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Pensando familias
versão impressa ISSN 1679-494X
Pensando fam. vol.21 no.1 Porto Alegre jul. 2017
ARTIGOS
Peppa Pig: um estudo sobre as relações familiares entre avós, pais e netos
Peppa Pig: a study on family relationships between grandparents, parents and grandchildren
Rubia Mara Requeña dos Santos1 ; Deusivania Vieira da Silva Falcão2, I
I Universidade de São Paulo (USP)
RESUMO
Este estudo objetivou compreender as relações familiares intergeracionais apresentadas no desenho animado Peppa Pig; identificar as temáticas dos episódios que envolvem o relacionamento entre avós, pais e netos e; averiguar as principais atividades desenvolvidas entre eles. Analisaram-se por meio da técnica de Bardin (1977/2000) 41 episódios da primeira, segunda e terceira temporada que tinham a participação dos avós Pig. Constatou-se que foram destacadas as relações favoráveis e neutras entre avós, pais e netos. As principais temáticas abordadas pelos episódios analisados foram: brincar no jardim; passeio no barco; comemorações em família; passeios de carro; passeio em família; aprender com os avós; tomar conta do papagaio; tomar conta dos netos e passeio com a escola. Os tipos de atividades intergeracionais mais desenvolvidas foram brincar e aprender no jardim. O desenho apresenta um modelo de família tradicional com bom funcionamento e mostra estereótipos semelhantes à realidade da maioria das famílias ocidentais.
Palavras-chave: Família, Avós, Netos, Intergeracionalidade, Desenho animado.
ABSTRACT
This study aimed to understand the intergenerational family relationships presented in the cartoon Peppa Pig; identify the themes of the episodes involving the relationship between grandparents, parents and grandchildren and; determine the main activities developed between them. They were analyzed through Bardin technique (1977/2000) 41 episodes of the first, second and third season that had the participation of Pig grandparents. It was found that were highlighted favorable and neutral relationships between grandparents, parents and grandchildren. The main themes addressed by episodes analyzed were playing in the garden; ride on the boat; family celebrations; carriage rides; family trip; learn from grandparents; take parrot account; taking care of grandchildren and ride to school. The types of more developed intergenerational activities were playing and learning in the garden. The design features a traditional family model with proper functioning and shows stereotypes similar to the reality of most western families.
Keywords: Grandparents, Family, Intergenerational relationship, Cartoon.
A família é fundamental no desenvolvimento humano por ser um espaço de convivência e construção de significados, favorecendo a transmissão de valores e práticas socioculturais por meio dos relacionamentos intergeracionais. A maior expectativa de vida, as inovações tecnológicas e científicas, a entrada da mulher no mercado de trabalho, a maior presença dos avós idosos e a co-residência entre gerações são algumas das variáveis que influenciam as configurações familiares (Falcão et al., 2006; Falcão & Bucher-Maluscke, 2009). Numa perspectiva sistêmica, o sistema familiar constitui um todo único. Há padrões de interação e interdependência entre os membros cujos comportamentos e ações de um deles tanto influenciam como são influenciados pelos dos outros. Na teoria estrutural sistêmica da família, a coesão, a hierarquia e a flexibilidade são dimensões chaves para descrever a estrutura das relações familiares entre as gerações. A coesão é comumente definida como vínculo emocional ou ligação entre os membros da família. A hierarquia corresponde aos “diferentes níveis de autoridade” na família. Além disso, a família depende de padrões transacionais, da acessibilidade de padrões transacionais alternativos e da flexibilidade para mobilizá-los (Minuchin, 1982).
A posição ocupada pelos avós na família pode ser central ou periférica e envolve questões de autoridade, poder, tradição e relações intergeracionais ao longo dos tempos. A relação entre avós e netos possui peculiaridades de acordo com a estrutura e a dinâmica familiar, condições geográficas, idade, gênero, estado civil, características de personalidade, local de origem da família (rural ou urbano), elo afetivo dos pais com os avós, aspectos biopsicossocias, econômicos, culturais, entre outros. A importância da mutualidade da relação entre avós, pais e netos foi destacada cientificamente, sobretudo durante a década de 80 e, desde então, o interesse sobre o papel dessas figuras no âmbito da família cresceu consideravelmente (Dias & Silva, 1999). Apesar de os avós serem designados por uma mesma nomenclatura, nem todos são interpelados por este acontecimento na mesma época ou da mesma forma. É possível ser avó aos 30, 50 ou 70 anos, morando próximo ou distante de seus netos, em melhores ou piores condições de saúde, estando aposentado ou em pleno exercício profissional, e cuidando, ou não, de seus netos regularmente (Ramos, 2015).
