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Contextos Clínicos
versão impressa ISSN 1983-3482
Contextos Clínic vol.10 no.1 São Leopoldo jan./jun. 2017
https://doi.org/10.4013/ctc.2017.101.07
ARTIGOS
Avaliação e intervenção para o medo e fobia de dirigir: revisão da literatura
Assessment and intervention for fear and phobia of driving: literature review
Jocemara Ferreira MognonI; Acácia Aparecida Angeli dos SantosII; Salete Coelho MartinsIII
IUniversidade São Francisco e Centro Universitário Unibrasil. Rua Konrad Adenauer, 442, Tarumã, 82820-540, Curitiba, PR, Brasil. jocemognon@gmail.com
IIUniversidade São Francisco. Rua Waldemar César da Silveira, 105, 13045-510, Campinas, SP, Brasil. acacia.angeli@gmail.com
IIIPsicotran. Rua Buenos Aires, 466 Conj. 155, 80250-070, Curitiba, PR, Brasil. sallecoelho@hotmail.com
RESUMO
O objetivo deste estudo foi analisar a produção científica sobre a avaliação e a intervenção realizada com pessoas que têm medo ou fobia de dirigir. Foram utilizados os descritores 'medo de dirigir' e 'fobia de dirigir' em português, espanhol e inglês nas bases de dados SciELO, PePSIC, Periódicos CAPES e Google Acadêmico. Foram encontrados 119 estudos e, com base nos critérios de inclusão/exclusão, foram analisados 28 artigos. Os resultados identificaram a predominância de participantes do sexo feminino, na faixa etária de 35 a 45 anos e que aprenderam a dirigir mais tardiamente. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas para as variáveis sociodemográficas e para o tempo de licença como motorista. Além disso, nem sempre o medo dirigir decorre de ter sofrido um acidente de trânsito, embora esses motoristas tenham maiores chances. As situações mais temidas pelas pessoas com medo de dirigir foram agrupadas em relação à via, ao veículo, às condições climáticas/ metereológicas e às condições pessoais/sociais. Foram encontrados apenas sete artigos que traziam informações sobre a construção, a adaptação ou a busca de evidência de validade de instrumentos de avaliação do medo de dirigir. Os estudos de intervenção tiveram como objetivo diminuir ou extinguir o comportamento de evitar dirigir, aumentar o contato com o veículo, aprimorar as habilidades na direção e, consequentemente, a confiança em dirigir. As técnicas de tratamento incluíram relaxamento e treino de respiração, dessensibilização in vivo e sistemática e uso de simuladores de direção VRET. Conclui-se que tem aumentado o interesse dos pesquisadores pelo tema, mas que são necessários novos estudos, principalmente no que tange às intervenções terapêuticas.
Palavras-chave: medo, fobia, revisão de literatura.
ABSTRACT
The objective of this study was to analyze the scientific production on evaluation and intervention performed with people who are afraid of driving or have driving phobia. The descriptors 'fear of driving' and 'driving phobia' were used in Portuguese, Spanish and English in the SciELO, PePSIC, CAPES Periodical and Google Academic databases. From the 119 studies found, based on the inclusion/exclusion criteria, 28 articles were analyzed. The results identified a predominance of female participants aged 35-45 years who learned to drive later. No statistically significant differences were found for sociodemographic variables and driver license time. In addition, not always fear of driving is due to having suffered a traffic accident, although these drivers have greater probability of being afraid of driving. The most feared situations by people who suffered from fear of driving were grouped in relation to the road, vehicle, weather conditions and personal/ social conditions. Only seven articles were found that provided information about the construction, adaptation or search for validity evidence of instruments to assess the fear of driving. Intervention studies aimed to reduce or extinguish driving avoidance behavior, increase contact with the vehicle, improve driving skills and, consequently, confidence in driving safely. Treatment techniques included relaxation and breathing training, in vivo and systematic desensitization and use of steering simulators VRET. It is concluded that the researchers' interest in the subject has increased, but that further studies are needed, especially regarding therapeutic interventions.
