisa e promoção de eventos de cunho científico, e seu último curso de extensão universitária e aperfeiçoamento profissional ocorreu em 2012. Para dar continuidade ao desenvolvimento das Terapias Cognitivas em Alagoas, foi fundada em 2007, em Maceió, a Associação de Terapias Cognitivas de Alagoas (ATC-AL), tendo como presidente Márcia Torres Prado Melo. Com o intuito de fortalecimento e divulgação das Terapias Cognitivas no estado, a cidade foi sede da quinta edição do Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas, em março de 2009. Em 2016 foi constituído o I Grupo de Estudos em Terapias Cognitivas (PROCOGNITIVA), com encontros mensais e participação exclusiva dos associados da ATC-AL, e em 2017, na gestão de Nielky Kalliellanya B. da Nóbrega, a ATC Alagoas completou 10 anos. Para celebrar a data, promoveu o I Congresso - Terapias Cognitivas: Pluralidade e Diversidade. No contexto acadêmico os profissionais começaram a conquistar espaço em 2010, no Centro Universitário Tiradentes (UNIT), com disciplinas e estágio clínico na área. Entre os profissionais responsáveis estão Christianne Assumpção Couto, Katiúscia Karine Martins da Silva e Nielky Kalliellanya B. da Nóbrega. A Faculdade Estácio de Alagoas também oferece disciplina desde 2016 e sua primeira turma de estágio clínico em TCC foi em 2017. Atualmente, existem cursos de formação em TCC promovidos pelo Centro de Excelência da Vida (CEV) e Pós Graduação (Lato Sensu) pelo Espaço Cursos. A popularidade das TCCs em Alagoas é crescente, e atualmente o interesse de alguns profissionais gira em torno da Terapia do Esquema e Terapia Comportamental Dialética.

6. Sergipe

Os primeiros relatos de TCC em Sergipe datam de 2002, com a professora Ana Lucia da Fonseca, autodidata sobre o tema, ministrava supervisão clínica na abordagem na Universidade Tiradentes (UNIT). No mesmo ano, Neuraci Araújo, Ana Lucia Fonseca, Karina Guimarães e Maria Ines de Oliveira formaram um grupo de estudo que em 2005 culminou na primeira turma de pós graduação lato sensu em TCC no estado, pelo Centro de Estudo Silvio Romero, certificado por chancela da Faculdade Candido Mendes (UCAM -RJ), organizado por iniciativa da coordenadora Maria Goretti da Fonseca e de Neuraci Gonçalves de Araújo, que ajudou a formar a turma. Em 2005, chegou a Aracaju o primeiro terapeuta cognitivo com especialização na área, Alexandre Jose Raad, que foi contratado como professor da UNIT, que já oferecia estágio supervisionado em TCC na graduação, mas sem corpo docente especializado. Com a modificação do projeto político pedagógico entre 2005/2006 a UNIT passou a ter em sua matriz curricular a primeira disciplina de TCC. Atualmente, das quatro IES do estado, apenas uma não elenca as TCCs em seu projeto político-pedagógico (Neufeld et al., 2018). Em relação à formação de pós-graduação lato sensu, com a fundação do Instituto Minerva de Educação Avançada (IMEA), que atua como um núcleo da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG), desde 2007, as turmas de especialização são constantes. Em 2007, Neuraci Araújo foi convidada para ser delegada estadual da então SBTC (atualmente FBTC). Em sua gestão foram promovidas uma série de eventos científicos, como a primeira jornada Sergipana de TCC (JoSeTCC) em 2008, que desde então acontece a cada 2 anos.