Revisões de literatura (Deus & Dias, 2016; Dias & Silva, 1999) sobre os avós, indicaram que as principais funções e papéis que exerceram nas últimas décadas foram: modelos de papéis a serem seguidos; fontes de afeto, apoio emocional e/ou suporte financeiro para os seus filhos e netos nos momentos de estresse, dificuldade no grupo familiar ou em situações especiais, tais como, maternidade na adolescência, excepcionalidade dos netos, separação/divórcio e recasamento dos filhos; mediadores entre os pais e os netos diante dos conflitos; transmissores da história familiar; coeducadores ou mães/pais substitutos dos netos; responsáveis pela saúde, educação e vida escolar dos netos; narradores de estórias infantis. Além disso, favorecem o primeiro contato da criança com o envelhecimento e por serem os mais velhos, comumente, propiciam o primeiro contato com a experiência da morte e do luto.
Na infância, o relacionamento entre avós e netos pode ser marcado pelas brincadeiras e atividades desenvolvidas e à medida que os netos crescem, outros significados dados à relação passam a ter relevância. Quando os avós fornecem suporte emocional ou instrumental e apoio aos pais, observa-se uma diminuição do estresse por parte destes, o que contribui para a saúde emocional dos netos (Dunifon, 2013). Nesse contexto, faz-se mister refletir sobre a posição social dos avós na sociedade atual, as relações intergeracionais e como as crianças estão sendo influenciadas, por exemplo, pelos desenhos animados que assistem. Mesmo com todo o avanço tecnológico, um dos meios de entretenimento preferidos para adultos e crianças continua sendo a televisão (TV).
A televisão é um meio de comunicação controverso. Pesquisas científicas mostraram que, se utilizada de forma educativa, pode ter efeitos positivos sobre a pré-escola. Todavia, vários estudos têm demonstrado que a exposição à televisão, de um modo geral, está relacionada com uma série de resultados negativos entre pré-escolares, incluindo comportamentos agressivos e desempenhos acadêmicos mais baixos (Fitzpatrick, Barnett, & Pagani, 2012). Nathanson et al. (2013), constataram que o uso da TV no quarto da criança foi relacionado com piores desempenhos em termos de processamento de informações, recursos conceituais, habilidade perceptiva e desenvolvimento emocional. Também, foi considerado um indicador de famílias em que os pais dialogavam menos com as crianças e estavam relativamente menos envolvidas com elas. Alguns deles confiavam que os desenhos animados educativos beneficiavam seus filhos e, portanto, investiam menos tempo na educação e no diálogo com eles. A educação dos pais e a renda influenciam na quantidade de tempo que a criança passa em frente à televisão. Quanto maiores os níveis de renda e escolaridade deles, menor o tempo que as crianças assistem à TV (Lapierre, Piotrowski & Linebarger, 2012).
No Brasil, há poucas programações educativas na chamada televisão aberta. Na televisão por assinatura, há divisão de conteúdos educativos e específicos por canais, mas nem toda a população tem acesso. Antes da industrialização, a família era maior; morava em espaços amplos; as crianças conviviam com mais pessoas de todas as idades que tinham mais tempo disponível para elas, tendo a oportunidade de experimentar uma variedade de influências enriquecedoras. A partir dos anos 80, a TV teve um aumento do número de telespectadores. Com as mães trabalhando fora do lar, elas passaram a ter menos tempo de convívio com os filhos; as crianças ficaram com avós, vizinhas, professores e com a TV, que é considerada a babá eletrônica (Lobo, 1990).
A criança relaciona-se com a televisão do mesmo modo que se relaciona com o que está à sua volta. Destarte, a TV constitui-se em um jogo simbólico, como o são as brincadeiras infantis. Não se pode negar a importância da mídia televisiva e suas contribuições no desenvolvimento da criança, mas é preciso repensar o impacto que ela exerce no cotidiano infantil, debatendo as mediações necessárias e as possibilidades da mídia-educação (Pougy, 2005). Os desenhos animados exercem influência no desenvolvimento infantil, pois, a partir deles, a criança também pode se divertir e estimular a criatividade, tendo a possibilidade de vivenciar conflitos, medos e aventuras imaginárias, ampliando os conhecimentos e auxiliando-as nas suas relações com o mundo (Fantin, 2006).
A figura dos avós no Brasil foi representada nos desenhos animados e propagandas como sendo de pessoas idosas e disponíveis para os netos. A título de ilustração, destaca-se a Dona Benta (do Sítio do Pica-pau amarelo), personagem de Monteiro Lobato, que adorava contar estórias para os netos e informá-los sobre a cultura brasileira e mundial. Outras personagens de desenhos animados que também se destacaram entre as crianças foram a Dona Neves (avó de Seu Madruga do Seriado Chaves) e a vovó Zilda (da Família Dinossauros). Nos dias de hoje, a animação inglesa Peppa Pig tem se destacado principalmente entre as crianças pré-escolares. O desenho apresenta os personagens principais em formas de animais (especialmente, porcos), mas que na maior parte do tempo, agem como seres humanos. A partir dessas informações indaga-se: qual imagem da família e dos avós que está sendo transmitida para as crianças por meio dessa animação? Como ocorre a relação entre eles?
