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Avaliação Psicológica
versão impressa ISSN 1677-0471
Aval. psicol. vol.12 no.2 Itatiba ago. 2013
Fluência verbal semântica e fonêmica em crianças: funções cognitivas e análise temporal
Semantic and phonemic verbal fl uency in children: cognitive functions and temporal analysis
Fluidez verbal semántica y fonémica en niños: funciones cognitivas y análisis temporal
Octávio Moura1; Mário R. Simões; Marcelino Pereira
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra
RESUMO
Testes de fluência verbal são medidas sensíveis a diferentes funções neuropsicológicas usadas na avaliação da integridade dos lobos frontal e temporal. Participaram neste estudo 120 crianças (7 a 10 anos) que foram avaliadas por meio da prova de fluência verbal semântica e fonêmica. Os resultados obtidos das análises fatoriais exploratória e confirmatória e da análise de correlação parecem indicar que essas duas provas dependem de diferentes funções neurocognitivas. O número de palavras produzidas nas tarefas fonêmicas foi significativamente inferior ao obtido nas tarefas semânticas, uma vez que as primeiras são cognitivamente mais complexas. Não foram observadas diferenças de gênero, mas foi observado um efeito significativo em função da idade da criança, o que corrobora a sensibilidade desses testes aos processos neurodesenvolvimentais. Na análise do desempenho ao longo dos 60 segundos, observa-se uma maior produção de palavras nos primeiros 15 segundos e uma significativa diminuição ao longo dos restantes 45 segundos.
Palavras-chave: fluência verbal semântica e fonêmica; crianças; neuropsicologia; BANC.
ABSTRACT
Verbal fluency tests are sensitive to different neuropsychological functions used in assessing the integrity of the frontal and temporal lobes. In this study, 120 healthy children (aged 7 to 10 years) were examined through a semantic and a phonemic verbal fluency test. The results of exploratory factor analysis, confirmatory factor analysis and correlation analysis seem to indicate that these two verbal fluency tests depend on different neurocognitive functions. The number of words produced in the phonemic task was significantly lower than the semantic task, indicating that is cognitively more complex. No gender differences were found, but a significant effect was observed for children’s age, showing the sensitivity of these verbal fluency tests to neurodevelopmental processes. The analyze of performance over the 60 seconds showed a significant production of words in the first 15 seconds and decrease over the remaining 45 seconds.
Keywords: semantic and phonemic verbal fluency; children; neuropsychology; BANC.
RESUMEN
Las pruebas de fluidez verbal son medidas sensibles a las diferentes funciones neuropsicológicas utilizadas en la evaluación de la integridad de los lobos frontal y temporal. Participaron de este estudio 120 niños (7 a 10 años) que fueron evaluados mediante la prueba de fluidez verbal semántica y fonémica. Los resultados obtenidos de los análisis factoriales exploratorio y confirmatorio y del análisis de correlación indicaron que esas dos pruebas dependen de diferentes funciones neurocognitivas. El número de palabras producidas en las tareas fonémicas fue significativamente inferior al obtenido en las tareas semánticas, ya que las primeras son cognitivamente más complejas. No hubo diferencias entre los sexos, pero fue observado un efecto significativo en función de la edad de niños, lo que corrobora la sensibilidad de esos testes a los procesos neurológicos del desarrollo. En el análisis del desempeño a lo largo de los 60 segundos, se observa una mayor producción de palabras en los primeros 15 segundos y una significativa disminución a lo largo de los restantes 45 segundos.
Palabras-clave: fluencia verbal semántica e fonémica; niños; neuropsicología; BANC.
Apesar de apresentarem uma grande simplicidade em termos de administração e cotação, os testes de Fluência Verbal (FV) envolvem um complexo conjunto de aptidões, funções e processos cognitivos. Dada a importância na avaliação dos processos cognitivos complexos, esses testes têm sido largamente utilizados na avaliação neuropsicológica, na prática clínica e na investigação (Simões, Pinho e cols., 2007). Diversas baterias de avaliação neuropsicológica incluem testes de avaliação Octávio Moura1, Mário R. Simões, Marcelino Pereira Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, Portugal da FV, nomeadamente o Developmental Neuropsychological Assessment (NEPSY-II; Korkman, Kirk, & Kemp, 2006), o Delis-Kaplan Executive Function System (D-KEFS; Delis, Kaplan, & Kramer, 2002), o Neuropsychological Battery (NEUROPSI; Ostrosky-Solis, Ardila, & Roselli, 1999), entre outros (para uma revisão consultar: Simões, 2003; Strauss, Sherman, & Spreen, 2006). Em Portugal é possível encontrar testes de FV para mensuração específica de funções executivas na Bateria de Avaliação Neuropsicológica de Coimbra (BANC; Simões e cols., 2012) e em testes de rastreio cognitivo de pessoas idosas, como é o caso do Addenbrooke Cognitive Examination-Revised (adaptação portuguesa: Firmino, Simões, Pinho, Cerejeira, & Martins, 2008) e do Montreal Cognitive Assessment (adaptação portuguesa: Freitas, Simões, Martins, Vilar, & Santana, 2010; Simões e cols., 2008).
