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Revista Psicologia Política

versão On-line ISSN 2175-1390

Rev. psicol. polít. vol.21 no.51 São Paulo maio/ago. 2021

 

ARTIGO

 

Bolsonaro e Covid-19: negacionismo, militarismo e neoliberalismo

 

Bolsonaro and Covid-19: denialism, militarism and neoliberalism

 

Bolsonaro y Covid-19: negación, militarismo y neoliberalismo

 

 

Domênico Uhng HurI; José Manuel SabucedoII; Mónica AlzateIII

IPsicólogo, mestre e doutor em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo, com estágio doutoral na Universidade Autônoma de Barcelona e pós-doutorado na Universidade de Santiago de Compostela. Docente do Programa de Pós-Graduação e de graduação em Psicologia da UFG. Bolsista de Produtividade em Pesquisa (PQ-2) do CNPq / dutchwild@yahoo.com.br
IIProfessor Catedrático de Psicologia Social da Universidade de Santiago de Compostela (USC), Espanha / josemanuel.sabucedo@usc.es
IIIDoutora em Psicologia Social pela USC (Espanha). Professora e pesquisadora na Espanha (USC) e Colômbia / monica.alzate@usc.es

 

 


RESUMO

O objetivo deste artigo é analisar o discurso do presidente Bolsonaro em relação à pandemia da COVID-19, para discutir o diagrama das suas práticas governamentais. Realizamos uma cartografia das reportagens sobre as falas de Bolsonaro publicadas na mídia no período de 26/02/2020 a 20/06/2020. Elaboramos três eixos de análise: Discurso negacionista e criação da própria narrativa; retórica militarista e criação do inimigo; e lógica neoliberal governamental. Constatamos que seu posicionamento e suas práticas necropolíticas estão à serviço da manutenção do funcionamento das engrenagens do diagrama neoliberal, em que a máxima defendida na contemporaneidade não é mais o "Fazer viver e deixar morrer", senão o "Produzir, e deixar morrer".

Palavras-chave: Psicologia Política; Esquizoanálise; Capitalismo; Análise do discurso; Brasil.


ABSTRACT

The aim of this article is to analyze President Bolsonaro's discourse regarding the COVID-19 pandemic in order to discuss the diagram of his governmental practices. We carried out a cartography of reports on Bolsonaro's speeches published in the media from 02/26/2020 to 06/20/2020. We elaborated three axes of analysis: Denialist discourse and creation of the narrative itself, Militaristic rhetoric and creation of the enemy, and Governmental neoliberal logic. We verified that his position and necropolitical practices are at the service of maintaining the functioning of the neoliberal diagram's gears, in which the maxim defended in contemporary times is no longer "Make live and let die", but "Produce and let die".

Keywords: Political Psychology; Schizoanalysis; Capitalism; Discourse analysis; Brazil.


RESUMEN

El objetivo de este artículo es analizar el discurso del presidente Bolsonaro en relación a la pandemia de la COVID-19, para discutir el diagrama de sus prácticas gubernamentales. Realizamos una cartografía de los reportajes publicados en los medios de comunicación sobre las charlas de Bolsonaro en el periodo de 26/02/2020 a 20/06/2020. Elaboramos tres ejes de análisis: Discurso negacionista y creación de la propia narrativa; Retorica militarista y creación del enemigo y Lógica neoliberal gubernamental. Constatamos que su posicionamiento y sus prácticas necropolíticas están al servicio de la manutención del funcionamiento de los engranajes del diagrama neoliberal, en que la máxima defendida en la contemporaneidad no es más el "Hacer vivir y dejar morir", sino el "Producir y dejar morir".

Palabras clave: Psicología Política; Esquizoanálisis; Capitalismo; Análisis del discurso; Brasil.


 

 

Introdução

A pandemia da Covid-19 emergiu no fim de 2019. Inicialmente na China, alastrou-se para a Europa e chegou nas Américas no começo de 2020 de forma avassaladora. Muitos intelectuais e cientistas se pronunciaram sobre possíveis efeitos da pandemia para as relações sociais e políticas. O filósofo Giorgio Agamben (2020) nos alerta sobre os riscos do recrudescimento de um estado de exceção, bem como Paul Preciado (2020) disserta sobre essa condição paradoxal, característica do que denomina de era 'fármaco-pornográfica', do aumento do isolamento e reclusão, ao mesmo tempo em que há a intensificação de um imperativo da conexão. Slavoj Zizek (2020) e Byung-Chul Han (2020) estabelecem um debate bastante interessante sobre o futuro do capitalismo no contexto da pandemia. O filósofo esloveno defende que o coronavírus é um golpe mortal ao neoliberalismo, fazendo alegoria a uma passagem de um filme de Quentin Tarantino (Kill Bill). Já o filósofo coreano discorda veementemente de Zizek. Além de discorrer sobre o aumento da legitimação dos dispositivos de rastreio e controle biopolíticos, afirma que não haverá uma revolução viral que destruirá o capitalismo, a qual deverá ser tarefa das pessoas, e não de um vírus.

No âmbito da recente produção teórica da Psicologia sobre a Covid-19, constata-se uma prevalência de estudos que abordam as questões de cuidado, do sofrimento psíquico e da saúde mental, tal como registradas no número temático da Revista Estudos de Psicologia (Enumo & Linhares, 2020). Já na Psicologia Social, o primeiro número temático sobre o assunto foi publicado no International Journal of Social Psychology, com artigos que também se referem à esfera do cuidado, como o manejo das emoções, o estresse e processos de resiliência, bem como questões mais político-sociais, como da mobilização social (Gómez, 2020), de práticas de solidariedade e de respeito à comunidade (Rodriguez-Pérez, 2020), do problema da retórica militarista (Sabucedo, Alzate, & Hur, 2020), de desigualdade social e de gênero, entre outros. Destaca-se também o recém-publicado livro da Associação Colombiana de Faculdades de Psicologia (ASCOFAPSI) que discute as contribuições dos diversos campos da Psicologia ao cenário pós-quarentena (Molina, 2020). Entretanto, mesmo com a crescente produção bibliográfica sobre a psicologia e a Covid-19 ainda não encontramos em nossa área artigos publicados que discutam uma biopolítica da pandemia, sua governamentalidade no Brasil, ou em outros países.

No combate ao alto contágio do coronavírus, cada país adotou distintas estratégias, sendo que a grande maioria seguiu as diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS). Já no Brasil, as práticas governamentais adotadas pelo poder executivo são bastante controversas, principalmente os posicionamentos e falas do presidente da república Jair Bolsonaro. O ex-capitão adotou um discurso polêmico, tentando diminuir os riscos da pandemia, sendo de posição contrária ao isolamento social e a favor de que tudo retorne à 'normalidade'. O saldo de seu discurso e práticas fez com que a partir do meio do mês de maio, o país atingisse a segunda colocação em números de mortes devido à Covid-19, apenas atrás dos Estados Unidos da América.

Devido a tal posicionamento, Bolsonaro é alvo de críticas de diversos setores da sociedade global, como a comunidade científica, os meios de comunicação mundiais, gestores de saúde etc. Dessa forma urge questionar: Como estão se desenvolvendo suas práticas governamentais no combate ao coronavírus? Por que há discurso negacionista do presidente acerca da gravidade da pandemia? Por que há a ênfase no retorno às atividades não essenciais de trabalho?

Para refletir sobre os possíveis efeitos da pandemia nas relações psicossociais e políticas, neste trabalho discorremos sobre a experiência brasileira do primeiro semestre de pandemia em 2020. Dessa forma, o objetivo deste artigo é analisar o discurso do presidente Bolsonaro em relação à pandemia da Covid-19, para discutir o diagrama das suas práticas governamentais. Buscamos refletir sobre as práticas adotadas pelo governo federal em relação à pandemia e analisar seus efeitos e configurações de forças. Visamos realizar uma micropolítica dos jogos de forças relacionadas à gestão da vida no contexto singular brasileiro.

Destaca-se que o debate em relação à pandemia do coronavírus possui muitas frentes de análise para a Psicologia Política. A Psicologia Política é um campo multifacetado, recente (Sabucedo, 1996), com diversas definições e referenciais teóricos (Parisí, 2007). Consideramos que a Psicologia Política não se restringe à análise do indivíduo e dos coletivos em relação ao poder, mas também se debruça na sua articulação em relação às práticas governamentais, às instituições sociais, ao Estado e seus efeitos psicossociais (Hur & Sabucedo, 2018). Por isso buscamos desenvolver uma análise que trate dessa intersecção entre instituições, práticas políticas, discursos e processos psicossociais no contexto da pandemia.