Este estudo teve por objetivos compreender as relações familiares intergeracionais apresentadas no desenho animado Peppa Pig; identificar as temáticas dos episódios que envolvem o relacionamento entre avós, pais e netos e; averiguar as principais atividades desenvolvidas entre eles. Esta pesquisa poderá fornecer subsídios que auxiliarão não somente na compreensão da temática em pauta, mas também na fundamentação de propostas educacionais e de apoio junto a famílias de crianças que assistem à referida animação.
Método
Trata-se de um estudo exploratório e descritivo sobre o desenho animado intitulado Peppa Pig. Esta é uma série animada britânica, voltada para crianças pré-escolares, criada em 2004, pelos cartunistas Neville Astley e Mark Baker. A animação conta o dia-a-dia da vida de uma porquinha rosa de aproximadamente cinco anos, chamada Peppa, que vive com seu irmão, seus pais, seus avós e amigos em uma cidade fictícia. Tal série alcançou rapidamente um grande sucesso entre as crianças, principalmente as de quatro a seis anos. A transmissão original aconteceu entre 31 de maio de 2004 e 28 de dezembro de 2012 na Inglaterra. Foram quatro temporadas com um total de 209 episódios. Como a série fez muito sucesso, acabou sendo distribuída pela E1 Kids para diversos países e dublada em vários idiomas. Em Portugal estreou em 2010 na RTP2 e em 2012 no Canal Panda onde se mantém até hoje. No Brasil, é exibida desde 2011 no canal a cabo Discovery Kids – sendo uma das principais atrações do canal. Desde 25 de maio de 2015, é exibida também em TV aberta na TV Cultura. Pelo sucesso da Peppa Pig, a animação já ganhou dois prêmios de melhor animação para crianças em idade pré-escolar.
Personagens principais analisados
- Peppa Pig - porquinha de aproximadamente cinco anos que mora com seus pais e seu irmão mais novo George. No geral, é comunicativa, simpática, sincera, adora brincar de se fantasiar e saltar entre poças de lama ao redor de sua casa, que fica no topo de uma colina. Suas aventuras terminam com muitas gargalhadas; Peppa sempre faz graça com a enorme barriga de seu pai.
- George Pig - irmão de Peppa. Tem aproximadamente 18 meses e adora brincar com sua irmã mais velha. Seu brinquedo predileto é um dinossauro, que ele leva para toda parte. Ainda não sabe falar e costuma chorar quando se assusta ou quando perde o seu amigo dinossauro.
- Papai Pig - o pai de Peppa e George, de aproximadamente 30 anos. No geral, é alegre, comilão e um pouco atrapalhado. Gosta de ler jornal, brincar, ensinar, contar histórias para as crianças, fazer boas surpresas para a esposa e os filhos, passear nas férias, acampar e viajar de carro. É dedicado e atencioso com os membros da família e nas vezes que fica mal-humorado, busca sempre dialogar com eles.
- Mamãe Pig - a mãe de Peppa e George, de 30 anos. Gosta de saltar as poças de lama quase tanto quanto Peppa. Trabalha em casa no computador e, às vezes, deixa que Peppa e George a ajudem. No geral, é muito inteligente e expressa suas opiniões para os membros da família, apresentando-os as regras de boa convivência, ensinando-os e ajudando-os no que for preciso.
- Vovô Pig - o avô materno de Peppa e George. Ele é bem-humorado, gosta de plantar e mexer no jardim. Também gosta de navegar no barco e passear no trem “Gertrudes” Seu melhor amigo é o Vovô Cão. Ele gosta de organizar brincadeiras para as crianças, além de brincar com elas.
- Vovó Pig - a avó materna de Peppa e George. É uma dona-de-casa muito alegre, amável, carinhosa e calma. Gosta muito de fazer biscoitos, orientar os netos a ter bons modos e ajudar o Vovô Pig na organização das brincadeiras para eles. Possuem um papagaio chamado Polly.
- Narrador - em todos os episódios, há um narrador que contextualiza as cenas e os fatos, buscando explicar aos telespectadores o que está acontendo e dando sentido às falas dos protagonistas. Para análise de conteúdo deste estudo foi considerado como “outros personagens”.