Os testes de FV foram inicialmente introduzidos para avaliação de lesões no lobo frontal em pacientes adultos (Benton, 1968; Newcombe, 1969) e mais recentemente o seu estudo tem sido alargado à avaliação neuropsicológica de crianças e adolescentes (Hurks e cols., 2006; Riva, Nichelli, & Devoti, 2000). São uma medida de avaliação sensível a diversas funções e processos cognitivos complexos, nomeadamente: (1) funções executivas: envolvem aspectos como a capacidade para iniciar a busca sistemática e a recuperação (Delis e cols., 2002), pensamento abstrato (Anderson, Anderson, Northam, Jacobs, & Catroppa, 2001), flexibilidade cognitiva e a busca estratégica (Anderson e cols., 2001; Strauss e cols., 2006), velocidade de processamento (Bryan, Luszcz, & Crawford, 1997), entre vários outros (Simões, 2003; Simões, Pinho, e cols., 2007); (2) memória: compreende processos mnésicos como a memória semântica (Brucki & Rocha, 2004; Henry, Crawford, & Phillips, 2004; Radanovic e cols., 2009), a memória de trabalho (Barkley, Edwards, Laneri, Fletcher, & Metevia, 2001; Brocki & Bohlin, 2004), entre outros; (3) linguagem: mede a capacidade para aceder rapidamente ao léxico, a capacidade de organizar e recuperar palavras foneticamente (Riva e cols., 2000) e procurar palavras de categorias específicas armazenadas na memória (Korkman, Kirk, & Kemp, 2006); e a (4) aptidão verbal: envolve o conhecimento de palavras (Reader, Harris, Schuerholz, & Denckla, 1994). Os testes de FV são tarefas de produção verbal de palavras de fácil e rápida aplicação, que consistem na evocação de palavras, por parte do indivíduo, durante um determinado período de tempo, normalmente durante 60 segundos. Na prática clínica e na investigação, os testes de FV mais utilizados são a Fluência Verbal Semântica (FVS) e a Fluência Verbal Fonêmica (FVF) (Lezak, Howieson, & Loring, 2004; Mitrushina, Boone, Razani, & D’Elia, 2005; Strauss e cols., 2006).
Os testes de FVS ou fluência de categorias são provas que requerem que os indivíduos produzam e verbalizem o maior número de palavras numa categoria semântica específica. As categorias semânticas mais utilizadas são Animais, Alimentos, Frutos, Nomes Próprios de Rapazes e Moças, Peças de Vestuário, entre outros. Em Portugal, a BANC (Simões e cols., 2012) utiliza no teste de FVS as categoriais Animais, Nomes e Alimentos. Por sua vez, os testes de FVF ou fluência fonológica consistem na verbalização do maior número de palavras iniciadas por uma determinada letra. Na investigação publicada internacionalmente, os conjuntos de letras mais utilizados são o F-A-S, C-F-L, P-F-L, L-P-S e P-M-F. Em Portugal, têm sido utilizados os seguintes conjuntos de letras: P-M-R (BANC; Simões e cols., 2012), P-F-T e P-M-R (Fernandes e cols., 2003).
Nos estudos que comparam o desempenho entre os testes de FVS e de FVF, observa-se a produção de um maior número de respostas na prova semântica comparativamente à prova fonêmica (Crowe, 1998; Hurks e cols., 2006; Villodre e cols., 2006). A tarefa de produção semântica é considerada cognitivamente menos complexa e exigente (Crowe, 1998; Klenberg, Korkman, & Lahti-Nuuttila, 2001; Riva e cols., 2000), uma vez que a produção de palavras incide especificamente numa categoria semântica, enquanto a evocação de palavras que iniciam pela mesma letra requer a exploração mental de um maior número de subconjuntos de categorias e está mais dependente da maturidade do lóbulo frontal (Riva e cols., 2000). Tal como referem Simões, Pinho e cols. (2007), a utilização de testes de FVF em crianças antes da aquisição formal da leitura não é muito frequente, uma vez que a capacidade de organização e recuperação de palavras que começam pela mesma letra se desenvolve mais lentamente e se encontra associada ao conhecimento do alfabeto, sendo igualmente mais sensível aos efeitos da escolaridade (Brucki, Malheiros, Okamoto, & Bertolucci, 1997). No entanto, a capacidade para produzir palavras de diferentes categorias (FVS) surge mais cedo e constitui uma medida de avaliação da fluência verbal passível de aplicação a crianças mais novas (Simões, Pinho e cols., 2007).
