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Revista Brasileira de Orientação Profissional

versão On-line ISSN 1984-7270

Rev. bras. orientac. prof vol.11 no.1 São Paulo jun. 2010

 

ARTIGOS ORIGINAIS

 

Produção científica em congressos brasileiros de orientação vocacional e profissional: Período 1999-2009

 

Analysis of Brazilian scientific production in vocational and career guidance: Congresses in 1999-2009

 

Producción científica en congresos brasileños de orientación vocacional y profesional: Período 1999-2009

 

 

Lucy Leal Melo-SilvaI * 1; Mara de Souza LealII**; Nerielen Martins Neto FracalozziI***

I Universidade de São Paulo - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras - Departamento de Psicologia e Educação - Ribeirão Preto-SP, Brasil
II Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia-MG, Brasil

 

 


RESUMO

Este estudo, do tipo estado da arte, objetiva analisar os trabalhos publicados em “Programa e Resumos” de seis eventos científicos realizados pela Associação Brasileira de Orientação Profissional (ABOP), organizados bianualmente, compreendendo a análise de uma década (1999 a 2009). Foram analisados 733 resumos de apresentações orais, painéis e mesas-redondas, de acordo com as categorias: tipo de trabalho, número de autores, população-alvo, filiação institucional, estado de origem e tema. Os resultados mostram predomínio de relatos de pesquisa e de experiência, com adolescentes e jovens adultos que buscam acesso à universidade. São publicações de um autor, seguidos de trabalhos em coautoria, e de pesquisadores das regiões Sudeste e Sul. Predominam estudos sobre escolha profissional, intervenção e serviços e instrumentos de avaliação, seguidos de estudos sobre outras transições no ciclo vital e orientações a populações diversas. A análise a cada congresso permite verificar o que tem sido produzido e as tendências das investigações.

Palavras-chave: Revisão de literatura, Produção científica, Orientação vocacional, Orientação profissional, Orientação ocupacional.


ABSTRACT

This state-of-the art study aimed at analyzing the works published in the “Proceedings” of six congresses, from 1999 to 2009, held biannually, by the Brazilian Association for Vocational Guidance (Associação Brasileira de Orientação Profissional, ABOP). We analyzed 733 abstracts of oral presentations, panels and round tables, organized according to the following categories: type of paper, number of authors, institutional affiliation, home state, target subjects and topics. The data showed a prevalence to exist of research reports followed by experience reports, with adolescents and young adults seeking access to university. Works by one author prevail, followed by co-authorship, from the southeast and south regions. Most studies are about vocational choice, services and evaluation tools, followed by studies about other transition in the vita cycle and guidance to different populations. The analysis of each congress showed what was produced and the investigating trends in the decade analyzed.

Keywords: Literature review, Scientific production, Vocational guidance, Career guidance, Occupational guidance.


RESUMEN

Este estudio, del tipo estado del arte, trata de analizar los trabajos publicados en “Programa y Resúmenes” de seis eventos científicos realizados por la Asociación Brasileña de Orientación Profesional (ABOP), organizados bianualmente, comprendiendo el análisis de una década (1999 a 2009). Se analizaron 733 resúmenes de presentaciones orales, paneles y mesas redondas, de acuerdo con las categorías: tipo de trabajo, número de autores, población objetivo, filiación institucional, estado de origen y tema. Los resultados muestran predominio de relatos de investigación y de experiencias con adolescentes y jóvenes adultos que buscan ingresar a la universidad. Son publicaciones de un autor además de trabajos de coautores y de investigadores de las regiones sudeste y sur. Predominan estudios sobre elección profesional, intervención y trabajos e instrumentos de evaluación seguidos de estudios sobre otras transiciones en el ciclo vital y orientaciones a poblaciones diversas. El análisis, en cada congreso, permite verificar lo que se ha producido y las tendencias de las investigaciones.

Palabras clave: Revisión de bibliografía, Producción científica, Orientación vocacional, Orientación profesional, Orientación ocupacional.


 

 

Na produção analisada por Rueda (2009) observou-se que instrumentos em Orientação Profissional também foram tema de discussão. O uso de instrumentos de avaliação nas práticas constitui um assunto polêmico na área. Cumpre destacar que um fascículo especial sobre o tema foi publicado na RBOP em 2006 (volume 7, número 2). Rueda (2009) verificou vários trabalhos com o uso de testes padronizados e aprovados pelo Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) do Conselho Federal de Psicologia (CFP) como o Teste de Fotos de Profissões (Berufsbilder Test, BBT), de Achtnich, padronizado para a população brasileira por Jacquemin (2000) e Jacquemin, Okino, Noce, Assoni e Pasian (2006) e a Escala de Maturidade para a Escolha Profissional (EMEP), de Neiva (1999). Contudo, Noronha et al. (2006) e Noronha e Ambiel (2006) encontraram grande número de publicações com instrumentos não padronizados. Nesse contexto, a divulgação da produção sugere que a Orientação Profissional tem conquistado espaço como área de conhecimento (Abade, 2005). Porém, ainda são necessários muitos estudos para que a área se consolide como um domínio alargado do conhecimento teórico e que, como prática alcance diversos grupos populacionais no contexto brasileiro.

Em busca de espaços apropriados para debates sobre esse domínio do conhecimento, foi realizado, em 1993, o I Simpósio de Orientação Vocacional & Ocupacional, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, promovido pelo Instituto do Ser: Psicologia e Pedagogia, de São Paulo e pelo Serviço de Orientação Profissional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (Melo-Silva & Jacquemin, 2001; Melo-Silva & Lassance, 2009). A Associação Brasileira de Orientadores Profissionais (ABOP) conforme artigo 4º de seus Estatutos Sociais objetiva “favorecer, apoiar, estimular e promover atividades científicas de investigação e de ação orientadora, respeitando as identidades e liberdades pessoais e sócio-históricas” e “impulsionar a investigação e a ação científicas da orientação...” (Melo-Silva, Santos, Simão, & Avi, 2003, p. 439). Visa, ainda, consolidar o conhecimento e difundir as práticas existentes nessa área, em um espaço com possibilidade de construção da identidade do orientador profissional e organização dos preceitos e deveres nessa atividade (Abade, 2005). Os trabalhos, na íntegra, do I Simpósio foram publicados em Anais no formato de apostila e comercializados em 1995.

Desde então, bienalmente, ocorre o Simpósio de Orientação Vocacional & Ocupacional, que tem contribuído com o debate nacional e internacional sobre a Orientação Profissional como ciência e atividade ocupacional. Na sequência, foram realizados o II Simpósio em São Paulo/SP (1995), o III Simpósio em Canoas/RS (1997), o IV Simpósio em Florianópolis/SC (1999), o V Simpósio em Valinhos/SP (2001), o VI Simpósio em Florianópolis/SC (2003), o VII Simpósio em Belo Horizonte/MG (2005). A partir de 2007, por ocasião do VIII Simpósio de Orientação Vocacional & Ocupacional foi realizado conjuntamente o I Congresso Latinoamericano de Orientação Profissional da ABOP, em Bento Gonçalves/RS, marcando o crescimento da ABOP no cenário nacional e internacional (Melo-Silva, 2007). Em 2009, em Atibaia/SP, o II Congresso e o IX Simpósio foi realizado cristalizando-se a internacionalização do evento. O “Programa e Resumos” do congresso de 2009 mostra maiores informações sobre as principais ações científicas e políticas da ABOP e da RBOP.

