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Arquivos Brasileiros de Psicologia
versão On-line ISSN 1809-5267
Arq. bras. psicol. vol.68 no.3 Rio de Janeiro dez. 2016
ARTIGOS
As condições de trabalho dos garis de varrição de ruas
The work conditions of the street-sweepers
Las condiciones de trabajo de los barrenderos de calles
Georgina Maria Véras MottaI; Livia de Oliveira BorgesII
IMestre em Psicologia. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Belo Horizonte. Estado de Minas Gerais. Brasil
IIDocente. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Belo Horizonte. Estado de Minas Gerais. Brasil
RESUMO
O artigo relata pesquisa realizada, numa perspectiva psicossociológica, com os garis de varrição do hipercentro de Belo Horizonte. Objetivou descrever as condições de trabalho no contexto das gestões da autarquia municipal, considerando-se quatro categorias de condições de trabalho: condições contratuais e jurídicas, condições físicas e materiais, processos e características da atividade e ambiente sociogerencial. As atividades de campo foram: aplicação do Questionário de Condições de Trabalho (QCT), entrevistas semiestruturadas e observações. Os resultados indicaram, entre outros aspectos, condições físicas e materiais problemáticas e a relevância da autonomia (nas tarefas) e a permanência nos trechos para execução da atividade. As relações entre trabalhadores e organização apontam a necessidade de promover a participação dos trabalhadores na autarquia e na gestão da atividade, valorizando as experiências dos garis, a fim de garantir qualidade crescente, beneficiando a limpeza pública e a cidade. Entretanto, a organização empregadora não se demonstrou sensível a esses aspectos.
Palavras-chave: Limpeza urbana; Condições de trabalho; Garis; Gestão.
ABSTRACT
The article reports a research developed, from a psychosociological perspective, with street-sweepers in the hypercenter of Belo Horizonte. It describes the work conditions in the managerial context of the governmental institution, and considered four categories: contractual and legal conditions, physical and material conditions, process and characteristics of activity, and social-managerial environment. The activities of field consisted of the application of Work Condition Questionnaire (WCQ) and semi-structured interviews, and observations. Among the results, the research showed problematic physical and material conditions, relevance of autonomy (in the tasks) and permanency in the work stretches for implementation of the activity. The relationship between workers and organization pointed out the need to promote workers' participation in the institution and management of the activity in order to value workers' experiences and to achieve a better quality in the public cleanliness in the city. However, the employer does not reveal itself sensitive to these aspects.
Keywords: Urban cleanliness; Work conditions; Street-sweepers; Management.
RESUMEN
El artículo relata una investigación, en perspectiva psicosociológica, llevada a cabo con los barrenderos que trabajan en el hipercentro de Belo Horizonte. Su objetivo fue describir las condiciones de trabajo en el contexto de las gestiones de la autoridad local, considerando cuatro categorías de condiciones de trabajo: contractuales y legales, físicas y materiales, procesos y características de la actividad, y entorno sociogerencial. Las actividades de campo fueron: aplicación de Cuestionario de Condiciones de Trabajo (CCT), entrevistas semi-estructuradas y observaciones. Entre los resultados, la investigación encontró condiciones físicas y materiales problemáticas, relevancia de la autonomía (en las tareas) y permanencia en los locales de trabajo para la realización de la actividad. La relación entre empleados y organización muestra necesidad de que estos participen de la gestión de la organización y de la actividad, valorando sus experiencias, en beneficio de una limpieza pública de mayor calidad y de la ciudad. La organización empleadora no se mostró sensible a esos aspectos.
Palabras clave: Limpieza urbana; Condiciones de trabajo; Barrenderos; Gestión.
Introdução
O artigo descreve as condições de trabalho dos garis de varrição (servidores públicos) do hipercentro de Belo Horizonte no contexto dos modelos de gestão adotados pela Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), norteando-se pelos seguintes pressupostos:
- O trabalho, historicamente construído, desempenha um papel estruturante na vida das pessoas e das sociedades (Lukács, 1976/2012; Marx & Engels, 1846/1981; Toni, 2003);
- As condições do trabalho humano impactam no bem-estar das pessoas e da sociedade (Borges, Barbosa, Chaves, Andrade & Álvaro, 2011; Jacques, 2007; Lima, 1996);
- A compreensão do trabalho exige análises em diferentes níveis: individual, interpessoal, organizacional e societal (Álvaro, 1995; Katzell, 1994; Munduate, 1997).
As transformações das últimas décadas no mercado de trabalho acirraram os debates sobre o trabalho e suas condições, evidenciaram o seu papel estruturante da vida do indivíduo e da sociedade (Álvaro & Garrido, 2006) e fortaleceram a adequação dos citados pressupostos. Sustenta-se, assim, a relevância social do estudo das condições de trabalho.
