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Avaliação Psicológica

versão impressa ISSN 1677-0471versão On-line ISSN 2175-3431

Aval. psicol. v.8 n.1 Porto Alegre abr. 2009

 

RESENHAS E NOTA TÉCNICA

 

Inteligência e suas múltiplas concepções na busca por medidas e definição

 

 

Diego Vinícius da Silva*

Universidade São Francisco

Endereço para correspondência

 

 

Candeias, A.; Almeida, L.; Roazzi, A.; Primi, R. (orgs) (2008). Inteligência: definição e medida na confluência de múltiplas concepções. São Paulo: Casa do Psicólogo, 427p.

 

O livro "Inteligência: definição e medida na confluência de múltiplas concepções" foi organizado com o objetivo de explorar diversas questões que estão presentes no debate sobre a conceituação e definição do construto inteligência. Os organizadores Adelinda Araújo Candeias, doutora em Psicologia pela Universidade de Évora, Leandro S. Almeida, doutor em Psicologia pela Universidade do Porto, Antonio Roazzi, doutor em Psicologia do Desenvolvimento na Universidade de Oxford e Ricardo Primi, doutor em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo, reuniram uma série de autores dos países Brasil, Portugal e Espanha que estão interessados nesse construto em suas diferentes formas de compreensão, desde aqueles que tomam posicionamentos mais tradicionais até aqueles que têm posicionamentos mais atuais, estudos laboratoriais e outros com aplicação prática.

O prefácio é escrito pelos próprios organizadores que apresentam os conteúdos explorados em cada capítulo do livro. Eles consideram que a inteligência é um dos construtos mais estudados pela psicologia, sendo que ela se configura como uma das áreas científicas que mais produz e aplica esse construto na esfera social. Uma questão principal que os autores apresentam no prefácio se torna pertinente a sua transcrição é a seguinte "se este construto reflete mais uma aptidão ou traço interno associado às propriedades biológicas dos indivíduos ou se é, sobretudo, expressão de um comportamento social e aprendido, fortemente marcado pelos contextos de vida dos sujeitos". Para responder essa questão o livro aponta desenvolvimentos na concepção da inteligência, a situa como estando no meio dos dois pólos apresentados na questão acima, e diz que ela pode ser concebida como uma capacidade dinâmica.

No capítulo 1, denominado "O que nos torna uma espécie inteligente? A inteligência em uma perspectiva epistemológica", os autores Antonio Roazzi, David P. O'Brien, Bruno C. de Souza, Maria da Graça B. B. Dias e Maira Roazzi realizam um raciocínio epistemológico sobre a inteligência humana, apresentando uma perspectiva histórica acerca da busca de conceituação desse construto. Nesse capítulo se reflete sobre a inteligência além dos limites marcados pela psicometria, focada na detecção das diferenças entre as pessoas no sentido de quantidades ou tipos de inteligências, e traz as contribuições de caráter epistemológico de Piaget sobre desenvolvimento cognitivo.

No capitulo 2, "Construto e medida da inteligência: contributos da abordagem fatorial", Leandro Almeida, Adelina Guisande, Ricardo Primi e Aristides Ferreira trazem uma perspectiva histórica da abordagem psicométrica da inteligência, desde estudos de Spearman, passando pela teoria de Cattell-Horn-Carroll (CHC) das aptidões cognitivas humanas e a aplicação dessa teoria nas escalas de inteligência ate os dias atuais.

No terceiro capítulo, "Las aptitudes espaciales", Gerardo Prieto apresenta estudos acerca do tema aptidões espaciais, desde uma perspectiva da abordagem psicométrica clássica até a leitura cognitivista atual. O autor define aptidões espaciais como sendo um conjunto de capacidades que permitem gerar, reter, recordar e transformar imagens visuais de objetos. Ele aponta os estudos fatoriais desse construto no século XX, e traz exemplos de formas de se avaliá-lo.

No capítulo seguinte "Las aptitudes verbales" de José Muñiz e Eduardo Garcia-Cueto falam sobre as aptidões verbais, definindo que as funções básicas da inteligência geral são a abstração e a capacidade de estabelecer relações. Eles afirmam que o fator verbal aparece como uma das mais relevantes da estrutura diferencial da inteligência, tanto no aspecto produtivo (fluidez verbal) como compreensivo (compreensão verbal). Os autores apresentam uma série de modelos sobre a inteligência, são eles, modelo de Spearman, de Thurstone, de Guilford e a teoria do contínuo heterogêneo e hierárquico de Yela.