De um modo geral, o número de palavras produzidas nos testes de FV tem tendência a ser maior no período inicial (primeiros 15 segundos) e diminui significativamente ao longo dos 60 segundos de duração da tarefa. Essa particularidade foi observada em amostras de crianças saudáveis (Filippetti & Allegri, 2011; Hurks e cols., 2006; Hurks e cols., 2010; Raboutet e cols., 2010), crianças com Perturbação de Hiperatividade com Déficit de Atenção (PHDA) (Hurks e cols., 2004) e em adultos (Brucki & Rocha, 2004; Villodre e cols., 2006). A maioria dos estudos sobre a FV apenas analisa o número total de palavras produzidas num minuto, muito embora Troyer (2000) e Hurks e cols. (2006, 2010) refiram que este procedimento não permite recolher a informação necessária para compreender os mecanismos cognitivos específicos que estão na base de um desempenho deficitário. Uma avaliação de desempenho em função do tempo permite uma compreensão mais alargada dos processos cognitivos associados a essas tarefas.
Durante as tarefas de FV são ativados dois tipos de armazenamento lexical: (1) um armazenamento em longo prazo que é rapidamente acedido e que contém as palavras mais frequentes; e (2) um armazenamento lexical mais extenso que é acedido quando se esgotam as palavras contidas no primeiro tipo de armazenamento (Crowe, 1996; Hurks e cols., 2010). Assim, durante os primeiros 15 segundos, o desempenho nos testes de FV estará associado a processos automáticos de evocação da informação, em que as palavras mais frequentes estão rapidamente disponíveis e são automaticamente ativadas para verbalização. À medida que o tempo decorre e que as palavras se esgotam, ocorre um maior esforço na procura de palavras, uma menor produção, estando o seu desempenho mais associado a processos controlados de evocação da informação (Hurks e cols., 2006; Hurks e cols., 2010), tornando-se, assim, mais dependentes das funções executivas (Crowe, 1998; Simões, Pinho, e cols., 2007). Um bom desempenho nas tarefas de FV parece assim depender da eficácia dos processos automáticos e controlados de evocação da informação (Hurks e cols., 2006; Hurks e cols., 2010).
Para além do desempenho ao longo dos 60 segundos, os testes de FV parecem também depender de duas componentes cognitivas distintas, designadas originalmente por clustering (agrupamento) e switching (alternância) (Troyer, Moskovitch, & Winocur, 1997). Durante as provas de FV, os sujeitos tendem a evocar palavras pertencentes a uma determinada subcategoria (agrupamento) e quando as palavras relativas a esta subcategoria se esgotam necessitam mudar para uma nova subcategoria (alternância). Enquanto ambas as componentes parecem ser importantes para o bom desempenho nos testes de FVS, nos testes de FVF a componente alternância parece ser bem mais relevante. A componente agrupamento parece estar mais dependente do lobo temporal, nomeadamente na memória verbal e no armazenamento/conhecimento de palavras, e a componente alternância parece encontrar-se mais associada aos processos do lobo frontal, como sejam a flexibilidade cognitiva, os processos de pesquisa estratégica e a mudança rápida de uma subcategoria para outra (Troyer, 2000; Troyer e cols., 1997; Troyer, Moskovitch, Winocur, Alexander, & Stuss, 1998).
