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Arquivos Brasileiros de Psicologia
versão On-line ISSN 1809-5267
Arq. bras. psicol. vol.71 no.3 Rio de Janeiro set./dez. 2019
https://doi.org/10.36482/1809-5267.ARBP2019v71i3p.137-151
ARTIGOS
Estereótipos e intenção de adotar: explicação baseada nos valores humanos
Stereotypes and intention to adopt: explanation based on human values
Estereotipos y intención de adoptar: explicación basada en valores humanos
Patrícia Nunes da FonsêcaI; Jérssia Laís Fonseca dos SantosII; Maria Lígia de Aquino GouveiaIII; Rayssa Soares PereiraIV; Andrezza Mangueira EstanislauV
IDocente. Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa. Estado da Paraíba. Brasil
IIDoutoranda. Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa. Estado da Paraíba. Brasil
IIIDocente. Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa. Estado da Paraíba. Brasil
IVMestranda. Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa. Estado da Paraíba. Brasil
VMestranda. Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa. Estado da Paraíba. Brasil
RESUMO
Este trabalho objetiva verificar o poder preditivo dos valores humanos na explicação dos estereótipos sobre a criança adotada e da intenção de adotar. Participaram 245 pessoas, sendo a maioria do sexo masculino (59,2%), com idade média de 25,5 anos (DP = 7,10). Estas responderam a Escala de Estereótipos sobre a Criança Adotada, a Escala de Intenção Comportamental de Adotar, o Questionário de Valores Básicos e um questionário sociodemográfico. Os resultados foram consistentes com o modelo teórico adotado. Os valores normativos e de realização atuaram como bons preditores dos estereótipos da criança adotada. Ademais, os valores interativos e de realização foram capazes de predizer a intenção de adotar. Conclui-se que os valores humanos se constituem como uma variável importante na explicação dos estereótipos e na intenção de adotar, possibilitando, assim, a desconstrução de estereótipos negativos e de preconceitos que envolvem a criança adotada, bem como incentivando a prática da adoção.
Palavras-chave: Estereótipos; Adoção; Intenção de Adotar; Valores Humanos.
ABSTRACT
This work aims to check the predictive power of human values in explaining the stereotypes of the adopted child and the intention to adopt. 245 people participated, most of them male (59.2%), with an average age of 25.5 years (SD = 7.10). They answered the Stereotypes of the Adopted Child Scale, the Scale behavioral intention to adopt, the Basic Values Questionnaire and a sociodemographic questionnaire. The results were consistent with the theoretical model adopted. The normative and achievement values served as good predictors of the adopted child's stereotypes. In addition, the interactive and achievement values were able to predict the intention to adopt. It is concluded that human values constitute an important variable in the explanation of stereotypes and the intention to adopt, enabling the deconstruction of negative stereotypes and prejudices involving the adopted child, as well as encouraging the practice of adoption.
Keywords: Stereotypes; Adoption; Intention to Adopt; Human's Values.
RESUMEN
Este documento tiene como objetivo verificar el poder predictivo de los valores humanos al explicar los estereotipos sobre el niño adoptado y la intención de adoptar. Participaron 245 personas, la mayoría hombres (59,2%), con una edad promedio de 25,5 años (DP = 7,10). Éstas respondieron a la Escala de Estereotipos sobre el Niño Adoptado, la Escala de Intención de Comportamiento para Adoptar, el Cuestionario de Valores Básicos y un cuestionario sociodemográfico. Los resultados fueron consistentes con el modelo teórico adoptado. Además, los valores interactivos y de rendimiento fueron capaces de predecir la intención de adoptar. Se concluye que los valores humanos constituyen una variable importante en la explicación de los estereotipos y en la intención de adoptar, permitiendo así la deconstrucción de estereotipos negativos y prejuicios que involucran al niño adoptado, así como incentiva la práctica de la adopción.
Palabras clave: Estereotipos; Adopción, Intención de Adoptar; Valores Humanos.
Introdução
As pesquisas sobre adoção vêm chamando cada vez mais a atenção de pesquisadores nas últimas décadas, permitindo questionamentos acerca da temática, bem como uma maior visibilidade do tema, o qual tem sido enfatizado pela mídia nas novelas, programas, revistas e jornais (Maux & Dutra, 2010). No entanto, destaca-se que a adoção não é uma prática moderna, registros indicam que o ato de adotar é reconhecido há muitos séculos, assumindo diferentes significados e objetivos ao longo da história (Pereira & Azambuja, 2015).