Com relação ao I Simpósio (1993) e ao III Simpósio (1997) os trabalhos foram organizados em Anais. Em 2001 os Anais do IV Simpósio (1999) foram publicados pela Vetor Editora. Considerando que os eventos científicos constituem importante veículo de divulgação e difusão de conhecimento na área, o objetivo deste estudo é mapear a produção do conhecimento por meio dos resumos publicados no “Programa e Resumos” de uma década (1999 a 2009), período da realização de seis congressos, de modo a traçar um panorama da produção científica na área, além de identificar lacunas que podem vir a ser objeto de estudos futuros. Na produção analisada por Rueda (2009) observou-se que instrumentos em Orientação Profissional também foram tema de discussão. O uso de instrumentos de avaliação nas práticas constitui um assunto polêmico na área. Cumpre destacar que um fascículo especial sobre o tema foi publicado na RBOP em 2006 (volume 7, número 2). Rueda (2009) verificou vários trabalhos com o uso de testes padronizados e aprovados pelo Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) do Conselho Federal de Psicologia (CFP) como o Teste de Fotos de Profissões (Berufsbilder Test, BBT), de Achtnich, padronizado para a população brasileira por Jacquemin (2000) e Jacquemin, Okino, Noce, Assoni e Pasian (2006) e a Escala de Maturidade para a Escolha Profissional (EMEP), de Neiva (1999). Contudo, Noronha et al. (2006) e Noronha e Ambiel (2006) encontraram grande número de publicações com instrumentos não padronizados. Nesse contexto, a divulgação da produção sugere que a Orientação Profissional tem conquistado espaço como área de conhecimento (Abade, 2005). Porém, ainda são necessários muitos estudos para que a área se consolide como um domínio alargado do conhecimento teórico e que, como prática alcance diversos grupos populacionais no contexto brasileiro.

Em busca de espaços apropriados para debates sobre esse domínio do conhecimento, foi realizado, em 1993, o I Simpósio de Orientação Vocacional & Ocupacional, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, promovido pelo Instituto do Ser: Psicologia e Pedagogia, de São Paulo e pelo Serviço de Orientação Profissional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (Melo-Silva & Jacquemin, 2001; Melo-Silva & Lassance, 2009). A Associação Brasileira de Orientadores Profissionais (ABOP) conforme artigo 4º de seus Estatutos Sociais objetiva “favorecer, apoiar, estimular e promover atividades científicas de investigação e de ação orientadora, respeitando as identidades e liberdades pessoais e sócio-históricas” e “impulsionar a investigação e a ação científicas da orientação...” (Melo-Silva, Santos, Simão, & Avi, 2003, p. 439). Visa, ainda, consolidar o conhecimento e difundir as práticas existentes nessa área, em um espaço com possibilidade de construção da identidade do orientador profissional e organização dos preceitos e deveres nessa atividade (Abade, 2005). Os trabalhos, na íntegra, do I Simpósio foram publicados em Anais no formato de apostila e comercializados em 1995.

Desde então, bienalmente, ocorre o Simpósio de Orientação Vocacional & Ocupacional, que tem contribuído com o debate nacional e internacional sobre a Orientação Profissional como ciência e atividade ocupacional. Na sequência, foram realizados o II Simpósio em São Paulo/SP (1995), o III Simpósio em Canoas/RS (1997), o IV Simpósio em Florianópolis/SC (1999), o V Simpósio em Valinhos/SP (2001), o VI Simpósio em Florianópolis/SC (2003), o VII Simpósio em Belo Horizonte/MG (2005). A partir de 2007, por ocasião do VIII Simpósio de Orientação Vocacional & Ocupacional foi realizado conjuntamente o I Congresso Latinoamericano de Orientação Profissional da ABOP, em Bento Gonçalves/RS, marcando o crescimento da ABOP no cenário nacional e internacional (Melo-Silva, 2007). Em 2009, em Atibaia/SP, o II Congresso e o IX Simpósio foi realizado cristalizando-se a internacionalização do evento. O “Programa e Resumos” do congresso de 2009 mostra maiores informações sobre as principais ações científicas e políticas da ABOP e da RBOP.

Com relação ao I Simpósio (1993) e ao III Simpósio (1997) os trabalhos foram organizados em Anais. Em 2001 os Anais do IV Simpósio (1999) foram publicados pela Vetor Editora. Considerando que os eventos científicos constituem importante veículo de divulgação e difusão de conhecimento na área, o objetivo deste estudo é mapear a produção do conhecimento por meio dos resumos publicados no “Programa e Resumos” de uma década (1999 a 2009), período da realização de seis congressos, de modo a traçar um panorama da produção científica na área, além de identificar lacunas que podem vir a ser objeto de estudos futuros. Na produção analisada por Rueda (2009) observou-se que instrumentos em Orientação Profissional também foram tema de discussão. O uso de instrumentos de avaliação nas práticas constitui um assunto polêmico na área. Cumpre destacar que um fascículo especial sobre o tema foi publicado na RBOP em 2006 (volume 7, número 2). Rueda (2009) verificou vários trabalhos com o uso de testes padronizados e aprovados pelo Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) do Conselho Federal de Psicologia (CFP) como o Teste de Fotos de Profissões (Berufsbilder Test, BBT), de Achtnich, padronizado para a população brasileira por Jacquemin (2000) e Jacquemin, Okino, Noce, Assoni e Pasian (2006) e a Escala de Maturidade para a Escolha Profissional (EMEP), de Neiva (1999). Contudo, Noronha et al. (2006) e Noronha e Ambiel (2006) encontraram grande número de publicações com instrumentos não padronizados. Nesse contexto, a divulgação da produção sugere que a Orientação Profissional tem conquistado espaço como área de conhecimento (Abade, 2005). Porém, ainda são necessários muitos estudos para que a área se consolide como um domínio alargado do conhecimento teórico e que, como prática alcance diversos grupos populacionais no contexto brasileiro.

Em busca de espaços apropriados para debates sobre esse domínio do conhecimento, foi realizado, em 1993, o I Simpósio de Orientação Vocacional & Ocupacional, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, promovido pelo Instituto do Ser: Psicologia e Pedagogia, de São Paulo e pelo Serviço de Orientação Profissional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (Melo-Silva & Jacquemin, 2001; Melo-Silva & Lassance, 2009). A Associação Brasileira de Orientadores Profissionais (ABOP) conforme artigo 4º de seus Estatutos Sociais objetiva “favorecer, apoiar, estimular e promover atividades científicas de investigação e de ação orientadora, respeitando as identidades e liberdades pessoais e sócio-históricas” e “impulsionar a investigação e a ação científicas da orientação...” (Melo-Silva, Santos, Simão, & Avi, 2003, p. 439). Visa, ainda, consolidar o conhecimento e difundir as práticas existentes nessa área, em um espaço com possibilidade de construção da identidade do orientador profissional e organização dos preceitos e deveres nessa atividade (Abade, 2005). Os trabalhos, na íntegra, do I Simpósio foram publicados em Anais no formato de apostila e comercializados em 1995.