7. Ceará

O ensino de abordagens psicoterápicas baseadas em evidências no Ceará teve início em 1986, na Universidade Federal do Ceará (UFC), com enfoque na Terapia Comportamental. O início das TCCs é mais recente e se deu por iniciativa de profissionais que foram buscar formação fora do estado. Destaca-se o psicólogo João Virgílio Ribeiro, que em 2003 começou a trabalhar com TCC no âmbito clínico, e o psiquiatra Alexandre Menezes Sampaio, coordenador de um programa de residência em psiquiatria do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM). No programa de residência, Alexandre Sampaio organizou grupos terapêuticos para pacientes com pânico e fobias específicas, utilizando a TCC no formato grupal. Em 2007, Alexandre de Aquino Câmara se associou a Alexandre Sampaio na formação de grupos terapêuticos para pacientes com Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Foi a partir de então, que residentes de psiquiatria começaram a ter conhecimento da TCC como abordagem psicoterapêutica.

Em 2009, os residentes começaram a receber aulas isoladas de TCC durante suas atividades teóricas e em 2012 foi dado início ao módulo de TCC na matriz curricular da residência de psiquiatria do HSM. Com o crescente interesse, formulou-se dentro do programa de residência um módulo teórico com carga horária de 20 horas/aula. Além dos professores e psiquiatras já citados anteriormente, somaram esforços nessa iniciativa os psiquiatras Camilla Maroni Marques Freire de Medeiros e Raul Castro Alves Nepomuceno, todos especialistas em TCC.

Também em 2009 foi criado o curso de pós-graduação lato sensu no estado, promovido pelo Centro Universitário Unichristus, sob a coordenação dos psicólogos Ciro Goiana Memória e Cleomar Landim de Oliveira. O corpo docente era composto tanto por profissionais locais como de outros estados. De 2009 até 2017 foram formados 111 profissionais nessa abordagem, dentre eles Juliane Matos de Moraes Nogueira, docente no Centro Universitário Estácio, do Ceará, que foi a primeira IES a ofertar uma disciplina de graduação exclusivamente voltada ao ensino da TCC, no estado, no segundo semestre de 2014. A oferta da disciplina com ênfase em TCC foi naturalmente derivada do currículo nacionalizado desta instituição de ensino. Além das disciplinas de caráter teórico e de estágio clínico supervisionado, foram ofertados três grupos de estudo e um programa de extensão universitária em TCC, o NuTOC - Núcleo de Estudos e Tratamento do Transtorno Obsessivo-Compulsivo - coordenado por Juliane Matos de Moraes Nogueira.

Vale ressaltar que, em paralelo a este movimento no Centro Universitário Estácio do Ceará, docentes da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) tomaram a iniciativa de apresentar conceitos e práticas da TCC em suas supervisões de estágios promovidos dentro da universidade. Entre estes docentes, Catarina Nívea Bezerra Menezes e Cybele Ribeiro Espíndola, em estágios que acontecem no Núcleo de Atenção Médica Integrada - NAMI, no Hospital Dr. Carlos Alberto Studart Gomes e no Hospital de Saúde Mental Prof. Frota Pinto, e Daniela Dias Furlani Sampaio, em estágio vinculado à área social escolar. No primeiro semestre de 2017, a UNIFOR começou a ofertar a disciplina “Tópicos Especiais em Psicologia Clínica” com enfoque na TCC.