Procedimentos e forma de análise dos dados
A série completa conta com quatro temporadas totalizando 209 episódios. Das quatro temporadas, somente a última não foi analisada por dois motivos: a) na ocasião da análise, ainda não havia sido traduzida para a Língua Portuguesa; b) por não ter sido exibida no Brasil até o momento final do trabalho. Como critério de inclusão foram escolhidos apenas os episódios em que os avós da Peppa estivessem presentes. Todos os episódios das três primeiras temporadas foram assistidos e as falas transcritas na íntegra. Todavia, selecionou-se para o estudo apenas os episódios em que os avós de Peppa participavam, totalizando 41. Inicialmente, foi feita uma análise geral desse material, observando os elementos principais que conduziam as histórias e as principais temáticas abordadas pelos personagens e pelo narrador. No que se refere aos avós, o estudo centralizou-se nos avós da Peppa Pig. Todavia, em alguns episódios que eles participavam, aparecia o Vovô Cão (melhor amigo do vovô Pig e avô de um cachorrinho amigo da Peppa) e o Avô Coelho que começou a participar na terceira temporada. Estas figuras foram analisadas, juntamente com o narrador, o papai noel e os amigos de Peppa, como sendo “outros personagens”.
Posteriormente, foi feita a análise de conteúdo proposta por Bardin (1977/2000) que compõe três diferentes fases: a) a pré-análise; b) a exploração do material; c) o tratamento dos resultados: a inferência e a interpretação. A pré-análise sistematiza as operações sucessivas de análise. Compreende a leitura geral do material eleito para análise e esse material deve estar transcrito. Divide-se em: a) leitura flutuante: é o primeiro contato com os documentos da coleta de dados, momento em que se começa a conhecer os textos a serem analisadas; b) escolha dos documentos: é quando se define o corpus da análise; c) formulação das hipóteses e objetivos: a partir da leitura inicial dos dados; d) elaboração de indicadores: para a interpretação do material coletado.
A escolha dos dados a serem analisados deve obedecer à orientação das seguintes regras: a) exaustividade: refere-se à deferência de todos os componentes constitutivos do corpus. Bardin (1977/2000) descreveu essa regra, detendo-se no fato de que o ato de exaurir significa não deixar fora da pesquisa qualquer um de seus elementos, sejam quais forem as razões; b) representatividade: no caso da seleção um número muito elevado de dados, pode efetuar-se uma amostra, deste que o material a isto se preste. A amostragem diz-se rigorosa se a amostra for uma parte representativa do universo inicial; c) homogeneidade: os documentos retidos devem ser homogêneos, obedecer critérios precisos de escolha e não apresentar demasiada singularidade fora dos critérios; d) pertinência: significa verificar se a fonte documental corresponde adequadamente ao objetivo suscitado pela análise, ou seja, esteja concernente com o que se propõe o estudo e; e) exclusividade – um elemento foi classificado em uma única categoria.
A exploração do material é a segunda fase. Ela consiste na construção das operações de codificação, considerando-se os recortes dos textos em unidades de registros, a definição de regras de contagem e a classificação e agregação das informações em categorias simbólicas ou temáticas. A terceira fase compreende o tratamento dos resultados, inferência e interpretação, consiste em captar os conteúdos manifestos e latentes contidos em todo o material coletado. A análise comparativa é realizada através da justaposição das diversas categorias existentes em cada análise, ressaltando os aspectos considerados semelhantes e os que foram concebidos como diferentes unidades de análise, categorias temáticas, dados quantitativo e qualitativo, considerando-se e produzindo sentidos e significados na diversidade de amostragem.
O tratamento dos resultados obtidos e as interpretações compreenderam a frequência simples das unidades de análise. A ponderação da frequência de cada unidade traduz um caráter quantitativo (dimensão) ou qualitativo (direção). A direção foi favorável (aspectos positivos das afirmações e das relações entre os personagens), desfavorável (aspectos negativos das afirmações e das relações entre os personagens) ou neutra (dizem respeito às falas dos personagens que enunciaram conteúdo imparcial, indeterminado, indefinido, vago ou indiferente).
Resultados
As principais temáticas dos episódios analisados foram: brincar no jardim (14 episódios); passeio no barco (6 episódios); comemorações em família (5 episódios); passeios de carro (4 episódios); passeio em família (4 episódios); aprender com os avós (3 episódios); tomar conta do papagaio (2 episódios); tomar conta dos netos (2 episódios) e passeio com a escola (1 episódio).
Quanto às relações intergeracionias, os episódios analisados do desenho animado Pepa Pig, destacaram as relações neutras e favoráveis entre avós, pais e netos (ver Tabela 1).
Constatou-se que os tipos de atividade mais destacadas e desenvolvidas entre avós, pais e netos e entre estes e os amigos foram brincar e aprender no jardim (ver Tabela 2).