 

Método

A teoria é uma caixa de ferramentas (Foucault & Deleuze, 1979) que visa produzir mais sentidos sobre o que está focalizando. Para analisar as práticas governamentais e seus efeitos, utilizamos uma Psicologia Política referenciada pela esquizoanálise de Gilles Deleuze, Félix Guattari e pensadores próximos, como Michel Foucault. Empregamos conceitos que contribuem para a compreensão dos processos psicopolíticos, como: imagem de pensamento (Deleuze, 2006), diagrama (Deleuze, 1988) e axiomática do capital (Deleuze & Guattari, 1976). Consideramos que esses conceitos são contributivos para a análise dos principais mecanismos das práticas governamentais, pois abordam, respectivamente, o estudo das formas do pensar e a constituição de imagens de pensamento, as diferentes configurações de forças relacionadas aos processos governamentais e o funcionamento psicopolítico neoliberal, que não se restringe à economia, mas também incide na produção de uma subjetividade capitalista1. Também realizamos uma revisão bibliográfica no Portal Scielo, utilizando o descritor "Covid-19", pareado na primeira busca com "psicologia" e na segunda com "política". Os poucos trabalhos encontrados foram citados na introdução, bem como ao longo deste texto.

Como material empírico, realizamos uma cartografia (Passos, Kastrup, & Escóssia, 2010; Rolnik, 1989) das falas e posicionamentos do presidente Bolsonaro publicadas na grande mídia no período entre 26/02/2020, data da confirmação do 1º caso de Covid-19 no Brasil, e 20/06/20202, data em que se chegou a 50.000 mortes no país devido à doença. Analisamos seu discurso sobre a pandemia, focalizando suas funções pragmáticas, performativas e ilocutórias, enfatizando como sua retórica se transmuta em palavras de ordem (Deleuze & Guattari, 1995).

Consideramos que o discurso não assume apenas o papel de intermediário para se acessar os(as) atores(atrizes) sociais, não é somente representação da realidade. Foucault (citado por Íñiguez, 2006), a partir da noção de práticas discursivas, compreende que um discurso não é somente formado por uma cadeia significante que tem mera função semântica. Mesmo formado por símbolos e conjuntos de enunciados, sua ação vai além da estrutura sintática/semântica, pois como uma máquina, agencia relações de saber, poder e subjetivação. Seu ato de enunciação cria-produz-legitima objetos sociais, lugares, subjetividades e realidades. Então, as práticas discursivas agenciam processos e relações de saber, poder e posições sociais e de enunciação, nas quais se produzem regimes de conhecimentos, verdades e modos de subjetivação.

Deleuze e Guattari (1995) compreendem que há relações imanentes entre enunciados e atos, nas quais o que se realiza quando se fala, o ilocutório, e o discurso indireto assumem papel central. Defendem a impossibilidade de pensar a semântica, sintaxe e fonemática como áreas independentes da pragmática. A partir de Oswald Ducrot afirmam que o ilocutório constitui pressupostos implícitos e não discursivos entre distintos enunciados e ações 'exteriores' à linguagem: relação que gera as 'palavras de ordem'. Dessa forma todo enunciado tem um vínculo imanente com um ato, formando uma espécie de máquina semiótica, porém não em um vínculo de identidade, senão de redundância.

A palavra de ordem é, em si mesma, redundância do ato e do enunciado. Os jornais, as notícias, procedem por redundância, pelo fato de nos dizerem o que é 'necessário' pensar, reter, esperar, etc. A linguagem não é informativa nem comunicativa, não é comunicação de informação, mas, o que é bastante diferente, transmissão de palavras de ordem, seja de um enunciado a um outro, seja no interior de cada enunciado, uma vez que um enunciado realiza um ato e que o ato se realiza no enunciado (Deleuze; Guattari, 1995, p. 12).

O caráter pragmático da linguagem parte da teoria dos atos de fala de John Austin (1962). Ele desenvolve a ideia de que a linguagem não tem apenas seu valor representativo de descrever as ações e o mundo, sendo seu reflexo, senão realiza ações em seu ato de enunciação. Considera que o ato social assume propriedades realizativas, ou seja, assume um caráter de performatividade. Portanto, o ato enunciador é pragmático, produtor de realidades: é uma palavra de ordem (Deleuze & Guattari, 1995).

De modo convergente, psicólogos sociais construcionistas espanhóis compreendem que o discurso traz uma construção, produção e elaboração da própria realidade (Cabruja, Íñiguez, & Vázquez, 2000). Privilegiam a função pragmática da linguagem, além da função semântica. Por isso que Lupicínio Íñiguez (2006) afirma que quando falamos não só expressamos um significado, senão fazemos algo: atuamos (por exemplo, uma promessa). Então o ato de enunciação não é representação da realidade, e sim ação social, é um dispositivo construtor de realidades, sua performatização, ou como diria Gregorio Baremblitt (2002), este caráter pragmático não representa a realidade, mas dramatiza, agencia e a coloca em jogo. Nesse sentido, os enunciados do presidente publicados na mídia produzem realidades, regimes de verdade e palavras de ordem.

Compreendemos que o discurso não tem origem individual, e sim coletiva, constituindo-se a partir de determinada posição social-histórica, de enunciação, ou seja, através de agenciamentos coletivos de enunciação (Deleuze & Guattari, 1995). Desse modo, assume função de construção da realidade nas relações coletivas. As narrativas midiáticas têm efeitos pragmáticos, de coordenação de ações e contextos sociais, de geração de formações de poder e de controle, pois estão tão ligadas à ação, quanto a uma elaboração, enunciação, ou representação de um relato ou uma história. As narrativas, como ações sociais, produzem fatos objetivos e regimes de verdade (Cabruja et al., 2000). Então, o discurso é dotado de performatividade e tem efeitos pragmáticos de produção de realidade.

Como corpus de análise selecionamos as matérias que foram publicadas no portal UOL (Universo OnLine), por ser uma das plataformas de notícias mais consultadas pelo grande público e por ser de acesso aberto. Num primeiro momento, acompanhamos as notícias acerca do posicionamento do presidente em relação à Covid-19 diariamente. Num segundo momento, mais trabalhoso, pesquisamos no link https://noticias.uol.com.br/coronavirus, local em que há a presença de todas as matérias sobre o coronavírus publicadas nesse portal, tanto as elaboradas pela UOL, bem como de outros meios de comunicação publicadas ali, como por exemplo da Agência Brasil, dos jornais Estado de São Paulo e Folha de São Paulo. Vale ressaltar que optamos por analisar suas falas publicadas na mídia e não diretamente de suas lives, ou entrevistas, por uma conveniência metodológica. Pois ali elas estão transcritas em texto, economizando-nos deste trabalho de transcrição. Buscamos aceder às falas do presidente, abstendo-nos das opiniões e análises dos jornalistas. Evidentemente reconhecemos que as seleções dos fragmentos de suas falas podem estar enviesadas pela linha editorial de cada veículo de comunicação. A mídia não é neutra e posicionou-se de forma crítica aos posicionamentos do presidente em relação à pandemia. Contudo, consideramos que tal posicionamento de enunciação não prejudicou a análise desenvolvida neste trabalho.

Não realizamos um levantamento estatístico sobre os temas abordados por Bolsonaro nas matérias encontradas. Em nossa 'cartografia documental', lemos os títulos de todas reportagens e selecionamos para a análise as que estivessem relacionadas às práticas do governo federal. Selecionamos os assuntos emergentes que se configuram como analisadores (Lourau, 1975) de suas práticas e posicionamentos. Portanto optamos por trabalhar mais com o indicador 'intensidade', do que com o indicador 'frequência', importando-nos mais como determinado tema aparece como acontecimento, ao invés de quantificarmos a ocorrência de determinado assunto. Ressaltamos que utilizamos procedimento similar em outro trabalho, ao analisar o discurso do então candidato Bolsonaro no período eleitoral para a presidência da República (Hur & Sandoval, 2020). Devido à quantidade de temas e à extensão deste artigo, buscamos selecionar as passagens mais emblemáticas de suas práticas governamentais. Assim deixamos algumas situações analisadoras de fora, como o processo de repatriação de brasileiros que estavam na China em fevereiro/2020 e o imbróglio judicial e midiático dos exames pessoais de coronavírus do presidente. Registramos os títulos de todas reportagens citadas nas notas de rodapé.

Para a análise do material, agrupamos as diversas falas em conjuntos temáticos semânticos, como por exemplo: falas religiosas, falas militaristas, falas neoliberais, falas anti-mídia, falas anti-esquerda, falas anti-ciência etc. Utilizando o critério de intensidade, elaboramos três categorias gerais acerca das distintas práticas governamentais assumidas pelo poder executivo que englobassem estes diferentes grupos:

1. Discurso negacionista e criação da própria narrativa;
2. Retórica militarista e criação do inimigo
3. Lógica neoliberal governamental.