Keywords: fear, phobia, literature review.
Segundo o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - DSM-5 (APA, 2014), o medo é uma emoção que envolve a percepção de um perigo iminente que pode ser real ou imaginário e que serve como uma defesa do organismo. Entretanto, quando se torna exagerado em relação a uma determinada situação, torna-se um transtorno de ansiedade denominado de fobia específica. Dentre os critérios diagnósticos, são mencionados: o medo acentuado e persistente diante da presença ou antecipação do estímulo fóbico; medo desproporcional ao contexto real; persistência do sintoma por mais de seis meses e, por fim, o fato de ser a causa de prejuízo social e ocupacional. Todavia, o entendimento clínico sobre o medo de dirigir começou a ser discutido apenas no final da década de 1970 e vem se ampliando com o aumento de investigações científicas nessa área, principalmente, a partir dos anos 2000 (Taylor et al., 2007a).
O medo, ou fobia, de dirigir pode variar de um nível leve, tal como uma relutância em dirigir, à evasão completa de condução e, até mesmo, de andar como passageiro em um veículo (Taylor et al., 2011). O transtorno é nomeado de amoxofobia e a sua compreensão tem sido considerada complexa (Taylor et al., 2000), uma vez que esses temores podem ter vários antecedentes (Rovetto, 1983), como uma combinação de características de fobia, transtorno de pânico com agorafobia e estresse pós-traumático (Ehlers et al., 1994; Taylor et al., 2000).
Inicialmente, o foco do tratamento do medo de dirigir foi voltado para o cuidado de pessoas que haviam sofrido acidentes de trânsito, mas a literatura tem avançado, mostrando que essa relação nem sempre está presente nos pacientes (Taylor et al., 2007a). Segundo Corassa (2000), com base em sua prática clínica, dentre as características mais frequentemente, estão o receio de errar, de ser criticado, de perder o controle do veículo, de sofrer um acidente, de atropelar um pedestre e de se machucar.
Os motoristas com medo de dirigir subestimam as suas próprias habilidades e acreditam que outras pessoas estão observando e avaliando o seu comportamento e os erros que cometeram (Costa et al., 2014). Essa sensação é pertinente, pois, para Bellina (2005), as pessoas são muito críticas com os motoristas que têm medo de dirigir, pois empregam julgamentos considerando fraqueza ou até incompetência, visto que, para quem já tem os comportamentos de dirigir automatizados, é difícil entender o medo de dirigir. No entanto, não tem ficado claro na literatura se os motoristas com medo de dirigir representam algum risco para o trânsito (Taylor et al., 2011), bem como se a baixa confiança sobre a habilidade na direção desempenha papel no medo de dirigir ou se seria o contrário (Taylor et al., 2007b).
Para Marín (2011), o medo de dirigir deve ser uma preocupação social, pois a sua manifestação pode ser incapacitante e um perigo para o trânsito, uma vez que, segundo Wald e Taylor (2000), reduz o processamento de informação e pode prejudicar o desempenho na condução, aumentando o risco de erros, a evasão e até os acidentes de trânsito. Entretanto, estudos têm mostrado que o medo aumenta a percepção de risco e faz com que os motoristas evitem situações de risco que possam gerar perigo no trânsito (Lu et al., 2013; Taylor et al., 2011).
Em termos de tratamento eficaz para o medo de dirigir, primeiramente, é necessário entender a etiologia, a manutenção e suas consequências para o indivíduo (Taylor et al., 2007b). Geralmente, o tratamento envolve atendimento psicoterápico, com base na terapia comportamental, utilizando a exposição às situações/objetos temidos, seja pela experiência do sentir e do pensar, pela dessensibilização in vivo ou pela exposição à realidade virtual (VRET) (Haydu et al., 2014; Wald e Taylor, 2003). Atualmente, a VRET tem sido bastante discutida, uma vez que fornece benefícios, tais como um ambiente controlado, padronizado, com possibilidade de repetição da prática e situações que na realidade poderiam ser perigosas e temidas pelo paciente, enquanto que as desvantagens são o alto custo e a possibilidade de não ser realista para todos os pacientes (Costa et al., 2010; Haydu et al., 2014).