A ocupação dos garis focalizados consiste nas atividades de varrição, raspação de resíduos, acondicionamento do lixo público e recolhimento dos produtos destas atividades, utilizando vassoura de piaçava, pá e lutocar (carrinho de mão no qual o gari recolhe o lixo). A composição do lixo, nas vias públicas, varia conforme condições ambientais como o calçamento, o estado de conservação das ruas, a existência de arborização, a intensidade de trânsito de veículos e a circulação de pedestres (Alvim, Cunha & Santos, 2002; Damásio, 2007). Os garis vivenciam, como os demais trabalhadores contemporâneos, as transformações do mercado de trabalho, o que justifica desenvolver pesquisa com o objetivo anunciado.
Pesquisas antecedentes sobre os trabalhadores da limpeza urbana
A limpeza urbana consiste em atividades para gestão do saneamento da superfície das cidades, competindo à varrição remover os resíduos dos logradouros públicos. Os critérios de execução se baseiam nas condições ambientais e de ocupação econômica dos espaços (Alvim et al., 2002; Borges, 1985; Damásio, 2007; Silva, Mesquita & Chenna, 1998).
No Brasil, a gestão dos resíduos sólidos compete ao poder público local, administrado direta ou indiretamente pelos municípios, com crescente tendência de o poder público contratar parte dos serviços (Leite, Oliveira, Prasad, & Ribeiro, 2010). A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE, 2010) aponta redução de 26,9% na prestação de serviços pela administração direta. Tal redução está associada ao uso de estratégias de gestão, como a terceirização. O impacto econômico da limpeza pública corresponde a até 20% das despesas públicas.
Não se encontrou número expressivo de estudos sobre a limpeza urbana e seus trabalhadores, em especial, o da varrição de ruas. A temática alcançou relevância mundial a partir de 1950 por incentivo da Organização Mundial de Saúde e da Organização Pan-americana de Saúde, e, no Brasil, na década de 1970 (T. L. F. Santos, 1999). Na América Latina, não se associa a limpeza urbana à saúde coletiva, há poucos centros de pesquisas e pouco interesse governamental (Ferreira & Anjos, 2001). Soares (2011) e Lhuilier (2005) sublinharam a imagem do lixo com algo negativo e sujo.
As pesquisas (por exemplo, Ferreira & Anjos, 2001; Soares, 2011; T. L. F. Santos, 1999; Velloso, Santos & Anjos, 1997; Velloso, Valadares & Santos, 1998) com os trabalhadores da limpeza urbana concentraram-se na coleta de lixo domiciliar. Abordaram a saúde e a segurança na manipulação dos dejetos, adotaram perspectivas epidemiológicas sobre patologias e acidentes e responsabilizaram as condições de trabalho pela maioria dos acidentes e adoecimentos. Sobre os trabalhadores e suas atividades, Velloso et al. (1998) relataram a percepção dos garis de desvalorização e a não participação nas decisões da empresa, e as associaram à terceirização e às poucas ações em saúde e segurança. Outros autores (M. C. O. Santos, 2004; Santos & Silva, 2009; Siemaco, 2011; T. L. F. Santos, 1999) descreveram vivências de discriminação (acentuadas em algumas cidades, segundo Soares, pela origem dos trabalhadores) e de valorização no relacionamento com a população. Segundo T. L. F. Santos e M. C. O. Santos, tal relacionamento é fundamental para o trabalho e a saúde mental dos garis, por gerar satisfação e amenizar a falta de infraestrutura e o estigma da profissão. Argumentaram serem favoráveis à preferência dos garis em trabalharem em trechos fixos e descreveram como aspectos relevantes da atividade a demanda de contínua prontidão, a cooperação da equipe e a adoção de estratégias coletivas de execução da tarefa, relacionando-os à imprevisibilidade das condições do espaço e do objeto de trabalho. Santos e Silva (2011) descreveram o duplo significado do trabalho com o lixo: perigo, pelo temor às doenças; e sustento, pela dificuldade de inserção no mercado de trabalho.
Sobre os garis de varrição, Silveira, Robazzi e Luis (1998) apontaram maior incidência de acidentes de trabalho por cortes, colisão com veículos e quedas; desconforto pela falta de acesso a sanitários e à água potável, aparecimento/agravamento de doenças por exposição a ruídos e às intempéries. Estanislau (1981) registrou constrangimentos pela precariedade das condições de trabalho, discriminação, esforço físico e a "escolha" resignada do emprego de gari para sair da informalidade ou de situações de opressão do emprego doméstico ou de vulnerabilidade social. Lhuilier (2005) relatou o uso da tecnologia, da hierarquia interna dos serviços e do eufemismo pelos trabalhadores franceses para promover seu distanciamento do lixo e minimizar os efeitos sociais negativos. Barbosa, Melo, Medeiros e Vasconcelos (2010) constataram que a maioria dos participantes de sua pesquisa apresentaram o bem-estar psicológico geral preservado, mas 7,6% apresentaram tensão emocional e todos apresentaram déficits de aspiração no trabalho que ameaça à saúde mental.