Diversos estudos têm associado as tarefas de FV a localizações cerebrais específicas, em particular aos lobos frontal e temporal, referindo-se que o desempenho nos testes de FVS se encontra mais dependente do funcionamento do lobo temporal e o desempenho nos testes de FVF está mais associado ao funcionamento do lobo frontal (Baldo, Schwartz, Wilkins, & Dronkers, 2006; Birn e cols., 2010; Davidson, Gao, Mason, Winocur, & Anderson, 2008; Gaillard e cols., 2000; Grogan, Green, Ali, Crinion, & Price, 2009; Henry & Crawford, 2004; Phelps, Hyder, Blamire, & Shulman, 1997; Troyer e cols., 1998). O crescente interesse pelos testes de FV tem também possibilitado o seu estudo em grupos clínicos específicos, nomeadamente na dislexia (Brosnan e cols., 2002; Cohen, Morgan, Vaughn, Riccio, & Hall, 1999; Reiter, Tucha, & Lange, 2005), na PHDA (Hurks e cols., 2004; Marchetta, Hurks, Krabbendam, & Jolles, 2008), na epilepsia (Henkin e cols., 2005; Lopes, Simões, Robalo, Fineza, & Gonçalves, 2010; Riva e cols., 2005), na esquizofrenia (Fu e cols., 2005; Vogel e cols., 2009), nas doenças neurodegenerativas (Haugrud, Lanting, & Crossley, 2010; McDowd e cols., 2011; Radanovic e cols., 2009), entre outros.
Análises inferenciais em função do gênero têm sido efetuadas, sendo os resultados inconsistentes. Se por um lado, alguns estudos não encontram diferenças significativas em função do gênero em crianças (Hurks e cols., 2006; Hurks e cols., 2010; Nieto, Galtier, Barroso, & Espinosa, 2008; Riva e cols., 2000) e adultos (Brucki & Rocha, 2004; Lanting, Haugrud, & Crossley, 2009; Villodre e cols., 2006), noutros os participantes do sexo feminino apresentam resultados superiores aos do sexo masculino em amostras de crianças e jovens (Anderson e cols., 2001; Simões e cols., 2007) e em amostras de adultos, mas neste caso apenas na FVF (Weiss e cols., 2006).
Diversos estudos têm demonstrado de forma consistente a existência de um aumento significativo no desempenho em testes de FV com o aumento da idade da criança. Essa sensibilidade aos processos neurodesenvolvimentais tem sido observada em diferentes grupos etários: 5-12 anos (Korkman, Kemp, & Kirk, 2001), 6-13 anos (Brocki & Bohlin, 2004) e 6-15 anos (Matute, Rosselli, Ardila, & Morales, 2004). Estudos com amostras normativas nacionais têm também reportado a influência da idade nas tarefas de FV (Fernandes, 2005; Martins, Vieira, Loureiro, & Santos, 2007; Simões, Pinho e cols., 2007).
Objetivos e Hipóteses
Este estudo tem como principal objetivo analisar o desempenho de crianças nos testes de FV, tendo por base três objetivos específicos: (1) verificar se os testes de FVS e FVF constituem duas provas que envolvem diferentes funções neurocognitivas; (2) estimar o efeito das variáveis sociodemográficas (gênero e idade); e (3) examinar o desempenho ao longo dos 60 segundos (em períodos de 15 segundos). Com base na revisão da literatura, é esperado que os testes de FVS e FVF constituam duas medidas de avaliação específicas. Espera-se, ainda, encontrar diferenças significativas em função da idade da criança em ambos os testes de FV, não sendo de prever um efeito significativo em função do gênero. Por fim, espera-se uma produção superior e estatisticamente significativa de palavras nos primeiros 15 segundos comparativamente com os restantes períodos.
Método
Participantes
A amostra é constituída por 120 crianças (N7 anos = 19, N8 anos = 50, N9 anos = 33, N10 anos = 18) dos 7 aos 10 anos de idade (M = 8,42; DP = 0,93), sendo 62 crianças do gênero masculino (51,7%) e as restantes 58 crianças do gênero feminino (48,3%). Frequentam o Ensino Básico entre o 2º e o 4º ano de escolaridade, observando-se uma distribuição relativamente próxima entre estes três anos escolares: N2º ano = 43 (35,8%), N3º ano = 38 (31,7%) e N4º ano = 39 (32,5%). A grande maioria das crianças não apresenta qualquer retenção escolar (N = 105) e apenas 15 alunos apresentam uma retenção ao longo do seu percurso académico (N2ºano = 7, N3ºano = 2, N4ºano = 6). As habilitações acadêmicas das figuras parentais se distribuem da seguinte forma: até ao 3º Ciclo do Ensino Básico (Npai = 87; Nmãe = 72), Ensino Secundário (Npai = 26; Nmãe = 31) e Ensino Superior (Npai = 7; Nmãe = 17).