Desde então, bienalmente, ocorre o Simpósio de Orientação Vocacional & Ocupacional, que tem contribuído com o debate nacional e internacional sobre a Orientação Profissional como ciência e atividade ocupacional. Na sequência, foram realizados o II Simpósio em São Paulo/SP (1995), o III Simpósio em Canoas/RS (1997), o IV Simpósio em Florianópolis/SC (1999), o V Simpósio em Valinhos/SP (2001), o VI Simpósio em Florianópolis/SC (2003), o VII Simpósio em Belo Horizonte/MG (2005). A partir de 2007, por ocasião do VIII Simpósio de Orientação Vocacional & Ocupacional foi realizado conjuntamente o I Congresso Latinoamericano de Orientação Profissional da ABOP, em Bento Gonçalves/RS, marcando o crescimento da ABOP no cenário nacional e internacional (Melo-Silva, 2007). Em 2009, em Atibaia/SP, o II Congresso e o IX Simpósio foi realizado cristalizando-se a internacionalização do evento. O “Programa e Resumos” do congresso de 2009 mostra maiores informações sobre as principais ações científicas e políticas da ABOP e da RBOP.

Com relação ao I Simpósio (1993) e ao III Simpósio (1997) os trabalhos foram organizados em Anais. Em 2001 os Anais do IV Simpósio (1999) foram publicados pela Vetor Editora. Considerando que os eventos científicos constituem importante veículo de divulgação e difusão de conhecimento na área, o objetivo deste estudo é mapear a produção do conhecimento por meio dos resumos publicados no “Programa e Resumos” de uma década (1999 a 2009), período da realização de seis congressos, de modo a traçar um panorama da produção científica na área, além de identificar lacunas que podem vir a ser objeto de estudos futuros. Na produção analisada por Rueda (2009) observou-se que instrumentos em Orientação Profissional também foram tema de discussão. O uso de instrumentos de avaliação nas práticas constitui um assunto polêmico na área. Cumpre destacar que um fascículo especial sobre o tema foi publicado na RBOP em 2006 (volume 7, número 2). Rueda (2009) verificou vários trabalhos com o uso de testes padronizados e aprovados pelo Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) do Conselho Federal de Psicologia (CFP) como o Teste de Fotos de Profissões (Berufsbilder Test, BBT), de Achtnich, padronizado para a população brasileira por Jacquemin (2000) e Jacquemin, Okino, Noce, Assoni e Pasian (2006) e a Escala de Maturidade para a Escolha Profissional (EMEP), de Neiva (1999). Contudo, Noronha et al. (2006) e Noronha e Ambiel (2006) encontraram grande número de publicações com instrumentos não padronizados. Nesse contexto, a divulgação da produção sugere que a Orientação Profissional tem conquistado espaço como área de conhecimento (Abade, 2005). Porém, ainda são necessários muitos estudos para que a área se consolide como um domínio alargado do conhecimento teórico e que, como prática alcance diversos grupos populacionais no contexto brasileiro.

Em busca de espaços apropriados para debates sobre esse domínio do conhecimento, foi realizado, em 1993, o I Simpósio de Orientação Vocacional & Ocupacional, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, promovido pelo Instituto do Ser: Psicologia e Pedagogia, de São Paulo e pelo Serviço de Orientação Profissional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (Melo-Silva & Jacquemin, 2001; Melo-Silva & Lassance, 2009). A Associação Brasileira de Orientadores Profissionais (ABOP) conforme artigo 4º de seus Estatutos Sociais objetiva “favorecer, apoiar, estimular e promover atividades científicas de investigação e de ação orientadora, respeitando as identidades e liberdades pessoais e sócio-históricas” e “impulsionar a investigação e a ação científicas da orientação...” (Melo-Silva, Santos, Simão, & Avi, 2003, p. 439). Visa, ainda, consolidar o conhecimento e difundir as práticas existentes nessa área, em um espaço com possibilidade de construção da identidade do orientador profissional e organização dos preceitos e deveres nessa atividade (Abade, 2005). Os trabalhos, na íntegra, do I Simpósio foram publicados em Anais no formato de apostila e comercializados em 1995.

Desde então, bienalmente, ocorre o Simpósio de Orientação Vocacional & Ocupacional, que tem contribuído com o debate nacional e internacional sobre a Orientação Profissional como ciência e atividade ocupacional. Na sequência, foram realizados o II Simpósio em São Paulo/SP (1995), o III Simpósio em Canoas/RS (1997), o IV Simpósio em Florianópolis/SC (1999), o V Simpósio em Valinhos/SP (2001), o VI Simpósio em Florianópolis/SC (2003), o VII Simpósio em Belo Horizonte/MG (2005). A partir de 2007, por ocasião do VIII Simpósio de Orientação Vocacional & Ocupacional foi realizado conjuntamente o I Congresso Latinoamericano de Orientação Profissional da ABOP, em Bento Gonçalves/RS, marcando o crescimento da ABOP no cenário nacional e internacional (Melo-Silva, 2007). Em 2009, em Atibaia/SP, o II Congresso e o IX Simpósio foi realizado cristalizando-se a internacionalização do evento. O “Programa e Resumos” do congresso de 2009 mostra maiores informações sobre as principais ações científicas e políticas da ABOP e da RBOP.

Com relação ao I Simpósio (1993) e ao III Simpósio (1997) os trabalhos foram organizados em Anais. Em 2001 os Anais do IV Simpósio (1999) foram publicados pela Vetor Editora. Considerando que os eventos científicos constituem importante veículo de divulgação e difusão de conhecimento na área, o objetivo deste estudo é mapear a produção do conhecimento por meio dos resumos publicados no “Programa e Resumos” de uma década (1999 a 2009), período da realização de seis congressos, de modo a traçar um panorama da produção científica na área, além de identificar lacunas que podem vir a ser objeto de estudos futuros.

Na produção analisada por Rueda (2009) observou-se que instrumentos em Orientação Profissional também foram tema de discussão. O uso de instrumentos de avaliação nas práticas constitui um assunto polêmico na área. Cumpre destacar que um fascículo especial sobre o tema foi publicado na RBOP em 2006 (volume 7, número 2). Rueda (2009) verificou vários trabalhos com o uso de testes padronizados e aprovados pelo Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) do Conselho Federal de Psicologia (CFP) como o Teste de Fotos de Profissões (Berufsbilder Test, BBT), de Achtnich, padronizado para a população brasileira por Jacquemin (2000) e Jacquemin, Okino, Noce, Assoni e Pasian (2006) e a Escala de Maturidade para a Escolha Profissional (EMEP), de Neiva (1999). Contudo, Noronha et al. (2006) e Noronha e Ambiel (2006) encontraram grande número de publicações com instrumentos não padronizados. Nesse contexto, a divulgação da produção sugere que a Orientação Profissional tem conquistado espaço como área de conhecimento (Abade, 2005). Porém, ainda são necessários muitos estudos para que a área se consolide como um domínio alargado do conhecimento teórico e que, como prática alcance diversos grupos populacionais no contexto brasileiro.

Em busca de espaços apropriados para debates sobre esse domínio do conhecimento, foi realizado, em 1993, o I Simpósio de Orientação Vocacional & Ocupacional, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, promovido pelo Instituto do Ser: Psicologia e Pedagogia, de São Paulo e pelo Serviço de Orientação Profissional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (Melo-Silva & Jacquemin, 2001; Melo-Silva & Lassance, 2009). A Associação Brasileira de Orientadores Profissionais (ABOP) conforme artigo 4º de seus Estatutos Sociais objetiva “favorecer, apoiar, estimular e promover atividades científicas de investigação e de ação orientadora, respeitando as identidades e liberdades pessoais e sócio-históricas” e “impulsionar a investigação e a ação científicas da orientação...” (Melo-Silva, Santos, Simão, & Avi, 2003, p. 439). Visa, ainda, consolidar o conhecimento e difundir as práticas existentes nessa área, em um espaço com possibilidade de construção da identidade do orientador profissional e organização dos preceitos e deveres nessa atividade (Abade, 2005). Os trabalhos, na íntegra, do I Simpósio foram publicados em Anais no formato de apostila e comercializados em 1995.

