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Contextos Clínicos

versão impressa ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.11 no.2 São Leopoldo maio/ago. 2018

https://doi.org/10.4013/ctc.2018.112.08 

ARTIGOS

 

Eficácia Adaptativa - uma revisão sistemática das publicações brasileiras (2012 a 2016)

 

Adaptive efficacy - a systematic review of brazilian publications (2012 to 2016)

 

 

Regiane Ribeiro de Aquino Serralheiro; Maria Geralda Viana Heleno; Cecília Aparecida Vaiano Farhat

Universidade Metodista de São Paulo, Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde. Rua Alfeu Tavares, 149, Rudge Ramos, 09641-000, São Bernardo do Campo, SP, Brasil. regiane.aquino@gmail.com, geraldavianaheleno@gmail.com, cecilia.farhat@metodista.br

 

 


RESUMO

A adaptação pode ser compreendida como condição essencial para a sobrevivência do indivíduo frente aos problemas que se apresentam no dia a dia. Para avaliar a eficácia adaptativa, que é o grau de adaptação do indivíduo, foi desenvolvida a Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada (EDAO). Diante da amplitude de possibilidades de uso da EDAO, o presente artigo é uma revisão sistemática das publicações referentes a esta escala no período de 2012 a 2016. As buscas foram realizadas nas bases de dados BVS-Psi, Portal Periódico Capes, PePSIC, index Psi Periódicos, SciELO, Lilacs e IBICT, utilizando as palavras-chave EDAO e Eficácia Adaptativa. Foram encontradas 120 publicações - destas, 30 foram excluídas, por estarem repetidas, 61, por não terem relação com o tema e 4, por se tratarem de trabalhos completos publicados em anais de Iniciação Científica, totalizando 25 publicações analisadas na íntegra. Quanto ao tema, a maioria (40%) aborda a dinâmica psíquica de pacientes, a evolução do processo psicoterapêutico na utilização da Psicoterapia ou Psicoterapia Breve Operacionalizada (PBO) (28%) e estudos sobre doenças crônicas (8%). Além dos estudos com a EDAO (56%), observou-se crescente utilização da versão de autorrelato (32%). Concluiu-se que a EDAO demonstra ser sensível tanto para diagnóstico quanto prognóstico, assim como para observar a evolução dos quadros clínicos após intervenção psicoterápica.

Palavras-chave: EDAO, adaptação, Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada, avaliação psicológica.


ABSTRACT

The adaptation can be understood as an essential condition for human survival in the face of everyday problems. To evaluate the adaptive efficacy, which is the degree of adaptation of the individual, the Operative Adaptive Diagnostic Scale (EDAO) was developed. Given the wide range of possibilities of use of the EDAO, this article is a systematic review of the publications concerning this scale in the period between 2012 and 2016. The searches were carried out in the databases BVS-PSI, Portal Periodical of CAPES, PEPSIC, Index PSI Periodic, SciELO, Lilacs and IBICT, using the keywords "EDAO" and "Adaptive Efficacy". There were 120 publications, of which 30 were excluded because they were repeated, 61 because they had no relation to the theme and 4 because they were complete papers published in Scientific Initiation, totaling 25 publications analyzed in their entirety. Regarding this theme, the majority (40%) deals with the psychic dynamics of patients, the evolution of the psychotherapeutic process in the use of Psychotherapy or Brief Operational Psychotherapy (PBO) (28%) and studies on chronic diseases (8%). In addition to the studies with EDAO (56%), there was a growing use of the self-report version (32%). It was concluded that EDAO is shown to be sensitive both to diagnosis and prognosis, as well as to observe the evolution of clinical conditions after a psychotherapeutic intervention.

Keywords: EDAO, adaptation, Operative Adaptive Diagnostic Scale, psychological assessment.


 

 

Introdução

Os estudos sobre Eficácia Adaptativa têm sido realizados nos últimos trinta anos e apresentam bom preditor para: manejo e elaboração de diagnóstico psicológico para levantamento populacional (Simon, 1989; Simon, 1995a); efeitos de avaliação de processo psicoterápico (Gebara e Simon, 2008; Simon e Yamamoto, 2008; Younes et al., 2010); análise dos processos de mudança e seus estágios de evolução em psicoterapia (Honda, 2014; Peixoto et al., 2015a). Também foram realizados estudos sobre o dinamismo psíquico de diversos grupos: gestantes e mães (Garrido, 2013; Basaglia e Souza, 2015a; 2015b); atletas (Nobrega, 2012; Peixoto, 2012); mulheres vítimas de violência doméstica (Guzzon e Yoshida, 2013; Nukui, 2012); além de pacientes com doenças crônicas como hipertensão arterial (Oliveira, 2001); diabetes mellitus (Heleno, 2000; Santos, 2014); renais crônicos (Santos, 2013); cuidadores de pacientes com transtornos mentais (Latanza, 2016) e idosos (Kim, 2016; Altman et al., 2007).

