Serviços Personalizados
Journal
artigo
Indicadores
Compartilhar
Revista da SPAGESP
versão impressa ISSN 1677-2970
Rev. SPAGESP vol.17 no.2 Ribeirão Preto 2016
ARTIGOS
Solidariedade Intergeracional Familiar nas pesquisas brasileiras: revisão integrativa da literatura*
Intergenerational Solidarity Family in brazilian research: integrative review of the literature
Solidaridad Intergeneracional Familiar en la investigación brasileña: revisión integradora de la literatura
Vanessa Barbosa Romera LemeI, 1; Amanda Oliveira FalcãoII, 2; Gisele Aparecida de MoraisII, 3; Ana Carolina BrazIII, 4; Susana CoimbraIV, 5; Luana de Mendonça FernandesII, 6
IUniversidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro-RJ, Brasil
IIUniversidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO, Niterói-RJ, Brasil
IIIUniversidade Tuiuti do Paraná, Curitiba-PR, Brasil
IVUniversidade do Porto, Porto, Portugal
RESUMO
Este estudo tem por objetivo apresentar os resultados de uma revisão integrativa da literatura das pesquisas brasileiras que abordam uma ou mais dimensões do modelo da Solidariedade Intergeracional Familiar (SIF) desenvolvido por Bengtson e colaboradores. Foram consultados artigos indexados nas bases de dados SciELO, BVS-Brasil e PePSIC. Identificaram-se inicialmente 793 artigos e, após a análise dos critérios de inclusão e exclusão, restaram 34 que foram analisados na íntegra. Os resultados indicaram a predominância de estudos empíricos, com delineamento transversal e com uma pequena amostra composta por filhos, avós e netos, sendo a temática mais frequente o cuidado de avós com os netos. As dimensões da SIF mais recorrentes foram a funcional e afetiva e a menos frequente a estrutural.
Palavras-chave: relações familiares; relações pais-filhos; relações avós-netos.
ABSTRACT
This study aims to conduct an integrative review in order to identify and to characterize Brazilian researches which address one or more dimensions of the Intergenerational Family Solidarity (IFS) model developed by Vern L. Bengtson. Searched databases were: SciELO, BVS-Brazil and PePSIC. 793 articles were identified and analyzed according to inclusion and exclusion criteria. The remaining 34 studies were fully read. Results indicated that most studies were empirical, with cross-sectional design and small sample of children, grandparents and grandchildren. The most frequent theme was grandparents taking care of their grandchildren. The most recurrent IFS dimensions were functional and affective, and the less recurrent was structural.
Keywords: family relations; parent-child relationships; grandparents-grandchildren relationships.
RESUMEN
El estudio tiene como objetivo realizar una revisión integradora de la literatura para identificar y caracterizar las investigaciones brasileñas que abordan una o más dimensiones del modelo de Solidaridad Intergeneracional Familiar (SIF), Vern L. Bengtson. Fueron consultados artículos indexados en las bases de datos SciELO, BVSBrasil y PePSIC. Se identificó inicialmente 793 artículos y después de analizar los criterios de inclusión y exclusión, restaron 34 estudios en su totalidad. Los resultados indicaron la predominancia de estudios empíricos con diseño transversal y una pequeña muestra compuesta por los niños, abuelos y nietos. El tema más frecuente en los artículos citados es el cuidado de los abuelos con los nietos. Las dimensiones del modelo SIF más recurrentes eran funcionales y emocional y la menos frecuente estructural.
Palabras clave: relaciones familiares; relaciones padres-hijos; relaciones abuelos-nietos.
As transformações sociais e demográficas ocorridas nas últimas décadas modificaram a atribuição de alguns papéis sociais na família, destacando-se entre estas o crescente número de divórcios, a saída da mulher para o mercado de trabalho a maior dificuldade dos jovens em se estabilizar financeiramente e o aumento da longevidade com o consequente maior tempo de convivência entre diferentes gerações (Araújo & Dias, 2010; Peixoto & Luz, 2007). A par dessas transformações, Bengtson e Roberts (1991) desenvolveram o modelo da Solidariedade Intergeracional Familiar (SIF) que surge como uma proposta multidimensional para investigar como os membros das famílias de diferentes gerações se apoiam e se relacionam ao longo do ciclo vital.
São considerados componentes da SIF variáveis como a proximidade afetiva e física, as trocas de apoio e suporte, transmissão de valores familiares, recebimento e oferecimento de ajuda e oportunidades de contato entre pessoas de diferentes gerações (avós, pais, filhos, netos) (Bengtson & Oyama, 2007; Bengtson & Roberts, 1991; Braz, Fontaine, & Del Prette, 2015). O modelo da SIF (Bengtson & Oyama, 2007; Bengtson & Roberts, 1991) comporta, deste modo, seis dimensões: (1) Afetiva: refere-se a sentimentos e avaliações expressas por familiares sobre seu relacionamento com outros parentes no que diz respeito à proximidade, comunicação, qualidade do relacionamento e compreensão entre avós, pais, filhos e netos; (2) Associativa: que consiste no tipo e na frequência de contato entre os membros da família; (3) Consensual: diz respeito a potenciais discordâncias de opiniões, valores e orientações entre as gerações na família; (4) Funcional: engloba os tipos de oferecimento e recebimento de apoio, por exemplo, tarefas domésticas, visitas e atividades de lazer entre avós, pais, filhos e netos; (5) Normativa: está subdividida em expectativas sobre obrigações filiais relacionadas ao cuidado dos pais, por exemplo, ajudar nos momentos de higiene pessoal e oferecer moradia, e concordância com normas quanto à importância de valores familiais, por exemplo, os membros da família devem dar mais importância para a opinião de cada um deles do que para a opinião de outras pessoas de fora da família; (6) Estrutural: é relativa às condições ou oportunidades de interação transgeracional, refletindo a proximidade geográfica entre os membros da família.
