Serviços Personalizados
Journal
artigo
Indicadores
Compartilhar
Pensando familias
versão impressa ISSN 1679-494X
Pensando fam. vol.23 no.2 Porto Alegre jul./dez. 2019
ARTIGOS
Família digital: a influência da tecnologia nas relações entre pais e filhos adolescentes
Digital family: the influence of technology on the relationships between parents and adolescents
Débora Martins Consteila Neumann1, I ; Rafaela Jarros Missel2, I
I Universidade Luterana do Brasil, ULBRA–Guaíba
RESUMO
A família contemporânea tem o crescente desafio que é a assimilação da presença das novas tecnologias que a cada dia ganham mais recursos e mais espaço nas relações parentais. O objetivo do presente estudo foi conhecer a influência da tecnologia nas relações entre pais e filhos adolescentes. Diante disso, realizou-se uma pesquisa qualitativa exploratória, os dados foram coletados através de uma entrevista estruturada, os mesmos foram analisados a partir da análise de conteúdo. Os resultados deste estudo apontam que a influência da tecnologia nas relações parentais apresenta aspectos positivos e negativos. Os impactos negativos dizem respeito ao afastamento, principalmente o afastamento afetivo. E os impactos positivos apontam que a tecnologia aproxima pais e filhos por facilitar a comunicação em qualquer lugar e hora. Tendo em vista, que as tecnologias estão presentes e não retrocederão, se faz necessário buscar formas de beneficiar-se desta interface como instrumento de aproximação no relacionamento parental.
Palavras-chave: Relações parentais, Tecnologias, Adolescente.
ABSTRACT
The contemporary family has the growing challenge to assimilate the presence of new technologies which takes more resources and space in parental relationships. The aim of the present study is to know the influence of technology in relationships between parents and adolescents. Therefore, an exploratory qualitative research was conducted. Data were collected through a structured interview and analyzed from the content analysis. This study revealed that technology presents positive and negative aspects, in parental relationships. The negative impacts are related to absence, especially affective. And the positive impacts indicate that technology approach parents and adolescents facilitating communication. Thus, technologies can be powerful instruments that approximate parental relationship.
Keywords: Parental relationships, Technologies, Adolescents.
Introdução
Pode-se dizer que a família é uma unidade grupal na qual se desenvolvem três tipos de relações: aliança (casal), filiação (pais/filhos) e consanguinidade (irmãos). Com objetivos de preservar a espécie, proteger e nutrir a descendência, dando condições para aquisição de suas identidades pessoais (Osório, 2011). A força da família está em sua perpetuação, consequência da transmissão de seus legados de geração em geração. Através dos tempos desenvolveu funções diversificadas de transmissão de valores éticos, religiosos e culturais (Falke & Wagner, 2014; Osório, 2011).
As relações com os pais, irmãos e outros membros da família passam por modificações para enfrentar as novas demandas que surgem à medida que avançam no ciclo de vida familiar (McGoldrick & Shibusawa, 2016; Minuchin, 1982). As mudanças de fronteiras, a distância psicológica entre os membros e os papéis entre os subsistemas são constantemente redefinidos (Carter & McGoldrick, 1995).
Os subsistemas são balizados por fronteiras que são barreiras invisíveis com o papel de demarcar a relação entre os integrantes, ou seja, são os preceitos que delimitam quem participa do subsistema e como participa (Aragonez, 2017; Nichols & Schwartz, 2007). O subsistema parental se dá com chegada do primeiro filho e as consequentes incorporações de papéis de mãe e pai. Quando se decide ser pai ou mãe, também se assume a tarefa de educar os filhos conforme a cultura vigente, incluindo valores, regras, hábitos e habilidades sociais (Osório, 2002; Wagner, Mosmann, Dell’Aglio & Falcke, 2010).
Para as famílias com adolescentes, se faz necessário aumentar a flexibilidade das fronteiras familiares para adicionar a independência dos filhos (Carter & McGoldrick, 1995). A adolescência é uma etapa do desenvolvimento humano que se encontra na transição entre a infância e a vida adulta, de acordo com Organização Mundial da Saúde, é o período dos 10 aos 20 anos (Freitas & Hagel, 2013). Neste período, os relacionamentos progenitor-filho se modificam para dar possibilidade ao adolescente de movimentar-se para dentro e para fora do sistema (Carter & McGoldrick, 1995).
O diálogo estabelecido entre pais e filhos é essencial para a comunicação da família, o qual se amplia para as outras relações sociais durante o período escolar. Se ao contrário, esse diálogo acaba não existindo por abandono, falta de tempo ou de atenção, entre outros, a comunicação vai sendo interrompida e formando um distanciamento que, muitas vezes, pode se transformar em um abismo nos relacionamentos familiares (Eisensten, 2013).
A era digital, o mundo virtual, são alguns dos diversos termos dados a novas Tecnologias da Informação (TIC) como: computadores, telefones celulares e internet. Vem fazendo parte do cotidiano das famílias com filhos adolescentes e proliferam-se de forma veloz (Wagner, Verza, Spizzirri & Saraiva, 2009). Estão revolucionando a maneira como as pessoas se comunicam, buscam, trocam informações, se socializam e adquirem conhecimento, o que se carece de tempo para absorvê-las e dominá-las (Ungerer, 2013).