Os estudos sobre eficácia adaptativa foram iniciados por Simon (1989, 1995a, 1995b) ao propor uma escala diagnóstica para avaliar e quantificar o grau de adaptação do indivíduo denominada Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada - EDAO. Diante da amplitude de possibilidades de aplicação e uso da EDAO, o presente o artigo teve como objetivo realizar uma revisão da literatura nacional no período de 2012 a 2016. O período estabelecido se deve ao fato de Santos, Honda, Santeiro e Yoshida (2013) terem feito uma revisão do mesmo tema no período de 2002 a 2012. Tal revisão num curto período de tempo justifica-se pelo fato do uso crescente da EDAO em diferentes contextos e aplicações no âmbito clínico e científico.

Eficácia Adaptativa

A eficácia adaptativa significa o quanto o indivíduo consegue adaptar-se diante das demandas internas (pessoais) e externas (do ambiente) que ocorrem no dia a dia, para as quais ele tem que dar uma solução, que poderá ser considerada como adequada, pouco adequada ou pouquíssimo adequada (Simon, 1989). Heleno e Garcia (2015) discutem a evolução da adaptação a partir dos conceitos de Darwin (1981 [1859]), Lazarus (1964) e Simon (1989) que destacam a luta do homem para adaptar-se. Essa maneira de se comportar, possibilita ao indivíduo atenuar o sofrimento e dar conta das exigências externas e internas. Observa-se que a questão da adaptação humana é tema de grande importância e discutido há muitos anos.

No presente trabalho o foco da adaptação está centrado na teoria da adaptação segundo Simon (1989). O autor afirma que a adaptação pode ser definida "como o conjunto de respostas de um organismo vivo, em vários momentos, a situações que o modificam, permitindo manutenção de sua organização (por mínima que seja) compatível com a vida" (p. 14). Dessa maneira, entender como se dá a evolução da adaptação permite compreender e avaliar a saúde mental do indivíduo bem como propor intervenções para auxiliá-lo na melhora da qualidade da sua adaptação.

As alterações na adaptação são avaliadas comparando o indivíduo consigo mesmo, em dois períodos, que podem ocorrer de forma gradual (entre um ou dois anos) ou abrupta (mudança quase que repentina). Os períodos de mudanças gradativas que sugerem um processo mais estável, foram denominados de "período de adaptação estável" e os processos de menor duração ou mudanças abruptas, convencionou-se chamar de "período crítico" (Simon, 1995b).

As alterações na configuração da adaptação podem ser compreendidas por meio da ação de micro fatores, que podem ser internos (do próprio indivíduo) ou externos (relacionados ao ambiente em que a pessoa está inserida), sendo positivos quando contribuem para aumentar a adaptação ou negativos, quando favorecem sua diminuição (Simon, 1995b). Posteriormente, os fatores internos foram subdivididos em: tensionais (f/t), que se referem às pressões das necessidades, desejos e emoções provocadas no relacionamento intrapessoal e interpessoal; fatores defensivos (f/d), que retratam o conjunto dos mecanismos de defesas; fatores objetais (f/Oi), que compreendem a relação dos objetos internos com o ego e fatores orgânicos (f/Or), que abarcam os cuidados com o funcionamento orgânico (saúde, alimentação, aparência, sexualidade, cuidados pessoais). No que se refere aos fatores externos (f/e), estes podem ser positivos (quando benéficos) e negativos (quando prejudiciais) e compreendem os setores ambientais de Produtividade e Sócio Cultural (Simon, 2011).

EDAO - Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada

Para avaliar a eficácia adaptativa Simon (1989) desenvolveu a Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada - EDAO, que mede a qualidade da adaptação pelo conjunto de respostas dadas pelo indivíduo. São três tipos de respostas: adequada que é aquela que resolve o problema, gera satisfação e não cria novos conflitos; pouco adequada quando atende apenas um dos critérios essenciais em detrimento aos outros: resolve o problema, mas causa novos conflitos; ou resolve o problema de acordo com os princípios da cultura e do sujeito, mas não lhe gera satisfação e pouquíssima adequada que é aquela na qual a solução encontrada é insatisfatória e gera conflitos externos ou internos. Se nenhuma solução é encontrada, considera-se que o indivíduo está em crise (Simon, 1989, 2011).

Para melhor compreender e avaliar as respostas do indivíduo utiliza-se a entrevista clínica preventiva, que analisa quatro setores: Afetivo-Relacional (A-R) que se refere ao conjunto de sentimentos, ações e atitudes do indivíduo em relação a si e aos outros; Produtividade (Pr) que compreende as ações, atitudes e sentimentos frente ao trabalho, de qualquer natureza; Sócio-Cultural (S-C) que envolve as ações, atitudes e sentimentos diante dos recursos comunitários, organização social, costumes e valores culturais e o setor Orgânico (Or) que compreende o funcionamento físico e o estado anatômico do organismo, que são ações, atitudes e sentimentos relativos ao próprio corpo, seus cuidados de higiene, sono, sexo e indumentária (Simon, 2011).

Na ocasião do desenvolvimento da EDAO, todos os setores eram avaliados e pontuados, no entanto, Simon (1998) considerou ser viável pontuar apenas os setores AR (adequado=3, pouco adequado=2 e pouquíssimo adequado=1) e Pr (adequado=2, pouco adequado=1 e pouquíssimo adequado=0,5) e analisar qualitativamente os setores Or e S-C.