Da revisão de literatura realizada, em síntese conclui-se que as pesquisas sobre os garis - sejam coletores, sejam varredores - convergem em mostrar problemas nas suas condições de trabalho. Entretanto, cada autor se deteve em alguns aspectos ou as pesquisas não partem de uma elaboração conceitual e taxionômica de tais condições. Isto fortalece a importância do objetivo da presente pesquisa, a adoção do quadro teórico sobre condições de trabalho e as opções metodológicas, ambas a serem apresentadas.
Condições de trabalho
Segundo Álvaro e Garrido (2006), as mudanças significativas no estudo das condições de trabalho ocorreram nos anos 1960 e 1970, a partir da pesquisa sobre Qualidade de Vida e do Movimento dos Indicadores Sociais (Setién, 1993 citado por Alvaro & Garrido, 2006), surgida da necessidade de avaliar o bem-estar da população e abranger dimensões sociais e subjetivas, não contempladas pelos indicadores econômicos. Segundo Borges, Falcão, Alves Filho e Costa (2015), essa ampliação da relevância dos estudos das condições de trabalho surgiu, também, como consequência do acúmulo de informações sobre a situação de trabalho e emprego em diversos países e do caráter mais sistemático da literatura. Nesse sentido, destacaram-se as ações de órgãos como a Organização Internacional do Trabalho, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico e, em especial, a do European Working Conditions Observatory (EWCO), que desenvolve pesquisas quinquenais para monitorar a qualidade de trabalho e de vida do europeu, considerando as dimensões: cuidado e segurança no trabalho; saúde e bem-estar dos trabalhadores; desenvolvimento de habilidades e competências; e conciliação entre trabalho e outras esferas da vida (Álvaro & Garrido, 2006; Blanch, 2003; Prieto, Arnal, Caprile & Potrony, 2009; Ramos, Peiró & Ripoll, 2002).
A ampliação dos estudos evidenciou o caráter multi e interdisciplinar do fenômeno condições de trabalho e favoreceu o surgimento de propostas de sistematização e conceituação. Ramos et al. (2002) assinalaram que as ciências humanas, em especial a Psicologia, ao utilizarem condições de trabalho se restringindo aos aspectos do entorno da tarefa, minimizaram a importância do fenômeno e poderiam gerar prejuízos trabalhistas quando da emissão de avaliações psicossociais. Ressaltaram a relevância das abordagens desenvolvidas pelos sociólogos (por exemplo, Prieto, 1994) que empregaram o termo, incluindo os aspectos do ambiente de trabalho e o conteúdo das tarefas. Propuseram conceituação considerando os fatores físicos do entorno da realização do trabalho, as circunstâncias temporais e as condições de desempenho a que o trabalhador se acha submetido.
Blanch (2003), por sua vez, concebeu as condições de trabalho em um contexto que engloba a atividade laboral, o conjunto de circunstâncias nas quais são realizadas e que repercutem na dinâmica e nas relações de trabalho. Enfatizou os aspectos contratuais e jurídicos.
Esses esforços conceituais foram acompanhados da formulação de tipologias (Álvaro & Garrido, 2006; Blanch, 2003; Ramos et al., 2002), as quais Borges et al. (2015) sintetizaram (Tabela 1) em quatro categorias: condições contratuais e jurídicas, condições físicas e materiais, processos e características da atividade, condições do ambiente sociogerencial. Borges, Falcão, Alves Filho e Costa (2013), por meio de survey com operários da construção de edificações, demonstraram que os componentes das últimas três categorias se organizaram em fatores (Tabela 2).
Estratégias metodológicas
O desenvolvimento metodológico da pesquisa consistiu na aplicação de três técnicas de campo, a saber: aplicação de questionários estruturados, entrevistas semiestruturadas e observação livre. Para tanto, contou-se com a autorização prévia dos gestores da SLU. E aplicação de tais técnicas foram iniciadas pelo contato preliminar com os participantes, esclarecendo sobre os objetivos da pesquisa, os procedimentos adotados, os riscos implícitos na participação (exposição das opiniões) e a estratégia de preservação do anonimato, cuja finalidade era justamente diminuir tais riscos. Os contatos preliminares também buscaram estabelecer uma relação entre pesquisador e participante que, além de observar princípios éticos, favorecesse o desenvolvimento adequado da pesquisa. Passa-se, então, a descrever a aplicação de cada uma dessas técnicas.