 

1. Discurso negacionista e criação da própria narrativa

Da análise das reportagens constata-se que o governo federal não adotou uma estratégia preventiva para lidar com a pandemia3, mesmo que sua eclosão se efetivasse um par de meses após a China e a Europa. No início da pandemia não houve a adoção de medidas epidemiológicas para tratar da saúde pública e nem se criou ampla campanha de conscientização à população sobre os riscos e prevenção da Covid-19, com profissionais do campo psicossocial, como psicólogos e sociólogos, e mesmo publicitários, para criar práticas de tolerância ao isolamento que estava por vir. Bolsonaro também se ausentou de reuniões com chefes de Estado da América do Sul para tratar do coronavírus4.

Devido à falta de planejamento, as primeiras falas de Bolsonaro foram a de reproduzir a mesma estratégia populista5 utilizada no período da campanha eleitoral (Hur & Sandoval, 2020), pedindo a união do povo brasileiro6 e proferindo enunciados de que "nenhum vírus é mais forte que nosso povo7". Evidentemente, a retórica da união, da fusão grupal, não apresentou eficácia política para conter o contágio do vírus e o presidente tratou de mudar de estratégia, buscando negar os efeitos periculosos da doença.

Logo, passou a diminuir, ou mesmo a negar (Caponi, 2020), os efeitos adversos da Covid-19, qualificando que era uma "fantasia" a crise que viria. Vale ressaltar que tal fala foi proferida no mesmo dia em que a Bovespa despencou 12%8. Qualificou a situação vivida como "histeria9", que o país logo voltaria ao "normal", que a população necessitava ser informada sem pânico10 e que se morre mais por pavor, do que por Covid-1911. Afirmou: "O vírus chegou, está sendo enfrentado por nós e brevemente passará. Nossa vida tem que continuar, empregos devem ser mantidos, o sustento das famílias deve ser preservado, devemos, sim, voltar à normalidade12". Em sua retórica, o coronavírus era representado como uma "gripezinha", um "resfriadinho", que não poderia interromper as atividades cotidianas. Chegou a compará-lo com uma chuva, na qual todos iriam se molhar, minimizando as possíveis mortes de velhos e pessoas com problemas de saúde: "Destes 70%, uma pequena parte, que são os idosos e quem tem problemas de saúde, vai ter problemas sérios13".

Em nome dessa "normalidade" defendeu o isolamento vertical sem se pautar por pesquisas14, inclusive desautorizando seu vice-presidente que defendeu o isolamento social15, por mais que estudos científicos atestem a ineficácia do isolamento vertical (Duczmal et al., 2020). Participou de atos e eventos com aglomerações, muitas vezes sem utilizar a máscara de proteção16 e chegou até a incitar carreatas contra o isolamento social em municípios como Manaus17. Proferiu uma série de falas que se provaram equivocadas, como: o contágio seria menor no Brasil, por ser um país tropical, que atingiria mais a população idosa, que não havia riscos de complicações a pessoas com histórico de atletas, que haveria menos mortes de Covid-19 do que de H1N118, que parecia que o coronavírus já está indo embora19 etc. Para minimizar os efeitos da doença falou sobre uma suposta força e resistência do corpo do brasileiro: "O brasileiro tem que ser estudado. Ele não pega nada. Pula em esgoto, mergulha, e não acontece nada com ele20". E que é preciso "enfrentar o vírus como homem e não como moleque21". Nessa lógica do 'homem forte', do macho, crucial à retórica populista (Dorna, 2012), ainda disse que os governadores que pregam o isolamento têm "medinho" do vírus22.

Constata-se que o presidente assumiu uma postura negacionista dos efeitos da doença, em contraposição ao discurso científico, e criou uma nova versão com suas palavras de ordem. Minimizou, ou negou, os efeitos da Covid-19, instaurando um conflito de narrativas, que pode ser expresso na disputa entre o diagrama soberano, representado pelo desejo de Bolsonaro, e o diagrama disciplinar (Foucault, 1984), representado pelo discurso científico. Nesse contexto, há um embate entre poder do Estado vs ciência na gestão da vida.

Um dos efeitos psicossociais desse conflito de narrativas é que não se criou uma imagem de pensamento comum (Deleuze, 2006), ou ancoragem de uma representação social compartilhada, sobre o que é o coronavírus. Nesse sentido foram produzidas duas imagens sobre a Covid-19: de uma doença altamente infecciosa, representada pela Ciência, e de uma doença que não oferece muitos riscos, enunciada pelo presidente. Assim, parcela significativa da população legitimou a posição de enunciação do presidente, aderiu à sua narrativa, passando a ignorar, ou minimizar, as medidas de prevenção. Dessa forma, foi deixado em segundo plano o discurso científico. Por outro lado, outra parcela da população, como a classe média intelectualizada, prontamente se isolou em suas casas.

No cenário de isolamento social aparece uma disparidade entre as classes sociais, na qual segmentos das classes pobres ficaram mais vulneráveis ao contágio por possuírem menor estrutura material para lidar com o isolamento social, seja a falta de economias, para ficarem um longo período sem trabalhar, a falta de veículo próprio para se deslocar ao trabalho, tendo que utilizar os lotados transportes públicos, ou do conforto, para, por exemplo, disporem de um cômodo privativo para passarem dias a fio. As contradições de classe social se intensificam se comparamos o número de mortes por coronavírus nos distintos bairros. No município de São Paulo, os vinte distritos com mais mortes por Covid-19 se concentram nas periferias da cidade, ou seja, os bairros mais pobres e menos assistidos pelo poder público23. Nesta biopolítica mortífera, as pessoas pretas e pardas são as maiores vítimas mortais do vírus24, bem como nas áreas rurais, a população indígena vive praticamente um genocídio (Milanez, 2020).

Dessa forma, não se constituiu uma única imagem de pensamento sobre o vírus e como combatê-lo, representação que poderia gerar uma mesma prática e política pública. Estas imagens díspares fomentaram maior confusão à população, e consequentemente menor adesão às práticas de isolamento e prevenção, que resultaram nos altos índices de infecção e mortes. Vale destacar que nos municípios em que houve maior apoio eleitoral à Bolsonaro, há menores índices de isolamento social, e consequentemente maior taxa de contágio25.

Essa diferença entre discursos do poder soberano vs poder científico, disciplinar, na gestão da vida (Foucault, 1979), atualizou-se no embate entre Bolsonaro e o então ministro da Saúde Luis Henrique Mandetta. Primeiramente ambos estavam politicamente alinhados, mas logo Mandetta passou a enunciar o discurso disciplinar científico, afastando-se do posicionamento de Bolsonaro, do desejo do 'soberano', e cobrando dele uma fala única do governo sobre a pandemia26. Devido a essas disparidades, e o rechaço ao discurso científico pelo presidente27, o poder executivo desintensificou as práticas preventistas do Ministério de Saúde e provocou a demissão de Mandetta, e posteriormente de seu sucessor, Nelson Teich, ambos médicos. E não houve a iniciativa em substituí-los por outro ministro especialista sobre o tema.

O enclave desses conflitos refere-se ao uso da hidroxicloroquina como terapêutica, que ambos ministros demitidos rechaçavam. Bolsonaro defende o uso indiscriminado da cloroquina, enquanto estudos científicos mostram que este medicamento mais causa mortes do que reabilitação. Sem dados, afirmou que o tratamento com a cloroquina contra a Covid-19 dava bons resultados28. A cloroquina se tornou a utopia, o 'messias', a esperança, que salvaria a humanidade. Uma aposta defendida por ele, tal como anteriormente acreditou na eficácia da pílula do câncer. Assim, Bolsonaro emitiu efusivamente o bordão: "Quem é de direita toma cloroquina, quem é de esquerda, Tubaína29". Já seus seguidores em atos adaptaram a música "Florentina" do cantor e deputado federal Tiririca para: "Cloroquina, cloroquina, cloroquina lá do SUS, eu sei que tu me salvas em nome de Jesus30".

Mandetta defendia o discurso científico e inclusive não recomendava o uso da cloroquina pelo risco de infarto31. Acusou Bolsonaro de tentar alterar a bula da cloroquina por decreto como indicada ao coronavírus32. Médicos especialistas consideraram que a insistência na cloroquina se refere a uma questão política, populista e não técnica33. Mas mesmo assim o governo fez com que o laboratório do exército multiplicasse a produção do medicamento34.

Na tentativa de minimizar os efeitos da Covid-19, o presidente emitiu frases que chocaram a opinião pública. Após as 5.000 mortes, falou: "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre35". Quando o país se aproximava das 10.000 mortes, disse que faria um churrasco para 30 convidados, depois para 3.000 pessoas. Não realizou o banquete, mas na data andou de jet ski36.

O governo federal passou a subnotificar o número de mortes, realizando outro tipo de contagem do número de mortes e infecções diárias. Notificou apenas as mortes do dia em específico, e não dos resultados de exames de dias anteriores37, e atrasou o horário de sua publicação38, atos que o fizeram receber críticas dos poderes legislativo e judiciário, por restrição do acesso aos dados.