Segundo Valério e Lyra (2016), a adoção tinha o objetivo de garantir uma descendência para casais que não podiam ter filhos. Atualmente tal prática prioriza o direito fundamental à convivência familiar, buscando a inserção da criança em uma família. Não obstante, embora a adoção tenha sido um tema bastante discutido, não tem conseguido mudar o destino da maioria das crianças que continuam tendo o direito a convivência familiar e comunitária violado. Isto deve-se ao fato de que, no Brasil, a adoção ainda é associada, sobretudo, a casos de infertilidade, o que leva as pessoas a buscarem preferencialmente crianças recém-nascidas (Morelli, Scorsolini-Comin, & Santeiro, 2015).
Além disso, a adoção ainda é caracterizada pela existência de mitos e crenças. A forma como a mídia noticia, por exemplo, casos de assassinato dos pais por um filho adotivo, ou como uma novela aborda de forma negativa a filiação adotiva, reforça os estereótipos e preconceitos presentes na cultura coletiva (Valério & Lyra, 2014).
Além da influência midiática, há muita desinformação sobre como são, de fato, as famílias adotivas, o que favorece a sustentação de diversas crenças e estereótipos a respeito do tema. Uma pesquisa realizada por Weber (2011) revelou um número expressivo de ideias preconcebidas e estereótipos relacionados as crianças adotadas, tais como: cedo ou tarde, elas trazem problemas; sempre querem conhecer a família de origem; pais que têm filhos biológicos e adotivos têm mais sentimentos positivos pelos biológicos; é melhor a criança não ter conhecimento sobre sua adoção; elas têm dificuldade para amar seus pais adotivos.
Segundo a autora anteriormente citada, forma-se uma representação negativa acerca da adoção e, principalmente, em relação aos filhos adotivos, percebidos como crianças revoltadas, ingratas com quem lhes acolheu, incapazes de superar o "trauma" por terem sido abandonadas e fadadas a repetir comportamentos inadequados supostamente de seus pais biológicos, o que contribui para enfraquecer a prática da adoção. Portanto, destaca-se a importância de estudos acerca dos estereótipos relativos à criança adotada, uma vez que estes podem influenciar a possibilidade de as pessoas realizarem uma adoção.
Os estereótipos são crenças ou atributos comuns a um grupo social, que cada sujeito atribui a uma classe de pessoas (Aronson, Wilson, & Akert, 2015). Ou seja, são generalizações que as pessoas fazem sobre as características dos membros de um grupo. Tais estereótipos são armazenados na memória, podendo influenciar a percepção social, o julgamento, bem como o comportamento (Fiske, 2000).
Existem estereótipos tanto positivos quanto negativos (Michener, Delamater, & Myer, 2003). No caso das crianças adotadas, geralmente são compartilhados estereótipos negativos, tais como problemáticas, revoltadas, ingratas, indisciplinadas, ansiosas, inseguras (Santos, Fonsêca, Freitas, & Couto, 2018). Além de serem consideradas mais suscetíveis a desenvolverem problemas emocionais, comportamentais e acadêmicos (Zeanah & Sonuga-Barke, 2016).
Estudos (Weber, 1998; 2001; 2011) também têm identificado que a população em geral e até mesmo os pais adotivos apresentam medos em relação à adoção, tais como: (1) adotar uma criança maior devido à dificuldade para educá-la; (2) adotar uma criança que viveu em instituições pelos "maus hábitos" que traria; (3) medo de que a criança possa herdar comportamentos delinquentes dos pais biológicos; e (4) que a criança apresente problemas ao longo do seu desenvolvimento. Portanto, percebe-se que esses medos reforçam os estereótipos de que crianças adotadas são mal-educadas e problemáticas.
Veloso, Zamora e Rocha-Coutinho (2016) relatam que um dos preconceitos mais fortes relacionados à criança adotada refere-se ao medo da herança genética, isto é, os adotantes têm receio de que a criança traga traços negativos de caráter e temperamento, provenientes de uma herança biológica desconhecida. Nesse sentido, Queiroz (2004) aponta que muitos pais passam a questionar a hereditariedade da criança, de modo que os problemas apresentados passam a ser atribuídos diretamente ao fato do filho ser adotado. Os problemas mais apontados pelos pais são: (1) baixo rendimento escolar; (2) dificuldades na aprendizagem; e (3) distúrbios de comportamento, agressividade e desobediência. Portanto, mais uma vez, percebe-se que as crianças adotadas são estereotipadas como malcomportadas, agressivas, desobedientes e pouco estudiosas.
