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Pensando familias
versão impressa ISSN 1679-494X
Pensando fam. vol.20 no.2 Porto Alegre dez. 2016
ARTIGOS
Epistemologias sistêmicas e suas repercussões para a clínica da terapia familiar
Systemic epistemologies and their repercussions for family therapy treatment
Vladimir de Araújo Albuquerque Melo1, I, II ; Maria Alexina Ribeiro2, I, II, III
I Universidade Católica de Brasília
II Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
III Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia - ANPEPP
RESUMO
As duas principais teorias epistemológicas da Terapia Familiar Sistêmica, a Teoria Geral dos Sistemas e a Cibernética, compartilharam vários conceitos sobre sistema, mas se desenvolveram em direções distintas. As concepções sobre mudança foram fundamentais para pensar as possibilidades de se trabalhar com o sistema familiar. O presente artigo tem como objetivo apresentar as principais características de cada teoria, bem como contribuições teóricas de cada modelo, e as implicações desses para a clínica com famílias. Partindo da reflexão sobre a postura do terapeuta e da sua relação com a família suscitada pelo amplo debate epistemológico, discutimos as mudanças de enfoque mais significativas na abordagem sistêmica e como estão emergindo as principais tendências da Terapia Familiar.
Palavras-chave: Epistemologia, Cibernética, Teoria geral dos sistemas, Terapia familiar.
ABSTRACT
General Systems Theory and Cybernetics, the two principal epistemological theories of Systemic Family Therapy, shared several concepts about systems, though they went on to develop in distinct directions. The conceptions about changes in family were fundamental to think possibilities to work with family system. In this article the authors introduce the main characteristics of each theory, theoretical contributions to each model, and the implications of these systems for family treatment. Beginning with reflections, grounded in the wide-ranging epistemological debate, on the therapist's stance and relationship with the family, we shall discuss the most significant changes of focus in the systemic approach, and the way in which the chief tendencies in Family Therapy are emerging.
Keywords: Epistemology, Cybernetics, General systems theory, Family therapy.
Introdução
As correntes da Terapia Familiar se desenvolveram em diferentes direções, de acordo com as mudanças nas concepções acerca da relação terapêutica, dentro de um contínuo que situa de um lado a visão intervencionista e do outro, a perspectiva construtivista. Foram várias as influências recebidas pela Terapia Familiar, mas duas teorias epistemológicas se destacam em sua história ainda recente e permanecem influenciando discussões e pesquisas sobre o papel do terapeuta sistêmico: a Teoria Geral dos Sistemas, formulada por Ludwig von Bertalanffy, e a Cibernética, de Norbert Wiener.
Se por um lado, essas teorias se aproximam em muitos pontos e compartilham vários conceitos, por outro, existem concepções conflituosas entre elas que as conduzem a lados opostos quanto ao entendimento sobre sistemas humanos, dado que a Cibernética concebe tais sistemas conforme suas semelhanças com os mecanismos fixos de uma máquina e a Teoria Geral dos Sistemas destaca os processos interativos que permitem ao sistema uma reorganização interna. Essa diferença fundamental traduz a forma distinta como ambos os modelos concebem a interação entre o sistema e o ambiente.
O presente artigo é parte do referencial teórico de uma tese de doutorado em andamento e tem como objetivo apresentar os principais conceitos da Cibernética e da Teoria Geral dos Sistemas, bem como as principais contribuições epistemológicas associadas a cada modelo, dando ênfase às diferenças entre as teorias e à repercussão dessas diferenças para o desenvolvimento da Terapia Familiar Sistêmica.
As cibernéticas de Wiener e Bateson
A Cibernética foi concebida pelo matemático Norbert Wiener, que se dedicou a estudar os sistemas estabelecendo uma analogia entre o funcionamento destes e o das máquinas. Wiener (1989) descreveu dois tipos de sistemas: o fechado, isolado e ao qual se aplica a segunda lei da termodinâmica, que enuncia uma tendência à desordem (entropia) até o estado de caos; e o aberto, caracterizado por permeabilidade à energia e à informação, capaz de desenvolver níveis elevados de retroalimentação na sua interação com o mundo externo. Bateson (2000) explica que os sistemas são considerados abertos porque os circuitos recebem energia de uma fonte externa e perdem energia, geralmente, na forma de calor para o meio externo. Acrescenta que também são tidos como abertos porque os eventos produzidos no interior dos seus circuitos podem exercer ou receber influência do meio que os cerca.