Desde então, bienalmente, ocorre o Simpósio de Orientação Vocacional & Ocupacional, que tem contribuído com o debate nacional e internacional sobre a Orientação Profissional como ciência e atividade ocupacional. Na sequência, foram realizados o II Simpósio em São Paulo/SP (1995), o III Simpósio em Canoas/RS (1997), o IV Simpósio em Florianópolis/SC (1999), o V Simpósio em Valinhos/SP (2001), o VI Simpósio em Florianópolis/SC (2003), o VII Simpósio em Belo Horizonte/MG (2005). A partir de 2007, por ocasião do VIII Simpósio de Orientação Vocacional & Ocupacional foi realizado conjuntamente o I Congresso Latinoamericano de Orientação Profissional da ABOP, em Bento Gonçalves/RS, marcando o crescimento da ABOP no cenário nacional e internacional (Melo-Silva, 2007). Em 2009, em Atibaia/SP, o II Congresso e o IX Simpósio foi realizado cristalizando-se a internacionalização do evento. O “Programa e Resumos” do congresso de 2009 mostra maiores informações sobre as principais ações científicas e políticas da ABOP e da RBOP.

Com relação ao I Simpósio (1993) e ao III Simpósio (1997) os trabalhos foram organizados em Anais. Em 2001 os Anais do IV Simpósio (1999) foram publicados pela Vetor Editora. Considerando que os eventos científicos constituem importante veículo de divulgação e difusão de conhecimento na área, o objetivo deste estudo é mapear a produção do conhecimento por meio dos resumos publicados no “Programa e Resumos” de uma década (1999 a 2009), período da realização de seis congressos, de modo a traçar um panorama da produção científica na área, além de identificar lacunas que podem vir a ser objeto de estudos futuros.

 

Método

Natureza do estudo e corpus de análise

Esta pesquisa, de caráter documental, visa analisar o conteúdo dos resumos publicados. Trata-se de um material rico e estável, que proporciona melhor visão sobre determinado tema e permite traçar seu panorama histórico (Gil, 2002). O tipo de estudo desenvolvido neste trabalho é denominado “estado da arte”, de caráter bibliográfico, que consiste em mapear e discutir a produção científica de diversas áreas do saber, na tentativa de apreender o que vem sendo destacado em diferentes épocas e lugares e em que condições se dão as produções acadêmicas e científicas (Ferreira, 2002). Os “Programas e Resumos” dos eventos científicos realizados pela ABOP constituem o “corpus de análise”. Foram analisados os resumos de quatro Simpósios de Orientação Vocacional & Ocupacional: período 1999-2005 e de dois Congressos Latinoamericano da ABOP simultâneos aos dois Simpósios: período 2007-2009.

Objetivando o delineamento metodológico foram selecionados os resumos referentes às mesas redondas, apresentações orais e pôsteres dos “Programas e Resumos” dos seis eventos realizados no período 1999-2009. Os eventos realizados no referido período disponibilizaram “Programa e Resumos” em publicação impressa contínua, sendo que o último também disponibilizou a publicação online. A Tabela 1 mostra a distribuição das atividades realizadas em cada congresso e o número de resumos publicados em cada evento e que constituem o “corpus” de análise deste estudo.

Tabela 1
Distribuição das atividades e resumos em função dos congressos

 

 

Procedimento de coleta e análise dos dados

Os dados foram analisados com base em Bardin (1977). Inicialmente, foi realizada a leitura flutuante dos resumos publicados em cada volume do “Programa e Resumos” de modo a estabelecer um primeiro contato com os documentos. A seguir, foi então criada uma base de dados no Programa Excel, objetivando organizar os resumos de acordo com as seguintes categorias: tipo de trabalho, número de autores, população alvo, filiação institucional dos autores, unidade federativa (Estados) e países, eixos temáticos e agência de fomento, com base em Melo-Silva (2006) e em Teixeira et al. (2007), detalhadas a seguir.

- Tipo de trabalho: relato de pesquisa, relato de experiência, estudo teórico, descrição de técnicas de intervenção.

- Número de autores: quantidade de autores.

- População alvo: a quem se dirige o estudo ou quais foram os participantes da pesquisa, de acordo com a descrição dos próprios autores. Cumpre destacar que alguns resumos foram classificados em mais de uma subcategoria. Há resumos aos quais não se aplica essa classificação, por exemplo, os estudos teóricos. As populações, portanto, foram organizadas nas seguintes subcategorias:

(1) pessoas em processo de escolha da carreira: pessoas em processo de escolha da carreira, na maioria adolescentes, que por falta de dados sobre escolaridade, não puderam ser enquadrados em outras categorias, ou pessoas em processo de reorientação profissional;

(2) estudantes do Ensino Médio: alunos do primeiro e segundo ano do Ensino Médio, ou amostras que incluíam junto a estes, alunos do terceiro ano do Ensino Médio (escolas particulares e públicas) e também alunos de escolas técnicas;

(3) orientadores profissionais e outros profissionais;

(4) universitários: alunos de vários cursos de Ensino Superior;

(5) população em situação de risco social: jovens institucionalizados, desempregados e jovens em situação de desvantagem socioeconômica;

(6) vestibulando: aqueles que cursavam o terceiro ano do Ensino Médio (escolas particulares e públicas), curso preparatório para o vestibular, ou no caso de ter sido nomeado pelo autor como vestibulando;

(7) adultos não estudantes: pais e/ou familiares envolvidos no processo de escolha e ex-clientes de serviços de OP;

(8) estudantes da Educação Infantil e do Ensino Fundamental;

(9) população especial: psicóticos, pessoas com necessidades especiais e mulheres mastectomizadas, por exemplo.

- Filiação institucional dos autores: foram computadas as instituições às quais os autores eram afiliados. No caso de, num mesmo trabalho, mais de um autor ser filiado a uma mesma instituição, esta era contada apenas uma vez.

- Unidade federativa (Estados): quando o estudo era de autoria brasileira foram computados os estados das instituições envolvidas. No caso de um resumo conter mais de uma instituição do mesmo estado, este foi computado apenas uma vez. Foi criada a categoria “Internacional” para os trabalhos de instituições estrangeiras.