Em contrapartida, o estudo de Weber (2001) permitiu desmistificar alguns estereótipos negativos relacionados às crianças adotadas, evidenciando atributos positivos, a exemplo de afetivas, comunicativas e não problemáticas. Bicca e Grzybowski (2014) também acreditam que as crianças que têm conhecimento sobre sua adoção são vistas como mais ativas, seguras e sociáveis, tendo em vista que a revelação e a aceitação do fato de ser adotada contribuem para uma melhor comunicação e relação entre os pais adotivos e a criança.
Portanto, fica evidenciado que as pesquisas (Bicca & Grzybowski, 2014; Santos et al., 2018; Weber, 1998; 2001; 2011) apontam tanto estereótipos negativos quanto positivos em relação às crianças adotadas. Tais estereótipos são influenciados pelos valores humanos, definidos como princípios que guiam os comportamentos e representam cognitivamente as necessidades humanas (Gouveia, 2013).
Os valores humanos são importantes para a compreensão das ações, julgamentos, escolhas e opiniões das pessoas (Rokeach, 1973). Logo, eles constituem-se como uma variável relevante na explicação de diversos fenômenos sociopsicológicos (Bardi & Schwartz, 2003). Nesse sentido, a presente pesquisa pretende investigar se os valores humanos são capazes de explicar os estereótipos sobre a criança adotada e a intenção de adotar. Para isso, optou-se por tomar como base a Teoria Funcionalista dos Valores Humanos (Gouveia, 1998; 2013).
No âmbito desta teoria, os valores humanos são entendidos como categorias desejáveis que assumem um caráter orientador das condutas (Gouveia, 1998). O autor propõe em seu modelo duas dimensões funcionais dos valores humanos, que constituem dois eixos principais: um horizontal, representando a dimensão funcional tipo de orientação, que guiam as ações humanas; e um vertical, que corresponde a dimensão funcional tipo de motivador, expressando as necessidades humanas. O eixo horizontal se subdivide em três critérios de orientação (social, central e pessoal), enquanto o vertical se subdivide em dois tipos de motivadores (materialista e humanitário). Cruzando os dois eixos são derivadas seis subfunções específicas dos valores: experimentação, realização, existência, suprapessoal, interativa e normativa.
Como aponta Medeiros (2011), a teoria considera os valores centrais como base ou referência a partir da qual os demais valores têm origem, contemplando a subfunção existência (representa as necessidades mais básica de sobrevivência do homem, bem como a necessidade de segurança) e suprapessoal (relacionada as necessidades de estética e cognição, bem como de autorrealização). Os indivíduos guiados por valores pessoais são egocêntricos, possuindo um foco intrapessoal e são inseridos na subfunção experimentação (enfatiza as necessidades de sexo, gratificação e a busca pelo prazer) e realização (diz respeito às necessidades de autoestima e de competência pessoal). Por outro lado, aquelas pessoas guiadas por valores sociais possuem um foco interpessoal, priorizando a vida em sociedade, e contemplam a subfunção normativa (relacionada a necessidade de controle e as precondições para alcançar todas as necessidades humanas) e interativa (diz respeito às necessidades de pertença, amor e afiliação, enfatizando estabelecer e manter as relações sociais).
Esta teoria tem sido aplicada em diversos estudos, incluindo participantes de todas as regiões do Brasil e de vários países (Gouveia, Fonsêca, Milfont, & Fischer, 2011), o que permitiu demonstrar que o modelo é adequado psicometricamente, tanto no contexto nacional, quanto transcultural (Medeiros, 2011). Sendo assim, considera-se plausível sua utilização nesse estudo.
Ademais, a Teoria Funcionalista tem sido utilizada para explicar os mais variados aspectos da vida social, a exemplo de engajamento escolar (Fonsêca et al., 2016), uso de álcool (Medeiros, Pimentel, Monteiro, Gouveia, & Medeiros, 2015), bullying (Soares, 2013), adoção (Brasileiro, 2014) e preconceito (Vasconcelos, Gouveia, Sousa Filho, & Jesus, 2004; Formiga, 2007).