Instrumento
Para a avaliação da fluência verbal foi utilizado o teste de Fluência Verbal (Semântica e Fonêmica) da BANC (Simões e cols., 2012). A BANC é constituída por diversos testes neuropsicológicos que avaliam seis domínios: (1) Memória (Listas de Palavras, Memória de Histórias, Reconhecimento de Faces, Figura Complexa de Rey e Tabuleiro de Corsi); (2) Atenção e Funções Executivas (Cancelamento de 2 e 3 Sinais, Trilhas – Parte A e B, Fluência Verbal Semântica, Fluência Verbal Fonêmica e Torre); (3) Linguagem (Consciência Fonológica, Compreensão de Instruções e Nomeação Rápida); (4) Motricidade; (5) Lateralidade e (6) Orientação.
No teste de FVS, foi solicitado aos participantes que produzissem o maior número de palavras para cada uma das três categorias semânticas (Animais, Alimentos e Nomes), enquanto no teste de FVF foi pedido aos participantes que produzissem o maior número de palavras iniciadas pela letra P e pela letra M durante um período de 60 segundos. A pontuação para cada uma das tarefas tem por base o número total de palavras corretamente produzidas pela criança nos 60 segundos. A BANC apresenta normas para conversão dos resultados brutos em resultados padronizados por idade, mas não apresenta normas de conversão autônomas para cada uma das três tarefas da FVS e das três tarefas da FVF. Uma vez que o objetivo deste estudo foi o de estudar o desempenho individual de cada uma das tarefas de fluência verbal, todas as análises estatísticas serão efetuadas a partir dos resultados brutos. Com o objetivo de avaliar o desempenho da criança ao longo dos 60 segundos, foram seguidos os procedimentos indicados por Hurks e cols. (2006), tendo sido efetuadas pontuações parciais de 15 em 15 segundos para cada uma das provas de fluência verbal (1º período: 0–15 segundos; 2º período: 16–30 segundos; 3º período: 31–45 segundos; e 4º período: 46–60 segundos).
Procedimentos
As crianças participantes deste estudo foram recrutadas de três escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico da região norte de Portugal. A sessão de avaliação individual decorreu num local sossegado, durante um dia normal de aulas, após prévia autorização do Conselho Executivo das respectivas escolas e do consentimento informado dos pais. Após recolha de informação anamnésica (desenvolvimental, clínica e escolar) foram selecionadas para este estudo apenas as crianças falantes nativas do Português Europeu e excluídas as crianças com um diagnóstico clínico de Perturbação da Aprendizagem (Leitura, Escrita ou Cálculo), Perturbação Disruptiva do Comportamento (Perturbação de Hiperactividade com Déficit de Atenção, Perturbação de Oposição ou Perturbação do Comportamento), Deficiência Mental ou Perturbação da Comunicação.
Análises Estatísticas
Os dados recolhidos foram tratados estatisticamente por meio do programa SPSS 18.0, tendo sido utilizados os seguintes testes paramétricos: Coeficiente de Correlação de Pearson, T-Test Amostras Independentes, T-Test Amostras Emparelhadas, Anova (a 1 ou 2 fatores) e Anova Medidas Repetidas. Nas análises inferenciais, para além do valor do nível de significância (p) será também reportada uma medida da dimensão do efeito: d de Cohen (d) ou Partial Eta Squared (η2 p), consoante o procedimento estatístico utilizado. Na Anova foram efetuados adicionalmente testes post-hoc por meio do teste de Scheffe, para um nível de significância de p < 0,05. Foi também realizada uma análise fatorial exploratória e confirmatória, esta última com recurso ao programa de modelos de equações estruturais EQS 6.1 (Bentler, 2005).
Resultados
Análise Fatorial
De modo a testar como as cinco tarefas de FV se comportavam em termos de estrutura fatorial, procedeuse a uma Análise Fatorial Exploratória (AFE) com recurso à Análise de Componentes Principais com Rotação Oblíqua (Direct Oblimin). O teste KMO = 0,804 e o Teste de Esfericidade de Bartlett χ2(10) = 220,654, p < 0,001 demonstram ser adequada a utilização da AFE às variáveis em estudo. Utilizando o critério de Kaiser, sem forçar o número de fatores, existe um único fator com valores próprios (eigenvalues) superior a 1, que explica 60.04% da variância, muito embora pela análise do scree plot tenham sido identificados 2 fatores, em que este segundo fator apresenta um valor próprio de 0,898 e explica adicionalmente mais 15,76% da variância (total da variância explicada de 75,80%). Com a rotação desses 2 fatores por meio de Rotação Oblíqua (Direct Oblimin) verificou- se que as três tarefas de FVS (Animais, Alimentos e Nomes) apresentam pesos fatoriais (loadings) elevados no primeiro fator e valores baixos no segundo fator, enquanto as duas tarefas de FVF (Letra P e Letra M) apresentam pesos fatoriais elevados no segundo fator e valores baixos no primeiro fator (ver Tabela 1).