A falta de transparência dos dados do governo fez com que diferentes órgãos de comunicação organizassem um consórcio para contabilizar o balanço do número de mortes e infectados diretamente com as secretarias estaduais. Mas mesmo assim o governo manteve um discurso de aparente normalidade como tentativa de negação do quadro periclitante em que se vivia. Por exemplo, justificou a não compra de respiradores por sua suposta suficiência na produção39, afirmou que a crise estava "gerenciada40", de que estava atingindo uma "estabilização41", mesmo que ainda não tivesse chegado ao pico de infecção. Bolsonaro proferiu a falácia de que não havia informações de alguém que tenha morrido por falta de leito em UTI42, ou seja, falas de que a "situação está sob controle" para tentar negar o quadro real. Portanto, constata-se que o presidente manteve em todo esse período um discurso negacionista dos riscos da Covid-19, tentando estabelecer a sua própria narrativa sobre uma suposta normalidade, mesmo com o país tendo superado a notificação de 50.000 mortes por coronavírus.

 

2. Retórica militarista e criação do inimigo

Além de uma narrativa que busca um certo apagamento dos riscos da pandemia, desde o início o governo federal adotou uma retórica militarista no combate à Covid-19, modalidade discursiva que também foi reproduzida pela mídia. O combate ao coronavírus "é uma guerra43", "intervenção", "inimigo" e "orçamento de guerra" são alguns dos termos utilizados. Adiciona-se que vinte e um militares assumiram cargos estratégicos no Ministério de Saúde, sendo que a maioria não possui formação e conhecimentos técnicos em saúde, tal como o ministro interino, o General Eduardo Pazuello44.

Nesse sentido, Bolsonaro continuou a operar com a estratégia da criação de inimigos, tão utilizada em sua campanha eleitoral (Hur & Sandoval, 2020). Mas a diferença é que agora os inimigos não são apenas a esquerda política e demais minorias sociais. Os alvos se tornaram cambiantes e generalizados. Estrategicamente colocou como inimigos órgãos internacionais, cientistas, governadores e todos que seguem as normas disciplinares científicas para evitar o contágio da Covid-19. Agora são eles que representam o status quo e que "impedem" a população de trabalhar e levar a vida na rotina instituída.

O primeiro alvo foi o próprio governo chinês, um dos maiores parceiros comerciais do Brasil. Sem provas, Bolsonaro45 e um de seus filhos46 acreditavam que a pandemia fazia parte de um plano do governo chinês. Eduardo Bolsonaro tensionou as relações entre os países após acusação direta à China47. Mais tarde, o então ministro da educação Abraham Weintraub ironizou a China, aumentando ainda mais a tensão48.

Após o ataque à China, Bolsonaro colocou como inimiga a Organização Mundial de Saúde (OMS), pois esta segue o discurso científico na gestão da pandemia. Assim utilizou qualquer tipo de argumento e ataque para criticar a OMS, como por exemplo, que ela estimulava a homossexualidade na infância49. Também questionou o número de mortos por Covid-1950, afirmou que a OMS perdeu sua credibilidade e que havia um projeto em quebrar os países51. O ministro das relações exteriores também se somou às críticas à OMS.

Mas os ataques não se restringiram às instituições exteriores ao Brasil. Além das acusações e depositação dos males no Congresso, no STF, em Mandetta e na imprensa, Bolsonaro produziu um novo inimigo: os governadores. O presidente adotou a estratégia de culpar os governadores pelas mortes e aumento do desemprego, compartilhando vídeos de críticas e se expressando diretamente em inúmeras ocasiões52. Ao escutar as críticas de uma eleitora arrependida, respondeu rispidamente: "Sai daqui, você já foi ouvida. Cobre seu governador53". A estratégia de criação de um inimigo e culpabilizá-lo como bode-expiatório é uma maneira de tentar desresponsabilizar as ações do próprio governo federal e depositar todo o mal-estar no outro.

Nesse conflito, recebeu muitas críticas de governadores, nas quais seu discurso contribuiu para o aumento da infecção54 e para o enfraquecimento das estratégias dos governos estaduais55. Bolsonaro estabeleceu uma guerra particular contra o governador de São Paulo, acusando-o de inflar o número de mortes por coronavírus56, convocando empresários a "jogar pesado" contra João Doria e o lockdown57 e inclusive elogiando segmentos da Polícia Militar paulista, que supostamente apoiaram ato contra o isolamento social58. Este é um dos receios da Corporação militar ante as ações de Bolsonaro, pois no passado, em algumas ocasiões, incitou indisciplina nos praças, militares de baixa patente (Oyama, 2020). Outro ato de indisciplina social fomentado pelo presidente foi em 11/06/20 quando pediu para a população invadir hospitais para fiscalizar se havia lotação de leitos nas UTIs, algo que poderia agravar ainda mais o contágio59. Anteriormente ele solicitara a fiscalização sobre os recursos destinados aos governos estaduais no combate à Covid-19.

O problema da retórica militarista adotada pelo governo é que trata a realidade a partir da lógica da guerra (Sabucedo, Alzate, & Hur, 2020). No âmbito cognitivo opera de modo binário, num splitting, havendo uma parte boa, o endogrupo, e uma ruim, o exogrupo, considerado como inimigo. No âmbito afetivo, tal retórica de enfrentamento propaga mais insegurança, indeterminação, medo, desamparo, principalmente afetos primitivos que remetem à necessidade de defesa e combate ao outro. Assim, ativa um sistema de alerta e vigilância que deixa o indivíduo sempre em posição de defesa, suspeita e ataque, num modo de ataque-e-fuga. Portanto, esse discurso utilizado indiscriminadamente por Bolsonaro fomenta um modo de cognição e afetos mais rudimentares, que pode incitar maior desregulação, ansiedade, a constituição de uma polarização social de um nós contra os outros e, inclusive, práticas autoritárias. Tal funcionamento é correlato ao que Deleuze e Guattari (1976) compreendem como o polo paranoico da máquina psíquica, que se atualiza na configuração de grupo sujeitado. Resulta-se um modo de conduta mais intolerante, avesso às diferenças, mais individualista, irascível, lançado às paixões e menos a uma análise reflexiva do que está passando. O outro, a diferença, passa a ser visto como inimigo, na lógica da negatividade (Deleuze, 1976), predominando mais relações de decomposição, do que de composição, fraturando ainda mais o tecido social, que já se encontra bastante esgarçado. Bolsonaro mantém o clássico populismo de cisão da sociedade, em que fala pelo 'povo' contra as elites 'ineptas' (Dorna, 2012), alimentando a polarização social, criando um endogrupo vs exogrupo. E quer passar a conta da crise econômica e do mal-estar social para os órgãos internacionais e governadores, numa ofensiva quase suicida, mas que talvez lhe mantenha o apoio de parte da população trabalhadora e de empresários.

 

3. Lógica neoliberal governamental

A serviço do que está a narrativa de negação e minimização dos riscos da Covid-19, a retórica militarista e a criação de inimigos por Bolsonaro? Consideramos que seu discurso tenta diminuir a gravidade do contágio para criar uma ficção de que tudo está "normal" e estimular o retorno das atividades econômicas para sacramentar a governamentalidade neoliberal.

Desde o início da pandemia, Bolsonaro defendeu que as atividades econômicas não parassem. Afirmou que a miséria é tão grave quanto a Covid-1960, pediu a reabertura do comércio, o retorno ao trabalho61 e disse que os governadores "exterminam empregos62". Falou que "não é apenas a questão da vida, é a questão da economia também63", pois para ele o desemprego leva à morte64.

Por isso que se posicionou constantemente contra o isolamento social65, associando-o ao desemprego e positivou as carreatas contra a quarentena como uma "reação66". Defendeu que as medidas contra o coronavírus afetaram negativamente a economia67 e afirmou sem provas que o isolamento social para achatar a curva de transmissão foi inútil68.

À revelia do então ministro de saúde, ampliou o número de atividades consideradas essenciais, como lotéricas, templos religiosos, academias de ginástica, salões de beleza e barbearias. Entretanto, muitos governadores não aceitaram incluir parte dessas atividades, o que aumentou o conflito entre estas instâncias. Voltou a utilizar o slogan "O Brasil não pode parar", que havia sido suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF)69. Defendeu que tudo deveria estar aberto, apenas em isolamento vertical70. Em reunião com empresários afirmou: "Se dependesse de mim, quase nada teria sido fechado, a exemplo da Suécia. Eu sou empregado de vocês, é só marcar que eu vou em São Paulo71". Constata-se que em sua fala se coloca diretamente subordinado à classe empresarial, como "empregado", e que poderia viajar para se reunir com eles prontamente, posição bastante coerente com seu discurso e práticas. E é interessante notar que utiliza o exemplo da Suécia, o país nórdico que teve as piores taxas de infecção e mortes pelo coronavírus.