Uma das limitações apontadas para esta proposta inicial está relacionada com o fato de ser um modelo demasiado prescritivo e normativo, enfatizando mais o que as famílias deveriam ser do que aquilo que realmente são e, por conseguinte, não retratar convenientemente aquela que é a realidade da maioria das famílias (Lowenstein, 2007). De fato, as relações entre pais e filhos alteram-se ao logo do ciclo vital, passando de mais distantes para mais próximas ou o contrário (Bengston & Oyama, 2007; Coimbra & Mendonça, 2013; Swartz, 2009). Tais alterações podem estar associadas à existência do conflito e da ambivalência nas relações intergeracionais (Bengtson, Giarrusso, Mavry, & Silverstein, 2002; Borges & Magalhães, 2011). Desse modo, o modelo da SIF passou também a incluir uma sétima dimensão de conflito, que se refere à tensão ou à divergência entre os familiares (Bengtson et al., 2002).
A SIF é um modelo sólido, com mais de quatro décadas de validação empírica que, na sua origem, está, sobretudo, associado à gerontologia, às relações entre pais idosos e filhos adultos (Lowenstein, 2007). Por esse motivo, um dos aspectos que contribui para a sua pertinência é o envelhecimento populacional. No Brasil, o aumento da expectativa de vida está relacionado à melhoria na qualidade de vida que reduziu as taxas de mortalidade nas últimas décadas do século passado (Pires, 2013).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2015), o número de idosos no Brasil chegará a quase 70 milhões até o ano de 2050. Diante disso, as mudanças nas dinâmicas familiares associadas ao aumento da longevidade vêm sendo abordadas por diversos autores (Dias, Hora, & Aguiar, 2010; Falcão & Salomão, 2005; Flores, Borges, Denardin-Budó, & Mattioni, 2010; Flores, Borges, Denardin-Budó, & Silva, 2011; Pinto, Arrais, & Brasil 2014; Pires, 2013). Ainda que estudem estas relações no âmbito de modelos teóricos e empíricos diversificados, são passíveis de serem analisados à luz do modelo da SIF (Bengtson & Roberts, 1991). Esta análise poderá contribuir para a identificação dos denominadores-comuns às relações intergeracionais, o que possibilita uma maior generalização dos resultados, assim como a identificação de possíveis lacunas em termos de investigação. Além disso, ainda que a SI seja um modelo da gerontologia, as relações intergeracionais não se limitam às relações dos idosos com os seus filhos adultos. Assim, outras mudanças sociais, como o aumento de coabitação entre pais e filhos na transição para a vida adulta, também são um domínio pertinente de investigação e intervenção.
Embora no contexto internacional, o modelo da SIF seja há bastante tempo explorado (Albert, Ferring, & Michels, 2013; Bengtson, 2001; Bengtson et al., 2002; Bengtson & Robert, 1991; Cabral, Matos, Beyes, & Soenens, 2012; Coimbra & Mendonça, 2013), não se sabe como o mesmo vem sendo investigado no Brasil, pois ainda não há estudos de revisão acerca do tema. Adicionalmente, estudos internacionais têm evidenciado que as dimensões da SIF são associadas a aspectos positivos do desenvolvimento socioemocional dos familiares (Bengston & Oyama, 2007; Coimbra & Mendonça, 2013). Desse modo, o presente estudo tem por objetivo realizar uma revisão integrativa da literatura para identificar e caracterizar pesquisas brasileiras que abordam uma ou mais dimensões do modelo da Solidariedade Intergeracional Familiar (SIF). Ressalta-se a relevância da presente pesquisa ao fornecer um panorama em relação ao modelo da SIF no contexto brasileiro, além de possibilitar futuras investigações e programas de intervenção no âmbito familiar.
Método
O estudo caracteriza-se como uma revisão integrativa da literatura científica (Koller, Couto, & Von Hohendorff, 2014). A revisão foi conduzida a partir do formulário internacional para estudos de revisão sistemática e metanálises Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA, 2009).
Procedimento
COLETA DE DADOS. A busca ocorreu nos meses de maio e junho de 2015, nas seguintes bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde – Brasil (BVS-Brasil) e Periódicos Eletrônicos em Psicologia (PePSIC). A base PePSIC engloba periódicos pertencentes a Psicologia e ciências afins. Já as bases SciELO e BVS-Brasil sãos portais multidisciplinares que contemplam várias áreas de conhecimento. A escolha dessas bases pautou-se pela capacidade de agregarem fontes de dados nacionais com qualidade científica. Foram utilizados os seguintes descritores em português e seus correspondentes em inglês: (1) "solidariedade" e "familiar", "solidarity" e "family"; (2) "família" e "multigeracional", "family" e "multigenerational"; (3) "laços" e "intergeracionais", "bonds/ties" e "intergenerational"; (4) "laços" e "multigeracionais", "bonds/ties" e "multigenerational"; (5) "relações" e "intergeracionais", "relations/relationship" e "intergenerational"; (6) "solidariedade" e "intergeracional", "solidarity" e "intergenerational"; (7) "atitudes" e "intergeracionais", "atitudes" e "intergenerational"; (8) "transmissão" e "intergeracional", "transmission" e "intergenerational"; (9) "transferências" e "intergeracionais", "transferes" e "intergenerational".
Os descritores foram inseridos nos campos de busca avançada em "títulos", "resumos" e palavras-chave. O operador booleano utilizado foi "AND". Foram admitidas na pesquisa publicações de origem nacional na língua portuguesa, espanhola e inglesa. Por tratar-se de uma pesquisa exploratória, não houve limite de data inicial para o período da publicação. Os critérios de inclusão adotados foram: (1) artigos brasileiros (pesquisas qualitativas e quantitativas, estudos teóricos e empíricos, revisões e estudos de caso com métodos transversal e longitudinal) indexados nos periódicos científicos das bases selecionadas; (2) pesquisas sobre uma ou mais dimensões da Solidariedade Intergeracional Familiar (SIF). Foram excluídos: (1) resenhas de livros, teses, dissertações e apresentações de trabalhos em eventos científicos; (2) estudos que não eram brasileiros.