Em uma revisão sistemática sobre a eficácia da VRET, Costa et al. (2010) concluíram que, após a finalização dos atendimentos, 83% dos motoristas aumentaram a frequência de direção e diminuíram significativamente os escores em angústia, ansiedade na condução, estresse pós-traumático e depressão. Os resultados promissores com a VRET impulsionam o desenvolvimento de várias interfaces, que têm sido utilizadas no tratamento do medo de dirigir. Paiva et al. (2007) desenvolveram uma interface em que é possível a criação de rotas customizadas pelos próprios psicólogos de acordo com o perfil de cada paciente, configurando aspectos externos à rota, tais como tráfego, condições climáticas, quantidade de carros e pedestres nas ruas, se a rota será percorrida ao anoitecer, ou durante o dia, se terá chuva e neblina.
As discussões na literatura sobre o medo de dirigir têm aberto um leque de possibilidades para a compreensão do fenômeno, assim como também para o tratamento desses pacientes. No Brasil, vários são os psicólogos interessados nessa demanda profissional, e já foram publicados livros descrevendo a prática (Bellina, 2005; Corassa, 2000), e, em 2015, foi realizado o primeiro Congresso Nacional online com foco na superação do medo de dirigir - CONDIR. Sob essa perspectiva, e considerando a importância de reunir e analisar o conhecimento divulgado na literatura foi estabelecido como objetivo realizar um levantamento da produção científica sobre o medo de dirigir, focalizando, principalmente, a avaliação e a intervenção.
Método
Foi realizado um levantamento de estudos utilizando os descritores 'medo de dirigir' e 'fobia de dirigir' em português, inglês e espanhol nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Periódicos Eletrônicos de Psicologia (PePSIC), Periódicos CAPES e Google Acadêmico no mês de novembro de 2016. Não foi determinado período para que os artigos fossem analisados, na intenção de verificar a amplitude da área. Contudo, foram estabelecidos como critérios de inclusão: (a) apenas artigos científicos com revisão por pares, de modo a se selecionar apenas a literatura indexada; (b) com delineamento metodológico (empírico); (c) redigidos nos idiomas português, inglês e espanhol; d) com temática que envolvesse especificamente o medo ou fobia de dirigir no trânsito. Os critérios de exclusão foram: (a) capítulos de livros, resenhas, monografias, dissertações e teses; (b) artigos que envolviam também a descrição de outros medos ou transtornos; (c) artigos que ao invés de se referir ao medo de dirigir descrevem sobre o medo em sofrer acidentes, por exemplo.
Foram realizadas as buscas e com base nos títulos e resumos foram recuperados 120 artigos, distribuídos em Periódicos CAPES (n = 106), SciELO (n = 7), PePSIC (n = 1) e Google Acadêmico (n = 6). Verificou-se que do total de artigos, 44 tinham como foco transtornos que poderiam dificultar o ato de dirigir (por exemplo, síndrome do pânico; depressão). Além disso, 19 deles estavam repetidos na mesma base ou em bases de dados diferentes. Também foram excluídos 29 estudos que não se referiam especificamente ao medo de dirigir em motoristas ou futuros motoristas, mas em outros medos ou fobias, como exemplo, de voar e de sofrer acidentes. Assim, foram analisados na íntegra 28 artigos que foram agrupados em três temas (a) os que descreviam as características das pessoas com medo de dirigir; (b) os que tinham como foco a construção e adaptação de instrumentos de avaliação do medo de dirigir e (c) os que descreviam intervenções realizadas sobre o medo de dirigir.
Resultados e discussão
Na Tabela 1 são apresentadas as descrições dos artigos da primeira temática que procuraram analisar as características das pessoas com medo de dirigir. Nela estão também sumarizadas as informações sobre a base de indexação do artigo, autores, ano, objetivo e resultados obtidos nos estudos selecionados.
