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SMAD. Revista eletrônica saúde mental álcool e drogas
versão On-line ISSN 1806-6976
SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.) vol.15 no.4 Ribeirão Preto out./dez. 2019
https://doi.org/10.11606/issn.1806-6976.smad.2019.152502
ARTIGO DE REVISÃO
Percepção do familiar sobre o tratamento de usuários de drogas: revisão integrativa*
Percepción del familiar sobre el tratamiento de usuarios de drogas: revisión integrativa
Cristiana Nelise de Paula AraujoI; Clarissa Mendonça Corradi-WebsterII
IUniversidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), Ribeirão Preto, SP, Brazil
IIUniversidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), Ribeirão Preto, SP, Brazil
RESUMO
OBJETIVO: realizar revisão integrativa da literatura nacional sobre os tratamentos de usuários de álcool e outras drogas a partir da perspectiva de seus familiares.
MÉTODO: trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura nacional, nos portais Biblioteca Virtual em Saúde e Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e nas bases de dados Web of Science, The Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature e PsycINFO. Após o processo de análise dos estudos recuperados, foram selecionados 21 estudos.
RESULTADOS: na literatura demonstrou-se que os familiares reconheceram os serviços extra-hospitalares como importantes para melhorar as relações familiares e as condições de saúde do usuário, sendo importante a inclusão dos familiares nos espaços de tratamento para ajudar os usuários de drogas. Contudo, foram apontados, em estudos, fatores como a insuficiência desses serviços em atender a demanda apresentada, as barreiras no acesso ao tratamento e o desconhecimento desses serviços, contribuindo para a busca de internações - algumas, inclusive, forçadas.
CONCLUSÃO: é necessária a ampliação dos serviços extrahospitalares, com o oferecimento de apoio aos familiares de usuários de drogas.
Descritores: Família; Usuários de Drogas; Centros de Tratamento de Abuso de Substâncias; Resultado do Tratamento.
RESUMEN
OBJETIVO: realizar una revisión integrativa de literatura nacional sobre los tratamientos de usuarios de alcohol y otras drogas desde la perspectiva de sus familiares.
MÉTODO: se trata de un estudio de revisión integrativa de la literatura nacional, en los portales BVS y Portal de Periódicos Capes y en las bases de datos Web of Science, CINAHL y PsycINFO. Después del proceso de análisis de los estudios recuperados fueron seleccionaron 21 estudios.
RESULTADOS: la literatura demostró que servicios extrahospitalarios fueron reconocidos por familiares como importantes para mejorar relaciones familiares y condiciones de salud del usuario, siendo importante incluir los familiares en espacios de tratamiento para ayudar a los usuarios. Sin embargo, estudios apuntaron la insuficiencia de esos servicios en atender la demanda presentada, barreras en el acceso al tratamiento y desconocimiento de esos servicios, contribuyendo a la búsqueda de internaciones, incluso forzadas.
CONCLUSIÓN: es necesaria una ampliación de los servicios extrahospitalarios y que éstos ofrezcan apoyo para familiares de usuarios de drogas.
Descriptores: Familia; Consumidores de Droga; Centros de Tratamiento de Abuso de Sustancias; Resultado del Tratamiento.
INTRODUÇÃO
O envolvimento da família no cuidado com pessoas usuárias de álcool e outras drogas começou a ser compreendido de forma diferente a partir do movimento da Reforma Psiquiátrica (RP). A família e a comunidade passaram a ser reconhecidas como parceiras no acolhimento das pessoas que haviam recebido algum diagnóstico de transtorno psiquiátrico(1-2). O mesmo aconteceu em relação às pessoas usuárias de álcool e outras drogas. A participação da família no tratamento dessas pessoas passou a ser valorizada e estimulada pelos serviços e profissionais da saúde. Os familiares e usuários, juntamente com os trabalhadores, passaram a exercer papel ativo nas transformações no campo de saúde mental e na RP, organizando-se enquanto movimento de luta antimanicomial(3). Nesse sentido, o movimento da RP favoreceu a promulgação da lei nº 10.216(4), legislação que dispõe sobre a prioridade do tratamento em serviços extra-hospitalares e a aplicação excepcional de internações breves e motivadas.