Discussão
O desenho animado Peppa Pig é formado por uma família de porquinhos cor de rosa. Eles vivem situações cotidianas como se fosse uma família de humanos. Observa-se que, durante os episódios, a figura da Mamãe Pig é comumente mais valorizada, apresentando o maior nível hierárquico de poder na família nuclear e de origem. Ela demonstra liderança e iniciativa diante da tomada de decisões. Os episódios revelaram mais aspectos positivos do que negativos da sua personalidade e sinalizou, inclusive, poder e autoridade para ditar regras, criticar e corrigir o seu próprio pai, o Vovô Pig. A seguir, demonstram-se algumas verbalizações e imagens que indicaram esses achados.
Figura 1: Mamãe Pig lendo o bilhete do Pirata
Fonte: Discovery Kids – Episódio 24 – Caça ao tesouro
Peppa: Mamãe... pode ler a mensagem do pirata [escrita pelo avô Pig]?; Mamãe Pig: Este pirata tem uma letra muito ruim; Vovô Pig: Eu acho a letra do pirata ótima; Mamãe Pig: Não, eu não consigo entender… (Episódio 24).
Figura 2: Mamãe explicando o funcionamento do parquinho
Fonte: Discovery Kids – Episódio 131 – O Vovô no parquinho
Mamãe Pig: há apenas uma regra Vovô Pig, e ela é: todos têm que esperar a sua vez; Vovô Pig: até mesmo os menores?; Mamãe Pig: até mesmo os menores (Episódio 131).
Peppa Pig, a personagem principal do desenho animado, é uma porquinha com características peculiares. No geral, é saudável, alegre, simpática, criativa, sincera, comunicativa e demonstra ser educada e amorosa com os pais, avós, irmão, professora e amigos; mostra um comportamento de liderança. Todavia, é centralizadora e, às vezes, teimosa, “sabe tudo” e “mandona”, como exemplo:
Figura 3: Peppa como capitã
Fonte: Discovery Kids – Episódio 120 – A Viagem de Barco da Polly
Narrador: Agora a Peppa é a capitão e todos têm de fazer o que ela diz; Peppa: toque o sino, gire o leme; Vovô Pig: está bem capitão Peppa; Peppa: para cima e para baixo; Narrador: a capitã Peppa é um pouco mandona (Episódio 120).
Peppa comumente é obediente e respeita a autoridade dos pais e dos avós, porém, algumas vezes, os desafia ou subestima essa autoridade. Uma das críticas mais ferrenhas a esse desenho animado é o fato da personagem Peppa tratar, às vezes, o seu pai por “Papai Bobinho”. Analisando os episódios, porém, percebe-se que o próprio Vovô Pig, a chama de bobinha e, também, é chamado de bobinho por ela quando faz alguma bobagem ou comete uma gafe, por exemplo. Também a Vovó Pig usa o adjetivo “levada” para se referir à Mamãe Pig quando era pequenina. Numa visão sistêmica, é importante, observar a família nos diversos contextos e percebê-la no todo. As gerações estão interligadas, de modo que episódios ocorridos numa geração podem aparecer nas gerações subsequentes, ainda que de forma diferente (Silva & Salomão, 2005).
Figura 4: Peppa e George pulando na cama
Fonte: Discovery Kids – Episódio 128 – As Galinhas da Vovó Pig
Vovó Pig: e essa é a cama que a mamãe dormia; Peppa: cama saltitante [rir e pula na cama]; Vovó Pig: tão iguais a sua mãe quando era pequena!; Peppa: a mamãe pulava na cama quando era pequena?; Vovó Pig: é claro que sim!; Peppa: mas a mamãe sempre diz que não pode pular na cama; Vovó Pig: quando a mamãe era pequenina ela era levada igual a vocês (Episódio 128).
Portanto, os termos “bobinho” e “levado” que trazem conotação negativa a quem é dirigido, são também palavras utilizadas pelos familiares da Peppa e ela finda repetindo tais comportamentos por observá-los na dinâmica familiar. Todavia, para alguns pais e educadores essas falas e ações apresentam uma falta de respeito e trazem prejuízos à criança que assiste ao desenho animado, pois ela pode também replicar essa ação com seus próprios pais. Conforme Piaget (1977), a criança não nasce com um conjunto de conhecimentos sociais que lhe permita viver em sociedade; este será construído através de interações significativas com diferentes sujeitos e instituições. Nesse contexto, a infância é percebida como um período que precisa ser valorizado e a criança vista com um ser que sabe observar o mundo que a cerca, olhar e pensar por si mesma. Entende-se, portanto, que a criança não só compreende, mas consegue estabelecer relações com o que vê e aprende.