Como pode ser observado na Tabela 1, foram agrupados 14 artigos, a maioria indexada nas bases de dados Periódicos CAPES (n = 5) e Google Acadêmico (n = 5). Verifica-se que oito estudos foram publicados por pesquisadores da Nova Zelândia, seguido pelos dos Estados Unidos e do Brasil. Neste grupo de artigos analisados, o mais antigo é do ano de 1994, havendo um aumento de publicações depois do ano de 2000. No Brasil, os estudos sobre a caracterização dos motoristas com medo de dirigir são mais recentes, datados a partir de 2013.
Nota-se, a partir da análise dos artigos selecionados nesse primeiro agrupamento, que o intuito dos autores foi de buscar compreender o fenômeno, descrevendo as características clínicas e sociodemográficas, bem como os motivos para o desencadeamento do medo dirigir e suas consequências. Na literatura tem sido discutido que o medo ou fobia de dirigir pode causar a perda de autonomia nas atividades cotidianas, constrangimento social e consequentemente, redução na qualidade de vida (Clapp et al., 2011; Costa et al., 2014). De acordo com os estudos, as amostras de motoristas com medo de dirigir foram predominantemente constituídas por mulheres (Ehlers et al., 1994; Taylor et al., 1999, 2000, 2008; Marín, 2011), com idades na faixa etária dos 35 a 55 anos (Alpers et al., 2005; Costa et al., 2014; Taylor et al., 1999) e que aprenderam a dirigir mais tardiamente, na faixa etária dos 20 a 30 anos (Marín, 2011; Taylor et al., 2007a). Apesar de que no estudo com motoristas habilitados, Taylor et al. (2007a) não verificaram diferenças significativas para a idade e outras variáveis sociodemográficas, como estado civil, emprego, tempo de licença como motorista e experiência na direção.
Considera-se que a descrição das informações sociodemográficas é relevante para compreender os aspectos sociais que podem contribuir para o fenômeno. Segundo Almeida et al. (2005), não é possível se estudar o trânsito sem discutir questões de gênero, escolaridade e o nível socioeconômico. No que se refere ao gênero, por exemplo, os autores afirmam que existem diferenças nos papéis sociais de homens e mulheres motoristas e em suas relações com o trânsito. Em muitas situações, as mulheres são desqualificadas como motoristas, prevalecendo a crença social de que são piores. Por outro lado, recai sobre os homens a expectativa de que, obrigatoriamente, devem se sair bem como motoristas, o que possivelmente faz com que tenham maior dificuldade para assumir o seu medo na direção.
Conforme Taylor et al. (1999), existem dificuldades para estabelecer os motivos do medo de dirigir. Inicialmente a explicação para o medo ficava restrita aos que haviam sofrido acidentes de trânsito, contudo, os estudos demonstram que nem sempre esse é o motivo para o medo de dirigir (Taylor e Deane, 1999, 2000; Taylor et al., 1999). Entretanto, motoristas que relataram ter sofrido acidentes de trânsito apresentaram maiores chances de desenvolver o transtorno (Barp e Mahl, 2013; Ehlers et al., 1994; Taylor e Deane, 2000). Vale salientar que os estudos, em geral, não investigaram amplamente a variável do acidente anterior, esclarecendo, por exemplo, se foi o motorista com medo de dirigir responsável pelo acidente, se ele foi apenas vítima, ou ainda, se apenas presenciou um acidente de trânsito. Em acréscimo, é importante que seja investigada a gravidade do acidente, se houve danos de pequena monta no veículo, perda total, pessoas feridas e/ou mortas, para que se possa compreender as crenças que determinam a formação e a manutenção do medo de dirigir.