Visando fortalecer o cuidado comunitário, o Ministério da Saúde criou a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)(5). Essa rede é composta por meio da articulação de diferentes serviços da atenção básica em saúde, especializada, de urgência e emergência, residencial de caráter transitório e hospitalar que devem garantir a promoção de saúde, reabilitação e reinserção social das pessoas que receberam algum diagnóstico de transtorno mental(5).
Os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPSad) seriam o principal eixo de articulação dessa rede, compostos de equipes multiprofissionais que, em colaboração com usuários e familiares, deveriam construir um projeto singular terapêutico, considerando as necessidades e singularidades de cada pessoa. O CAPSad é um serviço extra-hospitalar que oferece atendimento especializado diário àqueles que usam álcool e outras drogas, sustentado pela lógica de redução de danos(5). A redução de danos constitui proposta alternativa à ênfase das internações dos usuários de drogas, considerando o estabelecimento da abstinência como meta, algo que dificulta o acesso aos serviços de saúde(6) daqueles que não conseguem ou não desejam alcançar tal meta.
Dentro da RAPS, entende-se que os familiares devem ser vistos como parceiros no tratamento dos usuários do CAPSad, sendo importante promover ações que busquem orientar e discutir o tratamento do usuário com os familiares, bem como ações de cuidado específico demandado pelos familiares diante do sofrimento e da sobrecarga(7). Os familiares de pessoas que usam álcool e outras drogas também necessitam de cuidado emocional, pois vivenciam vários sentimentos, como raiva, medo, preocupação e desespero, os quais contribuem para o desenvolvimento de problemas de saúde física e psíquica(8). Além disso, muitos usuários de drogas não procuram tratamento por não considerarem que fazem uso problemático de drogas, sendo os familiares os principais atores envolvidos na busca de tratamento(9).
Contudo, na prática, o número de serviços comunitários e suas intervenções mostram-se insuficientes para atender a demanda do usuário e de sua família(10-12). Os familiares são comumente inseridos nos serviços extra-hospitalares como meros informantes para a coleta de informações sobre o quadro sintomático do paciente, tendo papel passivo no tratamento e muitas vezes sendo vistos pelos serviços como resistentes ao tratamento proposto(11).
Outro desafio à ampliação e à efetivação da RAPS é a dificuldade de romper com a lógica histórica do financiamento de equipamentos que oferecem vagas para internação como política pública no campo de álcool e outras drogas, ação que foi retomada, principalmente, por meio do programa federal "Crack, é possível vencer"(13). Nesse contexto, a sobrecarga vivida por muitos familiares diante do problema(14), o desconhecimento sobre a existência e a falta de acesso a serviços extra-hospitalares, como o CAPSad(15), são questões que podem influenciar a busca por internações para usuários de drogas. Frequentemente, os familiares são os principais acompanhantes em situações de internações involuntárias e voluntárias e, em grande parte dos casos, são eles que solicitam a internação(16).
Nesse sentido, enfatiza-se a necessidade de práticas que ampliem a participação ativa das pessoas que usam álcool e outras drogas e de suas famílias na tomada de decisões e no curso do tratamento, a fim de promover a saúde e prevenir tratamentos iatrogênicos como aqueles pautados na exclusão social. Por isso é importante conhecer a produção científica para melhor compreender como a família constrói sentidos a respeito do tratamento e sobre os serviços que oferecem tratamento para usuários de álcool e outras drogas, a fim de analisar quais as contribuições e dificuldades observadas nos atendimentos e como esses sentidos implicam a busca de tratamento pela família e pelos usuários. Assim, neste estudo o objetivo foi realizar uma revisão integrativa da literatura nacional sobre os tratamentos de usuários de álcool e outras drogas, a partir da perspectiva de seus familiares.