Survey com questionários estruturados
Em Belo Horizonte, os garis de varrição trabalham em turmas. São vinculados à SLU, sendo servidores efetivos ou contratados de empresas terceirizadas. A prestação de serviço com terceirização parcial consolidou-se a partir das reformas administrativas municipais de 2001, 2005 e 2007 (Leis municipais nº 8146, de 29/12/ 2000, nº 9.011, de 1°/1/ 2005, nº 9.329, de 29/1/2007 e nº 10.101, de 14/1/2011), que estabeleceram a gestão compartilhada da atividade (SLU e Secretarias Municipais da Coordenação de Gestão Regional) e transferiram a maioria dos garis efetivos para a atividade de limpeza das vias internas dos parques. Apenas um grupo atua em vias públicas (40 servidores públicos concursados e contratados conforme a Consolidação da Leis Trabalhistas).
Esse grupo executa parte da varrição do hipercentro da cidade; lócus caracterizado pela concentração de grandes produtores de lixo, pelo número expressivo de atores sociais, tais como moradores de rua, catadores de papel, taxistas, ambulantes e prestadores de serviços públicos, além do intenso fluxo de veículos e de pedestres (Motta, Souza, Borges, Moura & Bittencourt, 2008; Souza & Carneiro, 2003). Tais condições ambientais e econômicas tornam essa região merecedora de cuidados específicos em relação à limpeza urbana (Alvim et al., 2002; Damásio, 2007; Borges, 1985; Silva et al., 1998).
Desenvolveu-se o presente survey, censitariamente, com os 40 garis de varrição do hipercentro de Belo Horizonte, servidores públicos celetistas, sendo 39 do sexo feminino e um do masculino, com média de idade de 54,48 anos (desvio-padrão (DP) = 6,89) e com tempo de trabalho na organização variando de 14 a 36 anos. Seis desses garis, por determinação médica, desenvolviam suas atividades na sede de varrição. Apresentaram a média de tempo de estudo de 3,15 anos, (DP = 2,59), sendo que 17,5% nunca estudaram. Tais características são semelhantes às encontradas pelo Siemaco (2011), exceto em relação ao gênero, pois os garis paulistas são predominantemente masculinos, e há um menor percentual de trabalhadores acima de 40 anos.
Aplicou-se o Questionário Condições de Trabalho (QCT) adaptado do EWCO, por L. O. Borges et al. (2013), organizado em quatro partes, correspondendo às categorias identificadas na Tabela 1. Para as questões referentes à primeira categoria - condições contratuais e jurídicas -, as alternativas de respostas são nominais. As questões referentes às demais categorias apresentam alternativas de resposta em escala de frequência (1 = Nunca; 2 = Raramente; 3 = Algumas vezes; 4 = Muitas vezes; 5 = Sempre). O QCT foi testado com operários da construção de edificações e os Coeficientes Alfa de Cronbach dos fatores (Tabela 2) variam de 0,51 a 0,83. Aplicou-se também ficha sociodemográfica. Os questionários foram aplicados individualmente, com leitura de cada item e a ajuda de dispositivo informatizado de mão, o Pocket PC, para registro das respostas. Tal questionário teve a avaliação de suas evidências de validade, prevendo a aplicação em pessoas analfabetas e/ou com reduzida educação formal (orges et al., 2013).
Entrevistas semiestruturadas
Aplicaram-se entrevistas em dois grupos de participantes: seis garis de varrição e cinco pessoas-chave (gestores e técnicos), responsáveis pela aplicação das políticas da prefeitura à limpeza urbana, com ênfase à atividade de varrição. O roteiro das entrevistas com os garis contemplou a percepção dos mesmos sobre a SLU, em relação à identificação dos participantes ao emprego e à instituição, e sobre as condições de trabalho. A técnica visou recuperar as falas dos trabalhadores, apreendendo especificidades da varrição e auxiliando na interpretação das respostas ao questionário. O roteiro das entrevistas para as pessoas-chave abrangeu as dimensões política, econômica e simbólica das organizações (Sour, 2005).
Observações de campo
As observações de campo tiveram por objetivo apreender a situação real de trabalho de forma direta, complementando as estratégias anteriores. Foram realizadas durante a aplicação dos questionários (que ocorreu de 22 de maio a 1º de junho de 2012), a realização das entrevistas em cinco turnos (de 12 a 20 de setembro de 2012) e o acompanhamento do desenvolvimento da atividade (nos dias 12 e 26 de setembro de 2012). Consistiram em observações livres (sem roteiro prévio) e foram registradas em diários de campo, após os términos das seções de observação. Analisamos os diários de campo juntamente às entrevistas, facilitando sua compreensão.
Análises e discussão dos resultados
Condições contratuais e jurídicas
Devido ao recorte populacional adotado, as condições contratuais e jurídicas enfrentadas pelos garis da varrição são bastante homogêneas em decorrência das regulações institucionais (por exemplo, legislação trabalhista, normas internas etc.). Todos têm contrato por tempo indeterminado, jornada de trabalho contratada de 44 horas semanais distribuídas em seis dias de trabalho e acesso aos seguintes benefícios: férias anuais, previdência social, plano de saúde, vale-alimentação, vale-transporte e auxílio-creche. Entretanto, 52,5% dos garis manifestaram, nas entrevistas, que gostariam de reduzir a jornada de trabalho, eliminando o expediente do sábado. As respostas mostraram, também, que nem todos trabalham em trecho fixo, o que diverge da preferência dos garis segundo M. C. Santos (2004) e T. L. F. Santos (1999), como vimos na introdução. Quando os garis falavam da jornada de trabalho real, muitas vezes não computavam o tempo do deslocamento entre a sede e o trecho de varrição.