A Uninassau, desde 2015, também oferece uma disciplina de TCC e supervisão de estágio clínico. Na UFC não existem disciplinas de TCC, mantendo a tradição da terapia comportamental. Entretanto, existe um grupo de estudos e pesquisa denominado Núcleo de Avaliação Psicológica em Saúde, (NapsiS-UFC), fundado e coordenado em 2016 por Estefanea Élida da Silva Gusmão, que realiza estudos em psicologia clínica, psicologia cognitiva, psicologia positiva e em TCC. Dentre as 15 IES do estado, apenas quatro contam com disciplinas específicas de TCC em sua matriz curricular (Neufeld et al., 2018), mas o ensino no âmbito da pós-graduação lato sensu é crescente. Em 2015, aconteceu a primeira turma do curso de especialização em TCC da infância e adolescência do Ceará, organizado pelo Centro de Terapia Cognitiva Veda (CTC Veda). A formação da primeira turma teve impulso a partir da realização do 1º Workshop de Terapia de Reciclagem Infantil (TRI) em Fortaleza, com Renato e Mariana Caminha. O evento foi promovido a convite de Alexandre Aquino Câmara e, desde então, foram realizadas mais três edições. É importante ressaltar a participação da Conviv Neurociências e Reabilitação e do Espaço UNO, grupos locais articuladores destas formações e eventos relacionados a TCC na infância e adolescência no estado. Outras formações, como de terapias de terceira onda também já foram realizadas em Fortaleza, como o Curso de Formação em Terapia do Esquema (TE), organizado pela Wainer Psicologia Cognitiva, em 2017, o Curso Intensivo de Práticas de Mindfulness, ministrado pelo psicólogo clínico Vitor Friary e organizado pelo Espaço UNO, e o curso de Treinamento de Habilidades em Terapia Comportamental Dialética (DBT), organizado pelo mediador Centro de Desenvolvimento Profissional.

8. Piauí

A oficialização das TCCs no estado se deu em 2004, quando os acadêmicos Mateus Brasileiro, Teresa Maria Nunes, Islene Cristina Cardoso de Araújo e Fauston Negreiros, do Curso de Psicologia da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) convidaram os professores e psicólogos João Damasceno Neto, Hadassa Pinheiro Santiago e Eleonardo Pereira Rodrigues para construírem uma associação que conglomerasse os modelos comportamental e cognitivo. Em 10 de setembro de 2004 foi oficializada a Sociedade Piauiense de Psicologia Cognitiva e Comportamental (SPPC), com diretoria composta por Eleonardo Rodrigues (Presidente), Islene Araújo (Vice-Presidente), Teresa Nunes (Secretária), Mateus Brasileiro (Tesoureiro), Hadassa Santiago (Segunda-Secretária), João Damasceno e Fausto Negreiros (Coordenação Científica) e Bethânia Rabêlo dos Santos (Segunda-Tesoureira). A SPPC tinha como objetivos promover o desenvolvimento das áreas nos seus fundamentos científicos, práticas e princípios éticos; promover a capacitação e formação continuada de docentes e discentes, incentivar a formação de pesquisadores, organizar conferências e cursos, e promover o intercâmbio entre as agências formadoras do ensino superior de Psicologia. Foi responsável pela realização de uma série de eventos, a exemplo do I Simpósio Piauiense de Atualizações em Psicoterapias Cognitivas e Comportamentais em 2004, I Congresso Piauiense de Psicologia Cognitiva e Comportamental, em 2007, e o II Congresso Piauiense de Psicologia Cognitiva e Comportamental associado ao II Encontro Nordestino de Análise do Comportamento em 2008. Porém, na gestão 2006-2008 a SPPC foi desativada.

Na época da desativação da SPPC, Eleonardo Rodrigues já exercia a função de delegado estadual da FBTC, mantendo-se na função entre 2007 e 2013, seguido por Neuza Cristina (2013-2015) e Rodrigo Lopes (2015-2017) nas gestões seguintes. A ATC está em processo de desenvolvimento e discussão no estado. No ano de 2007, a Universidade Federal do Piauí (UFPI), criou o curso de graduação em psicologia no Campus Ministro Reis Velloso (CMRV) na cidade de Parnaíba, o único do interior do estado. Apesar do curso não possuir disciplinas específicas de TCC, oferece desde então estágio profissional I, II e III e seminário de práticas I, II e III em psicologia clínica na abordagem cognitivo-comportamental. Assim, desde 2011, a cada ano a UFPI de Parnaíba forma 20 psicólogos com prática profissional de 600 horas na abordagem cognitivo-comportamental. No mesmo ano, João Damasceno, Eleonardo Rodrigues e Hadassa Santiago, fundaram o Instituto Piauiense de Estudos Cognitivos e Comportamentais - IPEC, que ofereceu o primeiro Curso de Formação em Terapia Cognitivo-Comportamental e Analítico-Comportamental na cidade de Teresina.