Wiener (1989) dá como exemplo de sistema fechado o elevador, que necessita de mecanismos que detectem e controlem o seu desempenho para que ele esteja alinhado à porta no momento em que ela se abrir. Nesse caso, o sistema é isolado e o mecanismo de retroalimentação é simples, sem qualquer interação com o meio que o torne mais sofisticado. Os sistemas humanos, incluindo os sistemas familiares, são o melhor exemplo de sistemas abertos, pois realizam constantemente trocas e ajustes pela interação das suas partes com o meio (Watzlawick, Beavin, & Jackson, 1999).
Dessa forma, com base nos autômatos, a Cibernética encarrega-se de estudar os sistemas abertos, especialmente os sistemas humanos. Wiener (1989) observou fenômenos relacionados a sistemas vivos em que as retroalimentações, ou feedbacks, desempenham um papel importante na autorregulação desses organismos. Segundo o matemático, feedback pode ser definido como “um método de controle do sistema pela reintrodução, nele, de resultados de seus desempenhos anteriores” (p. 61). As entradas (input) e saídas (output) que operam nos sistemas humanos são análogas às máquinas em geral e foram estudadas em termos de controle por meio dos mecanismos de feedbacks, que estão sujeitos à intervenção externa e levam os organismos a manter ou aumentar o nível de organização durante um período. No contexto clínico, a entrada pode ser representada por uma intervenção do terapeuta familiar e a forma como a família responde a essa entrada corresponderá à saída. Para Wiener (1989), “a função desses mecanismos é a de controlar a tendência mecânica para a desorganização; em outras palavras, de produzir uma inversão temporária e local da direção normal da entropia” (pp. 24-25). Ainda de acordo com o autor, esse processo de feedbacks pelos quais os organismos resistem ao declínio e ao caos é conhecido como homeostase.
Pela similaridade verificada entre os termos cibernéticos e os processos fisiológicos, portanto, a homeostase pode ser definida como o processo constituído pelo mecanismo de feedback negativo responsável por manter um padrão no sistema, evitando alterações adversas no corpo humano. Por causa da homeostase, o ser humano se tornou altamente dotado de adaptação ao meio, pois a aprendizagem só é possível graças a uma mudança no seu funcionamento geral que o leva a um nível mais avançado de feedbacks. Nos sistemas familiares, é possível observar que as famílias disfuncionais são unidas e resistem às mudanças em razão da homeostase, responsável por preservar o status quo de seus membros (Watzlawick et al., 1999). Para além da compreensão do sintoma familiar, a ênfase na interação do sistema com o ambiente e da subjetividade proporcionou contribuições teóricas posteriores que abriram campo para estudos cibernéticos sobre os sistemas complexos (Keeney, 1997). Um grande colaborador e epistemólogo da Cibernética foi o antropólogo Gregory Bateson.
O sistema de input-output concebido pela Cibernética proporciona uma compreensão de como se processam as mensagens na comunicação humana (Bateson, 1999; Watzlawick et al., 1999; Wiener, 1989). De acordo com Nichols e Schwartz (1998), Gregory Bateson teve contato com Norbert Wiener nas Conferências Macy, realizadas após a Segunda Guerra Mundial, e tomou conhecimento da Cibernética. Os autores afirmam que foi a partir desse encontro que Bateson e seu grupo de pesquisadores começaram a elaborar um modelo de comunicação para sistemas familiares baseado na causalidade circular, em que utilizaram os mecanismos de feedback para explicar as interações entre os membros da família e que lhes permitiu identificar as relações disfuncionais causadoras de patologias. O conceito de homeostase, então utilizado para descrever genericamente o equilíbrio em sistemas humanos, mostrou-se proveitoso para explicar a função estabilizadora do membro portador do sintoma familiar (Watzlawick et al., 1999).
Para Bateson (2000), a Cibernética tem um interesse especial na relação entre o objeto e o seu contexto, o que se evidencia pelo exemplo do fonema e da palavra. O fonema só existe em sua relação com outros fonemas, quando formam uma palavra, que, por sua vez, só tem significado no contexto mais amplo da frase. Sobre essa interconexão, Bateson (2000) enfatiza a circularidade dos circuitos fechados e apresenta a sua concepção aprofundada de feedback: “Quando os fenômenos do universo são tidos como vinculados por causa-e-efeito e pela transferência de energia, a figura resultante é ramificada de forma complexa e interconectada por cadeias de causalidade” (p. 409). Partindo dessa ideia, um evento que ocorre num ponto aleatório repercute em todos os demais pontos do circuito. Aplicando esse princípio ao contexto familiar, é admissível supor que a interação que se processa entre dois indivíduos da família reverbera nas relações com os demais membros do sistema, criando uma sequência interativa interligada.