Sem dados, também mencionava o crescente número de desempregados e que fechar a economia foi uma "desgraça72". Seguindo a lógica neoliberal, entoou o seguinte refrão em diversas ocasiões:

No meu entender, desde o começo, deveria ser o (isolamento) vertical, cuidar das pessoas do grupo de risco e botar o povo pra trabalhar ... O movimento errado é se preocupar apenas com a questão do vírus, tem o desemprego do lado. A esquerda tá quietinha. O povo precisa trabalhar73. (UOL, 13 de maio)

O governo federal buscou fazer com que o comércio continuasse operando, na crença de que mitigaria as perdas econômicas. No seu discurso sempre expressou preocupação com o emprego da população de forma geral: "Esse empobrecimento que estão fazendo quase que no Brasil todo, vai levar pobre ficar mais pobre, classe média ficar pobre, e é ruim para todo mundo porque sem dinheiro não tem vida, não tem saúde74". Mas seus atos mostram que essa preocupação é centrada em uma parcela da população, que é justamente a dos grandes empresários. Em 22/03/20 publicou a Medida Provisória (MP) 927 que fixou as regras da relação entre empresa e trabalhadores durante a pandemia. Esta MP foi muito criticada pois permitia às empresas a dispensa de funcionários durante a pandemia, favorecendo a classe empresarial. Em seus decretos, o governo deixou as microempresas em segundo plano, tal como reforçado no vídeo da famosa reunião ministerial de 22/04/2020. Houve um grande atraso na liberação de emendas e verbas de combate à Covid-19: apenas 1,5% das emendas75 e 23% das verbas76, nas datas das reportagens. E o governo foi contrário à parcela no valor de R$ 600,00 do auxílio emergencial, propondo inicialmente apenas R$ 200,00. Vale ressaltar que Bolsonaro se posicionou contra sua reedição, afirmando que iria vetá-la caso o Congresso a aprove nesse mesmo valor77. Dessa forma, constata-se que é a classe empresarial que estava sendo beneficiada por suas ações. Vale também ressaltar que mesmo sua crença na cloroquina é alvo de suspeição. Nas palavras de Mandetta:

Ele quer um medicamento para que as pessoas sintam confiança, para retomar a economia. E isso a pessoa fica na sua tranquilidade achando que o medicamento resolve o problema. Como é barato e o Brasil produz, por ser medicamento da malária... Só que malária costuma dar em mais jovens78. (UOL, 15 de maio)

Nesse sentido, a hipótese sobre a importância da cloroquina no discurso de Bolsonaro é a de criar uma ficção de um antídoto em relação ao vírus. Uma outra utopia, um outro messias, que segue a mesma lógica populista (Dorna, 2012). Possivelmente sua crença nela não é pelo suposto efeito reabilitador que considera trazer, mas sim como um placebo laboral. Com a cloroquina, busca-se criar uma situação de confiança para que as pessoas retornem ao trabalho, pois caso sejam infectadas pelo coronavírus, acreditarão que poderão se curar pelo medicamento, e caso não se curem, já não haverá como voltar atrás... Uma gestão da vida maquiavélica que pouco se importa com a vida ou a morte da população.

Então constata-se nas falas de Bolsonaro que há uma primazia da economia, do mercado, nas práticas governamentais relacionadas à pandemia. Gastão Wagner Campos (2020) também entende o mesmo ao discutir a conjuntura política brasileira. Consideramos que a governamentalidade atual está diretamente atrelada ao diagrama neoliberal, privilegiando a produção e os empresários em detrimento dos trabalhadores, o mercado em relação à vida. Então não vemos suas ações guiadas por traços psicopáticos, meramente personalistas, ou um afã genocida, tal como propagado por alguns colunistas da mídia. Não compreendemos que Bolsonaro seja 'louco', pois seu posicionamento e discurso são bastante consistentes e diretamente resultantes do funcionamento do neoliberalismo. Compreendemos assim que há uma composição entre o diagrama soberano, o aparelho de captura, a serviço da axiomática do capital (Deleuze & Guattari, 1976, 1997), ou seja, do governo do Estado à serviço da gestão da vida neoliberal.

O primado do neoliberalismo sobre a vida nos ensina muitas coisas sobre a atualidade. Consideramos que a necropolítica contemporânea (Mbembe, 2018) não subsiste apenas como uma prática de Estado, do exercício do poder cru e direto do diagrama da soberania. Ao analisar o quadro atual utilizando os enunciados de Deleuze e Guattari vemos que hoje a necropolítica é preponderantemente resultante da axiomática do capital, ou seja, do próprio funcionamento do diagrama neoliberal, que conjuga em si produção e destruição. Nesse sentido, a destruição e a morte são característicos

do diagrama do rendimento, pois nele se maneja, tal como nos fluxos de financiamento, uma nova potência: a da destruição. ... a abolição torna-se o procedimento fundamental da gestão da vida no espaço aberto. De forma análoga à destruição de populações de moedas pela estratégia neoliberal, que serve para a regulação dos fluxos econômicos e de investimentos, opera-se a destruição de populações humanas. ... Portanto, no capitalismo, a vida é manejada tal como os fluxos financeiros. (Hur, 2018, p. 142)

Nesse sentido, a necropolítica é uma de suas estratégias para a mais produção. Ela está totalmente ligada às formas de gestão da vida no neoliberalismo, que administra as diversas populações da mesma forma. Atua na criação/destruição de coletivos para gerar qualquer tipo de mais-valia. Moedas, vinhedos, vidas humanas, são populações distintas (Deleuze, 2014) que recebem o mesmo tratamento para fazerem as engrenagens do capital continuarem a girar.

Entretanto, na composição destruição/criação das populações de quaisquer espécies, não são apenas os 'corpos dejetos', dos 'improdutivos', que são matáveis. Não são apenas os corpos dos que não foram modulados pela axiomática do capital, ou seus restos, que podem ser eliminados, descartados. A resposta do governo Bolsonaro à pandemia do coronavírus nos mostrou o contrário, pois agora são os corpos produtivos que são matáveis, descartáveis. Os corpos produtivos devem continuar a trabalhar para manter a produção, fabricando lucro e mais-valia, qualquer que seja o tipo. Populações de corpos que podem perecer e serem destruídas para otimizar os fluxos de capital. Corpos produtivos e matáveis que devem continuar a girar a roda neoliberal durante a pandemia da Covid-19. Corpo e vida que são inclementemente substituídos. Nesse contexto, a morte é apenas um risco a ser enfrentado. O governo Bolsonaro nos mostrou explicitamente a primazia da produção dos fluxos capitalistas diante da vida de um corpo produtivo. Portanto, em tempos de coronavírus todos somos corpos matáveis, todos somos Homo sacer (Agamben, 2002). Contudo, mesmo com essa configuração atual de exceção e matabilidade generalizada devido à primazia do neoliberalismo sobre a vida, as mortes e a infecção pelo coronavírus não são democráticas. Por mais que todas as pessoas, independente do credo religioso, sexo-gênero, classe social, tenham o risco de se infectar e morrer devido à Covid-19, os dados supracitados mostram que a população pobre, que reside nas periferias e as minorias étnicas e sociais são as maiores vítimas da pandemia. Por mais que o capitalismo tenha se tornado uma axiomática generalizada (Deleuze & Guattari, 1976), ele ainda está à serviço de uma governamentalidade de classe social. Dessa forma, compreendemos que as práticas de Bolsonaro em relação à pandemia operam mais como uma correia de transmissão da lógica neoliberal, como um posicionamento resultante de uma intrincada configuração de forças com a classe empresarial. Nesse sentido, suas práticas necropolíticas não resultam de um 'capricho', ou desejo, do 'déspota', senão como representante de uma complexa composição com as elites empresariais. Bolsonaro não é o protagonista soberano da necropolítica, mas sim a máscara infame da necropolítica neoliberal, que conjuga a ideologia de um extremismo político de direita a serviço do exercício de um neoliberalismo radical.

Desse modo, o discurso e práticas de Bolsonaro não dão nenhuma mostra de uma suposta revolução viral contra o neoliberalismo, hipotetizada por Zizek (2020). Por mais que a pandemia tenha trazido uma desaceleração da frequência de rotação da máquina capitalista, não mostrou que irá erradicá-la. Não há sinais de um golpe mortal sobre o neoliberalismo. Muito pelo contrário, os argumentos de Byung-Chul Han (2020) parecem prevalecer ao debate com Zizek. A governamentalidade neoliberal continua funcionando a todo vapor, apesar da existência da pandemia. Os discursos negacionista dos riscos da doença, de retorno à normalidade, da criação do inimigo, da presença do remédio utópico (cloroquina), de Bolsonaro têm apenas como função a manutenção da lógica neoliberal de produtividade. Criar uma imagem de pensamento, uma palavra de ordem, de que não há riscos ao sair para trabalhar. Para o presidente, aqueles que afirmam que há riscos estão equivocados, são os inimigos. Mesmo que Bolsonaro assuma uma roupagem de patriota, de religioso e apegado aos costumes conservadores, o diagrama de forças do seu governo corresponde diretamente à axiomática do capital. No seu discurso a vida e o morrer estão diretamente submetidos ao trabalho e à produção. A vida passa a assumir o segundo plano em relação ao produzir, sendo uma mera contingência, descartável, principalmente quando entra a questão da classe social. Portanto, consideramos que a necropolítica contemporânea se distingue da máxima 'Fazer viver e deixar morrer' enunciada por Michel Foucault (1999) a respeito das sociedades de normalização e se escora no 'Produzir e deixar morrer'.