As mudanças advindas nas últimas décadas que incidiram sobre a estrutura das famílias tiveram, sem dúvidas, uma grande influência dos meios de comunicação, Internet, celular entre outros. Desta forma, valores foram alterados, surgiram novos rituais, novas formas de relacionamentos e também novos conflitos familiares (Cerveny & Berthoud, 2009).
A família contemporânea tem um crescente e sucessivo desafio que é a assimilação da presença da TIC e as demandas que se originam do chamado mundo digital. As famílias contemporâneas passaram a agregar à internet em seu dia a dia, tendo que lidar não somente com todas as facilidades trazidas por esse recurso, mas também com inseguranças, dúvidas, e dificuldades causadas a partir de tal inserção na sua vida diária (Wagner et al., 2010).
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) (2016) apresenta indicadores significativos da última pesquisa realizada pela TIC KIDS ONLINE-Brasil de 2015, dentre eles: do universo de 29.7 milhões da faixa etária entre nove a 17 anos de idade no Brasil, 23.7 milhões ou 80% são usuárias de internet; 66% acessam a Internet mais de uma vez ao dia. O telefone celular se tornou o principal dispositivo em 83%; 21% dos adolescentes deixaram de comer ou dormir por causa da internet; 17% procuraram informações sobre formas de emagrecer; 10% formas para machucar a si mesmo; 8% relataram formas de experimentar ou usar drogas e 7% formas de cometer suicídio. Já 39% tiveram contato com pessoas que não conheciam pessoalmente e 18% encontraram-se com desconhecidos – considerando que na faixa etária entre 15-17 anos este dado cresce para 27%. Segundo a percepção de quanto seus pais ou responsáveis tem conhecimento das suas atividades na internet - em 11% das famílias os pais nada sabiam sobre as atividades de seus filhos e em 41% sabiam mais ou menos.
Dessa forma, a SBP (2016) recomenda que os adolescentes não devem permanecer isolados nos seus quartos, os pais precisam estabelecer limites de horário e mediar o uso da tecnologia. Os pais devem manter o diálogo e abordar sobre valores familiares e regras de proteção social para o uso saudável, construtivo e crítico das tecnologias. Aproveitar oportunidades para conviver com a família e compartilhar momentos de prazer sem o uso da tecnologia. Planejar atividades longe do Wi-fi ou de celulares e computadores, realizar as refeições sem qualquer uso de tecnologias à mesa, entre outros cuidados.
Os pais vão sendo forçados a assumir novas posturas no sentido de orientar os filhos, à medida que as consequências das novas tecnologias na vida familiar vão acontecendo. No entanto, enquanto nenhum prejuízo evidente acontece, a família vai acomodando essa interação de forma pouco consistente e até mesmo desorientada (Wagner et al., 2010).
De acordo com Eisenstein (2013), compete a família manter o diálogo com as crianças e adolescentes sempre aberto e permeável, mesmo usando da tecnologia. Vive-se tempos de novos desafios, mas que podem converter-se em mais um ganho de entrosamento da comunicação, em vez de abrir um abismo intransponível de silêncio, riscos à saúde e ruídos desencontrados.
Apesar das críticas ao crescente uso da internet, devido ao modo de utilização do tempo livre e pelo receio da substituição das relações reais pelas virtuais, os relacionamentos virtuais também podem ser solidários, intensos, profundos e direcionar a laços de amizade e companheirismo (Wagner et al., 2009). Em contrapartida para Bauman (2011), as relações virtuais abatem facilmente a “vida real”, tendo em vista, a capacidade dos equipamentos eletrônicos de multiplicar encontros entre as pessoas, tornando-os breves, superficiais e sobretudo descartáveis.
As Tecnologias da Informação e Comunicação fazem parte da sociedade pós-moderna, um avanço que não retrocederá, pelo contrário, as tecnologias fazem parte do dia a dia e proliferam-se de forma veloz. E, neste contexto pós-moderno, a família não está imune as mudanças produzidas pelas tecnologias, elas tornaram-se um novo membro e estão inseridas nas relações entre pais e filhos. Porém, ainda existe restrições em como lidar com este novo membro, tornando-se indispensável fortalecer as relações familiares frente ao uso da tecnologia visando a saúde das futuras gerações. Desta forma, esta pesquisa tem como objetivo investigar a influência da tecnologia nas relações entre pais e filhos adolescentes.
Método
O presente estudo é uma pesquisa qualitativa e exploratória, a qual trabalha com o universo de significados, aspirações, motivos, crenças, atitudes e valores, o que corresponde a um espaço mais profundo dos processos, das relações e dos fenômenos (Minayo, 2001).
Participaram deste estudo quatro famílias as quais foram inseridas a partir dos seguintes critérios de inclusão: famílias que tivessem pelo menos um filho entre 10 e 17 anos, e que todos fizessem uso de tecnologias; as mesmas deveriam ser próprias e um dos seus locais de uso, necessariamente, o domicílio da família. Os critérios de exclusão foram: famílias (pais e filhos) em que a tecnologia utilizada não fosse própria e que um dos locais de uso não fosse o domicílio; e famílias em que o(s) filho(s)entre 10 e 17 anos não morassem com os pais (pai ou mãe). Os entrevistados foram selecionados conforme amostragem snawboll (bola de neve), a qual trata-se de uma forma de amostra não probabilística que utiliza cadeias de referência (Vinuto, 2014).