A análise dos artigos permitiu agrupar as situações mais temidas pelas pessoas com medo de dirigir: (1) em relação à via, como conduzir por rodovias, pontes, túneis, ruas íngremes, intersecções, estacionar, ficar em um engarrafamento, mudar de faixa, dirigir em tráfego intenso, dirigir em lugares desconhecidos e ficar perdido; (2) em relação ao veículo, ter problemas mecânicos, um carro potente, necessidade de dirigir em alta velocidade e de perder o controle na direção; (3) em relação às condições climáticas e metereológicas, como conduzir com chuva, vento, granizo, neblina e à noite; (4) em relação aos aspectos pessoais e sociais, como a necessidade de uma reação rápida e inesperada, de atrapalhar o trânsito, sofrer um acidente de trânsito, sofrer uma lesão, ferir alguém e ser criticado por outras pessoas (Ehlers et al., 1994; Barp e Mahl, 2013; Cantini et al., 2013b; Costa et al., 2014; Taylor e Deane, 2000; Taylor et al., 2007a, 2000). Entre os receios psicológicos dos motoristas com medo de dirigir estão: sentir muita ansiedade, apresentar uma situação corporal ou mental intensa e desagradável e sofrer um ataque de pânico (Ehlers et al., 1994; Taylor et al., 2007a). Realmente, estas são situações que podem ocorrer, uma vez que os estudos têm descrito que os motoristas temerosos podem apresentar também desordem de ansiedade, como traço e como estado, fobia específica, transtorno de pânico e depressão (Alpers et al., 2005; Taylor e Deane, 1999; Taylor et al., 2007a, 2007b, 2008; Taylor e Paki, 2008). Ademais, podem apresentar também sintomas fisiológicos intensos como batimento cardíaco, condutância da pele (transpiração) e expiração de dióxido de carbono (Alpers et al., 2005; Taylor e Deane, 1999).
Dos 14 artigos descritos na Tabela 1, em apenas um deles não foi utilizado um instrumento psicométrico para a avaliação do medo de dirigir. Para Cantini et al. (2013a), os instrumentos psicométricos são fundamentais para o avanço da investigação na área e para a prática clínica, uma vez que eles contribuem para conceituar o transtorno e também para a elaboração do plano terapêutico. No entanto, pelos critérios do levantamento foram encontrados apenas sete artigos que traziam informações sobre a construção, adaptação ou busca de evidência de validade aos instrumentos, como pode ser observado na Tabela 2.
Pelas informações da Tabela 2 verifica-se que ainda há um número pequeno de medidas para avaliação do medo de dirigir, como o Driving Cognitions Questionnaire - DCQ (Ehlers et al., 2007) e o Cuestionario para Evaluar el Miedo a Conducir en Preconductores - CEMICP (Marín, 2011). Também são citados outros questionários desenvolvidos para avaliar aspectos relacionados com o construto, a saber: comportamentos ansiosos na direção, o Driving Behavior Survey - DBS (Clapp et al., 2011) e o comportamento evitativo, Driving and Riding Avoidance Scale - DRAS (Taylor e Sullman, 2008).
Ao analisar o método dos artigos identificou-se a descrição de outros questionários para avaliar o fenômeno do medo de dirigir. Contudo, não foram encontradas publicações específicas relatando a construção ou a busca de evidência de validade para esses instrumentos. Pode-se citar o Fear of Driving Inventory (FDI; Walshe et al., 2003) que mede a ansiedade em viajar, a esquiva de viagens e as estratégias não adequadas de dirigir. Também há o Driving Situations Questionnaire (DSQ, Ehlers et al., 1994) que é uma medida que avalia a severidade da ansiedade para dirigir.
Como visto na Tabela 2, há no Brasil dois instrumentos adaptados para serem utilizados em pesquisas com pessoas que têm medo de dirigir que estão em fase de estudos de suas evidências de validade (Cantini et al., 2013a; Carvalho et al., 2011). Recentemente, os resultados com o DCQ indicaram boas perspectivas atestando a sua qualidade psicométrica para a avaliação de cognições relativas ao medo de dirigir (Gomes et al., 2015). Assim, acredita-se que brevemente novos estudos se somarão e acrescentarão mais informações sobre o medo de dirigir.