 

Considerações finais

Este artigo buscou analisar as falas de Bolsonaro publicadas nas reportagens de um veículo de comunicação de grande acesso para conhecer seu discurso em relação à Covid-19 e discutir sua governamentalidade. Constata-se que a retórica de diminuição dos riscos do coronavírus, a naturalização das mortes, a lógica militarista e de produção de inimigos estão à serviço da manutenção do funcionamento das engrenagens do diagrama neoliberal e da hierarquia social instituída. O governo colocou a economia em primeiro plano, deixando as vidas humanas em segundo, e ignorando o discurso científico.

A governamentalidade atual pode ser sintetizada na conexão entre diagrama de soberania à serviço da axiomática do capital, subtraída dos saberes disciplinares e evidentemente de uma ética da vida. Enquanto a maior parte dos Estados-nação e os organismos internacionais seguiram protocolos científicos e da saúde pública, o governo Bolsonaro optou por ignorar os saberes disciplinares e criar sua própria narrativa. Nesse sentido, preferiu criticar as práticas de isolamento social, exortando para que a população retornasse ao trabalho e a uma suposta normalidade, mesmo com os altos índices de contágio e mortes.

Contudo, consideramos que as práticas necropolíticas do presidente não decorrem de uma sandice, ou traços personalistas, pois são diretamente resultantes da axiomática do capital. A lógica neoliberal passa a gerir as distintas populações do mesmo modo, numa composição criação-destruição. Então se é necessário que segmentos da população, principalmente os trabalhadores pobres, sejam aniquilados em prol da reprodução do capital, é assim que deverá ser no discurso do presidente. Portanto, a necropolítica contemporânea não elimina apenas os corpos considerados improdutivos, como dos 'vagabundos', dos 'sem trabalho', mas também os corpos produtivos dos 'trabalhadores', que podem e ou devem perecer para manter as engrenagens da máquina capitalista funcionando. Por isso que propomos que a máxima defendida na contemporaneidade é o 'Produzir, e deixar morrer'.

Mesmo que organismos internacionais o critiquem, como a Ong Human Rights Watch, que compreende que Bolsonaro atrapalha o combate ao coronavírus79, ou a Eurasia, uma das principais agências de risco político do mundo, que considera o presidente brasileiro o "líder mais incompetente" no combate à Covid-1980, não encontramos nas suas falas sinais de que mudará seu posicionamento a curto-médio prazo. Seu discurso no período investigado é bastante consistente e gira em volta desses três principais eixos: negacionismo e construção de narrativa própria; retórica militarista e construção de diversos inimigos; e lógica governamental neoliberal. Por isso discordamos de Zizek (2020), que defende que o coronavírus é um golpe fatal ao neoliberalismo. O vírus não está vencendo a lógica capitalista, e as práticas neoliberais de Bolsonaro articuladas à alta taxa de mortalidade da doença nos mostram que é a vida que está sofrendo o mais mortífero golpe. Principalmente a vida das classes sociais desfavorecidas e as minorias étnico-raciais. Dessa forma, não podemos nos contentar com interpretações psicologizantes que tratam de culpar a conduta de Bolsonaro no combate à Covid-19, como se ele fosse a fonte de todos os males. Hipotetizamos que ele é o representante, o títere, de uma elite empresarial, que não quer perder seus lucros nesses tempos de pandemia. Um representante que ostenta uma conduta beligerante, extremista, supostamente patriótica e conservadora e que tem como finalidade manter o exercício do neoliberalismo através de discursos mais duros e populistas, uma vez que a social-democracia não demonstrou mais eficácia para a manutenção do diagrama neoliberal. Agora nos resta acompanhar e analisar os acontecimentos vindouros, na tentativa de produção de novos possíveis e eventuais rupturas.

 

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Recebido em: 20/07/2020
Aprovado em: 04/09/2020

 

 