Método
Trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura nacional. A revisão integrativa permite a análise e síntese dos resultados sobre o tema de interesse, além da observação de lacunas no campo de estudo pesquisado e do levantamento de necessidades de novas pesquisas(17).
A seguinte pergunta norteou o processo de revisão: o que a literatura nacional apresenta sobre tratamentos de usuários de álcool e outras drogas a partir de estudos em que a amostra consistiu em familiares desses usuários?
A coleta de dados foi realizada em fevereiro de 2018. Para realização das buscas foram utilizados os portais Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Portal de Periódicos Capes), empregando os termos indexados nos Descritores em Ciências da Saúde (DECs). Também foram consultadas a base de dados multidisciplinar Web of Science, a base de dados da área da saúde The Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) e a base de dados da área de psicologia PsycINFO, utilizando os termos indexados no Medical Subject Heading Terms (MeSH Terms). Essas bases de dados foram consultadas objetivando-se encontrar estudos publicados em diferentes áreas do conhecimento. Foi utilizada a seguinte combinação dos descritores indexados nos DECs e MeSH Terms: ("family") AND ("drug users" OR "substance-related disorders") AND ("mental health" OR "mental health services" OR "substance abuse treatment centers" OR "health services accessibility") NOT ("HIV"). A estratégia de busca incluiu a pesquisa das palavras-chave ao longo de todo o texto, sem o uso de filtros para a delimitação do ano de publicação.
Tendo definido a estratégia de busca, seguiu-se a seleção da literatura, a qual envolveu o estabelecimento preliminar de critérios de inclusão e exclusão. Foram considerados artigos potencialmente elegíveis os estudos nos quais se abordou como tema principal o uso de álcool e outras drogas; artigos em que se investigassem, no contexto brasileiro, os serviços de saúde para tratamento de usuários de drogas ou tratamentos para usuários de drogas; pesquisas em que a amostra investigada consistia em familiares de usuários de drogas; estudos publicados nos idiomas inglês, espanhol e português. Foram excluídos da investigação os estudos sobre outros problemas associados ao uso de drogas, como comorbidades; estudos empíricos em que se avaliavam os resultados dos tratamentos para usuários de drogas; livros e cartas ao editor.
A seleção dos estudos foi realizada por meio da leitura de títulos e resumos obtidos, sendo excluídos os artigos duplicados e que não se enquadraram nos critérios de inclusão previamente definidos. Posteriormente, 68 estudos restantes foram selecionados para leitura na íntegra, sendo excluídos 47 estudos que não atenderam aos critérios de inclusão e exclusão e não responderam à questão norteadora desta revisão. Na Figura 1 é apresentado o processo de seleção dos estudos elaborado de acordo com o protocolo Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA)(18).
O corpus de análise foi composto de 21 estudos, os quais foram submetidos à nova leitura para extração de informações relevantes, considerando a pergunta norteadora deste estudo. Para organização dos dados coletados, as pesquisadoras elaboraram um instrumento incluindo as seguintes informações: título, autores, ano de publicação, periódico de publicação, área de conhecimento do periódico, base de dados, objetivo, metodologia, local da coleta de dados, participantes, resultados e conclusões.
Resultados
Os 21 estudos selecionados foram publicados entre 2004 e 2017, sendo que a maioria desses consistia em artigo original e apenas um, dissertação de mestrado. Nota-se que em dez artigos a coleta de dados foi realizada nos CAPS e/ou CAPSad. Quanto à metodologia empregada, na maioria dos estudos utilizou-se metodologia qualitativa (n=13), enquanto em apenas três estudos utilizou-se metodologia quantitativa. Em relação à área da revista de publicação, a maioria dos artigos (n=16) foi publicada em revistas de enfermagem, sendo que os demais estudos foram publicados em áreas diversas (psicologia, psiquiatria e interdisciplinar) (Figura 2).
