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Estudos de Psicanálise

versão impressa ISSN 0100-3437

Resumo

LOLLO, Paolo  e  LOLLO, Cristiane Cardoso. Bellum, bellus: A guerra dos sexos. Estud. psicanal. [online]. 2015, n.44, pp. 71-81. ISSN 0100-3437.

A guerra traz consigo o horror da destruição e da morte, horror que o poeta alemão Reiner Maria Rilke, em uma de suas elegias, chama de das Schrecklich, que não é outra coisa senão o ponto de chegada de um começo radiante, bellus (das Schöne). De um lado a guerra, uma confrontação entre dois exércitos; do outro, o amor, um face a face entre dois sujeitos em busca do desejo. Nos dois casos, duas entidades se encontram face a face em uma indecisão e uma dúvida, mas também em uma relação que os une e separa. A relação sexual pode ser vivida como um conflito, uma relação de força e uma tensão contínua, ou como uma relação de amor onde a diferença é levada em conta. Um homem e uma mulher são separados pela sua diferença sexual. A guerra dos sexos é a consequência de uma relação fundada no bellum, na confrontação de força, numa relação quantitativa que faz da diferença de forças a única diferença possível. Existe também um conflito entre Diké (a justiça) e Nomos (a lei). Um conflito que é uma ligação e uma tensão. Diké representa a lei oral que antecede e funda o Nomos, a lei escrita. No início (am Anfang) a justiça dos deuses e a lei dos homens estão em um face a face, em um equilíbrio, depois eles se distanciam e entram em conflito. A arte, o belo, das Schöne, é o ato de fundação de toda relação humana. O ato de criação, aquele do início, que aparece em sua beleza, coloca em harmonia a justiça dos deuses e a lei dos homens. Justiça e lei surgem a partir de um ato de separação, que é o ato mesmo de criar. Cada criação é um ato de diferenciação que separa, mas que, num primeiro momento não entra em conflito. Existem dois tempos para essa separação, dois tempos consequentes que produzem o bellus e o bellum. O primeiro privilegia a ligação; o segundo, a oposição. Essa relação permite inscrever simbolicamente no psiquismo que o dois, o real, vem depois do UM. Édipo mata o pai real apagando, assim, o UM simbólico, sua origem. Antígona é sua filha e sua irmã ao mesmo tempo. Ela é fruto de um incesto. Como se livrar da maldição que sobreveio por causa desse sacrilégio? Como reparar o crime do Édipo pai?

Palavras-chave : Bellum; Bellus; Guerra; Amor; Gozo; Direito; Lei; Sideração; Desideração.

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