O instrumento para a coleta dos dados foi uma entrevista estruturada com perguntas abertas e fechadas, com as perguntas fechadas procurou-se verificar a frequência do uso da tecnologia. Já com as perguntas abertas buscou-se conhecer as percepções sobre a influência da tecnologia nas relações parentais, e seguiram as seguintes perguntas norteadoras:
a) Aspectos positivos e negativos da tecnologia na relação entre pais e filhos?
b) Como a tecnologia é administrada na família?
c) Qual a sua percepção da influência da tecnologia entre vocês?
d) Qual a percepção do outro (pai/filho) quanto a influência da tecnologia entre vocês?
Para fins de descrição da amostra, também utilizou-se o “Critério de Classificação Econômica do Brasil” (Associação Brasileira Empresas de Pesquisa, 2008) e um questionário para levantamento de dados sociodemográficos como: ocupação, grau de escolaridade, tecnologia mais utilizada no domicílio, sexo, idade. A Tabela 1 apresenta os dados das quatro famílias participantes.
A pesquisa foi realizada respeitando os preceitos éticos, diretrizes e normas estabelecidas na Resolução no. 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos. A pesquisa teve início após a apreciação e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), aceite registrado no Parecer Consubstanciado número 2.564.392.
Após a aprovação do projeto pelo CEP, a pesquisadora fez contato telefônico, com duas famílias inicias, as quais foram indicadas, para convidar e explicar o objetivo da pesquisa e, após o aceite, a entrevista foi agendada. Posterior a entrevista, as famílias foram convidadas a indicar novos contatos que atendiam aos critérios de inclusão da pesquisa. A partir de uma das indicações fez-se necessário contatar com mais uma família inicial, tendo em vista que a família indicada tinha uma relação próxima com a pesquisadora. Todos os participantes contatados aceitaram participar da pesquisa e mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) as entrevistas ocorreram.
As entrevistas foram realizadas em dois momentos, uma entrevista com os pais e outra com os filhos, foram gravadas e transcritas. Para fins de estudo utilizou-se a técnica de Análise de Conteúdo de Bardin (1979), uma metodologia utilizada nas pesquisas qualitativas, que visa apreender novos sentidos a partir de um texto que geralmente advém de entrevistas. Este método é utilizado para sintetizar, codificar e interpretar o que foi verbalizado na entrevista.
Resultados e discussão
A seguir serão apresentados os resultados da pesquisa, os dados relacionados à frequência do uso da tecnologia estão apresentados na Tabela 2 e as quatro categorias definidas a priori estão apresentadas na Tabela 3.
Aspectos negativos da influência da tecnologia
Essa categoria abrange as percepções dos pais e dos filhos sobre os aspectos negativos que o uso da tecnologia trouxe para o relacionamento parental. Tanto os pais quantos os filhos apontaram o afastamento como consequência negativa. Porém, isso é mais percebido pelos pais do que pelos filhos, conforme os dados desta pesquisa, 57,14% dos pais entrevistados afirmaram que frequentemente os filhos preferem ficar conectados a tecnologia ao invés de estar com a família. Enquanto que 50% dos filhos afirmam que o ocasionalmente os pais optam pela tecnologia ao invés de ficar com a família.
Tornou-se relevante o fato de todos indicarem como negativo o afastamento no relacionamento, conforme as falas a seguir:
“Ela acaba afastando, tipo se a gente chega em casa e todo mundo mexendo no celular, a gente acaba não socializando com os outros” [ sic]. Filha 4
“Acho que diminui muito a conversa, né. Aquela conversa familiar, de troca, de sentar todo mundo junto pra conversar” [ sic]. Mãe 2
“Ele tira bastante o tempo do relacionamento dos pais com os filhos, de forma muito prejudicial” [ sic]. Pai 2
Através dos relatos, entende-se que o afastamento apontado não se trata apenas do afastamento físico. Conforme a família vai avançando no ciclo vital familiar, mudanças são indispensáveis para prosseguir no desenvolvimento, como a experiência crescente de independência, autonomia, o maior número de saídas e entradas de membros na família, desenvolvimento de carreira, trabalho, esses acontecimentos se encarregam de providenciar o afastamento físico (Carter & McGoldrick, 1995). Porém, o que se percebe é que o afastamento referido é o distanciamento afetivo, afastamento do compartilhar, do dialogar. Conforme relatos a seguir:
“Distancia a gente um pouco, deixa a gente em vez de família, deixa a gente mais pessoal, a gente fica mais no nosso canto, não tem mais aquela convivência. Não tem mais tempo pra fazer as coisas que fazia juntos, tem que cuidar do teu filho (mostra o celular)” [ sic]. Pai 4
“O filho pode estar passando por algum problema e o pai não perceber, e o filho tá lá passando por dificuldade e ele não fala para o pai. Mexendo no telefone dele, achando que tá tudo bem com o filho dele, talvez porque poste fotos nas redes sociais, fotos com os amigos ... uma pessoa social, mas tá com problemas” [ sic].Filha 03
“A negativa é que, às vezes, eu vejo que as coisas poderiam ser perguntadas olhando no olho .... ou quer pedir alguma coisa, não tem coragem de vir e perguntar pessoalmente, manda por mensagem” [ sic]. Mãe 4
O afastamento também pode modificar os padrões de convívio e de comunicação dentro das famílias. Segundo Eisenstein e Estefenon (2006), em um número significativo de famílias o convívio, atualmente, foi substituído pelos meios de comunicação que vão surgindo, mais rápidos e portáteis, muitas famílias estão enviando mensagens de texto via celular, e-mails e redes. Porém, o abraço, “o olho no olho”, o afeto no convívio diário vai fazendo falta na construção do afeto. Assim, em vez da tecnologia facilitar a comunicação e se tornar uma ponte social entre as distâncias geracionais, acaba se transformando em imagens e mensagens não compreendias.