A relação dos sistemas familiares com o ambiente foi inicialmente desenvolvida pelo Grupo de Palo Alto, liderado por Gregory Bateson, quando os pesquisadores se serviram da metáfora da caixa preta para explicar o paradigma empregado na compreensão do funcionamento da família. Dada a impossibilidade de acessar os fenômenos intrapsíquicos, assumiram que é possível e mais profícuo conhecer o funcionamento da mente humana pelas suas relações de input e output, tal e qual o modelo proposto por Wiener. Outro exemplo que demonstra o valor do meio externo para a reorganização do sistema é a metáfora do termostato, que ajusta as suas flutuações e efetua correções tendo como meta uma determinada temperatura (Watzlawick et al., 1999). A Cibernética, portanto, abre mão de analisar os fenômenos intrapsíquicos e se preocupa com as informações processadas nos sistemas humanos em suas interações com o ambiente. Segundo Nichols e Schwartz (1998), Bertalanffy foi um crítico implacável da Cibernética, por ele considerado um modelo mecanicista e essencialmente comportamental, com o acréscimo do mecanismo de feedback.
Apesar da adesão inicial ao modelo cibernético de Wiener, Bateson (2000) posteriormente criticou o aspecto de controle apresentado por alguns teóricos cibernéticos, entre os quais o próprio Wiener, e defendia a indissociabilidade entre mente e ambiente. A “ecologia da mente” de Bateson representa o seu afastamento do pensamento cibernético estreitamente vinculado ao modelo mecanicista e a aproximação na direção de uma visão que privilegia a integração do indivíduo com o meio em que vive. O autor prefere empregar termos como organismo e natureza a descrever ou comparar o funcionamento de sistemas humanos com o de máquinas. Segundo Bateson (2000), “quando você separa a mente da estrutura da qual é imanente, como a relação humana, a sociedade humana ou o ecossistema, desse modo você embarca, acredito, no erro fundamental, o qual no fim vai certamente machucá-lo” (p. 493). A esse respeito, o autor expressa em várias ocasiões a sua preocupação com o erro epistemológico do mundo ocidental e a consequente degradação da natureza.
Aplicando a Cibernética de Bateson à relação terapeuta-família, Keeney (1997) estabelece uma distinção entre a concepção da família como sistema autônomo, em que operam os mecanismos de feedback para a manutenção da sua homeostase, a qual chamou de Cibernética Simples, e a concepção de um sistema híbrido, que abrange a totalidade da relação terapeuta-família como sistemas interdependentes, conhecida como Cibernética da Cibernética. Com base nessa perspectiva, Keeney (1997) considera que a mudança sistêmica para um epistemólogo não está relacionada apenas à mudança do sistema familiar, senão a uma mudança de ordem superior que também deve ocorrer no próprio terapeuta, tanto em sua relação com um sistema familiar em particular como em sua maneira de atuar de modo geral. Minuchin, Nichols e Lee (2009) acreditam que o movimento pioneiro da Terapia Familiar nutria uma visão preconceituosa da família, culpando-a pelos problemas e empregando termos beligerantes como coalizão e aliança para descrever a relação de antagonismo entre terapeuta e família; por outro lado, esses autores criticam os terapeutas pós-modernos que deixaram de lado a visão sistêmica em favor das construções narrativas.
Segundo Keeney (1997), a implicação clínica da epistemologia cibernética de Bateson para a relação terapeuta-família está na ideia de interdependência do ecossistema formado por ambos os sistemas, em que a repercussão de uma mudança gera transformações em outros pontos desse ecossistema, tal como ocorre na relação entre o ser humano e a natureza. Não obstante a palavra cibernética signifique a “arte de pilotar” em sua acepção etimológica (Houaiss & Villar, 2001), perdeu seu aspecto de controle e adquiriu um sentido holístico, integrando mente e natureza, segundo a proposta de Bateson (2000), e se diferenciando do modelo mecanicista de Wiener.
Na Terapia Familiar, o modelo mecanicista da Cibernética de Wiener exerceu forte influência sobre as abordagens intervencionistas, como foi o caso da Terapia Familiar Estratégica Breve, que, a exemplo de um termostato em que as mudanças são dirigidas a um objetivo previamente definido, busca mover a família numa determinada direção, conduzindo-se pelo foco na solução do problema e definindo de maneira prática e deliberada o alvo da mudança (Szapocznik & Williams, 2000). O pragmatismo das práticas clínicas que emergiram do Grupo de Palo Alto refletia a demasiada ênfase na objetividade e nas técnicas terapêuticas, característica que começou a mudar à medida que a Terapia Familiar passou a assimilar novas influências teóricas (Costa, 2010).