Na primeira etapa, foram identificados 793 artigos, sendo 241 na base de dados SciELO (Base 1), 517 na BVS-Brasil (Base 2) e 35 na PePSIC (Base 3). Neste momento foram removidos 296 estudos duplicados nas bases. Na segunda etapa (seleção), foi realizada a leitura do título e do resumo dos artigos rastreados (N=497) eforam excluídos 461 estudos: apresentação de trabalho e resenha de livro (N=5); estudos que não eram brasileiros (N=80), e pesquisas que não tratavam de uma ou mais dimensões da SIF (N=376). Dessa forma, na terceira etapa (elegibilidade), restaram 36 artigos para a leitura na íntegra e, após uma segunda apreciação, mais dois estudos foram desconsiderados por não abordarem uma ou mais dimensões da SIF. Finalmente, na última etapa, foram incluídos na revisão 34 artigos. O fluxograma do processo de exclusão e inclusão dos artigos na presente revisão está na Figura 1.
ANÁLISE DOS DADOS. Dois juízes realizaram a busca, seleção, extração e codificação dos artigos com base nos critérios de inclusão e exclusão. Todas as categorias apresentadas na sequência foram discutidas, uma a uma, até obter consenso. Nos casos de dúvida e discordância entre os juízes, fazia-se a leitura na íntegra do estudo e buscava-se consenso por meio de um terceiro juiz. O trabalho de julgamento foi realizado pelos três primeiros autores que têm experiência na área de família e relações entre pais e filhos. Para analisar as pesquisas, foram criadas nove categorias: (1) período de publicação; (2) tipo de artigo; (3) amostra; (4) tamanho da amostra; (5) delineamento; (6) instrumento de coleta de dados; (7) análise de dados; (8) temas dos estudos identificados através de análise de conteúdo e organizados de acordo com a similaridade dos assuntos abordados; (9) dimensões da Solidariedade Intergeracional Familiar, adotando a classificação proposta por Bengtson e Oyama, (2007) e Bengtson e Roberts (1991).
As categorias 1 a 7 foram analisadas quantitativamente (frequência e porcentagem) e as duas últimas de modo qualitativo-quantitativo. Os dados foram codificados e digitados em planilha do programa Excel, sendo que foram atribuídos valores de 1 (presença) ou 0 (ausência) para cada dimensão da SIF nos estudos selecionados. As referências dos estudos que foram incluídos na revisão são apresentadas com asterisco (*) na seção de Referências.
Resultados e discussão
Caracterização dos estudos
Com relação ao ano de publicação, a maioria dos artigos se encontrava no período de 2000 a 2010 (n=16, 47,0 %), seguidos de 2011 a 2015 (n=14, 41,1%) e o restante de 1991 a 2000 (n=4, 11,7%). Alguns dos motivos para o aumento das pesquisas a partir da primeira década do século XXI referem-se à maior longevidade populacional, à permanência prolongada dos filhos na residência dos pais, ao aumento do número de divórcios e, mesmo, ao pouco amparo do Estado às pessoas idosas (Motta, 2010). Esses fatores estão cada vez mais recorrentes no Brasil e propiciaram mudanças nas dinâmicas familiares como, por exemplo, trocas mais intensas de recursos e valores entre gerações (Coutrim, 2006; Motta, 2010; Falcão & Bucher-Maluschke, 2010).
No que diz respeito ao tipo de artigo, a maioria foi classificada como empírico (n=27, 79,4%) e os demais como teóricos (n=7, 20,5%). Esse dado corrobora o resultado mencionado anteriormente, sobre o recente interesse pela temática. Por outro lado, pode-se supor que a menor frequência de estudos teóricos ocorra devido à pouca utilização ou mesmo conhecimento do modelo da SIF no contexto brasileiro, ainda que o mesmo tenha sido proposto há mais de quarenta anos e seja atualmente bastante investigado internacionalmente (Albert et al., 2013; Bengtson, 2001; Bengtson et al., 2002; Cabral et al., 2012; Coimbra & Mendonça, 2013).
Em relação à amostra, os grupos etários mais pesquisados foram: (a) filhos (as), avós/avôs e netos (as) (22%), (b) somente avós/avôs (22%) e (b) avós/avôs, netos (as) e parentes (22%). Outras amostras encontradas foram pais e filhos (as) (14,7%), netos (as) (7,4%), pais (3,7%), filhos (as) (3,7%) e um não citou (3,7%). Pode perceberse que a figura dos avós é a mais pesquisada, indo ao encontro da orientação original para a gerontologia da SIF. Especificamente no que diz respeito à SIF, a importância de se investigar a figura dos avós é notável, já que, muitas vezes eles são personagens centrais nas dinâmicas de trocas e apoio que permeiam as relações familiares na atualidade (Ramos, 2014). Poucos estudos foram realizados com pais e filhos em conjunto ou com cada uma dessas figuras isoladamente. Este fato evidencia uma escassez de estudos sobre a SIF entre pais e filhos jovens adultos. A coabitação estendida é um fenômeno cada vez mais frequente nas famílias contemporâneas (FéresCarneiro et al., 2011; Peixoto & Luz, 2007), podendo contribuir no estudo da SIF. Não obstante tal constatação, este tema tem sido negligenciado pelos investigadores no Brasil, ao passo que é bastante investigado internacionalmente (Coimbra & Mendonça, 2013; Connidis & McMullin, 2002; Hartnett, Furstenberg, Birditt, & Fingerman, 2013). Somado a isso, estudos que utilizam como informante apenas os membros de uma geração são bastante limitativos e enviesados. Deste modo, sugere-se que os estudos futuros adotem, em seu método, a triangulação da informação ou análises diádicas. Todos esses fatores podem influenciar na SIF, motivo que justifica maiores investigações para ampliar a compreensão desta temática.
A maior parte dos artigos utilizou amostras entre 10 e 20 pessoas (33,3%), seguidos por amostra com mais de 50 pessoas (25,9%), menos de 10 (18,5%), entre 21 e 30 (11,1%), dois não citaram (7,4%) e apenas um estudo utilizou amostra entre 30 e 50 pessoas. A prevalência de amostras pequenas é condizente com a metodologia qualitativa adotada na maioria das pesquisas analisadas (Baptista & Campos, 2007), como será apresentado adiante.