Notas de fim

1 Para uma maior discussão desses conceitos, conferir Hur (2018).
2 Destacamos que utilizamos essa data como referência final para os dados e fatos discutidos neste artigo.
3 Valente, Rubens (2020, 02 de maio). Brasil não tinha um Plano de Contingência para um novo coronavírus. UOL. https://noticias.uol.com.br/colunas/rubens-valente/2020/05/02/brasil-nao-tinha-um-plano-de-contingencia-para-um-novo-coronavirus.htm
4 Governo Bolsonaro não trata da pandemia com outros países, diz Renan Filho. (2020, 21 de maio-a). UOL. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/05/21/governo-bolsonaro-nao-trata-da-pandemia-com-outros-paises-diz-renan-filho.htm
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5 Na literatura há diversas definições sobre populismo. Para Ernesto Laclau (2005) "o populismo requer a divisão dicotômica da sociedade em dois campos - um que se apresenta a si mesmo como parte que reclama ser o todo -, que esta dicotomia implica a divisão antagônica do campo social, e que o campo popular pressupõe, como condição de sua constituição, a construção de uma identidade global a partir da equivalência de uma pluralidade de demandas sociais" (p. 110, tradução nossa).
6 UOL. (2020, 06 de março). Coronavírus: Bolsonaro pede união e diz que momento não é para pânico. https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/03/06/coronavirus-bolsonaro-pronunciamento-em.htm
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11 UOL. (2020b, 21 de maio). Bolsonaro diz em live que morre mais gente de pavor do que de Covid no Brasil. UOL. https://noticias.uol.com.br/videos/2020/05/21/bolsonaro-diz-em-live-que-morre-mais-gente-de-pavor-do-que-de-covid-no-brasil.htm
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13 UOL. (2020, 03 de abril). Bolsonaro compara coronavírus a chuva: "Vai molhar 70% de vocês". UOL. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/04/03/bolsonaro-compara-coronavirus-chuva.htm
14 Andrade, Hanrrikson. (2020, 25 de março). Bolsonaro pede isolamento parcial e vê 'normalidade democrática' ameaçada. UOL. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/03/25/bolsonaro-volta-a-criticar-witzel-e-doria-e-fala-em-demagogia-barata.htm
15 Lindner, Julia. (2020, 26 de março). "O presidente sou eu", diz Bolsonaro após fala de Mourão sobre isolamento. Estadão. https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/03/26/o-presidente-sou-eu-diz-bolsonaro-sobre-fala-de-mourao-em-defesa-do-isolamento.htm
16 UOL. (2020b, 30 de abril). Bolsonaro ignora recomendações, provoca aglomeração e abraça padre no RS. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/04/30/bolsonaro-ignora-recomendacoes-provoca-aglomeracao-e-abraca-padre-no-rs.htm
UOL. (2020a, 24 de maio). Bolsonaro vai a aglomeração em Brasília, pega criança no colo e rebate STF. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/05/24/bolsonaro-participa-de-ato-com-aglomeracao-em-brasilia.htm
17 Carvalho, Rosiene & Costa, Fábio. (2020, 30 de abril). Covid-19: Bolsonaro incentivou carreata contra isolamento social em Manaus. UOL. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/04/30/covid-19-bolsonaro-incentivou-carreata-contra-isolamento-social-em-manaus.htm
18 Em entrevista ao programa Domingo Espetacular da Rede Record (22/03/2020), o presidente afirmou que as mortes provocadas por COVID-19 não superariam as mortes por H1N1 em 2019, que de acordo com ele foram 800 mortes.
19 Fala expressa em 12/04/2020. Nesta data havia 1225 mortes por coronavírus no país.
20 Carvalho, Diana. (2020, 28 de março). Bolsonaro debocha da situação de milhares de brasileiros sem saneamento. UOL. https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2020/03/28/bolsonaro-debocha-da-situacao-de-milhares-de-brasileiros-sem-saneamento.htm
21 Ferraz, Adriana. (2020, 29 de março). Bolsonaro diz que é preciso 'enfrentar vírus como homem e não como moleque'. Estadão. https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/03/29/bolsonaro-diz-que-e-preciso-enfrentar-virus-como-homem-e-nao-como-moleque.htm
22 UOL. (2020, 02 de abril). Bolsonaro diz que governadores que pregam isolamento têm 'medinho' do vírus. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/04/02/bolsonaro-diz-que-governadores-que-pregam-isolamento-tem-medinho-do-virus.htm
23 UOL (2020b, 24 de maio). 20 bairros com mais mortes por covid-19 estão nos extremos de São Paulo. Acesso em https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/05/24/coronavirus-avanca-mais-na-periferia-de-sp.htm
24 Sandes, Arthur. (2020, 19 de maio). Pretos e pardos já são maioria entre as vítimas que morreram por covid-19. UOL. https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/05/19/negros-e-pardos-ja-sao-maioria-entre-as-vitimas-fatais-por-covid-19.htm
25 Zarur, Camila & Mazzi, Carolina (2020, 04 de maio). Cidades pró-Bolsonaro registraram maior taxa de contágio pela covid-19 indica estudo. O Globo. https://oglobo.globo.com/sociedade/cidades-pro-bolsonaro-registraram-maior-taxa-de-contagio-pela-covid-19-indica-estudo-24409329
26 Marins, Carolina & Costa, Flávio. (2020, 12 de abril). Após novas indiretas, Mandetta cobra 'fala única' de Bolsonaro sobre covid. UOL. https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/04/12/coronavirus-mandetta-entrevista-fantastico.htm
27 UOL. (2020, 26 de abril). Mandetta sobre saída da Saúde: 'Presidente bateu de frente com a ciência'. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/04/26/mandetta-sobre-saida-da-saude-presidente-bateu-de-frente-com-a-ciencia.htm
28 UOL. (2020a, 25 de março). Sem dados, Bolsonaro diz que tratamento para covid-19 dá bons resultados. https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/03/25/sem-dados-bolsonaro-diz-que-tratamento-para-covid-19-da-bons-resultados.htm
UOL. (2020, 23 de maio). Bolsonaro insiste na defesa da cloroquina e diz que já ouviu testemunhos de cura. https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/05/23/bolsonaro-insiste-na-defesa-da-cloroquina-e-diz-que-ja-ouviu-testemunhos-de-cura.htm
UOL. (2020, 02 de junho). Bolsonaro volta a defender cloroquina: "Quem reclama, que dê alternativa". https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/06/02/bolsonaro-volta-a-defender-cloroquina-quem-reclama-de-alternativa.htm
29 UOL. (2020a, 20 de maio). 'Quem é de direita toma cloroquina, quem é de esquerda, Tubaína', diz Bolsonaro.. https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/05/20/quem-e-de-direita-toma-cloroquina-quem-e-de-esquerda-tubaina-diz-bolsonaro.htm
30 UOL. (2020, 17 de maio). Bolsonaro censura Ramos por fala com imprensa; seguidores cantam cloroquina. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/05/17/bolsonaro-cloroquina.htm
31 UOL. (2020, 15 de abril). Cloroquina: Mandetta cita risco de infarto e nega recomendação de uso geral. https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/04/15/cloroquina-mandetta-cita-risco-de-infarto-e-nega-recomendacao-de-uso-geral.htm
32 UOL. (2020c, 21 de maio). Bolsonaro tentou alterar bula da cloroquina por decreto, diz Mandetta. https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/05/21/bolsonaro-quis-alterar-bula-da-cloroquina-diz-mandetta.htm
33 UOL. (2020b, 20 de maio). Protocolo para cloroquina é político, populista e ditatorial, dizem médicos. https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/05/20/protocolo-de-cloroquina-e-politico-populista-e-ditatorial-dizem-medicos.htm
34 UOL. (2020, 20 de junho). Laboratório do Exército gastou mais de R$ 1,5 mi para fabricar cloroquina. https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/reporter-brasil/2020/06/20/laboratorio-do-exercito-gastou-mais-de-r-15-mi-para-fabricar-cloroquina.htm
35 UOL. (2020, 28 de abril). "Sou Messias, mas não faço milagres", diz Bolsonaro sobre recorde de mortes. https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/04/28/sou-messias-mas-nao-faco-milagres-diz-bolsonaro-sobre-recorde-de-mortes.htm
36 UOL. (2020c, 09 de maio-c). Bolsonaro nega churrasco e anda de jet ski enquanto país bate 10 mil mortes. https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/05/09/bolsonaro-nega-churrasco-e-anda-de-jet-ski-enquanto-pais-bate-10-mil-mortes.htm
37 UOL. (2020, 4 de junho) Ministério da Saúde registra 139 mortes a menos do que mostram secretarias. https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/06/04/dados-ministerio-saude-secretarias-estaduais.htm
38 UOL. (2020, 5 de junho) Bolsonaro mandou atrasar boletins da covid-19 para evitar TV, diz jornal. https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/06/05/bolsonaro-mandou-atrasar-divulgacao-de-dados-do-coronavirus-diz-jornal.htm
39 UOL (2020, 9 de junho). Covid-19: Pazuello diz que Brasil não compra mais porque produz respiradores. https://noticias.uol.com.br/videos/2020/06/09/covid-19-pazuello-diz-que-brasil-nao-compra-mais-porque-produz-respiradores.htm
40 Reuters. (2020, 16 de junho). Em dia de recorde de casos, Braga Netto diz que crise está 'gerenciada'. https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/reuters/2020/06/16/em-dia-de-recorde-de-casos-braga-netto-diz-que-crise-esta-gerenciada.htm
41 UOL. (2020b, 18 de junho). Saúde diz que Brasil está "a caminho da estabilização" de casos de covid-19. https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/06/18/saude-diz-que-brasil-esta-a-caminho-da-estabilizacao-de-casos-de-covid-19.htm
42 UOL (2020, 15 de junho). Bolsonaro: Não temos informações de que alguém tenha falecido por falta de UTI. https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/06/15/bolsonaro-nao-temos-informacoes-de-que-alguem-tenha-falecido-por-falta-de-uti.htm
43 UOL. (2020b, 16 de abril). É uma guerra', diz ministro da Defesa sobre combate ao coronavírus. UOL. Acesso em https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-brasil/2020/04/16/e-uma-guerra-diz-ministro-da-defesa-sobre-combate-ao-coronavirus.htm
44 Cancian, Natalia & Machado, Renato (2020, 20 de maio). Militares já ocupam 21 cargos na Saúde, em postos de direção e até em áreas especializadas. Folha de São Paulo. https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/05/militares-ja-ocupam-21-cargos-na-saude-em-postos-de-direcao-e-ate-em-areas-especializadas.shtml
45 Faria, Tales. (2020, 16 de março). Bolsonaro está convencido de que coronavírus é um plano do governo chinês. UOL. https://noticias.uol.com.br/colunas/tales-faria/2020/03/16/bolsonaro-esta-convencido-de-que-coronavirus-e-plano-do-governo-chines.htm
46 UOL. (2020, 18 de março). Eduardo Bolsonaro diz que culpa de pandemia do coronavírus é da China. UOL. Acesso em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/03/18/sem-provas-eduardo-bolsonaro-diz-que-culpa-da-pandemia-e-da-china.htm