Em seguida, procurou-se testar este modelo por meio de uma Análise Fatorial Confirmatória (AFC) com recurso ao método de estimação de máxima verosimilhança (maximum likelihood) a partir da matriz de covariância dos resultados brutos. Os pontos de corte dos principais índices de ajustamento para se considerar a adequação do modelo fatorial confirmatório são os seguintes: χ2/gl < 3 (Kline, 1998); CFI > 0,95; SRMR < 0,08 e RMSEA < 0,06 (Hu & Bentler, 1999). Os índices de ajustamento obtidos indicam que esse modelo apresenta um ajustamento muito adequado: χ2(4) = 2,919, p > 0,05; χ2/gl = 0,73; CFI = 0,999; SRMR = 0,021; RMSEA = 0,001 (0,000 – 0,120). Na Figura 1 é apresentada a representação da AFC com os respectivos pesos fatoriais dos parâmetros estimados da solução estandardizada.
Estatística Descritiva, T-Test Amostras Emparelhadas e Análise Correlacional
Na Tabela 2, são apresentados os resultados da estatística descritiva das cinco tarefas de FV. Da análise dos resultados é possível verificar que as três tarefas de FVS apresentam valores superiores às duas tarefas de FVF. Procurou-se verificar se essas diferenças são estatisticamente significativas por meio do t-test amostras emparelhadas. Foi calculada a média das três tarefas de FVS e das duas tarefas de FVF para cada criança. Os resultados indicam que o desempenho no teste de FVS (M = 12,25; DP = 4,01) é significativamente superior ao obtido no teste de FVF (M = 6,67; DP = 2,80) com um t(119) = 18,342, p < 0,001, d = 1,61. A categoria semântica Nomes foi a que apresentou o maior número de evocação de palavras, enquanto a Letra M foi a que revelou o menor número de evocações.
Na análise das intercorrelações observam-se correlações positivas significativas entre todas as tarefas. Os coeficientes de correlação com valores mais elevados foram encontrados entre as três tarefas de FVS e entre as duas tarefas de FVF. As correlações apresentam valores moderados quando se correlacionam os testes de FVS com os testes de FVF (ver Tabela 3).
Gênero e Idade
Por meio do t-test amostras independentes, foi possível verificar que o gênero não produz um efeito significativo em nenhuma das três tarefas de FVS: Animais, t (118) = 0,380, p = 0,70, d = 0,06; Alimentos, t (118) = -0,801, p = 0,42, d = 0,14; Nomes, t (118) = -1,889, p = 0,06, d = 0,34; e nas duas tarefas de FVF: Letra P, t (118) = 0,530, p = 0,59, d = 0,09; e Letra M, t (118) = -1,110, p = 0,26, d = 0,20 (ver Tabela 4). Quando se analisa a interação entre gênero x idade (Anova a dois fatores) não se observam diferenças significativas em nenhuma destas provas.
Em seguida, procurou-se avaliar, por meio da análise de variância a um fator, a existência de diferenças estatisticamente significativas nas provas de FV em função da idade da criança. Como se pode observar pela análise da Tabela 4, foram encontradas diferenças significativas em todas as cinco tarefas avaliadas: Animais, F (3, 116) = 3,891, p < 0,05, η2 p = 0,09; Alimentos, F (3, 116) = 5,500, p < 0,01, η2 p = 0,12; Nomes, F (3, 116) = 3,611, p < 0,05, η2 p = 0,08; Letra P, F (3, 116) = 5,002, p < 0,01, η2 p = 0,11; Letra M, F (3, 116) = 6,899, p < 0,001, η2 p = 0,15. Testes post-hoc indicam a presença de diferenças na FVS, em que as crianças com 9 anos apresentam valores superiores comparativamente com as crianças de 7 anos (Alimentos e Nomes) e 8 anos (Animais e Alimentos). Não se observaram diferenças entre as crianças dos 7 e dos 8 anos, nem as crianças com 10 anos se diferenciaram das restantes em nenhuma das três tarefas semânticas. Relativamente às tarefas de FVF, as diferenças no desempenho verificam-se apenas na comparação das crianças de 7 anos com as crianças de 9 e 10 anos, tendo as crianças de 7 anos apresentado valores inferiores. Nas restantes comparações entre as diversas idades não foram encontradas diferenças significativas.