- Eixos temáticos: para analisar os temas, verificou-se que as categorias temáticas criadas por Teixeira et al. (2007) seriam apropriadas para a análise dos dados do presente estudo. Primeiramente, os resumos seriam classificados de acordo com as oito categorias de Teixeiraet al. (2007), neste estudo denominadas itens, a saber, (a) conceitualização e história da Orientação Profissional; (b) modelos e aproximações teóricas em Orientação Profissional; (c) formação e papel do orientador; (d) instrumentos de avaliação e intervenção; (e) escolha profissional na adolescência; (f) desenvolvimento de carreira em universitários; (g) outras transições no ciclo vital; (h) Orientação Profissional e de carreira com populações diversas. Contudo, após leitura mais sistemática dos resumos, percebeu-se que a categorização de Teixeira et al. (2007) não foi suficiente para abranger a variedade de temas encontrados nos Programas e Resumos dos Simpósios. Portanto, as autoras julgaram necessária a alteração de três dessas categorias e a criação de mais duas categorias, tornando-se, portanto, dez itens de classificação. Os itens alterados foram (a), (c) e (d). Passaram a ser denominados: (a) conceitualização, contextualização e história da Orientação Profissional; (c) formação e papel do orientador e de profissionais em geral; e (d) instrumentos, técnicas e avaliações de intervenções. Os itens criados foram (i) descrição de processos de intervenção e serviços e (j) políticas públicas em educação, trabalho e carreira. Alguns resumos poderiam ser classificados em mais de um item. Porém, cada trabalho foi classificado em uma única categoria em função da maior saliência do objetivo do estudo.

- Agência de Fomento: foi uma variável definidaa priori, porém, verificou-se que o número de trabalhos que forneceu tal informação era pequeno. Assim sendo, essa variável foi desconsiderada no presente trabalho.

 

Resultados e Discussão

Os resultados são apresentados e discutidos a seguir. O primeiro conjunto de dados sistematiza informações sobre a organização dos congressos. Assim, a Tabela 2 mostra a distribuição dos 733 resumos dos trabalhos apresentados nos eventos, ano a ano, em função das modalidades das apresentações.

Tabela 2
Distribuição dos resumos (n=733) por congresso, em função das modalidades

 

 

Verificou-se aumento gradativo no número total de trabalhos apresentados, com exceção do ano de 2005. O aumento é maior nos dois últimos eventos, provavelmente em função da maior internacionalização com a realização concomitante do Congresso Latinoamericano. Em todos os anos há maior número de apresentações orais, exceto em 2007, cujo número de painéis foi maior. Em 1999 e 2007 nota-se a ausência de resumos de mesas redondas na publicação. Em 2001, houve aumento na apresentação em painéis, em relação ao evento anterior, e também a inclusão dos resumos das quatro mesas redondas na publicação, com 14 resumos. O número total de resumos publicados se manteve, ainda que tenha sido um ano com dificuldades para a realização do evento, cuja divulgação e organização foram realizadas em um curto período de tempo (cerca de dois a três meses). Em 2003, o número total de resumos dobrou em relação ao evento anterior tanto nas comunicações orais quanto nos painéis. O número de mesas redondas continuou sendo quatro e o de resumos de mesas foi um pouco menor (12 resumos) em relação ao evento anterior (14). No evento de 2005 observou-se redução do número total de resumos (frequência absoluta) em comparação ao evento anterior, bem como em todas as modalidades.

A partir de 2007, com a realização dos Simpósios Brasileiros de Orientação Vocacional & Ocupacional da ABOP concomitantes aos Congressos Latinoamericanos de Orientação Profissional, verifica-se crescimento significativo do número de trabalhos apresentados, pois nesses dois últimos eventos a produção científica foi maior que nos quatro eventos anteriores. Houve maior participação de orientadores e pesquisadores estrangeiros, o que evidencia a melhor organização do evento. Maior participação e mais trabalhos apresentados decorrem em desenvolvimento da área em um círculo virtuoso. Observou-se aumento relevante no número total de trabalhos pela própria natureza do evento, que se tornou internacional, e pela organização e divulgação um ano antes. O número de mesas redondas aumentou para oito.

Em 2009, o número de mesas redondas dobra (n=16), com expressivo aumento de resumos de mesas (n=62). Houve prevalência de comunicações orais, porém pode-se dizer que existiu certo equilíbrio na distribuição das modalidades de apresentação de trabalho. Destaca-se este ano como o mais produtivo em termos de número de apresentações de trabalhos e qualidade da publicação do “Programa e Resumos”. Nesse ano, também se observa o apoio de agências de fomento como CNPq, CAPES e FAPESP, o que decorreu em qualidade científica na organização e realização do evento.

A Tabela 3 mostra os resumos de acordo com os tipos de trabalhos apresentados. Houve predomínio dos tipos: relato pesquisa e de experiência em todos os anos.

Tabela 3
Distribuição dos resumos (n=733) por congresso, e em função dos tipos de trabalhos apresentados

 

 

A constância de relatos de pesquisa em um evento científico (de 30 a 57%) evidencia o crescimento e o desenvolvimento da área em termos de produção e divulgação do conhecimento. Como se trata de um evento científico, esse tipo de estudo era esperado. São trabalhos de pesquisadores e alunos de programas de pós-graduação. Em relação à alta freqüência de relatos de experiência, sobretudo em 1999 (45%), 2005 (46%) e 2007 (43%), evidencia-se a participação de profissionais e de estudantes, que apresentam relatos referentes às primeiras experiências profissionais em estágios. São trabalhos importantes, pois representam os primeiros contatos de estudantes e recém-formados com o meio científico e sugerem a demanda por aprimoramento profissional dos orientadores e a motivação para compartilhar experiências. Além disso, os relatos de experiência constituem importante meio de divulgação dos serviços e intervenções prestadas na área de Orientação Profissional. Destaca-se no ano de 2009 um aumento de trabalhos teóricos em decorrência da publicação dos resumos relativos às 16 mesas redondas. Com relação às técnicas de intervenção, observaram-se número inexpressivo nos “Programas e Resumos” em comparação aos demais tipos de trabalhos.

A Tabela 4 mostra o número de autores dos trabalhos. Os resumos de autoria individual predominam. Isto demonstra, de acordo com Noronha e Ambiel (2006), o caráter solitário da produção científica do pesquisador brasileiro.

Tabela 4
Distribuição de resumos (n=733) por congresso, em função do número de autores por trabalho

 

 

O ano de 2001 foi o que apresentou maior número de resumos com autoria individual (65%), seguido de 2009 (48%), cuja alta freqüência de trabalhos apresentados por um único autor se justifica pelo número expressivo de apresentações de mesas redondas, geralmente compostas por um autor por trabalho. Em 2007 prevalece a dupla autoria. Por outro lado, a soma dos trabalhos com mais de um autor em todos os anos, com exceção de 2001, representou mais da metade do total de trabalhos apresentados o que evidencia a presença de trabalhos de múltiplas autorias.

A Tabela 5 apresenta a população alvo dos trabalhos publicados em cada evento. O total em cada ano é diferente dos números apresentados na Tabela 2 porque há trabalhos sem identificação da população e outros com mais de um grupo populacional.

Tabela 5
Distribuição de resumos, por trabalho, e em função da população alvo (n=636)

 

 

Nota-se um grande número de estudos com a “população adolescente” no total dos trabalhos apresentados nos congressos. Incluem-se nesse grupo os trabalhos classificados como: pessoas em processo de escolha, lembrando que são, em sua maioria, adolescentes (item 1), estudantes do Ensino Médio (item 2), vestibulandos (item 6). Esse quadro era esperado visto que os adolescentes constituem a população tradicional dos serviços de Orientação Profissional no Brasil. Por sua vez, os “orientadores profissionais e outros profissionais” ocupam o terceiro lugar, com maior destaque em 2009, quando o congresso focalizou mais o tema “carreira”. A “população universitária” manteve uma média importante de estudos em todos os eventos. São estudos relevantes por tratarem principalmente do fenômeno da evasão universitária, além da necessidade de auxílio no planejamento da carreira. Os temas: escolha e desenvolvimento da carreira predominaram em todos os congressos, como é tradição na área. Observa-se a presença de vários trabalhos abordando o tema da Orientação Profissional com “população em situação de risco”, incluindo jovens institucionalizados e/ou em situação de desvantagem socioeconômica e desempregados, sobretudo, nos eventos de 2003, 2005 e 2009. Esse é um grupo populacional pouco atendido nos serviços brasileiros tradicionais na área. Nesse sentido, Teixeira et al. (2007) afirmam que esse público em situação de vulnerabilidade tem sido mais contemplado em pesquisas, denotando um esforço dos profissionais da Orientação Profissional em ampliar os direcionamentos de suas intervenções, além de refletir uma demanda por parte da comunidade. Assim, os trabalhos apresentados nos congressos mostram a atenção a esse grupo populacional.