Os relatos dos participantes evidenciaram que o tempo de uso da tecnologia acaba sendo um motivo de conflito familiar. Quanto maior o tempo de uso da Internet e das redes sociais, menor o tempo dedicado à família, sendo o ambiente familiar cada vez mais afetado, o que desencadeia uma diminuição na coesão familiar e um aumento do conflito familiar (Martins, 2013). Algumas vezes, é necessário a ação dos pais em chamar os filhos, solicitar a presença para estarem com a família, como mostra as falas a seguir:
“Eu acho que muitas vezes acaba isolando ele, a gente tem que sempre tá puxando, ... isola do convívio familiar .... às vezes rola até briga, né... ah! Porque vamos fazer o tema, porque vamos isso, “ah! Já vô” [ sic].Mãe 03
“Às vezes, ela tá meio demais, eu digo: desliga o celular e vem pra sala, tá demais, tá muito tempo com ele .... Filha senta aqui com a mãe” [ sic],Mãe 01
Os adolescentes têm acesso a todas as informações nos seus celulares e sabem de tudo em tempo real, são ágeis, curiosos, informados e dominam a tecnologia. Mesmo assim, ainda existem as dificuldades do diálogo, um isolamento paradoxal em meio a tantas redes de contatos (Eisenstein & Estefenon, 2011). Conforme os relatos a seguir:
“Tipo eu, tá tão vidrada no telefone e não vê que os pais podem tá com problemas em casa, dívida, passando por dificuldade que poderia estar ajudando” [ sic]. Filha 2
“O adolescente, que quer tá em todos os lugares ao mesmo tempo, sabendo de tudo o que tá acontecendo e que não quer ficar de fora de nada, o celular propicia isso. O adolescente já não quer ter contato com o pai, tá na fase que os amigos são mais importantes do que o pai e a mãe. Então ele tem um mecanismo que é a tecnologia através do tablet, do computador, o telefone que... ele tem aquele momento de ter um espaço de fuga para ele” [ sic].Pai 2
“Essa questão mesmo de desligar, se desconectar do mundo e fica avoado” [ sic].Filha 01
Observa-se que o afastamento físico é cada vez maior entre aqueles que estão perto, pela preferência concedida às tecnologias por sua instantaneidade e atemporalidade.
Aspectos positivos da influência da tecnologia
Nessa categoria são apresentadas as percepções sobre os aspectos positivos da influência da tecnologia na relação entre pais e filhos. Os conteúdos demostram que a aproximação é o aspecto positivo mais relevante. Principalmente as mães, relatam que a tecnologia promove a troca de saberes entre as gerações, pois os filhos ensinam os pais. Como mostra as seguintes falas:
“Ela me ajuda em certas situações que eu não consigo entender, pra eles é mais fácil, ela nasceu na tecnologia .... Isso faz até tu interagir, e eles acham o máximo te ensinar” [ sic]. Mãe 1
“Semana passada ela fez um instagram para E. (pai), e tava ensinando ele como impulsionar pra mais pessoas curtir a página. Ela também faz isso com a gente, de nos ensinar, de nos passa é uma relação bem de troca, da gente aprender com ela também” [ sic].Mãe 4
Através dos relatos acima, entende-se que a tecnologia gera aproximação através do compartilhamento da informação. Com o uso das tecnologias é frequente ver os mais novos ensinando os mais velhos a utilizar os recursos do mundo digital, possibilitando o encontro das gerações e nesta oportunidade de aprendizagem conjunta, acontece o fortalecimento dos laços afetivos (Wagner et al., 2010). Mas, a aproximação referida também se dá de outras formas, como mostra as falas a seguir:
“A questão da localização, poder falar, encontrar a hora que quer” [ sic].Pai 3
“Quando eles precisam saber onde estou por causa da segurança” [ sic].Filha 4
“Te dá uma sensação de segurança, liga e sabe onde tá, te dá uma sensação de que tem o controle, um pouco mais de segurança” [ sic].Pai 04
“Saber algumas coisas que o filho tá fazendo, onde tá indo, tu consegue ver pela rede social” [ sic].Pai 02
Fica evidente a sensação de segurança e de controle que a tecnologia promove, principalmente, no discurso dos pais quando falam em aproximação. Segundo Di Giulio (2004), o uso das tecnologias também é utilizado para rastrear o que os filhos fazem. Utilizar esses recursos para saber como os filhos estão usando a internet também é algo presente na relação entre filhos e pais. Os celulares geram a sensação de que mesmo ausente os pais conseguem controlar a vida dos filhos.