Um estudo realizado por Brasileiro (2014) verificou que os valores das subfunções experimentação, suprapessoal e interativa foram capazes de explicar as atitudes frente à adoção, ou seja, as pessoas que priorizam esses valores, tendem a ser mais maduras, estando abertas a possibilidades e mudanças, expressando, portanto, atitudes mais favoráveis a adoção. Também foi possível verificar que os valores da subfunção realização explicaram inversamente as atitudes ante a adoção, isto é, pessoas mais individualistas, que se preocupam com suas realizações pessoais pontuaram menos em atitudes positivas frente à adoção, o que revela serem menos predispostas a adotar.
Utilizando como base a mesma teoria, Vasconcelos et al. (2004) evidenciaram que valores da subfunção realização explicam diretamente as atitudes preconceituosas, na medida em que, pessoas guiadas por tais valores dão prioridade aos próprios benefícios e ao sentimento de ser poderoso, buscando relações desiguais que lhes favoreçam, sendo, portanto, mais preconceituosas.
Portanto, observa-se que a Teoria Funcionalista dos Valores Humanos tem trazido recorrentes contribuições, sendo utilizada para explicar diversas variáveis. Deste modo, a presente pesquisa tem como objetivo verificar o poder preditivo dos valores humanos na explicação dos estereótipos da criança adotada e da intenção de adotar.
Método
Participantes
Participaram 245 pessoas da população geral da cidade de João Pessoa (PB). Estas tinham idade entre 18 e 55 anos (M = 25,5; DP = 7,10), sendo a maioria do sexo masculino (59,2%), solteira (76,7%) e com Ensino Superior incompleto (71,0%). Todos os participantes informaram não ter filhos adotivos, 83,3% não possuíam filhos biológicos e 57,6% também não tinham parente adotivo.
Instrumentos
Os participantes foram solicitados a responderem um livreto contendo as seguintes medidas:
Escala de Estereótipos sobre a Criança Adotada (EECA): elaborada por Santos et al. (2018), é composta por 18 itens, distribuídos em três dimensões: atributos indesejáveis (e.g., impulsivas, indisciplinadas); atributos desejáveis (por exemplo: inteligentes, comunicativas); e atributos psicológicos negativos (por exemplo: ansiosas, inseguras). Estes são respondidos em uma escala Likert de cinco pontos, variando de 1 = Discordo Totalmente a 5 = Concordo Totalmente. A medida apresenta consistência interna variando de 0,71 (atributos psicológicos negativos) a 0,87 (atributos indesejáveis) e indicadores de ajuste satisfatórios [CFI = 0,90, TLI = 0,88 e RMSEA = 0,07 (IC90% = 0,067 - 0,088)].
Escala de Intenção Comportamental de Adotar (EICA): elaborada por Brasileiro (2014), objetivando medir o quanto as pessoas estão dispostas a adotar. É composta por cinco itens (por exemplo: na possibilidade de ter um filho adotivo, adotaria; tenho metas claras de adotar um filho) e, para respondê-los, o participante deve avaliar cada item em uma escala tipo Likert que varia de 1 (Discordo totalmente) a 7 (Concordo totalmente). Apresenta um alfa de Cronbach de 0,86 e os seguintes índices de ajuste: [GFI = 0,98, CFI = 0,99 e RMSEA = 0,32 (IC90% = 0,000 - 0,104)].
Questionário dos Valores Básicos (QVB): este instrumento foi elaborado por Gouveia (1998), sendo composto inicialmente por 66 itens. No presente estudo utilizou-se a versão reduzida (Gouveia, 2013) composta apenas por 18 itens (por exemplo: apoio social - obter ajuda quando a necessite; sentir que não está só no mundo; prazer - desfrutar da vida; satisfazer todos os seus desejos). Estes são respondidos em uma escala tipo Likert que varia de 1 (Totalmente não importante) a 7 (Extremamente importante). As seis subfunções (experimentação, realização, suprapessoal, existência, interativa e normativa), no contexto nacional, especificamente na região Nordeste, apresentam consistência interna variando de 0,39 (subfunção realização) a 0,55 (subfunção existência), bem como indicadores de ajuste satisfatórios [GFI = 0,94, CFI = 0,82 e RMSEA (IC90%) = 0,07 (0,07 - 0,07)] (Medeiros, 2011).
Questionário sociodemográfico: contendo questões referentes à idade, sexo, estado civil, religião, escolaridade e se possuíam filhos biológicos, adotivos ou parente adotado.
Procedimentos
Inicialmente a pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética do Centro de Ciências da Saúde (CCSA/UFPB) e obteve parecer favorável (Prot. n° 019/16. CAAE: 53232816.0.0000.5188), sendo respeitadas todas as normas éticas exigidas pela Resolução n° 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.