Os temas identificados como centrais nos diferentes estudos revisados foram agrupados em três eixos principais: construção de práticas de cuidado; desafios de uma rede de atenção incipiente; questões implicadas no processo de busca por tratamentos (Figura 3).
Construção de práticas de cuidado
Na revisão, verificou-se que os familiares consideraram que o tratamento para usuários de drogas auxiliou na melhoria das relações familiares(19-23,24). De acordo com alguns estudos, os familiares acreditavam que os CAPS e CAPSad reúnem condições favoráveis para promover a melhoria das condições de saúde de seu familiar usuário de drogas(20-21,23-25), sendo úteis na diminuição dos danos associados ao consumo de drogas(21).
A participação em grupos para familiares de usuários de drogas, realizados no CAPSad, também foi vista pelos familiares como importante para trocas de experiência, auxiliando na construção de redes de apoio e na reconstrução de vínculos familiares(23). A partir de orientações recebidas no CAPSad, os familiares passaram a entender e aceitar as necessidades de saúde do usuário de drogas e, assim, lidar melhor com o problema(20,22,26). Os familiares também perceberam que a participação nas atividades desenvolvidas pelos CAPS e CAPSad era importante para ajudar o familiar que faz uso problemático de drogas(21,26-27).
Em outros estudos demonstrou-se que os familiares perceberam que o suporte oferecido pelo CAPSad os ajudou a enfrentar o desamparo que sentiam e o desconhecimento sobre os problemas cotidianos gerados pelo uso de drogas(26,28), bem como a elaborar sentimentos como medo, raiva e solidão, e a desenvolver mais esperanças em relação à recuperação do familiar usuário de drogas(22).
As instituições que oferecem intervenções de prevenção e tratamento para usuários de drogas foram descritas como fator protetor contra o uso de drogas ilícitas(29). Além disso, familiares afirmaram que o grupo para pessoas que fazem uso problemático de drogas - do qual participavam os usuários - funcionou como instrumento de intervenção nas suas redes sociais, considerando as potencialidades dos grupos identificadas nas entrevistas(30).
Nesse sentido, familiares e amigos de usuários de drogas destacaram que o hospital especializado (93%), os grupos de ajuda mútua (91%) e as terapias comunitárias (85%) são espaços úteis no processo de recuperação e criação de uma rede de cuidados para o usuário(31). Entretanto, os familiares abordados em outro estudo entenderam que o usuário de drogas seria melhor tratado no convívio familiar do que internado no hospital (73,68%)(19).
Desafios de uma rede de atenção incipiente
Os familiares consideraram que as leis nacionais acerca de drogas ilícitas dificultam o tratamento dos usuários(32). As redes de saúde básica, de serviços judiciários e de assistência social foram descritas, pelos familiares, como insuficientes em relação ao cuidado do usuário de drogas e seus familiares(23). Apesar das transformações no campo da saúde mental, os familiares apontaram que não perceberam mudanças na prática, pois o tempo de internação e o número de leitos foram reduzidos, mas não foram criados serviços de saúde alternativos suficientes para atender as necessidades dessa população(19,23,31,33). Nesse sentido, os grupos religiosos (52,8%) e os hospitais gerais (47,2%) continuam sendo apontados pelos familiares como as principais instituições para tratamento de usuários de drogas nas comunidades(33).
Os familiares destacaram limites na atuação dos serviços, apontando o despreparo dos profissionais que trabalham nas Unidades Básicas de Saúde (UBS)(28) e no Programa Saúde da Família para atuar no cuidado de pessoas que fazem uso problemático de drogas e de seus familiares(23). Em muitos estudos também são apresentadas sugestões dos familiares para que desafios presentes no funcionamento dos CAPS e CAPSad sejam superados, como a melhoria da qualificação dos profissionais e da estrutura física do local(25), o funcionamento do serviço durante 24 horas(23-25), a ampliação das atividades terapêuticas para usuários(24) e o desenvolvimento de atividades para que os usuários sejam inseridos no mercado de trabalho(24-25).