 

Método

De acordo com Hohendorff (2014) um artigo de revisão de literatura caracteriza-se por avaliação de publicações, considerando a evolução das pesquisas sobre a temática abordada. O levantamento de literatura foi feito de acordo com Costa e Zoltowski (2014), que propõem delimitar a questão a ser pesquisada, escolher as fontes de dados, eleger as palavras chave, selecionar os artigos, armazenar os resultados e avaliar o material selecionado.

A partir da escolha das palavras-chave (Eficácia Adaptativa e EDAO) e da seleção das bases de dados, buscou-se também examinar os mesmos repositórios online investigados por Santos et al. (2013). Foram analisadas as publicações no período de 2012 a 2016, nas bases de dados BVS-Psi, Portal Periódicos Capes, PePSIC, Index Psi Periódicos, SciELO, Lilacs e IBICT. A BVS-Psi teve origem em 2000 e surgiu da cooperação entre o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e o Instituto de Psicologia da USP, sendo que ao incorporar as publicações dos países da América Latina, passou a ser denominada de BVS-Psi e ULAPSI; o portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) é um ambiente virtual que disponibiliza a instituições de ensino produção científica; a PePSIC é uma biblioteca virtual em saúde, Psicologia da União Latino-Americana, Centro Latino Americano e do Caribe, que e divulga e armazena a produção dos países da américa latina em publicações abertas; a Index Psi criada em 1998 é resultante da parceria entre o CFP e a Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC Campinas) com a proposta indexar publicações científicas em Psicologia; a SciELO é o resultado da parceria entre a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa) e a BIREME com o apoio do CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), abrangendo uma coleção de periódicos nacionais; a LILACS - Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde, desde 1985 representa o principal repositório da produção científica e técnica dos países da América Latina e Caribe e a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) objetiva reunir as teses e dissertações nacionais e de brasileiros no exterior.

 

Procedimento

Foram recuperadas nas bases de dados citadas anteriormente, a partir das palavras-chave Eficácia Adaptativa e EDAO, 120 estudos. Os critérios de inclusão dos documentos nessa revisão foram ter sido publicados no período de 2012 a 2016 e ter utilizado o conceito de Eficácia Adaptativa e a EDAO. Após a leitura na íntegra e análise das publicações, os resultados foram: 30 (25%) excluídos por estarem repetidos, 61 (50,8%) por não atenderem aos critérios expostos e 04 (3,4%) por terem sido trabalhos completos publicados em anais de Iniciação Científica. Restaram 25 (20,8%) publicações, sendo 14 (56%) artigos e 11 (44%) dissertações/teses.

 

Resultados e discussão

Entre os estudos selecionados, 56 % (n=14) eram artigos e 44% (n=11) eram dissertações /teses. A maioria dos estudos (56%) usou a EDAO como técnica de avaliação da entrevista clínica preventiva em seus artigos/dissertação (Tabela 1).

 

 

No referido período houve uma produção média de 5 estudos realizados ao ano, sendo que em 2013 ocorreu a maior frequência de trabalhos com 24% (n=6), conforme a Tabela 2.

 

 

A análise por tipo de delineamento dos estudos indicou que a maioria dos estudos era descritiva (28%) e exploratória (28%), conforme indica a Tabela 3.

 

 

De acordo com os eixos temáticos (Tabela 4) observa-se que houve uma ampliação do uso da EDAO comparando-se com o trabalho de Santos et al. (2013), no qual foram catalogados 8 eixos, sendo: adoecimento (31,5%), psicoterapia (19,5%), trabalhadores (11%), educação (11%), feminilidade (7,5%), parentalidade (7,5%), família (6%) e outros temas (6%). Neste sentido, observa-se (Tabela 4) uma indicação de mudanças nos eixos temáticos, divididos em 7 categorias, sendo: Dinâmica Psíquica (40%) Psicoterapia/PBO (28%), Validade (12%), Doenças Crônicas (8%), Violência Doméstica (4%), revisão de literatura (4%), teórico (4%). Ressalta-se que dentro de Dinâmica Psíquica temos: Atletas, Professores, Perfil de mães, Universitários, Idosos e Familiares cuidadores de pacientes com transtorno mental.

 

 

Na primeira categoria dos eixos temáticos estão os estudos em Psicoterapia, desses quatro referem-se à evolução de processos psicoterápicos e três deles à modalidade de Psicoterapia Breve Operacionalizada (PBO), que foca na interpretação teorizada, descrita em Gebara e Simon (2008).