Analisando o nome dos fatores dos instrumentos descritos na Tabela 2, verifica-se coerência com os motivos descritos na literatura para o medo de dirigir. Entretanto, aspectos importantes do transtorno estão distribuídos em diferentes instrumentos. Como por exemplo, o déficit de desempenho é um fator do DBS; as cognições relativas ao medo de sofrer ataques de pânico no trânsito, o medo de acidentes e a crítica social no contexto da direção estão no DCQ; evitação de dirigir em condições de tráfego intenso ou em determinadas condições climáticas no DRAS; a discriminação do que são respostas de ansiedade e de evitação no CEMICP. Assim sendo, seria relevante a construção de um instrumento específico para avaliar o medo de dirigir, para uso no Brasil, que abarcasse em seus itens o máximo possível dessas condições.
No que se refere ao tratamento, verificou-se que alguns artigos do levantamento têm discutido, há várias décadas, maneiras mais eficazes para se trabalhar com esse público, especialmente em países da América do Norte e da Europa (Wellman, 1978; Rovetto, 1983; Kraft e Kraft, 2004; Wald e Taylor, 2000, 2003; Walshe et al., 2003). No entanto, apesar do primeiro estudo localizado ser do final da década de 1970, foram encontrados apenas seis artigos publicados posteriormente a essa data e não há publicações após 2003. Assim, constatou-se que não têm sido relatadas recentemente intervenções realizadas em pessoas com medo de dirigir, como visto na Tabela 3.
Os estudos descrevendo as intervenções realizadas com as pessoas que tem medo de dirigir variaram em número de sessões, de uma até 19. As estratégias utilizadas no tratamento são em geral: relaxamento e respiração, dessensibilização in vivo, dessenbilização sistemática e uso de simuladores de direção - VRET (Kraft e Kraft, 2004; Wald e Taylor, 2000; Walshe et al., 2003; Wellman, 1978; Rosetto, 1983). Os estudos descrevem, ainda, as reavaliações feitas com os pacientes após a finalização dos atendimentos, para verificar a eficácia do tratamento (Wellman, 1978; Wald e Taylor, 2000; Walshe et al., 2003).
Os resultados das avaliações indicaram melhora do medo de dirigir nos motoristas após o tratamento e grande ênfase dada para a VRET. No entanto, Wald e Taylor (2003) discutem que o uso isolado de uma estratégia não parece ser suficiente para o tratamento da fobia em al-guns pacientes. Elas devem ser utilizadas até o paciente se sentir mais seguro para iniciar a terapia de exposição in vivo. Além disso, os estudos não discutem meticulosamente detalhes da redução do medo, como a frequência na direção, situações que antes do tratamento não conseguia realizar e no momento realizam, tais como dirigir em engarrafamentos, rampas (controle da embreagem) e mudanças de faixa. Isso é importante, pois, o medo de dirigir é complexo e o tratamento deve envolver muito mais do que apenas dessensibilização de algumas situações de medo, mas possibilitar que condições importantes como o treino de habilidades motoras, sensoriais e cognitivas; o conhecimento do veículo e informações sobre trânsito, com suas implicações preventivas, defensivas e punitivas.
No estudo de Taylor et al. (2007a) foi possível verificar que apesar das pessoas com medo de dirigir terem compartilhado o problema com familiares e amigos, muitos mostraram-se resistentes a procurar atendimento e declararam que não procurariam ajuda médica/psicológica. Em razão da resistência de pessoas com medo de dirigir para reconhecerem que precisam de ajuda profissional para lidarem com a situação é importante que haja maior divulgação sobre o tratamento e a sua eficácia. Como verificado por Barp e Mahl (2013), as maneiras para diminuir e/ou extinguir o medo de dirigir, são o tratamento psicoterápico com estratégias que reduzam a ansiedade e favoreçam o aumento da confiança em dirigir por meio do treino das habilidades de direção, com um instrutor qualificado e paciente.