Em alguns dos estudos apontam-se limites em relação às práticas de instituições que ofereciam internação para usuários de drogas. Segundo os familiares, havia preocupação com a possibilidade de maus-tratos ao usuário durante a internação (73,6%)(19). Outro desafio percebido pelos familiares foi a desvalorização da sua participação no tratamento do familiar internado e a falta de orientações, as quais deveriam ser fornecidas pelos profissionais, para que eles pudessem ajudar o usuário(34).
Questões implicadas no processo de busca por tratamentos
De acordo com alguns estudos analisados, as famílias relataram não ter procurado nenhum tratamento para o usuário de drogas porque, por vezes, acreditavam tratar-se de um problema transitório que seria resolvido sem ajuda (40,6%), porque desconheciam aonde procurar ajuda (29,7%), porque o usuário não permitia que os familiares procurassem ajuda ou esperavam até que o usuário aceitasse ajuda (12,7%)(35).
Em relação ao tipo de ajuda procurada pelos familiares para pessoas usuárias de drogas, eles relataram ter procurado profissionais de saúde como psicólogos, médicos e terapeutas (35,8%) e grupos de autoajuda e ajuda mútua (33%)(35). Os familiares também acreditavam que apenas o psiquiatra poderia ajudar pessoas que receberam algum diagnóstico psiquiátrico (84,2%)(19).
Em alguns estudos demonstrou-se que a internação psiquiátrica da pessoa que consome álcool e outras drogas foi vista como principal opção de tratamento(19,27-28,31,36), pois os familiares não sabiam lidar com o uso problemático de drogas(28) e viviam intensa sobrecarga(27,36). Foram apontadas, na literatura, questões que contribuem para as reinternações de pessoas que usam álcool e outras drogas, sendo relatada pelos familiares a falta de continuidade do tratamento em serviços extra-hospitalares após a alta hospitalar(19,37-38). Os familiares também entenderam que o usuário busca a internação psiquiátrica apenas devido à pressão familiar, a ordens judiciais e ao esforço para conseguir a vaga e, por isso, acabam abandonando o tratamento(38).
Houve estudos em que foram apresentadas as barreiras percebidas pelos familiares para que eles e os usuários de drogas acessassem os serviços para o tratamento do uso problemático de drogas(31,33,39). Dentre as quais constam o alto custo do tratamento, as longas listas de espera, a falta de profissionais especializados, o horário limitado de funcionamento dos serviços(33), as intervenções clientelistas e negligentes, o desrespeito aos pressupostos legais que regem o atendimento aos usuários de drogas ilícitas, especialmente em unidades hospitalares de emergência(32), e o estigma em relação ao usuário de drogas(32-33,39).
Discussão
Destaca-se que as pesquisas selecionadas foram realizadas principalmente com familiares de pessoas atendidas pelos serviços de CAPSad e CAPS. Essa questão parece estar relacionada ao incentivo das políticas públicas à centralidade desses serviços na organização da rede de saúde mental, especialmente entre os anos de 2002 e 2014, havendo grande número de estudos a respeito desses serviços. Além disso, esses serviços tinham como preceitos o cuidado integral do usuário e de seus familiares por meio de ações comunitárias, valorizando estudos nos quais se investigasse a percepção do usuário e da sua família(40).
Houve apenas um estudo em que os participantes eram familiares que frequentavam grupos de ajuda mútua para familiares de pessoas que fazem uso problemático de drogas. Contudo, muitos familiares ainda procuram esses grupos no contexto atual, pois, antes da implementação dos serviços substitutivos, como o CAPS, o tratamento de usuários de drogas era realizado substancialmente por comunidades terapêuticas e grupos de autoajuda e ajuda mútua(6).