Já as reflexões de Bateson, que abandonou a visão mecanicista para defender a concepção ecológica da mente, representaram uma guinada na epistemologia cibernética e impulsionaram o desenvolvimento de técnicas de espontaneidade por parte de terapeutas pós-modernos. A compreensão de mente e ambiente como partes interdependentes e complexas de um todo, proposta por Bateson (2000), tornou-se um marco para essa epistemologia por colocar em xeque o pressuposto de neutralidade do observador, que se acreditava separado e impassível diante daquilo que observava (Gomes, Bolze, Bueno, & Crepaldi, 2014; Keeney, 1997).
A teoria geral dos sistemas e a autopoiese
A Teoria Geral dos Sistemas foi formulada pelo biólogo Ludwig von Bertalanffy e definida por ele como uma ciência geral da “totalidade” e aplicável a várias ciências empíricas. Embora tenha sido introduzida antes da Cibernética, esta teoria será apresentada em segundo lugar neste trabalho em razão das observações realizadas por Bertalanffy (2012) a respeito da máquina cibernética. A Teoria Geral dos Sistemas também parte dos sistemas isolados do ambiente, conhecidos como fechados e estudados pela física convencional, e se interessa especialmente pelos sistemas abertos, como os organismos vivos, que são caracterizados por:
Um fluxo contínuo de trocas de entrada e saída conserva-se mediante a construção e a decomposição de componentes, nunca estando, enquanto vivo, em um estado de equilíbrio químico e termodinâmico, mas mantendo-se no chamado estado estacionário, que é distinto do último (Bertalanffy, 2012, p. 65).
Segundo Bertalanffy (2012), os sistemas abertos também diferem dos fechados pelo princípio da equifinalidade, pois alcançam o mesmo estado final partindo de estados iniciais variados. O autor distingue a sua proposta epistemológica do modelo de Wiener descrevendo dois tipos de regulação: as primárias, que ocorrem em organismos vivos, e que são governadas conforme uma interação dinâmica de processos, o que pode levar a mudanças estruturais; e as secundárias, que ocorrem, sobretudo, por meio de mecanismos de feedback e atendem a um princípio de mecanização progressiva. O organismo vivo, exemplo de sistema aberto segundo essa descrição, seria provido de um metabolismo capaz de processar componentes internos pela interação com o ambiente e produzir transformações em sua própria estrutura e funcionamento. Os sistemas abertos de Wiener (1989) só sofrem alteração na própria estrutura diante de uma intervenção externa que incremente os mecanismos de retroalimentação, estabelecendo como alvo um novo estado de equilíbrio. As mudanças estruturais metabolizadas realizadas internamente pelo próprio organismo podem ser comparadas às mudanças que ocorrem na estrutura familiar por força das interações entre os membros do sistema. Adiante, veremos que esse modelo de Bertalanffy foi ainda mais oportuno para o tratamento de famílias quando vários teóricos incluíram o terapeuta no sistema.
Bertalanffy (2012) também contestou o uso do termo “equilíbrio” para descrever os sistemas abertos e preferiu utilizar a palavra “estabilidade”: “Excetuando-se certos processos individuais, os sistemas vivos não são sistemas fechados em verdadeiro equilíbrio, mas sistemas abertos em estado estável” (p. 175). Sendo assim, o autor conceitua os sistemas abertos pela interação dinâmica entre seus componentes e os sistemas cibernéticos pelo mecanismo de retroalimentação da informação dirigido a uma meta.
O organismo vivo, em sua condição de sistema aberto, vai de encontro ao segundo princípio da termodinâmica, que enuncia uma tendência de probabilidade crescente e ordem decrescente nos processos físicos dos sistemas isolados ou fechados. Isso significa que nesses sistemas é mais provável que um determinado evento venha a ocorrer do que outro, demonstrando uma tendência para a ordem (Bertalanffy, 2012). Ademais, conforme essa lei física, os sistemas fechados formados por corpos com temperaturas distintas tendem a uma entropia (medida referente à desordem) crescente, pois trocam calor (energia) até o equilíbrio térmico, ponto em que cessa o trabalho produzido no sistema. O sistema fechado serviu de ponto de partida para a elaboração de um modelo de sistema mais complexo, o aberto. Desde seus primórdios, a Teoria Sistêmica considerou a família um sistema aberto, mas cabe lembrar que a compreensão de sistema aberto tomou direções distintas no desenvolvimento da Cibernética e da Teoria Geral dos Sistemas (Nichols & Schwartz, 1998).