A maioria dos estudos adotou o delineamento transversal (70,5%), seguido da pesquisa bibliográfica (17,6%) e estudo de caso (5,8%). Os delineamentos longitudinal e documental foram utilizados em apenas um estudo cada. Conforme visto anteriormente, ocorreram muitas mudanças sociais rápidas e profundas que refletiram na dinâmica familiar, em face disso a SIF é um fenômeno que tende a ganhar cada vez mais espaço no meio científico brasileiro. Diante disso, é preciso considerar outros desenhos de pesquisa para retratar como este fenômeno vem se desenvolvendo no decorrer do tempo. O delineamento longitudinal, aplicado à realidade brasileira, possibilitará acompanhar eventual evolução com transições normativas e não normativas como a mudança de estado civil dos pais ou dos filhos (por exemplo, divórcio e viuvez), nascimentos de filhos/netos e a transição para a aposentadoria.
Sobre os instrumentos de coleta de dados, os mais utilizados foram a entrevista (55,5%), seguidos por técnicas combinadas (33,35%), questionário (7,4%) e escala (3,7%). A metodologia qualitativa (70%) foi a mais empregada para a análise de dados, seguida da qualitativa-quantitativa (18,5%) e quantitativa (7,4%). Tais resultados são coerentes com o tipo de investigação e o delineamento adotado na maior parte dos trabalhos.
Temas e Dimensões da SIF identificados nos estudos
Os temas elaborados para os estudos identificadas são apresentados na Tabela 1. A maioria dos artigos contemplou a temática Cuidados de avós com os netos, seguido das categorias, Papéis de autoridade entre avós/avôs, Lazer entre avós/avôs e netos (as) e Envelhecimento, saúde e relações intergeracionais. As temáticas menos frequentes foram Papéis de autoridade entre pais e filhos (as) e Relações interculturais.
De modo geral as pesquisas da temática Cuidado de avós/avôs com netos (as) destacaram o papel importante atribuído às avós enquanto suporte para seus filhos, tanto no cuidado com os netos, quanto no suporte financeiro oferecido aos mesmos (Araújo & Dias, 2010; Dias, 1994; Falcão & Salomão, 2005; Marcon, 1997; Peixoto et al., 2012; Pinto et al., 2014; Yamashiro & Matsukura, 2014). Vale ressaltar que todos os estudos com essa temática encontraram que são as avós (e não os avôs) responsáveis pelo cuidado com os netos, mostrando a influência do estereótipo de gênero exercido no contexto familiar, no qual a mulher, na maioria das vezes, ocupa o papel de cuidadora, bem como o de receptora dos cuidados familiares (Araújo & Dias, 2010; Dias, 1994; Falcão & Salomão, 2005; Marcon, 1997; Peixoto et al., 2012).
Outro fator relevante que explica a maior participação das idosas no contexto multigeracional é fato delas serem mais longevas, vivendo em média sete anos a mais (Brasil, 2014). Isso sugere um aumento na probabilidade de contato por parte destas com outras gerações em comparação aos idosos. Além disso, dois artigos (Araújo & Dias, 2010; Dias, 1994) evidenciaram que a tarefa de cuidar dos netos envolvia aspectos positivos e negativos na percepção dos avós. Dentre os pontos positivos destacam-se um convívio mais próximo com os netos, sem a responsabilidade que é atribuída aos pais e a satisfação em transmitir valores e conhecimentos. No que se refere aos pontos negativos, pode-se citar sentimentos como ansiedade, sobrecarga emocional e financeira, e a percepção do cuidar do neto como uma "obrigação". Tal desinteresse era percebido principalmente por avós mais novos.
Os estudos da categoria Lazer entre avós/avôs e netos (as) indicaram que as avós, embora muitas vezes se sintam sobrecarregadas com o excesso de atribuições, não deixam de auxiliar os netos. Além disso, as brincadeiras e momentos de lazer com elesparecem compensar as tensões vivenciadas, pois promovem maior vínculo e trocas afetivas (Cardoso & Brito, 2014; Oliveira et al., 2009; Oliveira et al., 2010; Ramos, 2014). Assim, a maior possibilidade de convivência entre avós e netos, devido aos fatores supracitados, intensifica as dinâmicas familiares, pois as trocas de afetos, valores e suporte intergeracionais tornam-se mais frequentes, bem como conflitos e divergências.
Os trabalhos que contemplaram a temática Papéis de autoridade entre avós/avôs, pais e netos (as) sinalizaram que mudanças nas atribuições de papéis podem influenciar as relações entre as gerações (Paula, Silva, Bessa, Morais, & Marques, 2011; Ruschel & Castro, 1998). Um dos desdobramentos dessa hipótese indica que avós que contribuem com o cuidado dos netos, por vezes, assumem funções que deveriam ser exercidas pelos pais, especialmente no que concerne a forma de conduzir a educação dos netos. Há certa dificuldade, por parte dos avós no que diz respeito à diferenciação dos papéis que lhes cabem e dos papéis que cabem aos pais, aumentando a chance de conflitos (Araújo & Dias, 2010; Dias et al., 2010). Outro aspecto a ser ressaltado diz respeito às mudanças nas relações entre avós e netos (Paula et al., 2011; Ruschel & Castro, 1998). Os avós outrora se percebiam como portadores de poder, autoridade e respeito, assim como as regras em relação ao certo e errado eram mais claras. Atualmente, não há mais a demarcação de normas claras entre avós e netos, e as relações são caracterizadas por perda de autoridade e menor hierarquia (Paula et al., 2011). Pode-se inferir que as mudanças de atribuições de papéis e a consequente perda de autoridade das figuras mais velhas são deflagradores de divergências, devido à falta de consenso sobre a quem deve ser atribuído o papel de autoridade e em quais momentos.