A facilidade e agilidade para comunicar-se é outro ponto que aparece como algo positivo para o relacionamento entre pais e filhos, e isto é muito presente na fala tanto dos pais quanto dos filhos quando o assunto é aproximação. A internet é, atualmente, um recurso amplamente utilizado, tendo com uma de suas principais características o acesso facilitado em qualquer lugar e hora, reduziu a distância e tornou rápida a comunicação (Terres –Trindade & Mosmann, 2016). Como mostra as falas a seguir:
“Só se comunicar mais rápido, tipo assim, se eu preciso fala com a minha mãe e to na escola, eu posso ligar pra ela muito rápido, ou preciso contar pra ela alguma coisa que aconteceu, eu tenho a tecnologia pra fala com ela mais rápido” [ sic].Filha 02
“Liga perguntando como é que tá, sabe do dia, a gente faz tudo isso pela própria ajuda da tecnologia” [ sic].Mãe 04
Outro ponto importante destacado por Bacigalupe e Parker (2016) e confirmado na fala a seguir, é o sentimento da presença de outra pessoa que a tecnologia permite e isso é expressivo para a família:
“O E. [ esposo] viaja, então às vezes, a gente conversa de noite com ele por vídeo, então tudo isso é uma facilidade pra nós. A gente se aproxima um pouquinho” [ sic]. Mãe e Pai 04
O relato acima mostra a importância da tecnologia em aproximar familiares que por algum motivo encontram-se em localidades diferentes. Há situações práticas nas quais uma proximidade (virtual) torna-se viável apenas mediada pela tecnologia porque famílias encontram-se fisicamente distantes e podem interagir entre si através das facilidades tecnológicas (Alves, 2011).
Administração da tecnologia
Esta categoria apresenta como a tecnologia é administrada dentro das famílias entrevistadas. Segundo os dados, desta pesquisa, 57,14% dos pais referem que muitas vezes seus filhos ficam conectados sozinhos. Conforme Wagner et al. (2010), pode parecer inofensivo um adolescente conectado sozinho várias vezes, porém a internet abre uma porta ao mundo virtual que se caracteriza por uma infinidade de possibilidades, nem todas educativas ou promissoras.
Em relação aos relatos dos participantes desta pesquisa, observou-se coesão no discurso dos pais e dos filhos no que diz respeito as estratégias utilizadas pela família quanto ao uso da tecnologia. Estabelecer regras claras e concordantes sobre o uso de computadores, internet ou celulares fazem parte da rotina familiar contemporânea no mundo tecnológico (SBP, 2016; Eisenstein, 2013). Como mostra as falas a seguir de pais e filhos:
“Horários, e isso não pode ser de uma hora para a outra. Se tá demais, como te disse, vai desligar” [ sic].Mãe 1
“Tem horários para usar, tipo até um certo horário da noite eu fico usando e depois eu paro e vou dormir” [ sic].Filha 1
“É bem importante o celular para ela .... Já viu que ela vai perder o objeto de desejo se ela não fizer o que é realmente importante” [ sic].Mãe 2
“Meu telefone fica comigo, mas se eu fizer alguma coisa errada, óbvio fica com os pais” [ sic].Filha 02
A maioria das regras são criadas pelos pais para os filhos, apenas em uma família uma das regras foi criada pela adolescente. Os pais se tornam uma referência para os filhos, portanto devem dar o primeiro exemplo, limitando o seu tempo de trabalho no computador, desconectar e estar presencialmente com os filhos (Eisenstein e Estefenon, 2006; SBP, 2016). A administração da tecnologia é estabelecida pelos pais, mas não há sinal evidente de que os pais limitem seu uso como exemplo aos filhos, como mostra as falas a seguir:
“Ficou um bom tempo sem o telefone .... Serve como moeda de troca” [ sic].Pai 02
“Daí a gente fez um trato a meia noite é o máximo” [ sic].Mãe 4
“Aí meu pai fica cansado ... e aí fica mexendo no celular, vendo tv, fica deitado no quarto dele e quem cuida dos meus irmãos sou eu, e se acontece alguma coisa errada, né” [ sic].Filha 02
“A gente sentava na mesa, que eu não gosto de mexer no celular na mesa, chegava o meu pai tava mexendo, minha mãe tava mexendo e às vezes a empregada tava mexendo, todo mundo mexendo. Aí eu cheguei e falei: não gente, o almoço é o horário da gente conversa. Aí eu fiz uma regra, que a gente não pode usar o celular durante o a almoço, se usar tem que se retirar da mesa” [ sic].Filha 04
Também foi possível confirmar que uma das formas de administrar o uso das tecnologias nas famílias é a orientação através do diálogo. A mesma necessidade de limitar, orientar, filtrar e acompanhar a vida social de um filho, antiga função exercida por nossos antepassados com seus filhos, segue atual, ainda que esse filho hoje esteja dentro de casa em frente a tecnologia (Wagner et al., 2010). Sendo assim, o diálogo sobre o mundo on-line faz parte da rotina familiar no mundo tecnológico (Eisenstein, 2013). Como mostra os relatos a seguir:
“Já tive umas duas conversas eu e ela em particular e mostrei pra ela o que era bom, que aquele tipo de conversa não era boa .... A gente conversa e faz ela refletir. O que a gente pode fazer é isso conversar, dizer o que é certo, o que é errado” [ sic]. Mãe 2
“Hoje em dia a gente nota que se tiver uma boa conversa funciona bem” [ sic]. Mãe 03
Através dos relatos, entende-se que a solução não é proibir o acesso nem liberar totalmente, sem reflexão crítica, pois a internet é mais uma evolução dos processos de comunicação (Wagner et al., 2010). As falas a seguir mostram que o horário de encerramento do uso da tecnologia é tido como uma forma das famílias administrarem a tecnologia:
“Tem horário para usar” [ sic]. Filha 01
“Daí a gente fez um trato que até a meia noite é o máximo, é a última combinação dela por telefone” [ sic]. Mãe 04
“22h30 tem que desligar, na sexta não coloco regra” [ sic].Mãe 01
Estabelecer o horário de uso, assim como o horário de encerramento do uso da tecnologia é mais do que limite, é prevenção e proteção da saúde dos adolescentes. Eisenstein e Estefenon (2011) referem que se deve limitar o tempo de uso da tecnologia para estar no convívio familiar, especialmente, manter os hábitos e as horas de sono para descanso cerebral e corporal.