Segundo a Teoria Geral dos Sistemas, os sistemas abertos se diferenciam dos fechados no seguinte aspecto: há tendência à improbabilidade e ao aumento da ordem. Os processos desses sistemas só podem ser compreendidos a fundo se observadas as interações com o meio (Bertalanffy, 2012). Prigogine (1978) observou que certos tipos de sistemas químicos e físicos que passam por processos irreversíveis são capazes de alcançar estágios elevados de auto-organização. Portanto, contrariando as teorias clássicas, o autor afirmou que o estado de não equilíbrio pode desempenhar um papel importante para a estabilidade do sistema, concepção dissonante da segunda lei da termodinâmica e do paradigma cibernético. A mudança da perspectiva da ordem e do equilíbrio para uma que contemplava o papel da complexidade na estabilidade do sistema proporcionou um questionamento em torno do terapeuta familiar intervencionista, que se apresentava para a família como expert. A partir de então, várias técnicas sistêmicas, tais como prescrições de sintoma e rituais, foram colocadas em xeque e ganharam força as reflexivas que possibilitam a co-construção entre terapeuta e família (Cecchin, 1996). As técnicas prescritivas não eram mais compatíveis com a nova postura do terapeuta, que passou a ocupar a mesma posição hierárquica dos demais membros do sistema.
Sob o ponto de vista do observador que descreve um sistema tomando como referência o seu próprio sistema de linguagem e aparato cognitivo, Maturana e Varela (1973) conceberam um tipo de sistema autônomo capaz de reproduzir o mesmo sistema que lhe deu origem, cujos componentes interagem e o constituem como estrutura ou unidade concreta. Esse sistema recebeu o nome de máquina autopoiética e é caracterizado por uma organização semelhante ao metabolismo descrito por Bertalanffy (2012), especialmente em sua relação com o meio, uma vez que o seu entorno lhe causa perturbações sem determinar especificamente os efeitos. De acordo com os autores, os efeitos de uma perturbação nesse sistema são definidos por uma rede de processos autorregulatórios que ocorrem no interior do sistema e não pelos estímulos provenientes do seu ambiente. Ainda conforme os autores, são diferentes das máquinas cibernéticas, já que as “máquinas autopoiéticas não têm inputs e outputs. Podem ser perturbadas por eventos independentes e passar por mudanças estruturais internas que compensem essas perturbações” (Maturana & Varela, 1973, p. 81).
Sendo assim, Maturana e Varela (1973) também colocam ênfase na autorregulação do sistema, mas neste caso obtida pela interação dos processos internos que se relacionam continuamente com o meio de forma autônoma, sem a ação direta de estímulo externo como agente transformador. Inicialmente, a Terapia Familiar tomou o terapeuta como um estímulo externo que provocava modificações no sistema (inputs), porém, à medida que o terapeuta foi se incorporando ao sistema, prevaleceu a ideia de que o sistema se modifica pelas interações de seus membros internos que, por sua vez, sofrem influência do meio externo (Keeney, 1997). A visão da família como sistema autopoiético permitiu aos terapeutas familiares olhar para o ambiente como um agente desencadeante de mudanças e não mais como determinante, como se imaginava até então. De fato, as mudanças ocorrem dentro dos sistemas terapêuticos, segundo a sua estrutura inicial e história de interações.
A questão da autonomia nos sistemas já havia sido vislumbrada por Bertalanffy (2012) em sua crítica ao conceito de homeostase, considerado pelo biólogo uma propriedade dos sistemas fechados, visto que são baseados em mecanismos fixos e só são capazes de atingir uma organização superior se introduzida uma informação no sistema. Ainda segundo o autor, a homeostase sofreu uma distorção abusiva por parte de outros escritores e se aplica exclusivamente a sistemas autorregulados operados por retroalimentação. Por isso, existe um grande número de processos que ocorrem nos organismos vivos que não podem ser explicados pelo conceito de homeostase. Por exemplo, quando o termostato de um ar condicionado recebe um comando externo para manter essa determinada temperatura, ele o fará por meio de mecanismos fixos orientados a uma meta. A homeostase será estabelecida no momento em que o ambiente alcançar a temperatura definida como entrada. Já os sistemas autopoiéticos, como os organismos vivos, possuem uma estrutura não só formada por componentes, mas sobretudo pela história das interações entre eles e, mesmo que em resposta a uma entrada ou evento externo, qualquer mudança que lhe ocorra será resultado de uma alteração na sua estrutura cambiante, sem caráter apriorístico (Maturana & García, 2013).