Cinco pesquisas fizeram parte da temática Envelhecimento, saúde e relações Intergeracionais (Falcão & Bucher-Maluschke, 2010; Flores, Borges, DenardinBudó, & Mattioni 2010; Luchesi, Pavarani, & Vianna, 2011; Pavarini et al., 2006; Rabelo & Neri, 2014). Três delas evidenciaram a importância dos cuidados oferecidos aos pais na velhice, bem como a satisfação e o bem-estar percebidos por ambas as partes nesse processo de troca de suporte. O fato da maior parte dos estudos dessa categoria ter focalizado essa temática, pode estar relacionado ao aumento da longevidade e às implicações disso na vida relacional das famílias multigeracionais. Dois deles (Falcão & Bucher-Maluschke, 2010; Luchesi et al., 2011) investigaram o impacto que uma doença degenerativa na velhice causa nas relações intergeracionais. Um dos trabalhos (Falcão & Bucher-Maluschke, 2010) concluiu que apesar dos transtornos causados pela doença, há um maior apoio e coesão entre as gerações. Esse resultado corrobora o modelo da SIF que diz que a maior frequência de contato entre membros de famílias intergeracionais por meio de oferecimento e recebimento de apoio, propicia fortalecimento de vínculos, em que pese a presença de sentimentos de ambivalência ou mesmo de conflito (Bengtson & Oyama, 2007). Já o outro estudo (Luchesi et al., 2011) destacou que os netos que convivem com avós com doenças degenerativas tinham uma visão negativa sobre a velhice. Diferente das categorias anteriores, que focalizaram a figura dos avós como principais fornecedores de apoio e cuidado às demais gerações, esse resultado apresenta os avós como principais receptores de apoio. Essa dinâmica tem se tornado comum devido ao aumento da longevidade e repercute de diversas maneiras no contexto familiar, o que demanda maior atenção dos pesquisadores, considerando os poucos estudos que abordaram essas mudanças.
Dentre as temáticas menos investigadas, destaca-se a Papéis de autoridade entre pais e filhos (as) que abordou as relações entre filhos adultos que coabitam com os pais (Borges & Magalhães, 2009; Féres-Carneiro, Henriques, & Jablonski, 2011; Peixoto & Luz, 2007). Os artigos destacaram que as relações entre pais e filhos adultos são marcadas por negociações constantes sobre atribuições de papéis no contexto familiar, especialmente o papel de autoridade. Nas relações entre pais e filhos adultos existe demonstração de respeito aos limites de cada membro da família, sem que dessa forma seja necessário recorrer ao estabelecimento de uma hierarquia rígida, prezando pelo equilíbrio entre autonomia e dependência (Borges & Magalhães, 2009). As pesquisas sinalizaram que a troca de papéis nas instâncias relacionais funciona como estratégia necessária para modificar regras familiares que estejam em desacordo com o grupo familiar (Borges & Magalhães, 2009; Féres-Carneiro et al., 2011; Peixoto & Luz, 2007).
Apesar das tensões geradas pelas negociações entre pais e filhos, ressalta-se que é por meio delas que os acordos entre os familiares são alcançados (Borges & Magalhães, 2009; Féres-Carneiro et al., 2011; Peixoto & Luz, 2007). Os estudos dessa temática também mostraram que apesar dos conflitos entre pais e filhos adultos, existe elevada solidariedade intergeracional nessas relações. De fato, a família se apresenta como grande fonte de apoio material e afetivo aos filhos adultos em situação de vulnerabilidade como desemprego, para que seja possível a eles alcançarem seus objetivos individuais, mesmo que para isso seja necessária uma permanência prolongada na casa dos pais.
Apenas um artigo (Faller & Marcon, 2013) fez parte do tema Relações interculturais dado a sua especificidade. Esse estudo evidenciou diferenças nas relações intergeracionais na cultura brasileira e libanesa, sendo que na cultura libanesa havia maior frequência de solidariedade entre as gerações novas e as mais velhas na família, enquanto que na brasileira predominaram o individualismo e estereótipos de papéis de gênero nos cuidados dos idosos. Por exemplo, enquanto na sociedade brasileira os filhos se afastavam, após o casamento, e as filhas ficavam responsáveis pelos cuidados dos pais idosos, independente da condição civil, o mesmo não acontecia na libanesa. Apesar de existir apenas um artigo de comparação intercultural entre o Brasil e outras sociedades, este é um domínio muito promissor de investigação. De fato, os valores culturais estão bem presentes na SIF, em particular nas suas dimensões normativa e consensual, e, no caso do Brasil, essa influência pode ser bem visível dada a ascendência multicultural na sociedade brasileira e a existência crescente de movimentos migratórios na atualidade. Os trabalhos sobre aspectos interculturais possibilitam também verificar se a realidade brasileira difere da realidade de outros países/sociedades.
Na sequência, buscou-se identificar nos resultados dos estudos selecionados, uma ou mais dimensões da SIF. Na maior parte dos artigos foi verificado as dimensões da SIF funcional e afetiva e com menor frequência apareceram as dimensões da SIF consensual e estrutural. No que diz respeito à SIF funcional, os resultados indicaram que as trocas de apoio, tanto financeiras quanto afetivas, são relevantes nas relações entre gerações, especialmente entre famílias com rendas comprometidas (Araújo & Dias, 2010; Camargo et al., 2011; Coutrim, 2006; Motta, 2010; Peixoto & Luz, 2007). De acordo com a SDH (Brasil, 2014), no Brasil, os idosos respondem por mais da metade da renda familiar em 53% dos domicílios. As pesquisas evidenciaram uma diversidade de situações em queos avós contribuem para o sustento de filhos e netos, sendo que quando há coabitação os filhos complementam a renda dos pais idosos que não conseguem suprir seus gastos com a aposentadoria que recebem (Araújo & Dias, 2010; Camargo et al., 2011; Cardoso & Brito, 2014; Coutrim, 2006; Faller & Marcon, 2013; Peixoto & Luz, 2007; Motta, 2010; Oliveira et al., 2010). Além disso, os trabalhos indicam que os pais sustentam seus filhos adultos por períodos prolongados de tempo, devido à dificuldade de inserção no mercado de trabalho. Por isso, a troca de apoio na família vem mostrando-se como alternativa para superação dessas adversidades, conforme ficou evidenciado em alguns estudos (Araújo & Dias, 2010; Camargo et al., 2011; Cardoso & Brito, 2014; Coutrim, 2006; Faller & Marcon, 2013; Motta, 2010; Oliveira et al., 2010; Peixoto, 2007).