Em 2011, o Núcleo de Estudos em Intervenção Cognitivo-Comportamental e Saúde Mental foi criado por Neuza Cristina dos Santos Perez, que também organizou o 1º Curso de Extensão Universitária em TCC, em Parnaíba. Desde então vem desenvolvendo programas, projetos, cursos de extensão e palestras. Em abril de 2012, Eleonardo Rodrigues criou o Laboratório de Neurociência Cognitiva (LaboNC) na UESPI, que tem como objetivos desenvolver grupo de estudos e pesquisas nas áreas de TCC e neurociências.

No cenário atual, o estado do Piauí conta com seis IES que oferecem curso de graduação em psicologia, das quais cinco participaram do mapeamento nacional de ensino de TCC, e todas elencaram a TCC em alguma disciplina (Neufeld et al., 2018).A formação dos profissionais das IES de Teresina concentra-se em terapia cognitiva de Beck, TREC e TCP; e da cidade de Parnaíba em terapia cognitiva de Beck. A primeira especialização em TCC foi oferecida pela Universidade Estácio de Sá, em 2007; e atualmente, o estado conta com cursos de especialização em TCC em quatro instituições.

9. Maranhão

As atividades de intervenção em TCC tiveram início com Bartira Magalhães Oliveira, Michelle de Sousa Fontes Martins, Maria do Amparo Lago e Cruz e Alissandra Coutinho Grego D’Andrea. Bartira Magalhães Oliveira foi a pioneira no estado executando intervenções na área, quando aprovada em concurso público na Rede Sarah de Hospitais, em São Luís, em 1997. No campo acadêmico-científico, o início das TCCs no estado está vinculado à Ricardo Franklin Ferreira, que também foi um dos fundadores da FBTC. Em 2009 foi aprovado em concurso público para docente do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Em 2012, assumiu a coordenação do Programa de Pós-Graduação (mestrado) em Psicologia, consolidando-se como o primeiro docente cognitivista que integrou o quadro de professores da universidade.

A TCC começou a ser instituída academicamente em 2010, com a estruturação da matriz curricular do curso de graduação em Psicologia da Faculdade Pitágoras, em São Luís. A disciplina fundamentos da abordagem cognitivo - comportamental, ministrada por analistas do comportamento, em 2011, contava com discussões sobre os pressupostos teóricos da TCC e das principais diferenças entre os modelos analítico-comportamentais e cognitivistas. Em 2015, a faculdade ofereceu a disciplina matrizes do pensamento: cognitivo-comportamental, anteriormente chamada fundamentos da abordagem cognitivo-comportamental, que passou a ser ministrada por Michelle de Sousa Fontes Martins. Esse cenário facilitou a abertura de estágio em clínica nesse referencial teórico, supervisionado por essa docente. Em 2016, a disciplina e o estágio foram assumidos por Elba Celestina do Nascimento Sá. Atualmente das quatro IES do estado, três participaram do mapeamento nacional de ensino de TCC, e destas, uma elenca a TCC como disciplina em sua matriz curricular (Neufeld et al., 2018).