O tempo de deslocamento da residência para o trabalho e de retorno é, em média, de 2 horas e 21 minutos (DP = 1,17). Esses resultados assemelham-se aos de Leite (2012) entre operários da construção de edificações. Atribui-se essas dificuldades de deslocamento dos trabalhadores à distância de suas residências do local de trabalho e às condições de transporte coletivo.
Em relação às políticas de capacitação, 65% dos garis não consideram possível fazer uso de licença para se capacitar e 82,5% disseram não haver incentivo financeiro para qualificação. Nas entrevistas, eles relataram que a organização manteve curso de alfabetização e outros relativos à escolarização durante alguns anos, porém não sabiam informar o motivo e quando acabaram. Em relação aos seus rendimentos, recebem até R$ 1.200,00, sendo que 67,5% deles recebem entre R$ 560,00 e R$ 900,00. Para 47,5% dos garis, o seu salário é a única renda da família.
Em relação às condições contratuais e jurídicas, observam-se semelhanças aos resultados de pesquisa do Siemaco (2011), no tocante ao regime jurídico (celetistas), à jornada de trabalho, ao número de dias trabalhados, ao tempo gasto para deslocamento e na participação na renda familiar. Em referência à forma de contratação, os garis paulistas são terceirizados e os mineiros (do presente estudo), efetivos.
Condições físicas e materiais
Para análise das respostas ao QCT nas demais categorias - condições físicas e materiais, processos e características da atividade, condições do ambiente sociogerencial -, estimaram-se os escores nos fatores por meio da média ponderada dos pontos atribuídos aos itens pelas cargas do item (Borges et al., 2013). Estimaram-se as médias da amostra por fator e compararam-se as médias entre os fatores de cada categoria das condições de trabalho, aplicando-se ANOVA para medidas repetidas (com post hoc Bonferroni). Estabeleceu-se, assim, para cada categoria uma hierarquia das frequências em que o participante observa o fator no seu trabalho.
Nas condições físicas e materiais, os participantes apresentaram a média mais elevada no fator Movimentos Repetitivos (Tabela 3) e concentraram-se nas faixas superiores de escores (90% apresentaram escores acima do ponto médio da escala).
Estes resultados corroboraram estudos da SLU (Motta, 2000), no qual as exigências de repetição dos movimentos foram consideradas de risco ergonômico. Corroboraram também resultados da pesquisa do Siemaco (2011), a qual constatou que 33,4% dos trabalhadores acreditam ter doenças ocasionadas pelo trabalho, sendo que, destes, 24% apontaram adoecimentos osteomusculares. Ressalva-se, entretanto, que os participantes desta última pesquisa citada apresentavam perfil distinto, quanto à idade, ao gênero e ao tipo de contrato de trabalho.
Nas entrevistas, os garis relataram que a autarquia estipulou pausas de 10 minutos, a cada 50 minutos trabalhados, para ginástica laboral, porém essa não tem sido implementada. Relataram, ainda, casos de adoecimentos, resultantes de movimentos repetitivos, como: "Oh, começava doer a junta... as mãos, inchava o braço e... com o tempo cê não tava aguentando mais. Não tava guentando batê pá, não tava guentando varrer mais, porque tá inflamado..." (Gari N). No entanto, o conjunto das falas indica o predomínio de resignação.
Em segunda faixa de frequência, os participantes posicionaram Situações Desgastantes, Mudanças Físicas e Naturais e Exposição a Situações Adversas. No primeiro desses fatores, notou-se a concentração dos participantes nos níveis mais elevados (Tabela 3). Fortalecendo a tendência, os entrevistados (f = 5) relataram o esforço físico realizado no deslocamento diário, a pé, entre o alojamento e o local da execução da tarefa, carregando ferramentas pesadas e expondo-se à poeira e ao ruído intenso do hipercentro: "[...] eu acho que aquele barulho ficou fazendo esse ruído... não saiu da minha cabeça nunca mais. [...] você não aguenta nem barulho de televisão alta! Aquilo ali afetou a cabeça da gente" (Gari N). As observações corroboram tanto os resultados do questionário quanto as falas dos participantes e são coerentes com a descrição do hipercentro que se fez na seção das Estratégias Metodológicas.