Poucos trabalhos foram encontrados no que tange ao atendimento a adultos (não estudantes), à educação para a carreira voltada para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental e também para pessoas portadoras de necessidades especiais.

A Tabela 6 apresenta a filiação institucional dos autores. Pode-se observar que as instituições de maior participação foram a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP/USP), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Tabela 6
Distribuição de resumos em função da filiação institucional dos autores (n= 819)

 

 

(*) Foram consideradas nesta tabela as instituições que apresentaram  no mínimo um total de 10 trabalhos no período analisado

Tal fato pode estar relacionado ao papel dessas instituições na história destes eventos e da própria ABOP. A primeira instituição é sede da RBOP desde 2002/2003 e conta com a participação ativa do grupo de docentes e alunos da graduação e da pós-graduação nos eventos e congressos desde 2001. Além disso, o Prof. Dr. André Jacquemin, afiliado a esta mesma instituição, presidiu a mesa de criação da ABOP em 1993. Com relação à UFSC, dois dos seis eventos do período examinado no presente trabalho foram sediados na cidade da referida instituição, o que possivelmente produziu maior envolvimento de pessoas ligadas à UFSC, além de facilitar o envio de trabalhos. Além disso, a Diretoria da ABOP também esteve sediada em Santa Catarina quando da realização desses dois simpósios. Uma docente dessa Universidade, a Profa. Dra. Dulce Helena Penna Soares, esteve na liderança desses eventos. A terceira instituição, UFRGS, é uma universidade presente na história da ABOP desde a origem. Uma docente dessa Universidade, a Profa. Dra. Maria Célia Pacheco Lassance, atuou como Coordenadora Científica em cinco dos nove eventos realizados desde sua origem em 1993. A ABOP, em sua existência, tem tido um vínculo muito forte com essas três universidades: UFSC, UFRGS e FFCLRP/USP o que se explica pelo fato de que, entre os fundadores e sustentáculos da ABOP, estão professores vinculados a estas instituições. Ademais, observa-se boa participação, por meio dos resumos, das seguintes instituições: Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP/SP), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Seguem outras universidades como mostra a Tabela 6, todas das regiões Sul e Sudeste. Outras regiões participaram com menor número de resumos publicados.

A Tabela 7 apresenta os resumos em função dos Estados de origem dos autores, incluindo procedências de outros países.

Tabela 7
Distribuição de resumos em função da procedência por estados brasileiros e países (n=689)

 

 

(*)Foram consideradas as unidades federativas e países que participaram em pelo menos cinco dos seis eventos.
Os estados com freqüência abaixo de cinco eventos estão reunidos no item outros estados.
Não foram computados os resumos cuja procedência não foi identificada.

São Paulo foi o estado que mais contribuiu com os resumos em todos os eventos, sendo 2009 o ano de sua maior participação, com quase metade dos trabalhos, quando o evento ocorreu em Atibaia, SP. O estado se destaca como pólo de produção de conhecimento não só da área de Orientação Profissional, como de outras áreas (Yamamoto, Souza, & Yamamoto, 1999). O segundo estado de maior produtividade foi Santa Catarina, principalmente no ano de 2003, quando sediou o evento, e em 2007, quando o evento foi na região Sul. Por sua vez, os estados de Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro e Paraíba, apesar de um menor número de trabalhos em relação aos dois primeiros, trouxeram contribuições em todos os eventos. O estado do Ceará e o Distrito Federal estiveram presentes na maioria dos eventos. É importante destacar a participação, embora menos significativa em número de resumos, dos estados de Pernambuco, Goiás, Tocantins, Alagoas, Bahia, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo. Tal fato demonstra que a ABOP tem congregado profissionais e pesquisadores de diferentes regiões do país. Entretanto, observa-se a necessidade de estimular o aumento da participação nos eventos e na publicação de trabalhos de autores das regiões que contam hoje com menor representação na produção científica (Teixeira et al., 2007).

Ressalta-se a internacionalização do evento, principalmente nos anos de 1999, 2007 e 2009. Em 1999, concomitante ao evento aconteceu o 1º Encontro de Orientadores do Mercosul, destacando-se a Argentina como país mais presente em termos de produção. Em 2007 e 2009, o maior número de trabalhos internacionais ocorreu devido à realização concomitante do Simpósio ao Congresso Latinoamericano de Orientação Profissional da ABOP. Em 2007, notou-se grande participação de autores de Portugal e da Venezuela. Em 2009, a presença Internacional foi mais heterogênea com participação da Argentina, Colômbia, Venezuela, México, Portugal e Espanha.

A Tabela 8 apresenta os resumos em função dos eixos temáticos que constituíram os objetos de análise dos trabalhos apresentados e publicados.

Tabela 8
Distribuição de resumos (n=733) em função dos eixos temáticos

 

 

Os temas são apresentados e discutidos em ordem de prevalência dos trabalhos, diferentemente da sequência descrita no método. Os resumos relativos ao tema 1: Escolha profissional na adolescência, relacionam-se às questões que permeiam todo o universo de tomada de decisão de carreira em adolescentes, com predomínio em 2007 (39%), seguido de 2003 (21%). Dentre as variáveis que interferem na escolha da carreira, a influência da família no processo de escolha do jovem foi um tema em evidência nos resumos, além da questão do vestibular e suas implicações na escolha e na vida do vestibulando, como a competitividade, o estresse e a ansiedade. Os demais resumos trataram de assuntos variados, como diferenças de gênero nas escolhas, Orientação Profissional na escola, maturidade para a escolha, implicações socioeconômicas, projeto de vida, informação ocupacional, expectativas sobre a carreira, identidades profissionais. O número expressivo de resumos nesta categoria, no conjunto dos eventos analisados, mostra que as questões da “escolha” ou da “tomada de decisão” constituem, ainda, o principal eixo temático presente na Orientação Profissional. Este resultado levanta uma questão importante que pode ser melhor analisada em estudos futuros, e que diz respeito ao nível de aprofundamento conceitual e também ao avanço teórico que tem-se obtido com esses trabalhos. Este tipo de análise é importante, pois pode revelar o grau de domínio e amadurecimento teórico da comunidade de orientadores profissionais no Brasil, lembrando sempre que um sólido conhecimento das teorias de desenvolvimento de carreira é uma das competências fundamentais para o orientador profissional.