Percepção pessoal e a percepção do outro sobre a influência do uso da tecnologia
Essa categoria apresenta uma comparação entre como os entrevistados percebem e como entendem que outro (pais/filho) percebe a influência do uso da tecnologia na sua relação parental. A maioria dos pais, desta pesquisa, percebem a influência da tecnologia na relação com seus filhos como algo que promove segurança, controle e que facilita a comunicação, enquanto compreendem que seus filhos percebem o uso da tecnologia como uma forma de controle, cobrança, algo que atrapalha a relação entre eles. Conforme exemplificado nas falas abaixo:
Percepção do pai:
“Eu acho que é bom ... porque tem ideia de onde ela tá, do que ela precisa” [ sic]. Pai 04
Como a sua filha percebe a influência da tecnologia:
“Ao mesmo tempo fico mais em cima dela, questiono quando ligo. Por que não atendeu o celular? o que tá acontecendo? o que tava fazendo que não atendeu o celular? .... Pra ela é uma cobrança da nossa parte” [ sic].Pai 04
Na percepção dos filhos, a facilidade de comunicar-se é a influência da tecnologia mais evidente na relação com os seus pais, mas também, apontam que a tecnologia toma parte do tempo destinado ao relacionamento. A maioria dos filhos entendem que os seus pais percebem o uso da tecnologia como algo mais negativo do que positivo, no sentido de afastar, atrapalhar na relação, outra parte dos filhos atribuem uma percepção positiva. Conforme exemplificado nas falas abaixo:
Percepção da filha:
“Eu acho que quando era menor, assim, meus pais saiam mais comigo, mas agora a gente chega em casa e já mexe no celular, acabam não saindo tanto com a minha irmã. Eu acho que essa é umas coisas que acontece por causa da tecnologia. Algumas coisas que a gente fazia mais. Às vezes, a gente conversava assim de noite, isso a gente ainda faz, tipo olhando tv, tudo ligado... computador, celular, só que antes a gente desligava tudo e conversava, acho que é um pouco do tempo mesmo. A tecnologia tira um pouco do tempo” [ sic]. Filha 04
Como a seus pais percebe a influência da tecnologia
“Acho que eles devem pensar que atrapalha um pouco até mesmo pelo fato de não interagir. Ela (mãe) deve achar que atrapalha um pouco a nossa relação” [ sic]. Filha 04
Os relatos abaixo apontam um desencontro de percepções sobre a influência do uso da tecnologia. A interação que se estabelece no sistema familiar vai influenciar a maneira como a família se relaciona com as novas tecnologias. Assim, a internet sozinha, não explica as dificuldades familiares, ou seja, ela não é o vilão da família atual (Wagner et al., 2010). Como mostram as falas a seguir:
Percepção da mãe:
“Tipo ela (filha) me ajuda, eu mostro alguma coisa pra ela” [ sic].Mãe 1
Como a sua mãe percebe a influência da tecnologia:
“Talvez como afasta” [ sic].Filha 01
Percepção da filha:
“Acho que de forma positiva porque ajuda a gente.... Comunicação quando a gente tá longe” [ sic].Filha 01
Como a sua filha percebe a influência da tecnologia:
“Eu acho que ela deve achar que atrapalha, porque ela é bem consciente que ela fica bastante tempo no celular, mais tempo do que comigo. Não sei o que ela pensa, até nunca perguntei isso” [ sic].Mãe 1
Como percebido, em algumas famílias pode acontecer o desencontro das percepções. Já nos relatos a seguir, é possível perceber um consenso na forma como percebem e como veem a percepção do outro sobre a influência do uso da tecnologia:
Percepção da mãe:
“Comunicação, até com relação ao F. (filho), hoje tu vai buscar na escola, hoje eu vô” [ sic]. Mãe 3
Percepção do pai:
“O que facilita é a comunicação” [ sic].Pai 3
Como seus pais percebem a influência da tecnologia:
“Comunicação” [ sic]. Filho 03.
Percepção do filho:
“A gente consegue se falar de outros lugares, tipo se eu estou viajando .... Se não consigo falar com eles, daí eu consigo falar com os meus pais pela internet” [ sic]. Filho 03
Como seu filho percebe a influência da tecnologia:
“Olha acho que ele vai responder mais ou menos por aí, facilita a comunicação” [ sic]. Pai 3
“Se ele for pensar pro lado do celular: comunicação” [ sic].Mãe 3
O diálogo entre os membros da família possibilita que os mesmos se conheçam melhor. A partir do momento que o diálogo transcende a função de transmitir informações, à medida que requer atenção entre os envolvidos, solicitando destes desenvolver e aperfeiçoar as competências para saber ouvir e saber falar (Silva et al., 2012). Desse modo, o diálogo é um dos fatores que pode contribuir para o consenso na família.