A coleta de dados foi realizada em locais diversos (e.g. praças, shoppings, ruas) por meio de um questionário de lápis e papel, bem como na versão online, sendo compartilhado por redes sociais e e-mails. Na oportunidade foram explicados os objetivos da pesquisa, o caráter voluntário, o anonimato das respostas, bem como possibilidade de desistir a qualquer momento sem acarretar qualquer prejuízo. Os participantes responderam individualmente, cada um consentiu sua participação, por meio da concordância do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os participantes levaram, em média, cerca de 20 minutos para responder ao questionário.
Análise de dados
Os dados foram analisados por meio do software Statistical Package for Social Sciences - SPSS (versão 21). Inicialmente, calculou-se as estatísticas descritivas, para caracterização da amostra, em seguida foram realizadas correlações de Pearson para verificar como se associam as variáveis estudadas. Por fim, realizaram-se análises de regressão, utilizando o método stepwise, para analisar o poder preditivo dos valores humanos e estereótipos da criança adotada em relação à intenção de adotar. Destaca-se que na análise de regressão, tomou-se os valores humanos como variável previsora (independente) e os estereótipos e a intenção de adotar como variáveis critérios (dependentes), tendo como critério empírico a significância do coeficiente de correlação.
Resultados
Na tentativa de facilitar a compreensão dos leitores os resultados deste estudo serão apresentados em duas subseções principais: (1) Correlação entre valores humanos, estereótipos sobre a criança adotada e intenção de adotar e (2) Valores humanos como preditores dos estereótipos e da intenção de adotar.
Correlação entre valores humanos, estereótipos e intenção de adotar
Para verificar as correlações entre os valores humanos, os estereótipos sobre a criança adotada e a intenção de adotar foram efetuados os somatórios dos itens de cada escala (QVB, EECA e EICA) com a finalidade de obter uma pontuação total. Posteriormente, procedeu-se com uma análise de correlação de Pearson (r), que permitiu conhecer o padrão de correlações entre as variáveis, sendo os resultados especificados na Tabela 1.
Como pode ser visto na Tabela 1, com relação aos estereótipos sobre a criança adotada foram observadas correlações significativas (p < 0,05) desse construto com os valores humanos. Especificamente, a dimensão atributos indesejáveis se correlacionou positivamente com a subfunção realização (r = 0,13; p < 0,05). A dimensão atributos desejáveis se correlacionou de forma positiva com as subfunções normativa (r = 0,66; p < 0,01) e existência (r = 0,17; p < 0,01) e com os tipos de orientação central (r = 0,16; p < 0,05) e social (r = 0,21; p < 0,01), porém apresentou correlações negativas com a subfunção realização (r = -0,13; p < 0,05). Por sua vez, a dimensão atributos psicológicos negativos apresentou correlações positivas com as subfunções existência (r = 0,14; p < 0,05), normativa (r = 0,48; p < 0,01) e com o tipo de orientação central (r = 0,13; p < 0,05).
No que diz respeito à intenção de adotar, observou-se que esta se correlacionou positivamente com a subfunção interativa (r = 0,16; p < 0,05) e negativamente com a subfunção realização (r = -0,13; p < 0,05).
Valores humanos como preditores dos estereótipos e da intenção de adotar
A fim de verificar o poder preditivo dos valores humanos sobre os estereótipos da criança adotada, bem como a intenção de adotar, realizaram-se análises de regressão linear múltipla, considerando que esta permite avaliar o efeito que uma ou mais variáveis antecedentes tem em uma variável consequente (Dancey & Reidy, 2006), utilizando-se o método stepwise. Desse modo, em um primeiro momento, tomou-se as subfunções valorativas como variável preditora (variável independente), tendo como critério empírico a significância do coeficiente de correlação na seleção para entrar na análise de regressão, e as dimensões da EECA, como variável critério (variável dependente). Posteriormente realizou-se o mesmo procedimento, porém, considerando como variável dependente a EICA.
Com relação aos estereótipos sobre a criança adotada, os resultados das análises demonstraram que a subfunção realização foi tida como preditora dos atributos indesejáveis relativos às crianças adotadas, enquanto a subfunção normativa foi capaz de predizer os atributos desejáveis e os atributos psicológicos negativos. Os resultados desta análise podem ser vistos detalhadamente na Tabela 2.