Historicamente, houve omissão do Estado em relação à atenção de pessoas com transtornos relacionados ao consumo de álcool e outras drogas, o que levou ao crescimento da atuação de instituições judiciais, benemerência e religiosas em relação a esse problema(41), como os grupos de autoajuda e ajuda mútua e as comunidades terapêuticas. Essas questões contribuíram para que o Ministério da Saúde reconhecesse a negligência do Estado em incluir problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas nas políticas públicas de saúde mental(40). Desde então, cresce a necessidade de a comunidade científica desenvolver estudos sobre esse tema com os familiares de usuários de drogas, uma vez que, de acordo com a RP brasileira, a família é vista como um dos protagonistas na construção das políticas públicas de saúde mental.
É reconhecida, no campo da saúde mental, a necessidade do envolvimento de diferentes atores para alcançar a integralidade do cuidado em saúde das pessoas com problemas decorrentes do uso de drogas. O envolvimento da comunidade, de familiares, profissionais e serviços contribui para a construção de parcerias e redes de apoio social que se corresponsabilizem pela atenção ao usuário(42). Nesse sentido, em alguns estudos ressaltou-se que os familiares entendem como importante sua inclusão no tratamento do usuário de drogas.
A existência de conflitos entre usuários de drogas e seus familiares é comum devido, principalmente, ao controle do comportamento do usuário exercido pela família, a fim de evitar recaídas(43). Os familiares perceberam os serviços substitutivos como espaços de diálogo entre familiares, usuários e profissionais, ajudando na melhoria das relações familiares e a lidar melhor com o uso problemático de drogas. O CAPSad, ao promover o encontro de familiares de usuários de drogas que vivem a mesma situação, possibilita o acolhimento de sentimentos difíceis e o aprendizado de formas de lidar com o cotidiano(26). Dentre os estudos analisados, constatou-se que os familiares também apontaram a melhoria das condições de saúde do usuário promovida por tratamentos extra-hospitalares. Serviços como o CAPS e o CAPSad atuam pautados na estratégia de redução de danos, a qual propõe o tratamento do usuário de drogas sem exigir a abstinência, estimulando a adesão ao tratamento(6).
Contudo, vários limites no tratamento das pessoas que fazem uso problemático de drogas foram descritos pelos familiares, dentre os quais está a necessidade de ampliar a atuação dos CAPS e CAPSad. Nesse sentido, a convivência de serviços extra-hospitalares com o paradigma hospitalocêntrico tem implicações na construção da rede de atenção psicossocial, como a insuficiência para atender a demanda(44-45). Historicamente, a assistência psiquiátrica foi regida pelas tensões entre as classes sociais dos usuários dos serviços - aos pobres cabia o atendimento em serviços públicos, enquanto aos mais abastados, o acesso aos serviços da medicina liberal(46). Esse fato pode ser observado no CAPS, onde a população majoritariamente atendida era de classe "baixa", descrita como "SUS dependente", e as pessoas de classe média que procuravam o CAPS o faziam de maneira seletiva, buscando consultas médicas e psicológicas, além de prescrição de medicamentos(46).
Outro desafio destacado pelos familiares foi a dificuldade para acessar os serviços que oferecem tratamento para problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas, sendo destacada como barreira a estigmatização do usuário. Compreende-se que, muitas vezes, a estigmatização do usuário de drogas é cometida pelos profissionais de saúde que possuem dificuldade de reconhecer o uso de drogas como problema de saúde, apresentando um julgamento moral sobre o mesmo(47). Dessa forma, a capacitação desses profissionais constitui um recurso que ajuda a romper com práticas de saúde baseadas em estereótipos construídos acerca do usuário de drogas(48-51).