Desempenho ao Longo dos 60 Segundos
De modo a testar o desempenho nos testes de FV ao longo dos 60 segundos, foram efetuadas quatro pontuações parciais de 15 segundos cada. Foi utilizado como procedimento estatístico a Anova Medidas Repetidas, com recurso ao teste post-hoc para a comparação múltipla de médias (compare main effects) utilizando a correcção de Bonferroni. Dos resultados presentes na Tabela 5 é possível verificar a existência de diferenças bastante significativas no desempenho ao longo dos 60 segundos em todas as provas de fluência verbal, com magnitudes da dimensão do efeito (η2p) bastante elevadas. O número de evocações nos 15 segundos iniciais é claramente superior aos restantes três períodos e o número de evocações entre os 16- 30 segundos é igualmente superior ao terceiro e quarto períodos. Não se registaram diferenças no desempenho entre o terceiro (31-45 segundos) e o quarto período de tempo (46-60 segundos).
Discussão
Os testes de FV são tarefas de produção de palavras durante um determinado período de tempo sensíveis a diversas funções neurocognitivas, nomeadamente funções executivas, memória e linguagem. Este estudo teve por objetivo analisar se as provas de FVS e FVF envolvem a mobilização de diferentes funções cognitivas, avaliar o efeito do gênero, da idade e o desempenho ao longo dos 60 segundos.
De modo a testar se os desempenhos nos testes de FVS e de FVF remetem para diferentes funções neurocognitivas, procedeu-se a uma AFE, AFC e análise de correlação. Os resultados da AFE parecem apoiar essa diferenciação entre ambas as medidas, já que se observam pesos fatoriais elevados das três tarefas semânticas num primeiro fator e pesos fatoriais elevados das duas tarefas fonêmicas num segundo fator. Os índices de ajustamento da AFC confirmam a adequação dessa estrutura fatorial. Esses dados são ainda corroborados pelos resultados da análise correlacional, na qual os coeficientes de correlação mais elevados se encontram justamente entre as três tarefas da FVS e entre as duas tarefas de FVF. Riva e cols. (2000) obtiveram igualmente coeficientes de correlação mais elevados entre as duas tarefas semânticas e entre as duas tarefas fonêmicas, e coeficientes moderados no cruzamento entre as provas de ambos os testes, para além de na AFE terem obtido uma estrutura fatorial com 2 fatores, o que os levou a concluir que esses resultados parecem refletir diferentes competências e dependem de funções cognitivas distintas.
Quando se analisa o desempenho entre as provas semânticas e fonêmicas, observam-se resultados significativamente superiores das tarefas de FVS comparativamente com as tarefas de FVF. A tarefa semântica Nomes foi a que obteve um maior número de evocações, provavelmente por ser uma tarefa menos complexa, já que as crianças tendem a associar a evocação de palavras desta categoria a nomes de amigos, colegas e familiares. Os resultados dos diversos estudos com crianças que comparam o desempenho em ambos os testes de FV apontam neste mesmo sentido, existindo uma menor evocação de palavras nos testes de FVF (crianças 8-9 anos: Hurks e cols., 2006; crianças 5-11 anos: Riva e cols., 2000; crianças 7-15 anos: Simões e cols., 2012; crianças 8-12 anos: Weckerly, Wulfeck, & Reilly, 2001), pois são tarefas bem mais complexas, que exigem uma maior capacidade de natureza organizativa e estratégica (Riva e cols., 2000), requerem um maior esforço e uma busca estratégica mais ativa, já que são menos congruentes com o modo como a memória semântica está organizada (Martin, Wiggs, LaLonde, & Mack, 1994). No entanto, um adequado desempenho nas tarefas fonêmicas depende da maturação do lobo frontal, o que segundo alguns autores apenas ocorre por volta dos 12 anos de idade (Luria, 1973; Passler, Isaac, & Hynd, 1985). Estudos desenvolvidos na população adulta têm igualmente reportado um efeito do nível de literacia nos testes de FV (Brucki & Rocha, 2004; Ratcliff e cols., 1998; Silva, Petersson, Faísca, Ingvar, & Reis, 2004), sendo essas diferenças mais significativas nas tarefas de FVF (Mathuranath e cols., 2003; Ratcliff e cols., 1998), em que os indivíduos com menor escolaridade apresentam um menor desempenho. Em investigações com amostras de crianças da comunidade e sem problemas identificados (escolares ou outros) não é usual serem analisadas diferenças em função da escolaridade, dada a existência de uma correspondência linear entre idade e escolaridade (Simões e cols., 2007).