Rocha, Bunge, Strauss, Honda, Peixoto, Santeiro e Enéas (2016) apresentaram um estudo de caso de um paciente com depressão grave atendido em Psicoterapia Breve Psicodinâmica, em um serviço-escola. O paciente diagnosticado com depressão, estava em acompanhamento psiquiátrico e apresentou recorrentes tentativas de suicídio. Os objetivos do processo psicoterapêutico eram de mantê-lo estável, diminuindo os sintomas depressivos, evitar o aumento da medicação, das tentativas de suicídio e de internação. A intervenção realizada foi a suportiva em Psicoterapia breve psicodinâmica focal e estruturada em três fases: início: avaliação e contrato, medial: realização de intervenções e final angustia de separação e ganhos obtidos. Os instrumentos e técnicas de avaliação, realizadas em três momentos do processo foram: Escala de Depressão de BECK (BDI); EDAO AR e o The Core Conflictual Relationship Theme (Tema Central de Relacionamento Conflituoso - CCRT). Na avaliação de diagnóstico o paciente apresentou um quadro depressivo grave, que se manteve estável durante os atendimentos até o período de férias da instituição, quando o paciente foi avaliado pela segunda vez. No retorno, o paciente apresentou intensa mobilização acerca dos lutos o que levou à piora do quadro. No final do processo, na terceira avaliação, mostrou-se mais integrado, reagiu melhor a separação e foi reencaminhado para continuar em psicoterapia. Embora seu quadro depressivo permanecesse o mesmo, houve evolução medida pela EDAO, que passou de Adaptação Ineficaz Grave para Severa. Neste estudo, observou-se o quanto a EDAO foi sensível para medir a alteração da eficácia adaptativa no setor AR.

Peixoto et al. (2015a) analisaram a evolução de dois processos de psicoterapias breves psicodinâmicas (PBP) com foco na associação de estágios de mudança, eficácia adaptativa e as intervenções dos terapeutas. Os pacientes foram avaliados pela EDAO e pela Escala de Estágios de Mudanças (EEM). Os resultados apontaram alto grau de concordância entre os juízes (80% para as intervenções terapêuticas, 90% para EM e 100% para EDAO). A avaliação de ambos os processos sugerem resultados positivos. No primeiro caso, houve melhora no grau da eficácia adaptativa no setor AR. No segundo caso, na evolução dos estágios de mudanças. Destacam-se a necessidade de ampliar a amostra, incluir outras variáveis na análise tanto das terapeutas, quanto dos pacientes e a inclusão de entrevistas de follow-up.

Honda e Yoshida (2012) avaliaram alguns aspectos de mudança de pacientes adultos, submetidos a atendimentos psicoterápicos, para isso utilizaram além da EDAO-R, a Escala de Estágios de Mudança - EEM e a Escala de Avaliação de Sintomas - EAS 40. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevista retrospectiva e consulta aos prontuários. Os pacientes foram atendidos nas abordagens humanista (n=6) e psicodinâmica (n=3). Na avaliação da EEM seis pacientes apresentaram evolução no estágio de mudança e três apresentaram melhora da eficácia adaptativa na EDAO-R, quatro não apresentaram mudanças, um piorou e em um caso não foi possível concluir a avaliação inicial da EDAO-R. Os resultados indicam que os pacientes que apresentaram maior evolução na eficácia adaptativa, alcançaram mudanças mais profundas. Conclui-se que os atendimentos oferecidos pelos estagiários no serviço-escola promoveram a melhora dos pacientes, juntamente com a qualidade da relação e a motivação para a mudança.

Honda (2014), em sua tese de doutorado, realizou um estudo exploratório de um caso, com o objetivo de analisar a associação entre a evolução dos indicadores de mudanças em uma paciente em psicoterapia breve, durante 11 sessões, e posteriormente, acompanhada em entrevistas de follow-up. A avaliação do processo sugere, que nas primeiras sessões os indicadores de mudança foram de menor hierarquia e ao final das sessões de maior hierarquia, o que demonstra evolução nos estágios de mudança na eficácia adaptativa de pouquíssimo adequada para adequada no AR e de pouquíssimo adequada para pouco adequada no Pr, que indica a melhora da paciente. Os fatores determinantes para essa evolução foram: o empenho da paciente, o manejo da terapeuta e a aliança terapêutica estabelecida.

Kim (2014) verificou a aplicação da PBO em puérperas com sintomas de Depressão Pós-Parto, a fim de compreender os dinamismos inconscientes e averiguar os efeitos das interpretações teorizadas. A autora considerou que EDAO foi um instrumento importante para a compreensão da psicodinâmica das pacientes, tanto para o estabelecimento da situação problema, quanto para a formulação das interpretações teorizadas. Os achados indicam que os três casos apresentaram melhora da eficácia adaptativas por meio da PBO.

Oliveira e Santana (2012) descrevem um estudo de caso em PBO e a contratransferência como obstáculo para a condução do atendimento. Os autores destacaram a importância das entrevistas diagnósticas para a estruturação do caso, avaliadas por meio da EDAO, que possibilitou um diagnóstico amplo e profundo da paciente.

Nukui (2012) realizou um estudo para analisar o processo da PBO com uma amostra de mulheres em situação de risco. Ambas as pacientes foram avaliadas pela EDAO antes e após (em sessões de follow-up) o atendimento em PBO. As participantes foram classificadas no início do atendimento com Adaptação Ineficaz Severa, e ao término do acompanhamento, observou-se a evolução para Adaptação Ineficaz Moderada, visto que o setor AR era a fonte de conflitos, de insatisfações e as respostas emitidas eram na maioria das vezes pouquíssimo adequadas.