Conforme a Tabela 2, verificou-se que apenas os valores de realização e normativos explicaram os estereótipos sobre a criança adotada. No caso da subfunção realização [R = 0,13; R2 = 0,02; F(1;243) = 4,30, p < 0,001] explicou 2% dos atributos indesejáveis destas crianças, contribuindo de forma direta (β = 0,13; t = 2,07 p < 0,001) na explicação dos estereótipos acerca das crianças adotadas. Por sua vez, a subfunção normativa explicou diretamente 44% dos atributos desejáveis [R = 0,66; R2 = 0,44; F(1;243) = 192,11, p < 0,001] (β = 0,66; t = 13,86 p < 0,001) e 2% dos atributos psicológicos negativos [R = 0,13; R2 = 0,02; F(1;243) = 76,01, p < 0,001] (β = 0,48; t = 8,71 p < 0,001).
No que se refere à intenção de adotar, foi possível observar que as subfunções interativa e realização apresentaram-se como melhores preditoras. Os resultados desta análise se encontram descritos na Tabela 3.
Conforme a Tabela 3, constatou-se que a subfunção interativa [R = 0,16; R2 = 0,02; F(2;244) = 6,63, p < 0,001] explicou 2% da variância total do construto em questão, contribuindo de forma direta (β = 0,22; p < 0,05) na intenção de adotar. Já a subfunção realização [R = 0,16; R2 = 0,02; F(2;244) = 8,22, p < 0,001] explicou 6% da intenção de adotar, tratando-se de uma explicação de ordem inversa (β = -0,20; p < 0,05).
Em resumo, observou-se que as subfunções realização, existência e normativa se correlacionaram com os estereótipos sobre a criança adotada. No entanto, apenas as subfunções realização e normativa foram capazes de explicar esses estereótipos. Por outro lado, as subfunções interativa e realização se correlacionaram com a intenção de adotar, sendo caracterizadas como preditoras de tal intenção. Desse modo, pode-se afirmar que os valores humanos permitem explicar parcialmente tanto os estereótipos atribuídos as crianças adotadas, quanto a intenção das pessoas realizarem uma adoção.
Discussão
O presente estudo buscou verificar o poder preditivo dos valores humanos na explicação dos estereótipos sobre a criança adotada e da intenção de adotar. Os resultados encontrados alinham-se com estudos anteriores, confirmando a importância dos valores humanos para a compreensão das ações, julgamentos, opiniões e escolhas (Gouveia, 2013; Rokeach, 1973). Além de fornecer mais evidências sobre o poder dos valores humanos em explicar construtos psicológicos (Bardi & Schwartz, 2003).
Foi possível evidenciar que a subfunção realização se correlacionou positivamente com a dimensão atributos indesejáveis e negativamente com a dimensão atributos desejáveis. Tal subfunção, apresentou-se como preditora dos estereótipos negativos da criança adotada. Ao se fazer uma análise desses resultados, percebe-se que são coerentes com o modelo teórico adotado (Gouveia, 1998; 2013), tendo em vista que pessoas guiadas por valores de realização têm um foco intrapessoal e dão prioridade aos próprios benefícios, bem como ao sentimento de ser importante e poderoso. A ênfase no poder faz com que estas pessoas busquem relações desiguais que lhes favoreçam, o que lhes tornam mais preconceituosas (Vasconcelos et al., 2004). Neste caso, o fato de os indivíduos pontuarem mais na dimensão atributos indesejáveis, ou seja, perceberem as crianças adotadas como agressivas, indisciplinadas, revoltadas, permite que eles se sintam superiores e mais importantes em relação a este grupo. Sendo assim, passam a atribuir menos características desejáveis (por exemplo: inteligentes, estudiosas) a estas crianças.
Os achados também apontaram que a subfunção existência se correlacionou de forma positiva com as dimensões atributos desejáveis e atributos psicológicos negativos. No entanto, esperava-se que tal subfunção se correlacionasse apenas com os estereótipos positivos da criança adotada, tendo em vista que pessoas guiadas por valores de existência dão prioridade as necessidades mais básicas (por exemplo: comer, beber, dormir), preocupando-se com a saúde e bem estar (Gouveia, 2013), e não dando importância as características ou traços específicos dos indivíduos. Todavia, além das necessidades biológicas, essas pessoas dão muita importância a satisfação das necessidades psicológica dos indivíduos, o que pode explicar o fato de terem atribuído estereótipos negativos, tais como ansiosas, inseguras, dependentes, sugerindo que as crianças adotadas não apresentam um bem-estar psicológico.