Tal como esperado, não se observaram diferenças significativas entre rapazes e moças nas cinco provas de FV, o que é consistente com a maioria dos estudos que analisaram o desempenho em função do gênero (Hurks e cols., 2006; Hurks e cols., 2010; Martins e cols., 2007; Nieto e cols., 2008; Riva e cols., 2000). Os diversos estudos relativos ao efeito da idade da criança no desempenho dos testes de FV apontam para o fato de estas tarefas serem sensíveis aos processos neurodesenvolvimentais (Brocki & Bohlin, 2004; Korkman e cols., 2001; Martins e cols., 2007; Matute e cols., 2004) e que a progressão dos desempenhos continua para além da adolescência (Klenberg e cols., 2001), muito embora ainda não existam dados concretos sobre a idade em que se atinge a realização máxima. Os resultados obtidos demonstram que as crianças com 9 anos apresentam um desempenho superior às crianças de 7 anos (na FVS e FVF) e às crianças de 8 anos (na FVS), muito embora as crianças com 10 anos não se diferenciem das crianças mais novas (7, 8 e 9 anos) em nenhuma das três tarefas semânticas e apenas difiram das crianças de 7 anos nas duas tarefas fonêmicas. Uma das possíveis justificações para esse resultado poderá estar associado ao fato de 33,3% das crianças com 10 anos (6 em 18) apresentarem uma retenção escolar durante o seu percurso acadêmico (enquanto com 7 anos = 0% reprovações; 8 anos = 14,0% reprovações e 9 anos = 6,1% reprovações) o que poderá indicar a presença de crianças com algumas dificuldades na aprendizagem neste grupo etário. Nesse sentido, alguns estudos reportam um menor desempenho das crianças com problemas de aprendizagem (Simões e cols., 2007) e com dificuldades de aprendizagem específicas (Brosnan e cols., 2002; Reiter e cols., 2005) nas tarefas de fluência verbal comparativamente com grupos de controle.
Uma das particularidades desta investigação foi a avaliação do desempenho das crianças nas tarefas de FVS e FVF, medido em intervalos de 15 segundos ao longo dos 60 segundos, dado que em Portugal não são conhecidos estudos neste âmbito. Os resultados obtidos indicam uma maior produção de palavras nos primeiros 15 segundos e um declínio significativo ao longo dos restantes períodos temporais. Apenas entre o terceiro (31-45 segundos) e o quarto período (46-60 segundos) não são observadas diferenças significativas. Essa diminuição de desempenho ao longo do tempo está de acordo com os resultados obtidos por outras investigações que avaliaram esses processos (Filippetti & Allegri, 2011; Hurks e cols., 2006; Hurks e cols., 2010; Raboutet e cols., 2010) e podem ser explicados à luz do modelo de armazenamento lexical (Crowe, 1996). No período inicial, as palavras mais frequentes são mais rapidamente ativadas para verbalização, mas à medida que o tempo decorre e as palavras dentro dessa categoria se esgotam ocorre uma menor produção, pois se encontram mais dependentes dos processos controlados de evocação da informação.
Os testes de FV são frequentemente utilizados na avaliação e na investigação neuropsicológica. No entanto, e como não são medidas puras no que diz respeito às dimensões avaliadas, não deverão ser utilizadas isoladamente, mas antes, empregadas no contexto de um exame neuropsicológico mais abrangente. Apesar de a literatura mais recente delimitar com maior precisão as dimensões avaliadas (funções executivas) e as estruturas neuroanatômicas envolvidas (lobo frontal e temporal), continua a ser necessário clarificar melhor o papel da linguagem e da memória, bem como as áreas cerebrais associadas às tarefas de fluência verbal.
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Recebido em março de 2012
Reformulado em outubro de 2012
Aprovado em dezembro de 2012
Sobre os autores
Octávio Moura: é Licenciado e Mestre em Psicologia. Doutorando em Neuropsicologia na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. Professor na Escola Superior de Educação de Fafe e no DFP do Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo Comportamental (CINEICC).
Mário R. Simões: é Professor Catedrático da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. Laboratório de Avaliação Psicológica da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo Comportamental (CINEICC).
Marcelino Pereira: é Professor Associado da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. Grupo de Investigação em Desenvolvimento e Aprendizagem da FPCE-UC.
1Endereço para correspondência:
E-mail: octaviomoura@gmail.com