No eixo de Violência Doméstica, o estudo de Guzzon e Yoshida (2013) buscou avaliar mudanças em aspectos psicológicos de mulheres vítimas de violência doméstica, atendidas em uma ONG especializada neste tipo de violência e eram atendidas por uma equipe multiprofissional, composta por psicóloga, assistente social e advogada. Foram divididas em dois grupos, semelhantes em idade, estado civil, sendo o G1 (pré-assistência) e o G2 (pós assistência). Todas as participantes (n=18) foram avaliadas pela EDAO, EEM e EAS-40. O G1 foi avaliado enquanto aguardava atendimento e, com exceção de duas participantes com queixa de estupro, as outras haviam sido vítimas de violência por parceiro íntimo. Os resultados indicaram que não houve diferença na EEM entre os grupos, talvez, porque muitas não compreenderam o instrumento. Na EAS-40 o G2 apresentou sintomas menos severos que G1 (diferença significativa p=0,027). Na EAS 40 apenas foi significativo (p=0,04) para somatização, o que indica que o G2 tem menos distúrbios somáticos e somatoformes. Na EDAO o G1 apresentou melhor eficácia adaptativa estando entre eficaz e moderada e o G2 entre ineficaz severa ou grave. Os grupos 1 e 2 não diferiram nos estágios de mudanças, caracterizado pelo não reconhecimento/enfrentamento da situação problema, o que contradiz o momento atual em que se encontravam na ocasião, que foi justamente o de buscar ajuda. Mas talvez isso possa ter relação com o fato do agressor ser alguém íntimo, o que aumenta a sensação de fragilidade e compromete a procura por ajuda. Embora houvesse melhora da eficácia adaptativa no G2, a presença de sintomas psicopatológicos em outras dimensões da EAS-40, indica que as mulheres ainda precisavam de auxílio nesse período.

Os estudos de Santos (2014) e Santos (2013) foram incluídos no tema de doenças crônicas. Santos (2014) avaliou a qualidade de vida, a dinâmica psíquica, a eficácia adaptativa e os níveis glicêmicos de pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2, que participavam de um grupo psicoeducativo sobre diabetes. Foram avaliadas 14 pessoas, de ambos os sexos, por meio da EDAO, Teste das Relações Objetais de Phillipson, WHOQOL e ABIPEME. Os achados do estudo apontaram que a maioria dos casos apresentou eficácia adaptativa ineficaz severa. Os dados do TRO e da EDAO são convergentes e apontam as dificuldades destes pacientes na adesão ao tratamento, confirmadas ao final do grupo, pois metade apresentou bom controle glicêmico. Apenas destoaram do esperado os resultados da qualidade de vida, na qual os altos escores não correspondiam com os esperados pela pesquisadora a partir da literatura.

Santos (2013) estudou a associação entre a eficácia adaptativa, os sintomas psicopatológicos e os níveis de estresse crônicos em 50 pacientes com insuficiência renal crônica. Os pacientes foram avaliados pelo Inventário de Sintomas de Estresse de Lipp - ISSL, pela Escala de Avaliação de Sintomas EAS-40 e pela EDAO AR, um instrumento de auto relato que avalia a eficácia adaptativa dos setores AR e Pr. Os dados revelaram correlações estatisticamente significativas e negativas entre a EDAO-AR, sintomas psicopatológicos e estresse. Por meio da Modelagem de Equações Estruturais (MEE) foi realizada uma análise multivariada e foi possível determinar que a severidade dos sintomas, impactavam nos indícios psicológicos de estresse, e estes por sua vez, influíam na Eficácia Adaptativa. Embora o grupo de mulheres apresentou média maior no que se refere ao estresse, apenas 44% da amostra (n=50) referiu senti-lo. A maioria obteve adaptação eficaz, o que de certa forma, não era esperado e as hipóteses levantadas que podem ter interferido nos resultados foram o fato de alguns pacientes estarem em tratamento há algum tempo (média de 4 anos), adaptarem-se bem à rotina de cuidados e o fato do setor Or não ser pontuado na EDAO-AR. Desta forma, sugere-se novos estudos ampliando o número amostral.

A EDAO tem sido muito utilizada para investigar a dinâmica psíquica de diversos grupos desde gestantes, mães, atletas universitários, idosos e cuidadores. Garrido (2013) avaliou, por meio da EDAO, a eficácia adaptativa de mulheres no período gestacional e puerperal a fim de verificar a incidência de crise adaptativa e Depressão Pós-Parto (DPP). Foram participantes do estudo sete gestantes, que foram avaliadas pela EDAO, ABIPEME e a Escala de Depressão de Edimburgo. Foram três avaliações: no primeiro trimestre, no terceiro e entre trinta e cinquenta dias após o parto. Os resultados demonstraram que nenhuma participante apresentou crise adaptativa e quatro mães não apresentaram DPP. O apoio familiar, principalmente do companheiro, foi considerado um fator externo positivo e com a função de promover a saúde. Os fatores que estiveram relacionados com a DPP foram ausência do companheiro e o sexo do bebê ser diferente do desejado. A EDAO se mostrou sensível para indicar os fatores avaliados na DPP.