No que se refere ao Papai Pig, observou-se que em algumas cenas ele é apresentado com algumas características negativas como confuso, bobo e atrapalhado. Nesse sentido, faz-se mister destacar o que afirmou Minuchin sobre a hierarquia de papéis na família. Chamando “papai bobinho”, Peppa demonstra desdém e menosprezo à atitude do pai, porém, por ser uma porquinha de apenas cinco anos, muitas vezes leva os outros personagens a dar gargalhadas e não levá-la a sério. O desenho animado tem origem inglesa e conforme dito, o papel de liderança e poder é comumente exercido pela Mamãe Pig. Segundo Minuchin (1982), é preciso levar em consideração que tanto a coesão como a hierarquia estão relacionadas às definições culturais, podendo variar de acordo com as particularidades do contexto sociocultural. As fronteiras do subsistema são as regras que definem quem participa e como. Para a boa funcionalidade da família, elas devem ser nítidas, e isso requer que os pais, os filhos e os netos aceitem o uso diferenciado de autoridade. Entrementes, também são apresentadas várias características positivas do Papai Pig como bricalhão, bem-humorado, paciente, educador, bondoso, cooperativo, consertador de coisas, atencioso e dedicado aos filhos e à esposa.
Na família, os padrões e as regras do sistema são transmitidos de geração a geração (Minuchin, 1982). Os avós exercem um importante papel, mas os relacionamentos destes com os netos podem ser incentivados ou inibidos pelos pais, que atuam como mediadores na relação. Especialmente, no período da infância, o acesso dos netos aos avós, é mediado pelos pais, principalmente para aqueles que não moram próximo. O relacionamento avós-netos é influenciado especialmente pela importância que os pais atribuem ou não a esta relação. Na medida em que os pais são incentivados por estes a manterem um relacionamento mais próximo com os seus avós, os netos tendem a aproximarem-se com mais facilidade. Por outro lado, os conflitos entre pais e avós podem causar prejuízos na relação entre avós e netos (Dias & Silva, 1999). Os conflitos intergeracionais advindos dessas interações, bem como a superação deles, dependerão, dentre outros aspectos, da maior ou menor flexibilidade da família para interagir. Nesse contexto, a questão da “idade” das coisas e das pessoas mais velhas é tratada como forma de segredo ou ultrapassada.
Figura 5: Papai Pig falando a idade da Mamãe Pig para Peppa
Fonte: Discovery Kids – Episódio 21 – O Aniversário da Mamãe Pig
Peppa: Papai, quantos anos a mamãe tem?; Papai Pig: Eu vou falar no seu ouvido; Peppa: Puxa vida, que velha! (Episódio 21)
Figura 6: Vovó Pig aparece no sótão
Fonte: Discovery Kids – Episódio 94 – O sótão da Vovó e do Vovô
Peppa: o que é sotão?; Vovô Pig: é onde nós guardamos todas as nossas coisas velhas…; Peppa: Como você Vovô Pig?; Vovô Pig: Coisas muito mais velhas do que eu (Episódio 94).
O Papai Noel, que participa nos episódios especiais de Natal (ex.: episódio 160 - A Cabana do Papai Noel), também, trouxe reflexões sobre esse tema, conforme o diálogo a seguir: Emily: como o Papai Noel consegue lembrar dos brinquedos que todo mundo quer?; Dany: ele faz uma lista; Susi: Papai Noel é muito velho, ele tem centenas de anos; Peppa: ele é ainda mais velho que meu pai.
A figura do velho como sábio e agente socializador das gerações mais novas vem sofrendo mudanças na contemporaneidade. Se, por um lado, os idosos possuem o conhecimento da experiência, transmitindo aos seus netos as histórias antigas e os elos com o passado, por outro, os netos também socializam seus avós no uso das novas tecnologias ou no compartilhamento de formas de brincar e se divertir. A figura do ser velho parece ser uma ofensa, sendo sinônimo de apático e indisposto. Por outro lado, há a necessidade de se renomear a velhice de terceira idade, melhor idade, idade da sabedoria ou segunda juventude (Ramos, 2015). As abordagens teórico-clínicas vêm salientando que o envelhecimento não se compõe apenas de perdas e limitações, e que cabe aos terapeutas explorarem essas questões junto aos pacientes idosos e seus familiares, desenvolvendo uma nova atmosfera e possibilidades de vivência da velhice (Couto, Prati, Falcão & Koller, 2008).
Nesse cenário, os avós são as pessoas responsáveis pela transmissão de valores, da cultura, da tradição e da identidade familiar, por transmitir heranças simbólicas, além de influenciar diretamente no desenvolvimento intelectual e na formação psíquica de seus netos (Araújo & Dias, 2010). Essa relação transmite uma herança cultural essencial para a formação da criança e da família. Em Peppa Pig, os avós paternos não aparecem e não são mencionados em nenhum momento. A única figura representante de família do pai é um irmão dele que aparece em alguns episódios. A literatura científica revela que os avós paternos possuem relacionamentos mais distantes, menos contato e menos proximidade com os netos; já os avós maternos são mais presentes na vida familiar e na educação das crianças, oferecendo mais suporte emocional e instrumental, sendo a avó materna, a preferida pelos netos (Dias & Silva, 1999; Horsfall & Dempsey, 2015).