Em última instância, Bertalanffy (2012) avalia que a Cibernética foi superestimada e demasiadamente ampliada por vários teóricos, mas se trata de um enfoque da Teoria Geral dos Sistemas que descreve determinados tipos de sistemas:
A cibernética enquanto teoria dos mecanismos de controle na tecnologia e na natureza, fundada nos conceitos de informação e retroação, é apenas uma parte da teoria geral dos sistemas. Os sistemas cibernéticos são um caso especial, embora importantes, dos sistemas que apresentam autorregulação (Bertalanffy, 2012, p. 38).
Se a máquina cibernética foi amplamente acolhida por Bateson e outros pioneiros da Terapia Familiar no estudo sobre a comunicação humana, a Teoria Geral dos Sistemas ofereceu elementos para a elaboração de um conceito fundamental da perspectiva transgeracional da Terapia Familiar. A exemplo de Bertalanffy, Bowen recorreu à citologia para formular o conceito de diferenciação do eu (ou diferenciação do self). Em analogia aos processos de fusão e divisão celular, os indivíduos seguem determinados padrões de interação em relação às gerações de pais e avós. A forma como as famílias lidam com a razão e as emoções pode criar vários níveis de diferenciação familiar, que estão diretamente relacionados ao grau de autonomia que as gerações seguintes tendem a desenvolver. Quando a família segue um padrão de baixa diferenciação e estabelece uma relação de fusão emocional, a autonomia alcançada por seus membros é baixa e essa organização familiar é definida como massa indiferenciada do eu. Segundo a perspectiva transgeracional, os graus de diferenciação do eu do indivíduo em relação à família são transmitidos de pais para filhos e estão propensos a se manter nas gerações subsequentes (Nichols & Schwartz, 1998).
Bowen elaborou a seguinte síntese quando se deparou com as duas teorias sistêmicas: a de Bertalanffy era aplicada a humanos e tentava eliminar conceitos da matemática, e a de Wiener, foi desenvolvida para tratar dos avanços tecnológicos. Entretanto, nenhuma das duas contemplava a visão do homem como um ser em evolução e, assim sendo, Bowen se encarregou de formular a sua própria teoria para se adequar a essa visão (Kerr & Bowen, 1988).
As ideias de Bertalanffy e a máquina autopoiética de Maturana e Varela trouxeram, ao lado de várias contribuições do pensamento pós-moderno, uma crítica contundente aos modelos mecanicistas e baseados no controle (Schnitman, 1996). A ênfase de Maturana e Varela na construção do observador mediante uma comunicação amplamente pautada em sistemas linguísticos influenciou alguns terapeutas familiares a assumirem a posição de construtivistas, privilegiando os aspectos dialógico e subjetivo da relação terapeuta-família.
O terapeuta familiar cibernético Paul Watzlawick, que integrou o grupo de Palo Alto liderado por Gregory Bateson, foi um dos teóricos que estiveram à frente da mudança paradigmática promovida na clínica familiar sistêmica (Nichols & Schwartz, 1998). Segundo Watzlawick (1994), a realidade é uma ficção tão poderosa que pode produzir na relação interpessoal o fenômeno da inversão de causa e efeito. Em outras palavras, uma crença ou convicção pode gerar efeitos tais que levem a termo um fato futuro e, apenas tomando consciência da natureza desse fenômeno, torna-se possível superá-la e libertar-se da ação profetizada. Se por um lado o autor reconhece o grande potencial da terapêutica construtivista, que enfatiza o papel da subjetividade no destino de cada indivíduo, por outro adverte que esse pensamento pode ser empregado de forma abusiva, como ocorre na publicidade e na propaganda. De todo modo, a “adaptação à realidade” como critério de avaliação em saúde mental e a dissociabilidade da relação observador (terapeuta) e observado (família) passaram por um extenso exame epistemológico, resultando numa aproximação entre o pensamento sistêmico e o construtivismo radical (Watzlawick, 1994a).