A SIF afetiva estava presente em muitas das pesquisas analisadas (Araújo & Dias, 2010; Borges & Magalhães, 2009; Braz et al., 2013; Camargo et al., 2011; Cardoso & Brito, 2014; Féres-Carneiro et al., 2011; Falcão & Bucher-Maluschke, 2010, Flores et al., 2010), o que pode ser o reflexo da maior convivência entre gerações. Os estudos indicaram que apesar do relacionamento intergeracional causar sobrecarga de funções para algum membro da família e propiciar mesmo o conflito, está também muitas vezes associado ao sentimento de bem-estar, satisfação e alegria por relacionarem-se entre si, indicando que as trocas de afeto e carinho podem se sobressair em relação aos conflitos vivenciados (Borges & Magalhães, 2009; Braz et al., 2015). Pode-se inferir que a coabitação (SIF estrutural) possa intensificar a convivência intergeracional (SIF associativa), impactando nos relacionamentos de intimidade e aumentando trocas de apoio e carinho (SIF afetiva). Por consequência, há maior afetividade e coesão familiar. Como sugere o modelo da SIF, quanto maior ocorrência de trocas de apoio entre gerações, maior será o vínculo entre elas (Bengtson et al., 2002).
Poucos artigos trataram estritamente da SIF consensual e estrutural (Camargo et al., 2011; Coutrim, 2006; Flores et al., 2010; Herédia et al., 2007; Motta, 2010; Pavarani et al., 2006; Peixoto & Luz, 2007; Rocha & Leite, 2004). Os estudos que abordaram a dimensão consensual tratam da maneira como os membros da família chegam a um acordo em relação às regras de funcionamento do contexto familiar, bem como em relação à atribuição de papéis de autoridade entre gerações que, muitas vezes, sofrem mudanças devido à coabitação ou a convivência prolongada. Esse aspecto do modelo da SIF é importante, pois quando se alcança o consenso evita-se o conflito e se estabelece a harmonia nas relações (Motta, 2010). Contudo, a existência de divergência de valores entre as gerações nem sempre compromete as trocas de apoio (Albert et al., 2013), o que sugere que essa dimensão precisa ser melhor investigada.
As pesquisas que trataram da SIF estrutural referiram-se as condições ou oportunidades de interação entre gerações, por exemplo, filhos que moram com ou próximo (no mesmo lote) dos pais, filhos que visitam os pais aos finais de semana e netos que se comunicam com os avós por meio de aparatos tecnológicos (Araújo & Dia, 2010, Motta, 2010; Paula et al., 2011). Esses assuntos foram tratados nas pesquisas de forma adjacente, mostrando que esse aspecto da solidariedade não foi o foco dos estudos analisados. Isso pode decorrer do fato de os pesquisadores priorizarem as mudanças vivenciadas nas relações intergeracionais relativas às trocas exercidas entre os membros da família e de como isso resulta em apoio, afeto, consenso e conflito nas relações familiares, bem como o impacto disso sobre o desenvolvimento socioafetivo da família. A falta de proximidade é, sem dúvida, um obstáculo às trocas funcionais entre pais e filhos (Hartnett et al., 2013) e cada vez mais pertinente numa sociedade em que existem mais migrações intra e transnacionais. É possível que essa abordagem adjacente tenha negligenciado o impacto da proximidade geográfica para a SIF e poderão ser examinados em investigações futuras.
Vale ressaltar que apenas um artigo empírico (Braz et al., 2013) se propôs a abordar diretamente o modelo da SIF proposto por Bengtson et al. (2002), por meio de análise diádica, considerando as perspectivas de pais e de seus filhos. Nos demais estudos, embora tenha sido possível identificar uma ou mais dimensões da SIF, esta não foi explicitada. Tais achados indicam que faltam pesquisas brasileiras sobre as relações familiares a partir do modelo da SIF, visto que, no âmbito internacional, o mesmo já é explorado por vários pesquisadores e associado a indicadores de saúde mental (Coimbra & Mendonça, 2013; Connidis & Mc Mullin, 2002; Hartnett et al., 2013).
Considerações finais
Os resultados da revisão indicam que os autores dos estudos selecionados adotaram diversas definições sobre essa temática, com perspectivas teóricas e metodológicas bastantes heterogêneas. Esta revisão, ao permitir uma leitura mais sistemática e uniformizada, à luz de um modelo com bastante validação na literatura internacional, constitui, por esse motivo, um importante contributo para a identificação de denominadores comum na literatura científica brasileira e de pistas para estudos futuros acerca das relações intergeracionais familiares.
No tocante às categorias temáticas, conclui-se que houve uma escassez de pesquisas sobre relações entre pais e filhos adultos, o que evidencia uma área a ser explorada em investigações futuras, já que a coabitação dos filhos com os pais por períodos prolongados de tempo é um fenômeno crescente na sociedade contemporânea. Salienta-se que predominância de pesquisas transversais com recurso a um único informante e mais focados nas trocas de apoio funcionais pode ser limitativo, no sentido de captar a heterogeneidade das experiências e dinâmicas das famílias multigeracionais cada vez mais frequentes no contexto brasileiro. De modo semelhante, a quase ausência de estudos de comparações culturais não permite perceber de forma cabal se essa realidade difere da realidade de outros países/sociedades.
A presente revisão apresenta como principal limitação o fato de não ter incluído, teses, dissertações e capítulos de livros nas buscas. O conteúdo desses materiais não considerados poderia contribuir para uma melhor apreciação da temática e conclusões mais robustas. Uma segunda limitação consiste no fato de que, por se tratar de uma busca bibliográfica realizada num período específico de tempo, é possível que após a finalização do trabalho novos artigos relacionados ao tema tenham sido incorporados nas bases de dados, o que resultaria numa amostra de tamanho diferente da encontrada pelos autores no momento em que fizeram o levantamento. Com relação às contribuições dessa pesquisa, ressalta-se seu caráter inovador, pois o modelo da SIF é ainda pouco estudado e carece de maior discussão no contexto brasileiro, sendo importante averiguar como tal modelo teórico apresenta-se na realidade sociocultural brasileira. Pretendeu-se, assim, integrar um panorama da produção científica acadêmica, ainda que em caráter exploratório sobre o modelo da SIF. Os resultados alcançados podem fundamentar o planejamento de estudos na área, sejam teóricos ou empíricos, contribuindo para o planejamento de intervenções com o objetivo de melhorar a qualidade das relações intergeracionais na família.
