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Revista EPOS
versão On-line ISSN 2178-700X
Resumo
HELSINGER, Natasha Mello. A concepção normativa do funcionamento psíquico e os processos de subjetivação: o cérebro na era da pós-psicanálise. Rev. Epos [online]. 2015, vol.6, n.1, pp.4-34. ISSN 2178-700X.
A crença de que as experiências subjetivas são determinadas por processos neuroquímicos está difundida no imaginário social (BIRMAN, 2014). Tendo isto em vista, o artigo analisa as formas de subjetivação que estão sendo forjadas pelas atuais tecnologias "PSIs". A metodologia consiste em uma revisão bibliográfica desenvolvida em quatro etapas. Na primeira são explicitadas algumas noções trabalhadas por Foucault, como poder, dispositivo e normalização. Em um segundo momento, discute-se a relação entre psiquiatria e norma e a hipótese de Robert Castel sobre o "reforço da normalidade". Um terceiro passo consiste em investigar o estatuto que o cérebro ocupa em um contexto caracterizado pela normatividade da autonomia e da valorização da realização de si, de acordo com as contribuições de Ehrenberg e Ortega. Na quarta etapa, são investigados os efeitos do paradigma neurobiológico no que concerne aos processos de subjetivação. Os resultados da discussão evidenciam que o registro do sujeito, como forma de subjetivação, está sendo colocado em xeque, o que contribui para a perda do poder simbólico da psicanálise. A conclusão extraída é que a configuração de uma percepção normativa sobre os fenômenos psíquicos culminou no enaltecimento do registro do cérebro, o que produz uma dissonância entre psicanálise e contexto contemporâneo.
Palavras-chave : poder; performance; neurociências; medicalização da sociedade; sujeito.