Tendências da terapia familiar e a inclusão do observador no sistema
A Cibernética de Wiener recebeu várias contribuições da Terapia Familiar no sentido de integrar o terapeuta e a família num único sistema. O conflito que trouxe essa nova concepção, conhecida como Cibernética da Cibernética, pode ser bem resumido pela divergência entre Gregory Bateson e Jay Haley, uma vez que Bateson criticava a metáfora do poder proposta por Haley, para quem o terapeuta tinha como função controlar o poder dentro do sistema familiar. Bateson julgava tóxica essa análise sistêmica em termos de poder e sugeria que o terapeuta deveria desenvolver uma consciência ampla de pautas recursivas totais, ou seja, uma consciência da circularidade que envolve os processos mentais e o ambiente externo (Keeney, 1997). Minuchin, Lee e Simon (2008) classificam a terapia familiar proposta por Haley como intervencionista, uma vez que o terapeuta age conforme um determinado estilo para provocar mudanças na família. Nesse tipo de terapia, os autores também incluem Virgínia Satir, Carl Whitaker e Murray Bowen.
Portanto, já havia na epistemologia de Bateson uma proposta envolvendo as conexões entre linguagem relacional e meio ambiente, pensamento retomado décadas depois por terapeutas familiares construtivistas para descrever as interações e produções do sistema terapêutico. O Grupo de Palo Alto, que aplicou os mecanismos de feedback da Cibernética à teoria da comunicação humana em pesquisas sobre esquizofrenia e do qual participavam Bateson e Haley, promoveu um congresso com vários epistemólogos e terapeutas familiares renomados. No evento foi discutida a participação do terapeuta (observador) no sistema que ele próprio observa e, a partir de então, foram desenvolvidas escolas da Terapia Familiar que passaram a dar destaque à linguagem e a como eram construídas as realidades nesses sistemas (Elkaïm, 1996).
O novo enfoque sobre a relação entre terapeuta e família mudou o panorama que predominava desde a metade do século XX, quando Bertalanffy (2012) expôs as duas principais teorias sistêmicas como contrárias: a Cibernética concebendo o funcionamento de sistemas humanos como o de máquinas com mecanismos fixos e um alvo determinado; e a Teoria Geral dos Sistemas, que ressalta a interação do sistema com o meio externo e a desordem dos processos internos que impelem o sistema à estabilidade. As contribuições subsequentes ao congresso abdicaram da ênfase dada aos padrões sistêmicos e dedicaram atenção à complexidade e à singularidade (Elkaïm, 1996). As novas tendências da Terapia Familiar que surgiram desde então se voltaram para os seguintes aspectos:
a) o questionamento do observador como exterior ao sistema; b) a emergência de perspectivas multidimensionais e complexas; c) pluralidade; d) um aumento de sensibilidade para a construção social da realidade; e) uma revisão da noção de autoridade; f) o interesse pela criatividade e a emergência do novo; g) a reflexividade; h) um abandono dos modelos de déficit (Schnitman & Fuks, 1996, p. 246).
Diante de uma nova perspectiva, a discussão sobre como funcionam os sistemas familiares deu lugar aos processos afetivos e cognitivos que emergem das narrativas da família. Schnitman e Fuks (1996), por exemplo, descrevem a metáfora do self como processo subjetivo que se manifesta do universo de possibilidades compartilhadas ou co-construídas pela família. De acordo com os autores, a ideia de uma construção de realidade partilhada nas interações sistêmicas redefine o papel do terapeuta familiar, que perde a autoridade de interventor e se torna mais um membro do sistema de maneira a co-construir e contribuir para os demais selves emergentes.
Um exemplo representativo das novas tendências da Terapia Familiar é o Construcionismo Social. Cecchin (1996) acredita que o terapeuta como construcionista social deve tomar cuidado para não manipular os membros da família com a sua hipótese nem tampouco descartá-la. Baseado na crítica proposta por Bateson (2000) de que “a ideia de poder corrompe” (p. 494), Cecchin (1996) sugere que a hipótese terapêutica deve ser compartilhada e interagir com as hipóteses familiares de tal modo que a conversação entre os participantes permita uma reflexão sistêmica, constituindo o processo de co-construção da realidade. O autor sugere que o terapeuta deve assumir uma postura de irreverência, sem apego demasiado às próprias convicções a ponto de tomá-las como verdades, criando um contexto relacional de possibilidades terapêuticas com a família.
Sob a classificação de terapias moderadas, Minuchin et al. (2008) reúnem os grupos da Terapia Familiar que não admitem a posição de superioridade do terapeuta diante da família. Dentre esses, os autores destacam dois que privilegiam a linguagem: a terapia de narrativa de Michael White, na qual o terapeuta convida a família a recontar a sua história sob uma nova perspectiva e também se submete ao mesmo processo com o seu supervisor; e o sistema de Galveston, no qual o terapeuta estabelece uma conversação reflexiva com a família com base em sua atitude de não-saber. Ainda de acordo com os autores, essas duas terapias se distinguem pelo emprego de técnicas na proposta de Michael White, ao passo que o grupo de Galveston dispensa esse tipo de recurso.