No capítulo quinto, "Explicación del funcionamiento intelectual a partir de perfiles", de Antoni Castelló, busca-se definir os perfis intelectuais e como eles podem ajudar na exploração do funcionamento intelectual diferenciado entre os sujeitos. Esse capítulo foi dividido em partes, sendo que na primeira se dedica ao tema inteligência e funcionamento intelectual, se abordando a noção da inteligência, em seguida apresenta-se as análises das interações entre as suas bases físicas, os processos cognitivos e os comportamentos.

Em "Aproximación a los estilos cognitivos. Líneas de trabajo actuales en el estudio de la dependencia-independencia de campo" de M. Fernanda Páramo, Adelina Guisande, Carolina Tinajero e Leandro S. Almeida, é descrito a dependência versus independência de campo na análise dos estilos cognitivos e inteligência. Quando se pretende observar as investigações sobre os estilos cógnitos, os autores afirmam que há três áreas de conflito, a saber, confusão de definições, relação com outras dimensões psicológicas e entre diferentes modelos teóricos. Apresenta-se um histórico da conceituação dos estilos cognitivos, a definição, relação com inteligência, personalidade e estilos de aprendizagem.

No capítulo 7, "Inteligencias múltiples: evaluar y desarrollar", María Dolores Prieto, Mercedes Ferrando, María Rosario Bermejo e Carmen Ferrándiz analisam o modelo das inteligências múltiplas de Howard Gadner, considerando os aspectos didáticos utilizados para avaliar a competência de alunos dentro contexto educacional. Apresenta-se a natureza da inteligência humana desde as primeiras teorias até o aparecimento da teoria das inteligências múltiplas, com o objetivo de estabelecer as inovações desse modelo, as teorias psicométricas e teoria do processamento da informação. Apresenta-se também como se avaliam as múltiplas inteligências nos variados contextos como, no educacional e organizacional.

No oitavo capítulo, "Inteligência social: estudos teóricos e instrumentos de avaliação" Adelinda Araújo Candeias procura conceituar a inteligência social, sob a perspectiva de duas fases importantes para o estudo desse conceito e para a sua avaliação, são elas os estudos psicométricos e os estudos cognitivistas. A autora afirma que a inteligência social assume uma importância no estudo dos processos de interação, comunicação e resolução de problemas em situações interpessoais.

No nono capítulo, "Inteligência emocional", Maria Glória Franco avalia a inteligência emocional como sendo um construto recente e de grande interesse na comunidade cientifica. A autora organiza esse capítulo em seis pontos: revisão histórica, caracterização dos principais modelos, revisão dos principais instrumentos de avaliação, apresentação de alguns estudos, reflexão crítica sobre a situação atual dos estudos e uma sugestão de definição do construto.

No capítulo 10, denominado "Bateria de Avaliação Neuropsicológica de Coimbra (BANC): estudo de validade com recurso à escala de inteligência de Wechsler para crianças, Mario R. Simões refere-se mais a uma questão de avaliação da inteligência, apresentando um estudo empírico que tem por objetivo estudar a relação entre os desempenhos de crianças, na BANC e na Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças.

No último capítulo, "O Cognitive Assessment System e o paradigma da avaliação dinâmica" de Vitor Cruz, tem como objetivo abordar o paradigma da avaliação dinâmica, para tanto, é realizado uma breve descrição histórica, seguido por uma abordagem teórica e conceitual, e apresenta-se a metodologia de J. P. Dias e o seu modelo de avaliação dinâmica, o Cognitive Assessment System.

Esse livro reúne textos importantes na discussão do conceito de inteligência e se configura como um apropriado sumário de diferentes reflexões do construto inteligência. Nesse sentido, ele é destinado aos profissionais das mais variadas áreas científicas que se interessam em investigar sobre a inteligência, principalmente, aos profissionais da psicologia e da avaliação psicológica que podem se aproximar de discussões relevantes acerca desse tema. Isto porque destaque especial é dado à sua avaliação que, por ser alvo de críticas e suscitar polêmicas, os autores advertem que o psicólogo deverá ser sempre melhor que as provas que usa durante o processo de avaliação.

 

 

Endereço para correspondência
E-mail: vinicius.diego@ymail.com

 

 

Sobre o autor:

* Diego Vinícius da Silva: Psicólogo, mestrando em Avaliação Psicológica no Contexto Educacional da Universidade São Francisco - USF, Itatiba, São Paulo.

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