Referências
Albert, I., Ferring, D., & Michels, T. (2013). Intergenerational family relations in Luxembourg: family values and intergenerational solidarity in Portuguese immigrant and Luxembourgish families. European Psychologist, 18(1), 59-69. [ Links ]
*Araújo, P. C., & Dias, C. M. S. B. (2010). Avós guardiões de baixa renda. Pesquisas e Práticas Sociais, 4(2), 229-237. [ Links ]
*Azevedo, R. P. C., & Carvalho, A. M. A. (2006). O lugar da família na rede social do lazer após a aposentadoria. Revista Brasileira Crescimento Desenvolvimento Humano, 16(3), 76-82. [ Links ]
Bengtson, V. L., & Roberts, R. E. L. (1991). Intergenerational solidarity in aging families: An example of formal theory construction. Journal of Marriage and Family, 53(4), 856-870. [ Links ]
Bengtson, V. L. (2001). Beyond the nuclear family: the increasing importance of multigenerational bonds. Journal of Marriage and Family, 63(1), 1-16. [ Links ]
Bengtson, V. L., Giarrusso, R., Mabry, J., & Silverstein, M. (2002). Solidarity, conflict, and ambivalence: complementary or competing perspectives on intergenerational relationships? Journal of Marriage and Family, 64(1), 568-576. [ Links ]
Bengtson, V. L., Oyama, P. (2007). Intergeneration solidarity: strengthening economic and social ties. Retrieved from http://www.un.org/esa/socdev/unyin/documents/egm_unhq_oct07_bengtson.pdf [ Links ]
Brasil. (2014). Manual de enfrentamento à violência contra a pessoa idosa: é possível prevenir. É necessário superar. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Retrieved from http://www.sdh.gov.br/assuntos/pessoaidosa/publicacoes/violencia-contra-a-pessoa-idosa [ Links ]
*Braz, A. C., Cômodo, C. N., Del Prette, Z. A. P., Del Prette, A., & Fontaine, A. M. G. (2013). Habilidades sociales e intergeneracionalidad en las relaciones familiares. Apuntes de Psicologia, 31(1), 77-84. [ Links ]
Braz, A. C., Fontaine, A. M. V. G., & Del Prette, Z. A. P.(2015). Pais idosos e filhos adultos: Um estudo sobre habilidades sociais, solidariedade intergeracional e qualidade de vida. In Del Prette, Z. A. P., Soares, A. B., Pereira-Guizzo, C. S., Wagner, M. F., & Leme, V. B. R. (Eds.). Habilidades Sociais: diálogos e intercâmbios sobre pesquisa e prática (pp. 162-185). Novo Hamburgo: Sinopsys. [ Links ]
*Borges, C. C., & Magalhães, A. S. (2009). Transição para a vida adulta: autonomia e dependência na família. Psico, 40(1), 42-49. [ Links ]
Borges, C. C., & Magalhães, A. S. (2011). Laços intergeracionais no contexto contemporâneo. Estudos de Psicologia, 16(2), 171-177. [ Links ]
Cabral, J., Matos, P. M., Beyers, W., & Soenens, B. (2012). Attachment, emotion regulation and coping in portuguese emerging adults: A test of a mediation hypothesis. The Spanish Journal of Psychology, 15(3), 1000-1012. [ Links ]
*Camargo, M. C. S., Rodrigues, R. N., & Machado, C. J. (2011). Idoso, família e domicílio: uma revisão narrativa sobre a decisão de morar sozinho. Revista Brasileira de Estudos de População, 28(1), 217-230. [ Links ]
*Cardoso, A. R., & Brito, L. M. T.(2014). Ser avó na família contemporânea: que jeito é esse? Psico-USF, 19(3), 433-441. [ Links ]
Coimbra, S., & Mendonça, M. G. (2013). Intergenerational solidarity and satisfaction with life: mediation effects with emerging adults. Paideia, 23(55), 161-169. [ Links ]
Connidis, I. C., & Mc Mullin, J. A. (2002). Sociological ambivalence and family ties: a critical perspective. Journal of Marriage and Family, 64(1), 558-567. [ Links ]
*Coutrim, R. M. E. (2006). Idosos trabalhadores: perdas e ganhos nas relações intergeracionais. Sociedade e Estado, 21(2), 367-390. [ Links ]
*Dias, C. M. S. B. (1994). A importância dos avós no contexto familiar. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 10(1), 31-40. [ Links ]
*Dias, C. M. S. B., Hora, F. F. A., & Aguiar, A. G. S. (2010). Jovens criados por avós e por um ou ambos os pais. Psicologia: Teoria e Prática, 12(2), 188-199. [ Links ]
*Falcão, D. V. S., & Bucher-Maluschke, J. S. N. F. (2010). O impacto da doença de Alzheimer nas relações intergeracionais. Psicologia Clínica, 21(1), 127-152. [ Links ]
*Falcão, D. V. S., & Salomão, N. M. R. (2005). O papel dos avós na maternidade adolescente. Estudos de Psicologia, 22(2), 205-212. [ Links ]
*Faller, J. W., & Marcon, S. S. (2013). Papel da família em relação ao idoso sob a perspectiva de idosos brasileiros e libaneses. Ciência, cuidado e saúde, 12(3), 452-460. [ Links ]
*Féres-Carneiro, T., Henriques, C. R., & Jablonski, B. (2011). Um jogo interativo: a relação entre pais e filhos adultos no cotidiano familiar contemporâneo. Psicologia, 42(2), 236-245. [ Links ]
*Flores, G. C., Borges, Z. N., Denardin-Budó, M. L., & Mattioni, F. C. (2010). Cuidado intergeracional com o idoso: autonomia do idoso e presença do cuidador. Revista Gaúcha de Enfermagem, 31(3), 467-74. [ Links ]
*Flores, G. C. F., Borges, Z. N., Dernardin-Budó, M. L., & Silva, F. M. (2011). A dádiva do cuidado: Estudo qualitativo sobre o cuidado intergeracional com o idoso. Ciência, Cuidado e Saúde, 10(3), 533-540. [ Links ]
*Guedes, G. R., Queiroz, B. L., & Wey, L. K. V. (2009). Transferências intergeracionais privadas na Amazônia rural brasileira. Nova Economia, 19(2), 325-357. [ Links ]