Em muitos estudos foram apontadas situações que parecem relevantes para que os familiares continuem percebendo a internação como melhor e única opção de intervenção, dentre as quais é possível destacar o desconhecimento dos familiares acerca de onde procurar tratamento para usuários de drogas ou de outras possibilidades de tratamento, para além da internação; a sobrecarga dos familiares no cuidado do usuário de drogas; a insuficiência dos serviços e da rede de atenção aos usuários de drogas; a desarticulação da rede de atenção psicossocial e o despreparo dos profissionais que atuam no campo de álcool e outras drogas. Tal situação também foi discutida na literatura, destacando-se que, segundo profissionais da justiça e gestores regionais da área de saúde, os familiares solicitavam internação compulsória devido à carência de serviços e ações de saúde direcionados a essa população e a seu escasso conhecimento acerca das políticas públicas oferecidas(52). Por outro lado, a continuidade do tratamento em serviços substitutivos contribui para romper as possíveis reinternações(53-54).
Conclusão
Os dados desta revisão de literatura permitiram mapear a produção científica sobre a maneira como os familiares perceberam o tratamento do usuário de drogas no contexto brasileiro. O aumento das publicações científicas acompanhou a inclusão da atenção ao usuário de drogas e suas famílias nas políticas públicas de saúde mental.
Os CAPSad e CAPS foram locais de investigação na maioria dos estudos, sendo percebidos pelos familiares como espaços de fomentação de diálogo, contribuindo para a melhoria das relações familiares, a melhoria da saúde do usuário e a redução dos danos causados pelo uso de drogas. A inclusão do familiar no tratamento foi considerada importante tanto para acolher as angústias desses como para auxiliá-los no relacionamento com o familiar usuário, além de auxiliar a potencializar os recursos da família no apoio ao tratamento do usuário de drogas.
Entre as dificuldades observadas pelos familiares nos serviços e nos tratamentos para usuários de drogas destaca-se a insuficiência dos serviços extra-hospitalares, tanto no atendimento de usuários de drogas quanto no envolvimento dos familiares no tratamento do usuário, levando a reivindicações de ampliação desses serviços. Também foi apontada a existência de barreiras para que o usuário de drogas acesse os serviços de saúde, principalmente devido à estigmatização do usuário por parte dos profissionais de saúde, o que dificulta o acolhimento desses e a compreensão dos contextos de consumo, sustentando práticas coercitivas de tratamento. Tais dificuldades, somadas ao desconhecimento de locais que oferecem apoio e tratamento a usuários de drogas, ou de serviços extra-hospitalares, contribuíram para a busca de internações pelos familiares.
Entende-se a importância de investimentos financeiros por parte do Estado na ampliação da rede de serviços de saúde extra-hospitalares, na divulgação dos serviços disponíveis na comunidade e na qualificação dos profissionais de saúde. Com os resultados deste estudo visa-se, também, promover a reflexão entre os gestores e profissionais que atuam na área a respeito das políticas públicas direcionadas às pessoas que fazem uso problemático de drogas. É necessário que os serviços ofereçam apoio a esses familiares, que ficam muito sobrecarregados, por meio de orientações e acolhimento dos sentimentos dos familiares.
Representou um limite neste estudo o foco concentrado na literatura nacional, sendo sugestão para estudos futuros de revisão de literatura que se inclua, também, a literatura internacional. Sugere-se, ainda, o desenvolvimento de estudos com familiares que participam de grupos de autoajuda e ajuda mútua para familiares de usuários de drogas, a fim de compreender a visão desses sobre os tratamentos e serviços disponíveis para atender os usuários de drogas.
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Autor Correpondente:
Cristiana Nelise de Paula Araujo
E-Mail: crisnelise@yahoo.com.br
Recebido: 10.12.2018
Aceito: 27.02.2019
* Apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Brasil, e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Brasil, processos nº 2015/22929-7 e 2017/05171-9.