Os avós maternos de Peppa têm um bom relacionamento com os netos, brincam com eles, cuidam quando são requisitados, oferecem suporte socioemocional e instrumental, passam bons exemplos e fazem o que podem para ensiná-los e agradá-los. As festas tradicionais, tais como, a noite de natal são festejadas na casa deles. O Vovô Pig demonstra disposição e flexibilidade estando sempre aberto a brincar com as crianças e arrumar as coisas que estão quebradas. Está aprendendo, junto com a Vovó Pig, a usar o computador. Ele tem um amigo, o Vovô Cão, eles discutem muito, mas se ajudam sempre que necessário. A Vovó Pig é muito amorosa e também está sempre disposta a fazê-los felizes, seja cozinhando a comida favorita, seja ensinando os bons modos:
Figura 7: Peppa e George tirando as botas para entrar na casa da Vovó
Fonte: Discovery Kids – Episódio 37 – A casa na árvore
Vovó Pig: Olá meus queridinhos. Antes de entrar devem tirar as botas sujas de lama (Episódio 37).
Figura 8: Vovô Pig brinca com as crianças
Fonte: Discovery Kids – Episódio 30 – Tomando conta da Peppa e do George
Peppa: Este programa é muito chatinho. Vovô, você pode fazer a brincadeira em que você joga a gente pra cima e pega?; Vovô Pig: Está bem, só uma vez cada um (Episódio 30).
Figura 9: Vovô Pig faz desenho com a comida para George
Fonte: Discovery Kids –Episódio 34 – O almoço
Papai Pig: experimente um pouco de alface George, é bom. [George começa a chorar];
Vovô Pig: Ah, não chore George, olha o que eu vou fazer. Agora é um dinossauro (Episódio 34).
Figura 10: Mamãe dá um computador para o Vovô.
Fonte: Discovery Kids – Episódio 140 – O computador do Vovô Pig
Vovô Pig: O que é isso?; Mamãe Pig: é o meu computador velho; Vovô: não posso consertar isso; Mamãe Pig: ele não está quebrado, eu tenho um computador novo e achei que gostaria desse antigo; Vovô Pig: eu não estou certo, realmente preciso de um; Vovó Pig: receio que possamos quebrá-lo apertando o botão errado; Mamãe Pig: não se preocupe, não vai quebrá-lo; Vovô Pig: acha que deveríamos ficar com o computador, Vovó Pig?; Vovó Pig: sim, vamos fazer alguns números e letras… (Episódio 140).
Por meio das brincadeiras e diversões com os netos, os avós vivenciam esse papel resgatando juventude, disposição, estando aberto às trocas intergeracionais e novos aprendizados. A reciprocidade nas relações entre avós e netos se constitui como referência para a reprodução familiar (Cardoso & Brito, 2014). Os avós são sinônimos de memória e são imprescindíveis na formação da identidade da família bem como na de seus componentes. São vistos também como mediadores fundamentais na manutenção da identidade familiar, um elo vivo que conecta os “antepassados” com seus “descendentes”. São compositores de um novo papel social e representantes de um “novo” envelhecimento, possuindo papéis ativos na composição familiar (Mainetti & Wanderbroocke, 2013). Aos avós é designado o papel de ser capaz de fazer pelos netos sem abarcar a função dos pais; estar disponível, mas não atrapalhar; responder às demandas por conselhos, porém, sem julgar; não se envolver nos projetos educativos, mas oferecer escolhas sem confrontar os genitores (McFarland, McLanahan, Goosby & Reichman, 2016).
Além da família, que é o núcleo principal, há também outros personagens coadjuvantes importantes e o Narrador. Todos os episódios são iniciados por este que introduz o cenário ou a situação do episódio. Ele é o mediador dos encontros entre o Vovô Pig e o Vovô Cão, por exemplo, eles sempre discutem, são “ranzinzas” um com o outro, mas o narrador sempre deixa muito claro que “O Vovô Cão é o melhor amigo do Vovô Pig” (Episódio 48), denotando que apesar da existência de conflitos e desentendimentos numa relação é possível manter a amizade. Outras vezes, o Narrador participa no decorrer do episódio quando acontece alguma dúvida ou situação inusitada, sempre para contextualizar (ex.: Hoje a Peppa e sua família vão dar uma volta no carro vermelho deles Episódio 23).