Ao revisar as escolas sistêmicas contemporâneas, Minuchin et al. (2009) criticam o caminho que a Terapia Familiar tomou de enfatizar as técnicas e utilizar as histórias para atribuir significados a comportamentos, lembrando, por outro lado, da importância de o terapeuta usar parte do seu self para construir o próprio estilo. Tomando-se como exemplo, Minuchin destaca como a experiência e a espontaneidade contribuíram para que a sua forma pessoal de atuar tenha se convertido naturalmente em técnica (Minuchin et al., 2009).
Ainda que a Cibernética e a Teoria Geral dos Sistemas tenham concebido modelos distintos de sistemas, a Terapia Familiar encarregou-se, sobretudo pelos estudos epistemológicos de Bateson (2000), de reunir todas as contribuições posteriores sob o guarda-chuva da pós-modernidade. A inclusão do terapeuta no sistema, antes constituído exclusivamente pela família, foi o ponto de partida para legitimar a sua subjetividade e destituí-lo da posição hierarquicamente superior. Sendo assim, ganham força as propostas da Terapia Familiar que sugerem uma atitude não intervencionista do terapeuta e um interesse maior nos conteúdos que emergem da conversação que ele estabelece com a família, incrementando as possibilidades de interpretação das interações nesse contexto.
Contudo, o alerta de Minuchin et al. (2009) sobre a excessiva atenção dada às narrativas e à necessidade de retomar a observação de famílias são recomendações oportunas para os terapeutas familiares em atividade. Para Minuchin et al. (2008), a preocupação com o “discurso social” atribuído aos sintomas pelas narrativas pode desviar o foco de relação interpessoal para uma abstração, descaracterizando o processo terapêutico. Os autores questionam a originalidade das escolas da Terapia Familiar mais recentes e consideram que há uma competição entre elas pela busca de um novo conhecimento. Ainda segundo esses autores, a conceitualização da família como unidade social significativa é substituída pela noção do sistema de linguagem como uma unidade social. No campo da intervenção, a consequência é um distanciamento na relação terapeuta/paciente, que coloca o terapeuta como questionador distante e respeitoso que deve operar apenas em posturas colaborativas e simétricas. Assim, “foi-se a sua latitude para desafiar, brincar, opinar, estar na sala de terapia a pessoa complexa e multifacetada que ele é fora dela” (Minuchin et al., 2008, p. 30).
Mas é possível dizer que o desenvolvimento da terapia familiar chegou ao ponto de estabilidade, nada havendo de novo como perspectiva futura desse importante campo de estudo e intervenção? Linares (2006) não acredita nessa possibilidade e afirma que “após vinte anos instalados em plena pós-modernidade, os entusiasmos e as heroicidades epistemológicas iniciais converteram-se num plácido conformismo” (p. 23). Segundo ele, um novo movimento se aproxima para convulsionar o campo sistêmico, que o autor chama de terapia familiar ultramoderna. Para ele, trata-se de um enfoque mais modesto, que não rompe com os modelos anteriores, mas pretende aumentar o conhecimento com outros modelos terapêuticos. Assim, o ultramodernismo não traz nada de novo, senão uma modesta reivindicação de matizes, a maioria dos quais já estão presentes e agindo no campo sistêmico.
Referências
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Endereço para correspondência
Vladimir de Araújo Albuquerque Melo
E-mail: vladimirmelo.psi@gmail.com
Maria Alexina Ribeiro
E-mail: alexina@solar.com.br
Enviado em: 25/10/2015
1ª revisão em: 27/06/2016
Aceito em: 30/08/2016
1 Doutorando e Mestre em Psicologia pela Universidade Católica de Brasília, Especialista em Psicologia Clínica pelo Conselho Federal de Psicologia, Especialista em Terapia Conjugal e Familiar pelo Centro Brasileiro de Estudos da Família. Participante do Grupo de Pesquisa Socius do CNPq.
2 Doutora e Mestre em Psicologia pela Universidade de Brasília. Professora nos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Católica de Brasília. Líder do Grupo de Pesquisa Socius inscrito no CNPq e membro do Grupo de Pesquisa “Família, processos de desenvolvimento e promoção da saúde, inscrito na ANPEPP.