As diferenças geracionais contribuem para que o significado da tecnologia tenha representações diferentes. As falas abaixo trazem como a percepção sobre o uso da tecnologia são compartilhados com significados diferentes ente pai e filha:
Percepção do Pai:
“Sempre nos distancia .... enxergo como alguma coisa que afasta, não aproxima. Agora também trouxe muita informação, informação de como lidar com os filhos” [ sic]. Pai 2
Como seus pais percebem a influência da tecnologia:
“Meu pai acha que é uma porcaria. Ele vive falando que é uma porcaria, que a gente só vive mexendo no celular, não dá bola pra nada, que a gente não faz nada” [ sic].Filha 2
Percepção da filha:
“Acho que nem influencia muito, porque meu pai, eu não converso com ele por mensagem, essas coisas... ligo só quando preciso. Com minha mãe já converso mais, se eu preciso de alguma coisa ajuda, falo com ela (mãe) por whats, faço uma ligação mais rápida. Na minha família até é bom” [ sic]. Filha 02
Como a sua filha percebe a influência da tecnologia:
“No mundo dela é completamente normal. Não consegue ver o mundo sem a tecnologia .... Vive através da tecnologia” [ sic]. Pai 2
O relato acima mostra que para o pai a tecnologia é vista como algo que afasta, enquanto que para filha serve para certa aproximação, ambos falam sobre a tecnologia, mas com significados distintos. A visão de mundo dos membros da família está influenciada pela época que cresceram, uma década se diferencia de outra, e todas as épocas possuem orientações profundamente diferentes quanto ao significado da vida (McGoldrick & Shibusawa, 2016). Porém, é importante que os pais frequentem os mundos de seus filhos – sejam eles virtuais ou reais. Acompanhar e encontrar, oportunidade de tornar a tecnologia uma aliada no estreitamento das relações familiares, é um requisito para pais que não querem viver em mundos diferentes de seus filhos (Alves, 2011).
Considerações finais
As Tecnologias da Informação e da Comunicação fazem parte da família, pode-se dizer que se trata de um novo integrante que cada vez mais ganha recursos e espaço na relação entre pais e filhos adolescentes. Com a inserção das tecnologias nas relações parentais, surgem as dúvidas de como lidar, pois novos conflitos e desafios surgem no ambiente familiar.
Ao mesmo tempo que as novas gerações desenvolvem intimidade com o uso das tecnologias, as famílias nem sempre demonstram estar preparadas para servirem de referência no processo de orientação e mediação desse uso. Tendo em vista, que as tecnologias estão presentes e não retrocederão, torna-se indispensável buscar formas de beneficiar-se desta interface como instrumento de aproximação no relacionamento parental.
Os resultados deste estudo apontam que a influência da tecnologia nas relações parentais apresenta aspectos positivos e negativos. Os impactos negativos dizem respeito ao afastamento, e não apenas o afastamento físico, mas principalmente o afastamento afetivo, considerado por tirar o tempo, “o olho no olho” ser substituído por uma mensagem. Desta forma, modificando os padrões de convívio e de comunicação, podendo ser um motivo de conflitos dentro das famílias. Os impactos positivos dizem respeito as tecnologias estarem a serviço de aproximar pais e filhos, pelo compartilhamento de informações entre as gerações, pela facilidade de comunicar-se em qualquer lugar e hora, pela sensação de segurança e de controle por parte dos pais, o que dá a eles a impressão de estar presente mesmo quando ausente.
Neste estudo, as tecnologias mais utilizadas pelas famílias entrevistadas foram a internet e o celular, atual smartphone, as outras tecnologias como tablet, videogame e notebook foram menos referidas no decorrer desta pesquisa. A partir disso, sugere-se que outras pesquisas sejam realizadas para ampliar os resultados aqui encontrados, pesquisas com maior número de participantes, relacionadas ao uso de smatphone e internet. Buscando ampliar as discussões sobre o tema e os impactos do uso de smartphone associado à internet nas relações parentais.
Referências
Alvez, M. M. (2011). Família plugada: Tecnologia pai e filhos. Dissertação de mestrado. Mestrado em psicologia. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. [ Links ]
Aragonez, C. (2017). O construto fronteiras na funcionalidade familiar. Revista interdisciplinar saberes, 1(1), 20-32. [ Links ]
Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas (2008). Critério de Classificação Econômica Brasil. Retirado em 01/06/2018: www.abep.org [ Links ]
Bacigalupe, G., & Parker, K. (2016). Conexões transnacionais através de tecnologias emergentes. Nova Perspectiva Sistêmica, 56, 94-107. Retirado em 10/06/2018, do Pepsic (Periódicos Eletrônicos em Psicologia): http://pepsic.bvsalud.org [ Links ]
Bardin, L. (1979). Análise de conteúdo (70ª ed.). Lisboa: Edições. [ Links ]
Bauman, Z. (2011). 44 cartas do mundo líquido moderno. Rio de Janeiro: Zahar. [ Links ]
Cerveny, C. M. de O., & Berthoud, C. M. E. (2009). Ciclo vital da família brasileira. In L. C. Osorio, & E. P. do Valle, (Orgs.). Manual de terapia familiar – Manual I (pp. 36). Porto Alegre: Artmed.
Carter, B., & Mcgodrick, M. (1995). As mudanças no ciclo da vida familiar – Uma estrutura para a terapia familiar. In B. Carter, & M. McGodrick, et al. As mudanças no ciclo da vida familiar – Uma estrutura para a terapia familiar (2ª ed., pp. 8-17). Porto Alegre: Artes Médicas.