Latanza (2016) em sua dissertação de mestrado pesquisou a dinâmica psicológica dos familiares de pacientes psiquiátricos, a eficácia adaptativa e a percepção do cuidador em relação a rotina de cuidados. Em seu estudo fez uso da EDAO - AR e entrevista. Os seus achados demonstraram que o grau de parentesco era parental-filial e de cônjuge, sendo a maioria composta pelo sexo feminino. Os resultados da EDAO - AR indicaram que 40% estava em adaptação Ineficaz Leve e moderada e 20% em adaptação ineficaz grave. Os cuidados variavam desde o acompanhamento da medicação, cuidados de higiene, acompanhamento em consultas a apoio e suporte emocional. Os familiares relataram sobrecarga física, psicológica, preocupação e responsabilidade pelo paciente. As emoções e os sentimentos que emergiam diante a tarefa do cuidado envolviam medos e ansiedades do quadro, angustia e tristeza, raiva do preconceito e de cobrança de terceiros, impotência, culpa, além de conflito e ambivalência. Com relação à eficácia adaptativa observou-se que todos os cuidadores apresentaram adaptação ineficaz, ainda que a maioria estivesse em ineficácia leve e moderada e poucos em adaptação ineficaz grave, isso revelou necessidade de intervenção psicológica. Fica evidente a necessidade de apoio aos cuidadores, para que possam expressar suas dificuldades e angústias diante da tarefa e da rotina do cuidar.

Observa-se que nos estudos além da EDAO, há referências à EDAO-AR, que se trata de uma escala de autorrelato, com graduação das respostas de acordo com os critérios propostos na EDAO, a qual tem sido utilizada como uma alternativa quando não é possível realizar a entrevista preventiva por questões de tempo, ou é necessário comparar as respostas de um grande número de pessoas. Santeiro et al. (2016) buscaram investigar relações conceituais e empíricas entre coping e adaptação e para isso utilizaram-se da EDAO - AR e CopingResponseInventory - AdultForm (CRI-AF) para avaliar 103 estudantes universitários do curso de Psicologia de ambos os sexos, embora 83,5% eram mulheres. Analisando-se os resultados por meio do Teste t e correlação de Pearson observou-se apenas para a estratégia de Descarga emocional foram verificadas pontuações mais altas e significativas (t (97)=0,930, p=0,02, tamanho de efeito de d= 0,2) para o sexo feminino (M=8,02) quando comparadas ao sexo masculino (M=5,84). As correlações encontradas entre a EDAO-AR e a CRI-AF foram de baixa magnitude, o que indicaria que os construtos são diferentes e específicos, sendo que uma hipótese para tal quadro seria porque talvez a EDAO-AR avalia a qualidade da adaptação, que além da solução do problema, busca gerar satisfação e não desenvolver novos conflitos.

Yoshida et al. (2015) avaliaram a validade interna e a precisão da EDAO-AR em uma amostra de universitários (n=257) ao comparar com resultados obtidos em outros estudos com amostra de pacientes e acompanhantes em um hospital geral. Os autores consideraram que em análise fatorial confirmatória apresentou bons índices e a análise da consistência interna revelou α=0,77 para A-R e na escala Pr (α=0,75), no entanto ligeiramente abaixo do encontrado na amostra de pacientes e acompanhantes (α=0,80). Em relação aos resultados da amostra de universitários, verificou-se que estes apresentam maiores índices de adaptação eficaz ao serem comparados com os acompanhantes e pacientes de um hospital, embora sejam destacadas as limitações do estudo com relação a amostra única.

O estudo de Yoshida (2013) apresenta evidências de validade para este instrumento desenvolvido a partir da EDAO de Simon (1989), e está configurado para avaliar um conjunto de itens e a adequação do respondente a esses fatores. O instrumento foi desenvolvido com 47 itens para avaliar os setores AR e Pr, e foi correlacionado com a Escala de Avaliação de Sintomas (EAS-40), que avalia quatro dimensões sendo: psicoticismo (F1), obsessividade-compulsividade (F2), somatização (F3) e ansiedade (F4). Os achados indicam que houve evidências de consistência interna para AR e Pr, as correlações item-total foram altas (AR 0,81 e Pr 0,80), a recomendação de relação mínima para o tamanho da amostra para a realização da análise fatorial exploratória também foi satisfeita, os testes para adequação da amostra que foram: de esfericidade (p>0,001), KMO (0,809) e MSA e foram satisfatórios. A correlação entre EAS e a EDAO-AR foi negativa e significativa (-0,351 e -0,615 p< 0,001). A análise de agrupamentos para verificar se os participantes tenderiam a responder as questões conforme as atribuições de intensidade foram realizadas por meio da metodologia aglomerativa hierárquica. Foram aplicados esses instrumentos numa amostra de n= 237 pacientes de uma clínica-escola de Psicologia e, embora sejam necessários novos estudos e com outros participantes, as evidências de validade indicaram as qualidades psicométricas do instrumento.