Do mesmo modo, a subfunção normativa se correlacionou de forma positiva com as dimensões atributos desejáveis e atributos psicológicos negativos, caracterizando-se como preditoras destas dimensões. Considerando que adoção não é uma forma tradicional de ter um filho, esta prática pode ser vista de forma negativa por indivíduos que priorizam valores normativos, tendo em vista que são pessoas que prezam pelas regras e tradição.
No entanto, destaca-se que a subfunção normativa apresentou maior poder explicativo em relação aos estereótipos positivos sobre a criança adotada. Assim, levando em conta que os indivíduos guiados por valores normativos geralmente são mais velhos, maduros e buscam obedecer às regras sociais (Gouveia et al., 2011), era esperado que esses atribuíssem características desejáveis a criança adotada. Pessoas mais maduras tendem a não dá tanta importância aos julgamentos dos pares, pois embora escutem a opinião do outro, sabem que isso não influenciará suas ações. Desse modo, ainda que as crianças adotadas sejam julgadas e vistas de forma negativa pela sociedade, essas pessoas não levam em consideração tais julgamentos, passando a percebê-las de forma mais positiva. Além do mais, por seguirem as normas sociais à risca, tendem a não apontar características negativas das pessoas, sendo até mesmo uma maneira de não expressarem preconceitos, já que isto não é visto com "bons olhos" pela sociedade.
Evidenciou-se ainda que, os valores centrais se correlacionaram positivamente com as dimensões atributos desejáveis e atributos psicológicos negativos. Esta relação pode ser justificada pelo fato de que as pessoas guiadas por valores centrais são mais maduras e centradas, preocupando-se com o bem-estar dos indivíduos (Gouveia, 2013), apresentando assim uma visão positiva em relação à criança adotada. Simultaneamente, tal preocupação com o bem-estar físico e psicológico dos indivíduos, pode explicar a relação dos valores centrais com os atributos psicológicos negativos da criança adotada.
Por fim, verificou-se que os valores sociais se correlacionaram de forma positiva com a dimensão atributos desejáveis. Isto pode ser explicado pela natureza desses valores, que apresentam um foco interpessoal, isto é, pessoas guiadas por valores sociais priorizam a vida em sociedade, enfatizando as relações sociais e atributos mais afetivos (Medeiros, 2011). Desse modo, as pessoas que priorizam tais valores, tendem a perceber as crianças adotadas de forma mais positiva, atribuindo-lhes estereótipos desejáveis, tais como educadas, comunicativas, estudiosas, já que são características que favorecem as relações interpessoais.
Quanto à relação entre os valores humanos e a intenção de adotar, foi possível verificar que os valores das subfunções interativa e realização explicaram a intenção de adotar. Especificamente os valores interativos explicaram diretamente tal intenção, o que já era esperado, tendo em vista que pessoas guiadas por esses valores, geralmente são jovens que buscam constituir uma família (Milfont, Gouveia, & Costa, 2006) e que priorizam as relações íntimas e familiares, compartilhando cuidado, afeto e confiança (Gouveia, 2013). Em contrapartida, os valores de realização explicaram inversamente a intenção de adotar, na medida em que pessoas guiadas por esses valores são egocêntricas e se preocupam com suas realizações pessoais (Gouveia et al., 2011), pensando menos no próximo e apresentando, portanto, menos intenção de adotar uma criança. Tais resultados foram encontrados em outros estudos, em que os valores da subfunção realização predizem atitudes preconceituosas (Vasconcelos et al., 2004) e atitudes implícitas frente a adoção (Brasileiro, 2014).
Em linhas gerais, verificou-se que pessoas guiadas por valores da subfunção realização, tendem a apresentar mais estereótipos negativos frente à criança adotada, sobretudo no que se refere aos atributos indesejáveis. Já as pessoas que priorizam valores das subfunções existência e normativa atribuem mais estereótipos positivos, embora, enfatizem também atributos psicológicos negativos. Coerente com o que estabelece a Teoria Funcionalista dos Valores Humanos, as subfunções realização, existência e normativa, que correspondem ao eixo horizontal, sugerem que as pessoas são diferentes, apresentando capacidades e condições de vida diferenciadas (Gouveia, 2013). Portanto, isso explica a relação destas subfunções com os estereótipos, visto que estes têm a função de diferenciar um grupo do outro (Tajfel, 1972).