Di Giulio, G. (2004). Mudanças geram impacto até nas relações pessoais. Cienc. Cult., 56(3), 14-15. Retirado em 01/06/2018, do SciELo (Scientific Eletronic Library Online): http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252004000300009 [ Links ]
Eisenstein, E. (2013). Crescimento biopsicossocial virtual. In C. N. Abreu, E. Eisenstein & S. G. B. Estefenon, (Orgs.). Vivendo esse mundo digital (pp. 214-219). Porto Alegre: Artmed. [ Links ]
Eisenstein, E., & Estefenon, S. (2006). Computador: Ponto social ou abuso virtual? Adolesc. Saúde, 3(3), 57–60.
Eisenstein, E., & Estefenon, S. (2011). Geração digital: Riscos das novas tecnologias para crianças e adolescentes. Revista Hospital Universitário Pedro Hernesto, 10(Supl. 2), 42-52. [ Links ]
Falke, D., & Wagner, A. (2014). A dinâmica familiar e o fenômeno da transgeracionalidade: Definição e conceitos. In A. Wagner (Org.). Como se perpetua a família? A transmissão dos modelos familiares (pp. 25-29). Porto Alegre: EDIPUCRS. [ Links ]
Freitas, L. H., & Hagel, L. D. (2013). A puberdade. In C. L. Eizirik & A. M. Bassols, O ciclo da vida humana, uma perspectiva psicodinâmica (2ª ed., p. 155). Porto Alegre: Artmed. [ Links ]
Martins, D. A. (2013). Adolescentes internautas, família e depressão: Estudo da relação entre a utilização da internet e das redes sociais, o ambiente familiar e a sintomatologia depressiva. Dissertação de mestrado. Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal. [ Links ]
Minayo, M. C. de S. (2001). Pesquisa social. Teoria, método e criatividade (18ª ed.). Petrópolis: Vozes. [ Links ]
Minuchin, S. (1982). Famílias: Funcionamento e tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas. [ Links ]
McGoldrick, M., & Shibusawa, T. (2016). O ciclo vital familiar. In F. Walsh, Processos normativos da família, diversidade e complexidade (4ª ed., pp. 376-377). Porto Alegre: Artmed. [ Links ]
Nichols, M. P., & Schwartz, R. C. (2007). Terapia familiar: Conceitos e métodos (M. A. V. Veronese, Trad. 7ª ed.). Porto Alegre: Artmed. [ Links ]
Osório, L. C. (2002). Casais e famílias: Uma visão contemporânea. Porto Alegre: Artmed. [ Links ]
Osório, L. C. (2011) Novos rumos da família na contemporaneidade. In L. C. Osório, & M. E. P. do Valle, Manual de terapia familiar: Volume II (pp. 19). Porto Alegre: Artmed. [ Links ]
Sociedade Brasileira de Pediatria. (2016). Departamento de adolescência. Manual de orientação. Saúde de crianças e adolescentes na era digital. Retirado em 05/05/2019, da SBP (Sociedade Brasileira de pediatria): http://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2016/11/19166d-MOrient-Saude-Crian-e-Adolesc.pdf [ Links ]
Silva, I. R., Souza, G. M. de, Silva, A. C. O., Nogueira, A. L. A., Barbosa, D. C., & Silva, T. P. da (2012). Relacionamentos familiares no discurso de adolescentes escolares: Contribuições para a enfermagem. Cienc. Cuid. Saúde, 11(1), 121-128. [ Links ]
Terres-Trindade, M., & Mosmann, C. P. (2016). Conflitos familiares e práticas educativas parentais como preditores de dependência de internet. Psico-USF, 21(3), 623-633. Retirado em 10/05/2018, do SciELO (Scientific Eletronic Library Online): http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-82712016000300623&script=sci_abstract&tlng=pt [ Links ]
Ungerer, R. (2013). Sociedade globalizada e mundo digital. In C. N. Abreu, E. Eisenstein & S. G. B. Estefenon, (Orgs.). Vivendo esse mundo digital (pp. 209-219). Porto Alegre: Artmed. [ Links ]
Vinuto, J. (2014). A amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: Um debate em aberto. Temáticas, 22(44), 203-220. [ Links ]
Wagner, A., Verza, F., Spizzirri, R. C. P., & Saraiva, C. E. (2009). Adolescência & comunicação virtual. Col. e Agora.com - A era da informação e a vida cotidiana. São Leopoldo: Editora Sinodal. [ Links ]
Wagner, A., Mosmann, C. P., Dell’Aglio, D. D., & Falcke, D. (2010). Família e internet. Col. E Agora.com – A era da informação e a vida cotidiana. São Leopoldo: Editora Sinodal.
Endereço para correspondência
Débora Martins Consteila Neumann
E-mail: deconsteila@hotmail.com
Enviado em: 20/03/2019
1ª revisão em: 08/04/2019
2ª revisão em: 04/06/2019
3ª revisão em: 08/10/2019
Aceito em: 26/11/2019
1 Acadêmica do Curso de Psicologia – Universidade Luterana do Brasil, ULBRA–Guaíba.
2 Psicóloga. Mestre em Psiquiatria. Coordenadora do Curso de Psicologia ULBRA-Guaíba. Docente de Psicologia da ULBRA-Guaíba. Endereço: BR 116, no 5724. Bairro Moradas da Colina, CEP 92.500-000, Guaíba/RS. Telefone: (51) 3480.1618.