O tema 2: Descrição de processos de intervenção e serviços agrupa resumos que descrevem serviços oferecidos por instituições públicas e privadas. A freqüência dos resumos apresenta relativo equilíbrio, sobretudo, nos congressos de 2001 (21%), 2003 (21%), 2005 (23%) e 2009 (18%). Em sua maioria são resumos sobre serviços de instituições públicas de Ensino Superior com o objetivo de divulgar as estratégias utilizadas e os programas desenvolvidos. Esse número expressivo de trabalhos em quase todos os anos sobre os serviços em universidades mostra a oferta de atendimento à comunidade como possibilidade de participação dos usuários em programas de orientação para a carreira, além de proporcionar formação em Orientação Profissional para os alunos de graduação, em geral do curso de Psicologia, por meio do estágio curricular. Esses resumos mostram diferentes estratégias de intervenção, sinalizam possibilidades de avaliação de serviços e a tentativa de se criar novas intervenções que sejam mais eficazes e que possam alcançar maior contingente populacional. Além disso, “Desenvolver programas e administrar serviços” é uma das competências especializadas previstas nos critérios internacionais de competências para o orientador educacional e profissional preconizadas pela Associação Internacional de Orientação Escolar e Profissional (Association Internationale d’Orientation Scolaire et Professionnelle; AIOSP) (Talavera, Lievano, Sato, Sama, & Hiebert, 2004). A oferta de programas oferecidos predominantemente em universidades mostra a ausência de serviços comunitários nos eventos. Por outro lado, evidencia também a ausência de conexão entre grupos de pesquisa e profissionais que atuam na comunidade. Pouca conexão da prática com a pesquisa decorre em baixa produção científica de profissionais nos eventos. Por sua vez, a presença de pesquisadores e estudantes de graduação e de pós-graduação é apoiada e estimulada pelas universidades.

Os resumos relativos ao tema 3: Instrumentos, técnicas e avaliações de intervenções predominam em 2005 (20%), 1999 (17%) e 2001 (15%). Cumpre destacar que, em função da relevância do assunto, em 2005 houve uma chamada para submissão de artigos na RBOP sobre avaliação, que culminou em um fascículo especial (volume7, número 2, 2006). Com relação às práticas, os resumos abordam avaliação de estratégias de intervenção em Orientação Profissional, na perspectiva de pais, familiares e ex-clientes. Este tema é de extrema importância, pois oferece um panorama das técnicas utilizadas e dos serviços realizados. Também nesse sentido, realizar “Pesquisa e Avaliação” constitui uma das competências especializadas requeridas do orientador educacional e profissional, conforme critérios da AIOSP. Trata-se de “estudar questões relacionadas à orientação e aconselhamento, tais como processos de aprendizagem, comportamento vocacional e seu desenvolvimento, valores, etc. Examinar a eficácia das intervenções” (Talavera et al., 2004, p. 5), o que também foi realizado predominantemente no âmbito dos serviços em universidades.

O tema 4: Outras transições no ciclo vital reúne resumos sobre intervenções em Orientação Profissional realizadas com adultos e crianças em diferentes etapas do ciclo vital, com predomínio em 2003 (15%), 2007 (12%) e 2009 (12%). Com relação às crianças, foram relatadas possibilidades de intervenção e investigação da percepção delas sobre o mundo do trabalho, com foco na possibilidade da Orientação Profissional desde a infância, com objetivo de promover o desenvolvimento vocacional e a educação para a carreira. Mesmo que essa categoria ocupe o quarto lugar na classificação dos temas, observa-se que ainda são poucos os trabalhos voltados para a criança, necessitando maior investimento nessa área, principalmente em decorrência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394 (Brasil, 1996), que estabelece diretrizes para a inclusão de conteúdos curriculares na educação básica sobre a preparação para o trabalho. Evidentemente que não se faz Orientação Profissional com vistas à escolha da carreira e/ou trabalho destinada às crianças na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. A legislação e as recomendações do MEC mais atuais apontam na direção da infusão da temática do trabalho no currículo da educação básica, tal como acontece nos programas de educação para a carreira em vários países. Nessa direção, torna-se necessário desenvolver estudos, com o objetivo de implementar práticas destinadas a pessoas em todas as etapas do ciclo vital, inclusive no Ensino Fundamental.

Os trabalhos voltados para a população adulta discutem a satisfação profissional, orientação de carreira, transição de carreira, motivação, estresse, competências, qualidade de vida do trabalhador. Além disso, principalmente no ano de 2009, foi discutida em mesa redonda, a questão do planejamento de carreira continuado e a aposentadoria, com ênfase em qualidade de vida durante o envelhecimento e participação social. O aumento da expectativa de vida, as preocupações dos governos com os custos de aposentadoria e assistência a idosos evidenciam a necessidade de programas de atenção a essa população, em saúde e bem estar social, mas principalmente no que se refere à carreira, pré e pós aposentadoria.

Os resumos relativos ao tema 5: Orientação profissional e de carreira com populações diversas sinalizam tendência de diversificação das práticas e, ainda que sejam poucos trabalhos (entre 6 e 16%), com destaque para o ano de 1999, eles são relativamente constantes nos eventos. São consideradas populações diversas os grupos não tradicionalmente atendidos em Orientação Profissional. A maioria dos resumos tratou da população em situação de risco social, abordando as implicações da condição socioeconômica na escolha profissional, desemprego, identidade profissional, necessidade de inclusão social e inserção no mercado de trabalho. Poucos foram os trabalhos que trataram da Orientação Profissional com pessoas com necessidades especiais, revelando a necessidade de ampliar estudos com essa população, principalmente com o advento da Lei 8.213 art. 93 de 24 de julho de 1991 (Plano de Benefícios de Previdência Social), Portaria do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), (Brasil, 1991), na qual ficou instituída a obrigatoriedade de reserva de postos de trabalho em empresas destinados a pessoas com deficiência. Diante disso, faz-se imperativo investigar as questões relativas às estereotipias, preconceito, adaptação, formação e desenvolvimento da identidade profissional nesses cenários e contextos.

Com relação ao tema 6: Formação e papel do orientador e de profissionais em geral, a presença de resumos no período analisado varia de 6 a 12%. Cumpre destacar que em 1999, a Revista da ABOP, antecessora da Revista Brasileira de Orientação Profissional, publicou um fascículo especial sobre formação de orientadores profissionais. Provavelmente por esta razão, resumos foram publicados no evento. A seguir, o ano de 2009 também é destaque com resumos decorrentes de três mesas redondas sobre formação. Vale ressaltar que além das habilidades requeridas para planejar, implementar, supervisionar e avaliar intervenções direcionadas às necessidades da população-alvo, é preciso demonstrar habilidades para implementar programas individuais e grupais em desenvolvimento de carreira para populações específicas, como recomenda a Associação Nacional para o Desenvolvimento da Carreira (National Career Development Association, NCDA) (Niles & Harris Bowlsbey, 2005), uma instituição norteamericana.

Sobre o tema 7: Modelos e aproximações teóricas em OP, observa-se a presença de resumos no período analisado variando entre 4 e 7%. Isto era esperado, uma vez que os congressos reunem mais participantes interessados em intervenções do que em discussões eminentemente teóricas, ainda que as práticas devam ser fundamentadas em sólidos pressupostos teóricos.

Os universitários, como população alvo dos estudos, conforme Tabela 5, ocupam a 4ª posição, contudo, como tema ocupam a 8ª posição. Assim, observa-se que os estudos sobre: Desenvolvimento de carreira em universitários (tema 8) predominam em 2007 (11%), variando de 3 a 7% nos demais eventos.