No que se refere à formação lato sensu, em 2016, foi oferecida a primeira turma de especialização em TCC, em São Luís, e em 2017, em Imperatriz, ambas viabilizadas por Cintya Christina Silva Ferrari, pela instituição Capacitar. No ano seguinte, Sandra Virginia Ory Pinto Bandeira, em parceria com Cintya Ferrari, abriram a primeira turma do curso de formação em TCC da infância e adolescência. O primeiro Grupo de Estudos em TCC (GETCC) foi institucionalizado em 2013, no curso de Psicologia da Faculdade Pitágoras, e contou com a participação de estudantes das três instituições de ensino superior que forneciam o curso de psicologia no estado do Maranhão, nesse período: Faculdade Pitágoras, Universidade Ceuma e UFMA. As atividades eram mediadas por Bruno Cardoso e Samily Aquino, na época ainda discentes de psicologia, com a parceria da psicóloga Adriana Munhoz Carneiro, do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Em 2017, Bruno Luiz Avelino Cardoso passou a integrar o quadro de docentes da UFMA e, a partir do segundo semestre, criou o primeiro grupo de estudos em TCC dessa instituição, que oportunizou o contato dos alunos com os pressupostos teóricos da abordagem.

Em 2016 foi fundado o Instituto de Teoria e Pesquisa em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental (ITPC), que viabilizou, além dos grupos de estudos, atendimentos clínicos e supervisão na abordagem.

Assim, observa-se que o recente histórico da TCC no Maranhão é marcado pelo trabalho contínuo de um grupo de profissionais a nível acadêmico e de práticas clínicas.

Discussão

O surgimento das TCCs no nordeste do Brasil ocorreu no mesmo contexto histórico e filosófico dos estados do Sul e Sudeste do país, considerados pioneiros no Brasil com relação a emergência das TCCs (Rangé et al., 2007), e pode ser associado a atuação clínica de profissionais interessados em TCC, e ao crescimento acadêmico científico no nordeste.

A história da prática clínica das TCCs no nordeste segue o mesmo padrão de outras regiões do país. Na maioria dos casos, terapeutas nordestinos, quando tiveram acesso ao material didático da TCC, começaram a se identificar como cognitivo-comportamentais e buscaram aperfeiçoamento em cursos e supervisões fora do estado.

Historicamente, os cursos de psicologia no nordeste são considerados frutos do processo de modernização das universidades, patrocinados pelo governo civil-militar até a década de 1990, e assumiram um caráter técnico que seguiu as ideias desenvolvimentistas adotadas no país, com predomínio do modelo clínico tradicional no contexto privado, com atendimentos individuais em psicoterapia (Alberto et al., 2018), o que pode ter favorecido o surgimento e crescimento da prática da TCC inicialmente no âmbito clínico na região. Tal caracterização dos cursos de psicologia no nordeste poderia ser compreendida de forma negativa, mas na verdade parece ter favorecido o usufruto das mais recentes exigências teóricas e técnicas acumuladas em outras partes do mundo (Günther, 1978). Nesse sentido, é aceitável que as TCCs, compreendidas desde seu surgimento como inovadoras, tenham tido grande expansão como prática clínica, mas também academicamente na região. Na atualidade, em termos do número de cursos e oferta de vagas em psicologia, o nordeste contabiliza sozinho um percentual superior ao somatório do número de cursos e vagas das regiões norte e centro-oeste do país (Macedo & Dimenstein, 2009), estando atrás apenas das regiões sul e sudeste. Este panorama de crescimento acadêmico também pode ter sido um fator adicional e facilitador da rápida expansão das TCCs na região.

Dados demonstrativos sobre a presença das TCCs no contexto acadêmico podem ser observados pelos resultados de um mapeamento nacional sobre o ensino desta abordagem em Instituições de Ensino Superior (IES) realizado por Neufeld et al (2018). Das 63 IES mapeadas no nordeste, 40 indicaram contar com uma ou mais disciplinas de TCC em sua matriz curricular. A ampla presença de disciplinas de TCC pode ter sido influenciada pelo percurso histórico das TCCs no nordeste. Observa-se um crescimento contínuo da TCC no nordeste, com destaque para Paraíba - estado pioneiro na região - e Bahia. Observou-se uma concentração de acontecimentos significativos entre 2004 e 2007, principalmente registros oficiais de disciplinas de TCC e formação de turmas de pós-graduação lato sensu. Esta realidade corrobora as novas diretrizes para os cursos de graduação em psicologia, que recomendam a substituição de uma tradição curricular caracterizada pela enunciação de disciplinas e conteúdos programáticos por diretrizes curriculares baseadas em competências e habilidades sobre a identidade profissional.

