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Estudos de Psicanálise

versão impressa ISSN 0100-3437

Resumo

LEON, Patricia. Um falso não todo. Estud. psicanal. [online]. 2012, n.37, pp. 109-126. ISSN 0100-3437.

“Um falso não todo”: o texto agrega novas pretensões ao debate sobre a sexualidade feminina iniciado em 1925 em torno da questão da primazia do falo proposta por Freud e levada por Lacan para além da castração - a partir da elaboração de outro espaço, o do não todo fálico. Mas a questão fora encoberta por dois erros: o primeiro, um erro lógico, que apresenta uma falsa equivalência estrutural entre o pré-edipiano e o não todo fálico; o outro, erro “tópico”, situa de uma maneira errônea a devastação mãe-filha e, a partir desse ponto, conceitua uma dominância da mulher enquanto mãe e uma clivagem mãe-mulher que procede de um falso não todo equivalente à incompletude. Assim, a primeira parte deste trabalho resgata em Freud o que seria na realidade o pré-edípico e busca tratar o problema representado pela confusão entre o que seria uma condição inaugural que dá acesso a certas possibilidades de gozo e em que consiste o espaço do todo fálico e do acesso ao feminino visando desconstruir falsas suposições. A segunda parte se orienta a partir dos diálogos entre Wandla (14 anos) e sua mãe em O Despertar da Primavera de Wedekind. Este trabalho busca redefinir a fronteira entre o registro da devastação mãe-filha e o do não todo, propondo a leitura da devastação tal como um fechamento dentro da demanda, ilusória, de uma transmissão possível de uma essência do feminino (que poderia não passar pelo falo). A lógica do não todo contradiz esta falsa ideia, pois é a partir deste impossível a transmitir (apoiando-se sobre a função do falo) que a abertura em direção ao feminino pode acontecer. Mas se o “estrago da relação mãe-filha”, a devastação, é, ao contrário, pensada como uma prova que deve ser atravessada para que esta ilusão de constituir “um todo” seja superada, “acabamos dando consistência ao todo, isolando o acesso ao feminino no circuito fechado da relação mãe-filha”, o que encobre o real do fracasso, conduz a uma concepção de amor acobertando a impossibilidade da relação sexual e, procedendo de uma outra devastação, aquela que fecha para uma mulher a porta do encontro com um homem.

Palavras-chave : Devastação; Não todo fálico; Sexualidade feminina.

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