Considerações finais
Neste estudo percebeu-se que o desenho animado Peppa Pig busca apresentar atividades rotineiras típicas de uma criança na fase pré-escolar que possui uma família tradicional. Demonstra cenas favoráveis relacionadas às relações familiares e conflitos inerentes à convivência entre gerações. A criança, ao assistir ao desenho, verá uma família que em muitas ocasiões apresenta cenas de pais atenciosos, filhos obedientes, avós brincalhões e com bons contatos sociais. Este pode até parecer um estereótipo de família perfeita, mas não é. O pai é um pouco atrapalhado e, por vezes, submisso à mãe; a filha é tagarela e, em alguns momentos é mandona e egocêntrica; o irmãozinho é chorão, entre outros. Talvez, esses personagens, por não serem perfeitos, conseguem se aproximar muito mais da realidade da criança e este pode ser um dos motivos que faz com que a identificação deste desenho com o público infantil seja tão grande. O sucesso da série, também pode ter ocorrido devido à identificação delas com as situações exibidas nos curtos episódios que possuem as mesmas vinhetas musicais (jingle) e em sua maioria aborda situações do cotidiano de uma família tradicional como ficar em casa, ir à escola, brincar com os amigos, visitar os avós e passear com a família.
No geral, o relacionamento entre os familiares é amistoso, incentivando boas maneiras, a solidariedade, a cooperação e a amizade. Os Pais Pig se preocupam em dar bons exemplos às crianças e os avós Pig exercem papéis de brincalhões, companheiros, educadores e cuidadores da família. O narrador busca contextualizar os episódios com trechos que remetem à formação moral da criança e à educação formal e informal. Analisando-se as principais temáticas apresentadas nos episódios e as atividades desenvolvidas entre avós, pais e netos da família Pig, observou-se que a maioria das situações se passa entre brincadeiras e aprendizado no jardim. Há também várias situações de passeio em família e com amigos, atividades na escola e algumas comemorações de datas especiais. Quanto à comunicação verbal, percebeu-se que a comunicação neutra ou imparcial é a que mais acontece. Em segundo lugar, aparece a comunicação favorável e, por fim, a comunicação desfavorável.
Observa-se que a televisão não precisa ser vista somente como vilã. Os desenhos animados por despertarem interesse nas crianças pela estória e pelos dilemas que apresenta, podem ser utilizados como ferramenta psicopedagógica e educativa, tanto para o desenvolvimento de conteúdos escolares como para o entendimento e proliferação da moral e dos valores humanos transmitidos por eles. É comum que as falas e os comportamentos dos personagens sejam reproduzidos pelas crianças telespectadoras. Os desenhos animados representam um conjunto de estímulos visuais, auditivos, reflexivos de mensagens e informações sobre diferentes contextos. Porém, não é qualquer desenho que pode cumprir esse papel sendo necessário que sejam selecionados os que contenham em sua essência recortes de realidade as quais mereçam atenção e possam representar possibilidade de reflexão, discussão e o pensar sobre o agir diante de cada uma das situações apresentadas.
Os desenhos animados, como forma cultural, têm papel preponderante na imaginação infantil, mas é necessário que haja, em alguns momentos, a mediação dos pais, de um educador ou de um adulto para uma possível contextualização, explicação e reflexão acerca das cenas e mensagens propagadas pelo desenho assistido de maneira que a experiência imaginativa e aprendizado da criança sejam mais plenos. Quanto mais diversas forem essas experiências, sejam elas uma maior aproximação com a natureza, com os lugares, com as histórias e com a variedade de brinquedos existentes, mais exercitam a imaginação, criando e atribuindo sentidos à realidade da qual fazem parte.
Em síntese, é preciso levar em consideração alguns fatores importantes que vão interagir com a capacidade imaginativa e de aprendizado da criança que vê televisão, tais como: o tempo que ela passa assistindo essa mídia; a maneira que o adulto vai mediar esse desenho animado no cotidiano dela; e o conteúdo da programação assistida pela criança. Por fim, sinaliza-se que é fundamental que pais e responsáveis estejam atentos para realizar a intervenção sempre que preciso, assim, a criança pode interagir com conteúdos que contribuirão para um desenvolvimento bem sucedido.
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Endereço para correspondência
Deusivania Vieira da Silva Falcão
E-mail: deusivaniafalcao@gmail.com
Rubia Mara Requeña dos Santos
E-mail: rubiarequena@uol.com.br
Enviado em: 01/08/2016
1ª revisão em: 13/03/2017
Aceito em: 04/05/2017
1 Bacharel em Gerontologia pela Universidade de São Paulo (USP).
2 Professora dos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Gerontologia da Universidade de São Paulo (USP). Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília (UnB) e Mestra em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).