As entrevistas mostraram que os garis se expõem as intempéries, como nas falas: "Fico muito exposta ao sol. [...] Muito mesmo. Não tem sombra, né." (Gari Q) e "Na época de sol é bom... porque tem muita sombra, né? Na época de frio é que é ruim. Esfria, né?" (Gari S). Tal exposição se reflete nas respostas ao QCT de forma que a maioria dos participantes se concentra acima do ponto 3 (ponto médio da escala de 1 a 5) no fator Mudanças Físicas Naturais (Tabela 3).
As falas dos garis revelaram que os aspectos das condições físicas e materiais estão relacionadas entre si. Além disso, adicionam outros aspectos, como situações que interferem na execução da atividade: o intenso fluxo de pessoas e de veículos (f = 3), a diversidade de atores sociais (f = 3), riscos de violências urbanas (f = 4), a riscos à saúde e segurança (f = 6). As falas subsequentes são exemplos desses conteúdos: "Eu deixava carrinho lá, eles robava as roda, até o tambor eles levava." (Gari S); "Bom o que me desagrada no trabalho é as pessoas que passa cantando agente, sabe, porque acha que agente trabalha na rua e tem que dar bola pra todo mundo." (Gari O); "[...] e nossa senhora, carro atropelou a [nome]." (Gari P).
Pelo exposto, esta categoria - condições físicas e materiais - influencia as atividades dos garis e compõe-se de aspectos, no seu conjunto, predominantemente problemáticas.
Processos e características da atividade
Os fatores que apresentaram as maiores médias foram: Trabalho em Equipe, Autonomia, Autonomia no Modo de Trabalho e Definição de Tarefas. Em relação à distribuição dos participantes (Tabela 4), 42,5% dos garis perceberam que trabalho em equipe é uma característica da atividade, apesar de 22% consideraram que nunca ou raramente o trabalho é em equipe, refletindo a diversidade de organização atual do trabalho.
M. C. O. Santos (2004) e T. L. F. Santos (1999) sinalizaram que os participantes percebem a colaboração dos colegas, no desempenho de suas atividades, como significativa. Parte das entrevistas realizadas corrobora a preferência pelo Trabalho em Equipe: "[...] é muito bom trabalhar com as pessoas né! que sabe que a gente vai ajudar eles e eles vão ajudar agente né!" (Gari O). Entretanto, houve um caso de um gari que prefere o trabalho individual.
No tocante à Autonomia (jornada e escolha de colegas), a concentração dos participantes está acima do ponto médio da escala. Em outras palavras, a maioria percebe autonomia no trabalho. Têm controle sobre as pausas e negociam folgas. Essas respostas são congruentes com a expressão dos garis, nas entrevistas, sobre a impossibilidade de acompanhamento individual e constante, apontada na literatura como característica da limpeza urbana (M.C.O. Santos, 2004; T. L. F. Santos, 1999).
No tocante à Autonomia no Modo de Trabalhar, as respostas dispersaram-se entre os níveis da escala, como no fator Trabalho em Equipe, entretanto, há mais tendência à atribuição de baixa frequência. A moda da distribuição (35%) está no intervalo de escores de 2 (raramente) a 3 (algumas vezes). No fator Definição das Tarefas, os participantes (60%) concentram-se mais no intervalo de respostas de 2 a 3.
Os participantes perceberam pouca necessidade de qualificação. Nas entrevistas, apontaram que a escolha da profissão não exige capacitação prévia. A maioria dos garis (92,5%) percebeu pouca Responsabilidade por danos causados no desenvolvimento de suas tarefas e apontou considerar a varrição de ruas de pouca complexidade, semelhante ao constatado por Estanislau (1981). Esses resultados dos questionários e das entrevistas contrastaram com a observação dos garis em atividade, em que usam um saber construído na experiência vivida e sabem ultrapassar dificuldades variadas, algumas decorrentes dos defeitos dos equipamentos de trabalho, outras das características do hipercentro, das discriminações, do imprevisto etc. Questiona-se, então, se essa percepção dos garis (revelada nas entrevistas e questionários) não representa a absorção da ideologia dominante que iguala qualificação à instrução formal.
Constatou-se, nas entrevistas, que os trabalhadores se identificam com a atividade e a valorizam (f = 6). Exemplificando, um deles afirmou: "É ter amor no trabalho que ela faz né! E sentir igual que a gente tivesse trabalhando na casa da gente. Agente quando trabalha na casa da gente num trabalha [...] alegre e satisfeito, [...] assim tamém no trabalho." (Gari O).
Parte dos garis (f = 5) teve emprego doméstico e ingressou na varrição por insatisfação com tal ocupação (f = 3) ou por se encontrar em situação de vulnerabilidade social (f = 2). Valoriza a estabilidade e as garantias do emprego formal. Corroborando Estanislau (1981), alguns relataram que vivenciaram situações de constrangimento ocasionadas por ausência de sedes de apoio - trocar de roupa nas ruas e aquecer marmitas em fogareiros improvisados - e, nem sempre, dispunham de equipamentos de segurança. Reconheceram que houve melhorias em gestões anteriores, sendo mantidas apenas aquelas institucionalizadas (como o vale-alimentação e o alojamento) e perdidas outras (como o programa de alfabetização), mas as condições de equipamentos e ferramentas seguem deficientes.