Peixoto et al. (2015b) diante da escassez de estudos sobre a capacidade adaptativa de atletas nos diversos setores da personalidade, avaliaram 150 atletas de ambos os sexos de modalidades: basquete, futsal e vôlei, utilizando a versão da EDAO autorrelato para atletas (EDAO - AR - A). Foram feitas análises de variância dos resultados quanto ao sexo (MANONA), teste post hoc de Bonferroni para a análise das comparações pareadas e Análises de Variância (ANOVAs On-way) a fim de realizar as mesmas comparações em função das categorias de nível competitivo (juvenil e adulto) e sexo dos participantes. Os resultados indicaram que Atletas do futsal apresentaram maior média em AR relações interpessoais quando comparados com atletas de basquete. Os atletas da categoria juvenil tiveram médias mais altas comparando com a categoria adulta em Autocontrole e Adequação Geral no Produtivo, sendo que estima-se que estes dados indiquem que a adaptação não está relacionada a idade e talvez a exigência e expectativa na categoria adulta podem tornar mais difíceis as respostas adaptativas. Em relação ao sexo, os homens apresentaram maior autocontole no setor AR, no setor PR enfrentamento de tarefas e adaptação geral, que pode estar relacionada as dificuldades das mulheres em se manterem no esporte. Os resultados também revelaram que 45,3% dos atletas foram classificados no grupo 1, adaptação eficaz; 27,3%, no grupo 2, adaptação ineficaz leve; 25,3%, no grupo 3, adaptação ineficaz moderada; e 2%, grupo 4, adaptação ineficaz severa. Os autores sugerem ampliar o estudo para outros grupos e modalidades esportivas, a fim de superar os limites da pesquisa.

Peixoto (2012) investigou evidências de validade para uma versão de autorrelato da EDAO-AR-A para atletas. A partir da análise de itens por juízes, foram examinadas a consistência interna, além da análise fatorial exploratória. A amostra foi dividida em duas (análise semântica n=14 e avaliação das propriedades psicométricas n=14). Os índices psicométricos se mostraram satisfatórios e a escala foi subdivida nas seguintes dimensões: Autocontrole, enfrentamento e relações interpessoais. Foram encontrados alpha de 0,621 para validade e confiabilidade entre 0,521 e 0,572. Os homens apresentaram melhor desempenho adaptativo no Pr, o que pode estar relacionado, de acordo com o autor, com a dificuldade de a mulher manter-se no esporte.

Outro estudo com atletas foi realizado por Nobrega (2012), com o intuito de analisar e descrever a eficácia adaptativa de 8 atletas de basquetebol sub 19, entre 18 e 19 anos, do sexo masculino. O estudo verificou se o resultado apresentava relação com o desempenho obtido nas disputas esportivas. A EDAO foi considerada de bom prognóstico em 50% da amostra e regular em 50%. Os dados sugerem que embora os atletas referissem a presença de fatores internos e externos negativos (como cobranças excessivas, ficar na reserva, desconhecer a estratégia do técnico e ficar sem jogar) observou-se que 25% (n=2) tiveram adaptação eficaz, 25% (n=2) ineficaz leve e 50% (n=4) ineficaz moderada. Observa-se que nos casos de adaptação ineficaz moderada, o prognóstico foi de que futuramente haveriam conflitos neuróticos na resolução de problemas, a criação de outros ou de desprazer na solução tomadas. Desta forma, conclui-se que a EDAO pode ser utilizada na investigação de demandas dos atletas e pode vir a contribuir para o planejamento técnico, visto que se observou relação entre a qualidade do desempenho e o grau de adaptação.

Na área de educação, Munhoz (2014) estudou os aspectos psicodinâmicos e adaptativos de duas professoras no inter-relacionamento com os alunos do primeiro ano do Ensino Fundamental em sala de aula. A amostra foi avaliada, por meio da EDAO, para identificar a eficácia adaptativa no setor Pr e ambas apresentaram respostas pouquíssimo adequadas. Verificou-se uma relação entre a indisciplina dos alunos e a agitação e falta de planejamento de uma das professoras. No outro caso, apesar da rigidez a professora era organizada no planejamento das aulas e atividades e seus alunos tinham respeito durante as aulas. Diante disso, sugere-se alternativas para cuidar da saúde mental do professor e, assim contribuir para a saúde dos alunos.

Nunes (2014) avaliou a eficácia adaptativa de alunos do primeiro ano do curso de Enfermagem, por meio do Questionário da Escola Paulista de Medicina (EPM). Este instrumento é composto por 76 questões, com respostas dicotômicas (sim ou não) e é utilizado para triagem de identificação da qualidade da adaptação. A proposta foi selecionar para aplicação da EDAO alunos que tivessem respostas "sim" acima de 60% (acima de 36 respostas sim) e abaixo de 10% (menor ou igual a 7 respostas sim) obtidos a partir do questionário EPM. Fizeram parte do estudo 29 alunos e somente uma aluna obteve 9% de respostas "sim" e, portanto, a sua eficácia adaptativa foi eficaz. A análise pela EDAO corroborou os resultados apontados no questionário EPM.