47 Paraguassu, Lisandra. (2020, 18 de março). Eduardo Bolsonaro abre crise com a China ao responsabilizar país por epidemia. Reuters. https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2020/03/18/eduardo-bolsonaro-abre-crise-com-a-china-ao-responsabilizar-pais-por-epidemia.htm
48 UOL. (2020a, 04 de abril). Coronavírus: Weintraub usa Cebolinha para ironizar China, e web não perdoa. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/04/04/coronavirus-weintraub-usa-cebolinha-para-provocar-china-e-web-nao-perdoa.htm
49 UOL. (2020, 29 de abril). Bolsonaro diz que OMS incentiva masturbação e homossexualidade de crianças. https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/04/29/bolsonaro-diz-que-oms-incentiva-sexualidade-infantil-mas-apaga-post.htm
50 UOL (2020a, 18 de junho). Bolsonaro volta a criticar OMS e questiona número de mortos por covid-19. https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/06/18/bolsonaro-volta-a-criticar-oms-e-questiona-numero-de-mortos-por-covid-19.htm
51 UOL (2020b, 10 de junho). Bolsonaro volta a descontextualizar OMS e insinua intenção de falir países. https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/06/10/bolsonaro-volta-a-alfinetar-oms-e-insinua-intencao-de-quebrar-paises.htm
52 UOL. (2020b, 24 de março). Em pronunciamento, Bolsonaro ataca governadores e culpa imprensa. https://noticias.uol.com.br/videos/2020/03/24/em-pronunciamento-bolsonaro-ataca-governadores-e-culpa-imprensa-04024C993272DCB96326.htm
UOL. (2020a, 16 de abril). Bolsonaro ataca governadores: 'Excesso não vai curar problema, vai agravar'. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/04/16/bolsonaro-ataca-governadores-excesso-nao-vai-curar-problema-vai-agravar.htm
UOL. (2020d, 21 de maio). Antes de reunião, Bolsonaro critica governadores: "Povo terá que sentir". https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/05/21/antes-de-reuniao-bolsonaro-critica-governadores-voces-terao-que-sentir.htm
UOL (2020, 07 de junho). Bolsonaro fala em onda enorme de desemprego e "põe no colo" de governadores. UOL. Acesso em https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/06/07/bolsonaro-fala-em-onda-enorme-de-desemprego-e-poe-no-colo-de-governadores.htm
53 UOL (2020a, 10 de junho). Mulher entre apoiadores cita mortes e diz que Bolsonaro "traiu a população". https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/06/10/mulher-cobra-bolsonaro-em-conversa-com-apoiadores-e-diz-que-ele-traiu-nacao.htm
54 Caramuru, Pedro & Barcellos, Thaís. (2020, 03 de maio). Discurso de Bolsonaro contribuiu para situação de Manaus, diz prefeito. Estadão. https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/05/03/discurso-de-bolsonaro-contribuiu-para-situacao-de-manaus-diz-prefeito.htm
55 UOL. (2020, 23 de abril). Bolsonaro fragiliza estratégia dos governos estaduais, diz Helder Barbalho. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/04/23/barbalho-bolsonaro-trava-estrategia-dos-estados-e-do-ministerio-da-saude.htm
56 Andrade, Hanrrikson. (2020, 30 de abril). Sem provas, Bolsonaro diz que gestão Doria "infla" mortes por coronavírus. UOL. https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/04/30/sem-provas-bolsonaro-diz-que-gestao-doria-infla-mortes-por-coronavirus.htm
57 UOL. (2020, 14 de maio-b). Bolsonaro convoca empresários a 'jogar pesado' contra Doria para evitar lockdown. https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/05/14/bolsonaro-convoca-empresarios-a-jogar-pesado-contra-doria-para-evitar-lockdown.htm
58 UOL. (2020, 25 de maio). Bolsonaro elogia PM por suposto apoio a ato contra quarentena; Doria negou. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/05/25/bolsonaro-elogia-pm-por-suposto-apoio-a-ato-contra-quarentena-doria-negou.htm
59 UOL. (2020a, 11 de junho). Bolsonaro incentiva invasão a hospitais para checar ocupação https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/ansa/2020/06/12/bolsonaro-incentiva-invasao-a-hospitais-para-checar-ocupacao.htm
60 UOL. (2020, 23 de março). Em post, Bolsonaro diz que miséria pode ser tão grave quanto a covid-19. https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/03/23/sem-emprego-bolsonaro-diz-que-miseria-pode-ser-tao-grave-quanto-a-covid-19.htm
61 UOL. (2020b, 25 de março). Após críticas por discurso, Bolsonaro volta a pedir reabertura do comércio. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/03/25/apos-criticas-a-discurso-bolsonaro-volta-a-pedir-reabertura-do-comercio.htm
UOL. (2020, 07 de maio). Bolsonaro defende volta ao trabalho: 'Empresários dizem que estão na UTI'https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/05/07/bolsonaro-defende-volta-ao-trabalho-empresarios-dizem-que-estao-na-uti.htm
62 UOL. (2020, 22 de março). Bolsonaro volta a atacar Doria e diz que governadores "exterminam empregos". https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/03/22/bolsonaro-volta-a-atacar-doria-e-diz-que-governadores-exterminam-empregos.htm
63 UOL (2020, 30 de março). Coronavírus: Bolsonaro diz que impacto da covid-19 'não é apenas uma questão de vida'. https://noticias.uol.com.br/videos/2020/03/30/coronavirus-bolsonaro-diz-que-impacto-da-covid-19-nao-e-apenas-uma-questao-de-vida-0402CC193660E0B96326.htm
64 UOL. (2020, 08 de abril). "Desemprego leva à morte" e mais: as frases do pronunciamento de Bolsonaro. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/04/08/frases-pronunciamento-bolsonaro.htm
65 Mazieiro, Guilherme. (2020, 11 de abril). Após 1 mil mortes, Bolsonaro republica vídeo com críticas a isolamento. UOL. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/04/11/bolsonaro-republica-video-em-que-critica-isolamento.htm
UOL. (2020, 19 de abril). Bolsonaro ataca quarentena: "Não está difícil saber o que nos espera". https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/04/19/bolsonaro-ataca-quarentena-nao-esta-dificil-saber-o-que-nos-espera.htm
UOL. (2020, 16 de maio). Presidente diz que vai à TV contra isolamento. https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/05/16/presidente-diz-que-vai-a-tv-contra-isolamento.htm
66 Andrade, Hanrrikson. (2020, 12 de abril). Bolsonaro vê carreatas como "reação" e associa desemprego a isolamento. UOL. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/04/12/bolsonaro-liga-desemprego-ao-fica-em-casa-e-manda-indireta-a-governadores.htm
67 Reuters. (2020, 17 de março). Bolsonaro volta a falar em histeria e diz que medidas contra coronavírus afetam economia. https://economia.uol.com.br/noticias/reuters/2020/03/17/bolsonaro-volta-a-falar-em-histeria-e-diz-que-medidas-contra-coronavirus-afetam-economia.htm
68 UOL. (2020, 30 de abril-a). Coronavírus: sem provas, Bolsonaro diz que empenho para achatar curva foi 'inútil'. https://noticias.uol.com.br/videos/2020/04/30/coronavirus-sem-provas-bolsonaro-diz-que-empenho-para-achatar-curva-foi-inutil.htm
69 Andrade, Hanrrikson. (2020, 28 de março). Após divulgar campanha nas redes, Planalto nega campanha vetada por liminar. UOL. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/03/28/apos-divulgar-campanha-nas-redes-planalto-nega-campanha-vetada-por-liminar.htm
UOL. (2020a, 09 de maio-a). Bolsonaro volta a usar slogan de campanha suspensa pelo STF. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/05/09/bolsonaro-volta-a-usar-slogan-de-campanha-suspensa-pelo-stf.htm
70 UOL. (2020a, 14 de maio). Bolsonaro volta a defender isolamento vertical em videoconferência na Fiesp. https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/05/14/bolsonaro-volta-a-defender-isolamento-vertical-em-videoconferencia-na-fiesp.htm
71 UOL. (2020c, 14 de maio). "Se dependesse de mim, quase nada teria sido fechado", afirma Bolsonaro. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/05/14/bolsonaro-em-reuniao-se-depender-de-mim-quase-nada-teria-sido-fechado.htm
72 UOL. (2020, 08 de maio). Sem dados, Bolsonaro diz que país está perto de 10 milhões de desempregados. https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2020/05/08/bolsonaro-ve-10-milhoes-de-desempregados.htm
UOL. (2020b, 09 de maio). Bolsonaro cita exército de desempregados e pergunta: "O caos se aproxima https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/05/09/bolsonaro-cita-exercito-de-desempregados-e-pergunta-o-caos-se-aproxima.htm
UOL. (2020, 28 de maio). Bolsonaro diz que fechar economia foi 'desgraça' e quer volta de shoppings. https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/05/28/bolsonaro-diz-que-fechar-economia-foi-desgraca-e-quer-volta-de-shoppings.htm
73 UOL. (2020, 13 de maio). 'Quem não quiser trabalhar, que fique em casa', diz Bolsonaro. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/05/13/quem-nao-quiser-trabalhar-que-fique-em-casa-diz-bolsonaro.htm
74 UOL. (2020, 20 de maio-c). Pazuello 'vai ficar por muito tempo' como ministro da Saúde, diz Bolsonaro. https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/05/20/pazuello-ministro-interino-da-saude-vai-ficar-por-muito-tempo-diz-bolsonaro.htm
75 Weterman, Daniel & Faria, Thiago. (2020, 10 de abril). Governo não cumpre promessa e libera só 1,5% das emendas para a covid-19. Estadão. https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/04/10/governo-libera-so-15-das-emendas-para-a-covid-19.htm
76 UOL. (2020, 27 de maio). Governo Bolsonaro libera 23% do dinheiro para combater coronavírus. https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/05/27/governo-bolsonaro-libera-apenas-23-do-dinheiro-para-combater-a-pandemia.htm
77 UOL (2020b, 11 de junho). Bolsonaro diz que vai vetar auxílio extra de R$ 600 se Câmara aprovar. https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/06/11/bolsonaro-prega-cautela-com-auxilio-para-nao-virar-paraiso-da-agiotagem.htm
78 UOL. (2020a, 15 de maio). Mandetta: Bolsonaro quer cloroquina para conseguir reabrir a economia. https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/05/15/mandetta-bolsonaro-quer-cloroquina-para-conseguir-reabrir-a-economia.htm
79 Bermúdez, Ana Clara. (2020, 11 de abril). Bolsonaro atrapalha combate ao coronavírus, diz ONG Human Rights Watch. UOL. https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/04/11/bolsonaro-atrapalha-combate-ao-coronavirus-diz-ong-humans-right-watch.htm
80 UOL. (2020b, 15 de maio). Eurasia reafirma Bolsonaro como o 'mais incompetente' líder no combate à covid-19. https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/05/15/eurasia-reafirma-bolsonaro-como-o-mais-incompetente-lider-no-combate-a-covid-19.htm

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