Considerações finais
O objetivo deste estudo foi analisar a produção científica sobre avaliação e intervenção em pessoas com medo de dirigir, questão que tem suscitado cada vez mais interesse de pesquisadores e profissionais sobre essa questão. Com base nas publicações, foi possível verificar que as características das pessoas com medo de dirigir envolvem, primordialmente, a preocupação com (a) manifestações específicas da sua própria ansiedade; (b) condições da via e do veículo e (c) aspectos relativos ao meio social. Também, fica evidente a necessidade da construção de instrumentos psicométricos que avaliem de fato o medo ou fobia de dirigir, considerando especificamente características do trânsito da realidade brasileira. Recentemente foi publicado um estudo de evidência de validade para o Driving Cognitions Questionnaire - DBQ no Brasil (Gomes et al., 2015), sendo necessário que o mesmo ocorra com o Driving Behavior Survey (DBS; Cantini et al., 2013a), que já foi adaptado para o português.
Os relatos sobre as intervenções demons-tram que, geralmente, o plano terapêutico tem como objetivo diminuir ou extinguir o comportamento de evitar dirigir. Dessa forma, procuram aumentar o contato com o veículo, o aprimoramento das habilidades na direção e a confiança em dirigir com segurança. Importante ressaltar que não foi possível dimensionar o trabalho interventivo que tem sido realizado com esse público recentemente, uma vez que as últimas publicações encontradas são de 2003 (Wald e Taylor, 2003; Walshe et al., 2003). Seria necessário que os psicólogos que atuam na prática divulgassem as intervenções terapêuticas que utilizam e a eficácia dessas estratégias no tratamento do medo de dirigir, principalmente, no Brasil.
Os resultados dos artigos analisados que apresentam as características das pessoas com medo de dirigir, bem como as intervenções, não discutem os fenômenos psicológicos que aparecem com frequência durante os atendimentos clínicos com pessoas com medo de dirigir, tais como a preocupação excessiva com perfeccionismo e o medo da crítica (Corassa, 2000). Como agenda de pesquisa para estudos futuros, seria relevante ampliar o foco para essas características, que podem ser particularidades de transtornos como o obsessivo compulsivo, de ansiedade e de depressão (DSM-5; APA, 2014). Outro aspecto interessante a ser investigado diz respeito à compreensão sobre como alguns motoristas, que apesar de se sentirem ansiosos na direção, conseguem dirigir com segurança e se percebem como bons motoristas (Clapp et al., 2011).
Valeria, também, investigar o aprendizado dos motoristas com medo de dirigir durante o processo de habilitação, que pode ter sido deficitário, bem como suas crenças e as suas habilidades na direção, uma vez que eles podem se perceber como que não tendo domínio do veículo e conhecimentos para dirigir (Cantini et al., 2013b); ou baixa autoeficácia para dirigir (Mognon e Santos, 2016). Relevante, ainda, é avaliar o impacto das relações sociais sobre o indivíduo, o medo de ser pressionado, atrapalhar o trânsito, de ser hostilizado ou ridicularizado com palavras ou olhares, seja por parte dos familiares, cônjuge ou outros motoristas. Enfim, nas intervenções com os motoristas com medo de dirigir é necessário compreender tanto os aspectos cognitivos, como os emocionais que mantêm muitos desses comportamentos.
Nos estudos sobre o perfil dos motoristas foram utilizados instrumentos psicométricos que, por um lado, contribuem para que os achados sejam replicáveis e que abranjam um número maior de pessoas. Por outro lado, dificultam a investigação mais aprofundada e/ou individualizada de alguns aspectos que só um método qualitativo permitiria. Assim, seriam relevantes estudos com delineamento metodológico mistos, envolvendo diversas estratégias de coletas de dados com o uso, por exemplo, de instrumentos psicológicos, entrevistas e uso de simuladores de direção. À guisa de conclusão, verifica-se não há somente o aumento do interesse dos pesquisadores, principalmente no que tange à avaliação do perfil de motoristas com medo de dirigir, com o uso de instrumentos psicológicos, como também o de psicólogos clínicos para atuarem neste contexto, embora ainda sejam escassas as descrições de intervenções terapêuticas.
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Submetido: 16/12/2016
Aceito: 09/03/2017