Estudos anteriores (p. ex., M. C. O. Santos, 2004; T. L. F. Santos, 1999) indicaram a preferência dos garis por desenvolver suas atividades em trechos fixos. No entanto, não se constataram diferenças significativas quando se aplicou o teste t para comparar os escores nos fatores de condições de trabalho entre os garis que atuam em trechos fixos e os demais. Em contrapartida, nas entrevistas os garis relataram preferência em trabalhar em trechos fixos (f = 5), como nas falas: "[...] quando nós saí de um lugar pro outro a pessoa fala assim: 'oi cê saiu de lá por quê?' [...] 'cês tava tão bem lá', eles falam." (Gari O); "Você sabe pra onde vai pegar o serviço no dia. Isso de ficar andando sem saber é ruim." (Gari S).
Há a preferência de alguns garis em trabalhar nos bairros, pela inter-relação com a população e pelas condições ambientais (menor fluxo de pessoas e trânsito): "Praça não tem, né? É uns... barzinho lá, que deixa você tomar uma aguinha quente, vai no banheiro, uma coisa assim. E nos bairro não, [...] você faz uma amizade incrível, que se for preciso dum banheiro, uma coisa assim" (Gari Q); "[...] eu tava acostumada a trabalhar nos bairros. Nos bairro tem menos carro, tem menos pessoa, né." (Gari O).
Em síntese, nesta categoria, a autonomia (na tarefa) e a permanência nos trechos são aspectos percebidos, pelos garis, como relevantes para a atividade, pela possibilidade de amenizar o desgaste físico e a discriminação social.
Ambiente sociogerencial
Nesta categoria, os participantes estão distribuídos em todos os fatores quase totalmente entre as respostas "Nunca" e "Raramente" (Tabela 5) e não se encontraram diferenças significativas entre as médias. Quatro desses fatores apresentam conotação negativa, por isso tal distribuição significa uma avaliação favorável.
Os escores no fator Falta de Apoio à Execução das Tarefas aparentam que os garis não percebem problemas. Exame dos pontos atribuídos a cada item componente mostra que se atribuiu frequência elevada aos itens referentes à falta de equipamentos e material, enquanto o contrário ocorreu com itens referentes ao relacionamento com as chefias imediatas. Nas entrevistas, os garis assinalaram o não atendimento dos gestores para melhorias do ferramental utilizado, considerados por eles como inadequados e responsáveis por aumentar o desgaste físico: "De ferramenta então ultimamente a gente não tá tendo é nenhuma na empresa, não tá tendo pneu prá por no carrinho. O carrinho quando funciona... porque ele é pesado demais da conta." (Gari R).
Os garis vivenciam essa falta de apoio como desinteresse da organização pelas suas condições de desenvolvimento das tarefas e/ou como abandono. A fala de um dos garis ilustra a existência desse sentimento: "Ultimamente a gente está abandonado, vou repetir mais uma vez a gente está a-ban-do-na-do." (Gari N). Indaga-se, então, se a resignação identificada em relação às consequências dos movimentos repetitivos, também pode ocorrer pelo descrédito em sensibilizar a gestão da organização para seus problemas.
Corroborando a avaliação dos garis, alguns gestores entrevistados manifestaram a necessidade de melhorias no ferramental da varrição. Eles referiram que as mudanças realizadas no ferramental, desde absorção da varrição (1981), foram pequenas, contrastando, com as modernas tecnologias e à sofisticação do planejamento da SLU.
Os resultados sobre a discriminação social indicam que é pouco percebida pela maioria dos garis (95%), contrastando com as entrevistas em que declararam vivenciar discriminação pela profissão (N = 4) e diferenciando-se também aos resultados encontrados pelo Siemaco (2011) e por Soares (2011). A expressão da discriminação não se evidencia no QCT, provavelmente devido à resignação frente às situações relatadas nas entrevistas (f = 6) e, pelo caráter sutil em que a discriminação tende a se manifestar na atualidade, frente às proibições legais.
O fator Gestão do Desempenho Profissional, o único de conteúdo de conotação positiva entre as condições do ambiente sociogerencial, apresenta a distribuição de respostas equivalente aos demais fatores (Tabela 5), significando uma avaliação desfavorável e corroborando os resultados encontrados por Velloso et al. (1998). Os garis relataram, nas entrevistas, diminuição da participação referindo-se às mudanças ocorridas na autarquia (como a transferência dos garis para os parques) e manifestaram crescente insegurança sobre os objetivos da empresa e sua permanência nos postos de trabalho diante da crescente terceirização. Essas reações eram esperadas frente à terceirização (L. O. Borges, 2002; Druck & Franco, 2008). A falta de participação em reuniões e eventos comemorativos promovidos pela gestão, o término de atividades vistas como de valorização do trabalhador e a percepção do distanciamento da administração da SLU fazem com que se sintam desvalorizados pela organização: "Teve um pessoal aqui da ginástica [...] E... agora cabô. Cabô tudo. Tem mais nada. [...] hoje não porque parece que eles num... num tem mais aquele entusiasmo que eles tinha com a gente antigamente, não." (Gari N); "A gente não sabe quem é o superintendente [...]. Eu não sei quem [...] administra isso aqui mais não, ué." (Gari R); "Hoje em dia. É igual eles falam, a SLU já acabou. Ali só tem o nome, né?" (Gari S).