No que se refere a intenção de adotar, evidenciou-se que quanto mais as pessoas se preocupam com suas realizações pessoais e são mais individualistas, apresentam menos intenção de adotar uma criança. Em contrapartida, pessoas que se preocupam com o próximo e são mais afetivas possuem maior intenção de adotar. Frente a estes resultados considera-se que, em decorrência das mudanças sociais e econômicas, percebe-se que as pessoas têm se tornado mais individualistas, cada indivíduo pensa em si mesmo, em suas metas e interesses pessoais. Além disso, a autovalorização tem se tornado cada vez mais forte, na medida em que é incentivado o exibicionismo através das mídias sociais, por exemplo, em que se compartilham apenas fotos de bons momentos e vitórias pessoais. Diante desse cenário atual, as pessoas passam a pensar menos no outro, priorizando valores de realização, o que, de certa forma, pode enfraquecer a prática da adoção.
Em suma, acredita-se que os valores humanos se constituem uma variável importante na explicação dos estereótipos sobre a criança adotada, bem como na intenção de adotar. Fornecendo, deste modo, dados empíricos para o desenvolvimento de estratégias e intervenções que busquem desconstruir as crenças, os estereótipos negativos e os preconceitos que envolve a adoção, sobretudo a criança adotada. Além de incentivar as pessoas a adotarem crianças ou adolescentes.
Conclusões
Levando em consideração os resultados apresentados acima, conclui-se que o objetivo da presente pesquisa foi alcançado, no entanto, ressalta-se que este estudo, a exemplo de qualquer outro estudo científico, não está isento de limitações. Por exemplo, o fato de a amostra ter sido por conveniência (Tabachnick & Fidell, 2013), o que restringe as possibilidades de generalização dos achados. Porém, pondera-se que este estudo não pretendeu generalizar os resultados.
Destaca-se também o tipo de delineamento empregado, o qual trata-se de um estudo correlacional, que não permite fazer afirmações de causa e efeito entre as variáveis estudadas, sendo isso restrito às pesquisas experimentais (Breakwell, Hammond, Fife-Schaw, & Smith, 2010). Sendo assim, não se pode afirmar que uma pessoa que prioriza valores de realização, por exemplo, apresente, necessariamente estereótipos negativos em relação à criança adotada e não tenha nenhuma intenção de adotar. Não obstante, tais limitações não invalidam a contribuição dos achados da presente pesquisa, os quais proporcionam evidências científicas para a temática em questão, contribuindo, assim, para o arcabouço da Psicologia Social.
Frente a essas limitações, sugerem-se que novas pesquisas acerca da temática sejam desenvolvidas. Aconselha-se que em estudos futuros sejam utilizadas amostras maiores e mais heterogêneas, de preferência representativas da população de interesse. Seria interessante replicar esta pesquisa em outro contexto, contando, por exemplo, com a participação de pretendentes e não pretendentes à adoção, a fim de verificar se essas pessoas priorizam valores humanos que favorecem uma visão positiva da criança adotada. É relevante também considerar, além dos valores humanos, outros potenciais preditores dos estereótipos sobre a criança adotada, a exemplo de personalidade e empatia.
Ademais, considerando a relevância social da adoção, este estudo se propôs a discutir a temática, proporcionando a socialização de conhecimentos, bem como a reflexão dos preconceitos e estereótipos que envolvem a adoção, sobretudo a criança adotada. No plano prático, espera-se que os resultados desta pesquisa possibilitem discussões que ultrapassem as produções científicas, de modo que profissionais, a exemplo dos psicólogos, possam orientar famílias que pretendem adotar, promover discussões em grupos de apoio a adoção, no sentido de identificar o quanto as pessoas estão abertas a esta prática e se seus valores influenciam o poder de decisão de quererem adotar ou não.
Além disso, espera-se que os resultados aqui evidenciados proporcione dados que possam ser somados ao perfil dos pretendentes à adoção, sendo incluídos no Cadastro Nacional de Adoção, por exemplo, de modo que se possa ter uma compreensão mais globalizada dos aspectos que podem influenciar na decisão de adotar ou não uma criança. Igualmente, almeja-se que sejam promovidas campanhas ou ações sociais, fundamentada nos valores humanos, que busquem conscientizar as pessoas sobre a importância da adoção e, simultaneamente, estimular tal prática.
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Submetido em: 13/08/2018
Revisto em: 09/05/2019
Aceito em: 29/07/2019