O tema 9: Conceitualização, contextualização e história da Orientação Profissional, está presente em todos os eventos variando entre 2 e 9%, com destaque para o 1999, provavelmente em decorrência dos debates sobre formação que recuperam um pouco da história da área no Brasil.

Por sua vez, o tema 10: Políticas públicas, de sua total inexistência em três eventos passa a ter cerca de 1% em dois eventos (2003 e 2007) e 3,9% no último evento, o que evidencia a necessidade da comissão organizadora definir temas e propor atividades de relevância para a área, como ocorreu em 2009.

 

Considerações Finais

O presente estudo sistematizou a produção científica divulgada nos seis últimos Congressos e Simpósios de Orientação Vocacional & Ocupacional da ABOP, realizados no período entre 1999-2009. Em síntese, dentre os resumos analisados foram encontrados predominantemente relatos de pesquisa seguidos pelos relatos de experiência. Em relação à autoria dos trabalhos, há prevalência de autoria individual, como apontado por Noronha e Ambiel (2006). Entretanto, se os dados das autorias múltiplas (com dois ou mais autores) são reunidos em uma categoria denominada múltipla há mais que 50%, exceto em 2001. A múltipla autoria deve ser estimulada, sobretudo se os estudos forem realizados por grupos multicêntricos.

Os jovens continuam sendo a população alvo da maioria dos estudos. São pessoas em processo de escolha e da busca pela universidade, população esta tradicionalmente objeto de intervenção e de pesquisa no domínio da Orientação Profissional brasileira. Tal achado está em consonância com os estudos de Noronha e Ambiel (2006) e Teixeira et al. (2007). Porém, a presença de jovens em situação de desvantagem socioeconômica em quinto lugar na classificação da população alvo (Tabela 5) sinaliza alguma tendência a aumento, como mostram os dados dos anos 2003, 2005 e, principalmente 2009, como é desejável em termos de ampliação do alcance da Orientação Profissional e de estratégias de intervenção mais inclusivas.

Muitas instituições provenientes de diversas regiões do país participaram dos eventos, mas o predomínio das regiões Sudeste e Sul é evidente. Diante disso, seria necessária a realização de parcerias entre esses grandes centros do conhecimento em Orientação Profissional com instituições menos tradicionais de forma a alcançar maior abrangência e promover estudos que possam alcançar a grande diversidade cultural do país (Teixeira et al., 2007). Atrair pesquisadores de outras regiões do país parece ser um desafio não só da Orientação Profissional, como mostram outros estudos.

Os serviços oferecidos e os tipos de intervenção realizados foram temas frequentes entre os resumos, ressaltando a importância desses para o desenvolvimento da área e para um maior alcance em termos populacionais. O tema sobre avaliação dos serviços, também ressaltou a relevância de estudos desse tipo para o desenvolvimento da área; tais trabalhos são de grande valor para melhorar a qualidade dos serviços já oferecidos e, além disso, possibilitar a criação e implementação de novos serviços.

No que se refere à base de dados, cumpre destacar que a qualidade na redação científica dos resumos foi um dos limites para a análise, como ressaltado, também, por Teixeira et al. (2007). A categorização dos resumos muitas vezes foi dificultada devido à ausência de objetivos de procedimentos claramente descritos. Os simpósios apresentam resumos com estrutura fragilizada, metodologia fraca e, muitas vezes, incoerência em relação ao tema abordado e o título do trabalho. Essas condições dificultaram as classificações dos trabalhos nas categorias. Outra dificuldade encontrada no estudo foi com relação à classificação dos trabalhos em termos de financiamento. Levantou-se a hipótese de não haver obrigatoriedade da informação sobre a agência de fomento nas normas dos Simpósios, o que resultou em um número ínfimo de resumos que registraram esse dado. Outra possibilidade é a de que talvez, a maioria dos trabalhos não tenha fonte de financiamento. Assim, esse tema não se constituiu uma categoria de análise neste estudo. Registra-se a sugestão para que a exigência desta informação passe a fazer parte das normas para os próximos eventos.

Ainda que se possa considerar esse estudo como ilustrativo da produção científica da área de Orientação Profissional da época, os resultados apresentam algumas limitações em termos de generalizações. A primeira delas refere-se à base de dados obtida por meio dos resumos dos congressos e simpósios da ABOP. Pode-se questionar qual é o alcance efetivo destes eventos no cenário brasileiro. Por outro lado, pode-se concluir que este estudo proporcionou um panorama histórico da produção científica de uma década reunida em seis congressos da única associação científica e profissional da área no Brasil.

A importância da área tem sido reconhecida diante da necessidade de lidar com a movimentação por percursos profissionais e cenários laborais globalizados (Trindade & Vono, 2009), uma vez que as pessoas têm sido “cobradas” no sentido de fazer escolhas que requerem profundo conhecimento sobre si e habilidade para acompanhar as constantes transformações nas relações sociais e de trabalho (Melo-Silva & Lassance, 2009).

Velozes transformações sociolaborais estão acontecendo no mundo desde a década de 1980 com reflexos mais acentuados e explícitos a partir de 1990. No domínio da Orientação Profissional e de Carreira os eventos da ABOP, desde 1993, têm impulsionado o debate sobre temas tradicionais e, também, contemporâneos. A sistematização da produção em uma década objetivou mostrar o panorama a fim de estimular mais investigações.

Destaca-se ainda a necessidade de estudos que visem a criar, desenvolver e implantar políticas públicas relacionadas à área da Orientação Profissional e de Carreira, além de analisar as políticas já adotadas. Nesse sentido, uma vez que o sucesso no desenvolvimento da carreira é reflexo de como se dá o processo de escolha e o planejamento de vida e da carreira, a maior abrangência dos serviços na área seria de extrema importância. E para intervir é necessário formar os profissionais. Intervir com qualidade requer avaliação. Em síntese, em um círculo virtuoso são necessárias ações e políticas públicas em três âmbitos: (a) oferta de serviços diversificados de carreira; (b) formação especializada e qualificada de orientadores, e (c) desenvolvimento de pesquisas, o que indubitavelmente gerará produção científica, avaliação e inovação constante na área. Nesse círculo virtuoso, a meta é a oferta de serviços qualificados, abrangentes e integrados a todos que deles necessitem. Afinal, o cidadão que se realiza pessoal e profissionalmente ajuda no desenvolvimento da Nação. Na perspectiva da inclusão social, que se faz com qualificação profissional e política pública de emprego, a Orientação Profissional e de Carreira tem como colaborar com transformações e o primeiro passo é a realização dos congressos e organização de grupos de trabalho.

 

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Recebido: 16/12/2009
1ª Revisão: 18/05/2010
Aceite Final: 28/05/2010

 

 

Sobre os autores
* Lucy Leal Melo-Silva é psicóloga, docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia e do curso de Psicologia do Departamento de Psicologia e Educação, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP), Editora da Revista Brasileira de Orientação Profissional, autora de livros na área da Orientação Profissional e Formação em Psicologia e pesquisadora do CNPq.
** Mara de Souza Leal é psicóloga graduada pela Universidade Federal de Uberlândia. É assistente editorial da Revista Brasileira de Orientação Profissional.
*** Nerielen Martins Neto Fracalozzi é graduada em Psicologia pela FFCLRP-USP. Foi bolsista FAPESP em Treinamento Técnico do projeto “Avaliação da intervenção em orientação profissional em um serviço-escola: período 2001-2006”.

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