Hartnett, C. S., Furstenberg, F. F., Birditt, K. S., & Fingerman, K. L. (2013). Parental support during young adulthood: why does assistance decline with age? Journal of Family, 34(7), 975-1007. [ Links ]
*Herédia, V. B. M., Casara, B. M., & Cortelletti, I. A. (2007). Impactos da longevidade na família multigeracional. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 10(1), 7-28. [ Links ]
Koller, S. H., Hohendorff, J. V., & Couto, M. C. P. (2014). Manual de produção científica. Porto Alegre: Penso. [ Links ]
*Lepargneur, H. (1999). Os desafios do envelhecimento. O mundo da saúde, 23(4), 230-244. [ Links ]
*Luchesi, B. M., Pavarani, S. C. I., & Viana, A. S. (2011). Alterações cognitivas de idosos no contexto domiciliar e atitudes de crianças em relação à velhice. Revista Escola Enfermagem, 46(2), 335-341. [ Links ]
*Marcon, S. S. (1997). Avós lembranças e presença no cotidiano de cuidar. Texto contexto enfermagem, 6(20), 369-379. [ Links ]
*Motta, A. B. (2010). A família multigeracional e seus personagens. Educação e Sociedade, 31(111), 435-458. [ Links ]
*Oliveira, A. R. V., Gomes, L., Tavares, A. B., & Cárdenas, C. J. (2009). Relação entre avós e seus netos no período da infância. Revista Queirós Gerontologia,12(2), 149-158. [ Links ]
*Oliveira, A. R. V., Vianna, L. G., & Cárdenas, C. J. (2010). Avosidade: visões de avós e de seus netos no período da infância. Revista Brasileira de Gerontologia e Geriatria, 13(3), 461-474. Retrieved from http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S180998232010000300012&script=sci_abstract&tlng=pt [ Links ]
Organização Mundial da Saúde [OMG]. (2015). Relatório mundial de envelhecimento e saúde. Retrieved from http://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2015/10/OMSENVELHECIMENTO-2015-port.pdf [ Links ]
*Paula, F. V., Silva, M. J., Bessa, M. E. P., Morais, G. L. A., & Marques, M. B. (2011). Avós e netos no século XXI: autoridade, afeto e medo. Revista Rene, 12(1), 913- 921. [ Links ]
*Pavarini, S. C. I., Tonon, F. L., Silva, J. M. C., Mendiondo, E. J. B., & Filizola, C. L. A. (2006). Quem irá empurrar minha cadeira de rodas? A escolha do cuidador familiar. Revista Eletronica de Enfermagem, 8(3), 326-335. [ Links ]
*Peixoto, C. E., & Luz, G. M. (2007). De uma morada à outra: Processos de recoabitação entre as gerações. Cadernos Pagu, 29(1), 171-191. [ Links ]
*Peixoto, E. A., Pereira, N. V. P. G., Leite, N. B. F., & Junqueira-Marinho, M. F. (2012). Visita de avós em unidade de terapia intensiva neonatal: compreendendo a dinâmica familiar. Revista Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar, 15(2), 17-29. [ Links ]
*Pinto, K. L. B., Arrais, A. R., & Brasil, K. C. T. R. (2014). Avosidade x maternidade: A avó como suporte parental na adolescência. Psico-USF, 19(1), 37-47. [ Links ]
*Pires, L. L. A. (2013). Envelhecimento, tecnologias e juventude: caminhos percorridos por alunos de cursos de informática e seus avós. Estudos Interdisciplinares sobre o Envelhecimento, 18(2), 293-309. [ Links ]
Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses [PRISMA] (2009). Transparent reporting of systematic reviews and meta-analyses. Retrieved from http://www.prismastatement.org/documents/PRISMA%20Portugese%20checklist.pdf [ Links ]
*Rabelo, D. F., & Neri, A. L. (2014). A complexidade emocional dos relacionamentos intergeracionais e a saúde mental dos idosos. Pensando Famílias, 18(1), 138-153. [ Links ]
*Ramos, A. C. (2014). Sobre avós, netos e cidades: entrelaçando relações intergeracionais e experiências urbanas na infância. Educação & Sociedade, 35(128), 629-996. [ Links ]
*Rocha, M. S., & Leite, M. T. (2004). Envelhecimento humano: depoimento de quatro gerações de uma mesma família. Scientia Medica, 14(3), 231-239. [ Links ]
*Ruschel, A. E., & Castro, O. P. (1998). O vínculo intergeracional: o velho, o jovem e o poder. Psicologia: Reflexão e Crítica, 11(3), 523-539. [ Links ]
Swartz, T. T. (2009). Intergenerational Family Relations in Adulthood: Patterns, Variations, and Implications in the Contemporary United States. Annual Review of Sociology, 35(1), 191-212. [ Links ]
*Yamashiro, J. A., & Matsukura, T. S. (2014). Apoio intergeracional em famílias com crianças com deficiência. Psicologia em Estudo, 19(4), 705-715. [ Links ]
Endereço para correspondência
Vanessa Barbosa Romera Leme
E-mail: vanessaromera@gmail.com
Recebido: 15/06/2016
1° revisão: 22/08/2016
Aceito: 24/08/2016
* Apoio financeiro: CNPq.
1 Vanessa Barbosa Romera Leme é Professora Adjunta do Instituto de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da UERJ.
2 Amanda Oliveira Falcão é mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO/Niterói.
3 Gisele Aparecida de Morais é mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO/Niterói.
4 Ana Carolina Braz é Professora Adjunta no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Forense da Universidade Tuiuti do Paraná.
5 Susana Coimbra é Professora da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Portugal.
6 Luana de Mendonça Fernandes é psicóloga e mestre do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO/Niterói.