Basaglia e Souza (2015a) investigaram o funcionamento psíquico de mães de crianças com queixas de agressividade no ambiente escolar. Foram avaliadas pela EDAO 30 mães com filhos de 8 a 12 anos com queixas de agressividade. Os achados evidenciaram que a maioria das mães (n=18) não planejaram nem desejaram a gravidez, havendo indícios de rejeição; não referem dificuldades no parto ou no desenvolvimento da criança, mas tinham dificuldades em relatar dados a respeito (bons e ruins). Muitas se mostraram evasivas e tinham grande dificuldades em se lembrar do desenvolvimento das crianças. Os resultados da EDAO revelam que a maioria ficou entre ineficaz moderada (n=14) e severa (n=9). No setor Pr descrevem cansaço referente as tarefas do lar e poucas ambições profissionais e intelectuais. No setor AR uma mãe apresentou respostas adequadas e as outras 29, pouco ou pouquíssimo adequadas. A maioria relatou dificuldades com o parceiro, 17 eram alcoolistas e nove mulheres tinham queixa de violência doméstica. Evidenciou-se que as mães não apresentavam maturidade para auxiliar seus filhos na resolução de seus problemas, bem como observou-se que elas repetiam e perpetuavam situações de violência já vivenciadas em suas famílias de origem.

Basaglia e Souza (2015b) realizaram um estudo de caso de uma mãe de adicto, com o objetivo de investigar seu funcionamento psíquico e verificar quais características poderiam dificultar a relação com o filho e seu desenvolvimento. A paciente teve sete filhos de dois relacionamentos e, embora três estivessem envolvimento com o uso de drogas, apenas um deles estava em tratamento no CAPS AD, por uso de crack, cocaína e maconha. Por meio de entrevistas analisadas pela EDAO e da aplicação do teste de Rorschach, observou-se que a paciente possuía recursos internos e contato com a realidade parcial, tinha grandes dificuldades no enfrentamento dos problemas familiares. Os resultados da EDAO indicaram adaptação ineficaz severa (2,0), corroboraram os achados do Rorschach.

Honda e Yoshida (2013) em um estudo teórico discutem uma proposta que busca combinar os critérios adaptativos com a lista hierárquica de Indicadores Genéricos de Mudança - IGM. Para isso discutem os fatores que influem na relação terapeuta e paciente: a aliança terapêutica, expectativa do paciente (quando não há consenso quanto a isso e/ou pacientes com boa expectativa podem não obter bons resultados e vice-versa), motivação e participação ativa. Entretanto não há consenso quanto ao fator mudança e estas podem ser desmembradas basicamente em dois tipos de estudos: a pesquisa de processo terapêutico (o que ocorre durante a terapia) e a pesquisa de processo de mudança (todos os momentos ao longo do processo de atendimento psicológico. Embora necessária, a mudança nem sempre é suficiente para o sucesso psicoterápico, pois é importante que além de estar consciente da mudança, o paciente tenha recursos para tal. A lista de indicadores genéricos aponta desde o processo da busca de ajuda até a autonomia e é útil para acompanhar e medir o processo de mudança. Os dados indicam que quanto melhor a eficácia adaptativa, mais prováveis serão as mudanças, e isto favoreceria o diagnóstico e prognóstico. Conclui-se que é importante rever não só a mudança, mas como ela ocorre.

Kim (2016) analisou o envelhecimento no contexto atual, utilizando o ócio como eixo para discussão das demandas da terceira idade num grupo de idosas (n=3). As questões estavam relacionadas ao envelhecer e aos lutos deste período como a aposentadoria, a perda do trabalho e de entes queridos. Por meio da EDAO em Diagnóstico Grupal e de Intervenção Grupal Tematizada, o problema central elencado foi o sentimento de exclusão na terceira idade no setor AR, na Pr as preocupações com a aposentadoria e as perdas desta fase que repercutiam no trabalho, além de as respostas dadas no setor OR revelar temores do adoecimento.

 

Considerações Finais

Os achados indicam que é frutífera a área de aplicação da EDAO como técnica para avaliação da Eficácia Adaptativa. Sua aplicabilidade e sensibilidade para indicar aspectos diagnósticos e prognósticos, bem como caráter preventivo, pode ser observada nos estudos apresentados em diversos contextos e indica ser uma boa ferramenta, tanto de pesquisa como para utilização clínica, avaliando inclusive a evolução de processos psicoterápicos, o que torna ainda mais rica sua possibilidade de utilização. Verifica-se ainda que estudos recentes com a adaptação dos pressupostos da EDAO para uma versão de autorrelato tem apresentado índices psicométricos satisfatórios e que pode vir a ser uma ferramenta importante na triagem clínica. Embora sugere-se mais estudos e com amostras maiores, conclui-se que a eficácia adaptativa avaliada por meio da EDAO tem sido de grande valia para os estudos em Psicologia.

 

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Submetido: 15/03/2017
Aceito: 12/06/2017

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