Observou-se ainda a presença de cursos de pós graduação stricto e lato sensu relacionados às TCCs. Entretanto, assimetrias regionais são visíveis, e justificam políticas de apoio às instituições da região para fomentarem e consolidarem seus sistemas de pós-graduação e pesquisa. Outro importante ponto de discussão é a atual tendência à interiorização da psicologia para as cidades de médio e pequeno porte no Brasil, implicando na expansão da TCC na região. A abertura de cursos de formação de psicólogos nas regiões mais periféricas do nordeste, e não apenas nos grandes centros urbanos e capitais, tem sido reforçado pela instalação de IES públicas e privadas em cidades consideradas polo de desenvolvimento regional ou nas demais áreas estratégicas da dinâmica produtiva, comercial e do setor de serviços do país (Macedo & Dimenstein, 2011).

Além disso, nos últimos anos, percebe-se ampla aplicação da TCC no nordeste para além da clínica tradicional, no âmbito da rede pública, em unidades básicas de saúde (UBS) e Centros de Referência de Assistência Social. Afinal, psicologia no nordeste quer dizer psicologia responsiva a necessidades regionais (Günther, 1978), ou seja, perspectivas e objetivos relevantes para as necessidades da comunidade e do ambiente em que atua. É possível que essa expansão na atuação do psicólogo tenha relação com um aumento da quantidade de profissionais na área da TCC na região.

Destaca-se ainda, a criação de núcleos de estudos e de representações estaduais, como as delegacias estaduais da FBTC e as ATCs, auxiliando na realização de eventos científicos e crescimento das TCCs (NEUFELD et al., 2015a).

Também foi observado o registro e relato, em todos os estados do nordeste, da crescente realização de eventos regionais no formato de simpósios, congressos e cursos, o que indica um maior interesse na área e fortalecimento da TCC na região. Neufeld et al. (2015b), apontam a promoção de eventos científicos como estratégia de difusão, fortalecimento e desenvolvimento de uma área, fornecendo oportunidades para que estudantes e profissionais tenham acesso a conhecimento cientificamente embasado.

Considerações finais

Após 20 anos do surgimento das TCCs no nordeste, sua expansão é crescente e adaptada ao contexto. Sua emergência foi produto de uma complexa interação entre professores, psicólogos, eventos científicos, instituições e conhecimento formal e informal.

Assim como em outras localidades nacionais e internacionais, a formação em nível de graduação e pós-graduação em TCC vem aumentando em universidades públicas e privadas desde seu surgimento, em 1989, assim como a realização de eventos científicos da área na região, o que favorece a formação e aperfeiçoamento de profissionais na abordagem e expansão das práticas no estado.

Foi observada existência de fontes escritas bastante limitadas sobre aspectos históricos das TCCs nos estados da região. Desta forma, compreende-se que as narrativas deste estudo constituem-se como uma dimensão documental, pois proporcionam uma organização inicial de conhecimento da realidade da emergência das TCCs no nordeste, do panorama da atualidade de formação e práticas, além de possibilitar um vislumbre para o futuro. Diante do cenário histórico e atual descrito, o desenvolvimento da TCC no nordeste deve ser compreendido no âmbito nacional como tendo foco na inovação de conhecimentos e fomentado por histórias pessoais, transformações institucionais, científicas e políticas. O conhecimento deste panorama auxilia a ampliação de práticas profissionais e fortalece a capacitação científico-tecnológica e a respeitabilidade acadêmica nacional do estado.

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Recebido: 19 de Março de 2023; Revisado: 23 de Agosto de 2024; Aceito: 24 de Outubro de 2024

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