Percebem, portanto, menor comprometimento por parte das gerências e apontam para a desestruturação da organização. Os resultados dos dois fatores - falta de apoio nas tarefas e gestão do desempenho - revelam, portanto, a existência de situações que podem gerar consequências danosas à saúde dos trabalhadores, à prestação de serviço para a comunidade e ao gerenciamento da organização.
Considerações finais
Sobre as condições de trabalho dos garis, em síntese, pode-se concluir que muitos dos seus aspectos divergem do que seja o trabalho decente e que promove a afirmação da condição humana. O fato de o trabalho ser desenvolvido em espaço público contribui para proporcionar autonomia e estabelecer relações sociais, minimizando a penosidade da atividade, porém, em contrapartida, os expõe a situações adversas, inclusive de vivências ambíguas de exclusão/inclusão. Ressalta-se que a execução da tarefa os coloca em contato próximo com a população em períodos estendidos de tempo.
As condições ambientais do hipercentro contribuem para aumentar a exposição dos trabalhadores a situações desgastantes, intensificam aspectos como o ruído, o fluxo de veículos e de pessoas e interferem na execução de trabalho. Sobre as relações entre os trabalhadores e a SLU, destaca-se a insatisfação pela falta de participação na gestão do desempenho profissional, que os aliena das mudanças nos processos de trabalho e de discussões para melhorias do ferramental, semeia insegurança em relação ao futuro da autarquia e à permanência em seus postos de trabalho pela crescente terceirização. A percepção da desvalorização da atividade e do trabalhador gera o sentimento de menos-valia e acarreta manifestações de decepção e de abandono. A confusão entre qualificação e instrução formal, que impede de perceberem necessidades de qualificação, tem contribuído para a falta de investimentos em capacitação e desvaloriza o saber construído pelos garis na execução de suas atribuições, que lhes exigem habilidades para lidar com as dificuldades imprevistas no campo de atuação.
A resignação observada nas falas dos garis em relação a aspectos de más condições de trabalho, embora já assinalada na literatura consultada (Estanislau, 1981), pode estar sendo acentuada pelo isolamento do coletivo de 40 servidores públicos na SLU, quando se considera a adoção em larga escala da terceirização. A presente pesquisa não foi planejada para avaliar tal aspecto, entretanto, importa registrar essa hipótese como sugestão para pesquisa futura.
Os resultados observados permitem sugerir as seguintes medidas:
- Minimizar os impactos decorrentes das situações relatadas, incentivando os garis participarem do processo de gestão de suas atividades e da definição dos objetivos para autarquia, beneficiando a organização e a cidade das experiências dos garis;
- Garantir investimento em pesquisas de novas tecnologias que evitem os desgastes físicos vivenciados, especialmente na forma de movimentos repetitivos;
- Criar estratégias de gerenciamento dos trechos e atividades de forma que os garis contem com acesso à água potável e a banheiros próximo aos locais de execução da tarefa;
- Abordar durante as campanhas de educação ambiental a relevância da varrição de vias e o trabalho do gari para a promoção da saúde pública.
Compreende-se que os resultados encontrados têm um elevado poder transformador do trabalho dos garis de varrição e o pressuposto aqui é que a implementação de ações que considere os resultados apresentados pode implicar uma melhor humanização e racionalidade na organização do trabalho e/ou na efetividade dos serviços à população em geral.
Espera-se que os resultados contribuam para compreender melhor os trabalhadores da varrição de vias. Ressalta-se que a homogeneidade do grupo em referência ao gênero e às condições contratuais e jurídicas é uma característica forte desta pesquisa no que se refere à pertinência dos resultados encontrados, mas, em contrapartida, abre espaço para sugerirmos pesquisas futuras que estabeleçam comparações deste grupo ocupacional com outros.
Dentre os limites da pesquisa, destaca-se aqui que o relatório sobre os resultados foi entregue à SLU, mas, diante da conjuntura social em que se vive na presente década, tendente a atribuir pouca importância às condições de trabalho, nenhuma discussão mais aprofundada foi possível.
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Endereço para correspondência:
Georgina Maria Véras Motta
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Livia de Oliveira Borges
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Submetido em: 25/09/2016
Revisto em: 02/11/2016
Aceito em: 15/11/2016