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Junguiana

versão impressa ISSN 0103-0825

Resumo

NOVAES, Camila Souza. Corrupção no Brasil: uma visão da psicologia analítica. Junguiana [online]. 2016, vol.34, n.2, pp. 5-17. ISSN 0103-0825.

Nos últimos anos, a mídia internacional expôs vários escândalos relacionados à corrupção, que demonstraram não só a fragilidade dos sistemas políticos mas também a escala global da corrupção. A corrupção não é apenas um tema da moda, mas um fenômeno global gravíssimo que parece ter peculiaridades entre os países. No Brasil, a corrupção é um problema que oprime a sociedade, mas que parece estar diretamente relacionado à identidade coletiva do brasileiro e, para muitos, ela é intrínseca ao "jeitinho brasileiro". Apesar de a corrupção ser um assunto de discussão recorrente para diferentes campos de estudo, a maioria das teorias existentes sobre a corrupção é unilateral e parcial. Elas se concentram em apenas uma parte do problema, colocando a responsabilidade ou na falta de moralidade de brasileiros e seus políticos ou na ineficiência do sistema judiciário. A opinião do público leigo é superficial e tende a concluir de maneira projetiva que a corrupção é responsável por todos os problemas do país. A psicologia analítica pode contribuir com novas abordagens para o estudo do fenômeno da corrupção. Aplicando valores psicoterapêuticos a questões políticas, esta pesquisa pode vir a ajudar psicoterapeutas a abrir um caminho de duas vias entre "realidades internas" e o "mundo da política", como propõe Andrew Samuels. Propõe-se aqui um olhar mais atento para a relação entre a realidade interna do povo brasileiro e o mundo da política no Brasil, particularmente a corrupção brasileira. O objetivo deste artigo é analisar a corrupção em seus três diferentes (mas complementares) níveis: individual, cultural e coletivo. Discutimos os complexos culturais brasileiros e traumas culturais que já foram identificados por junguianos brasileiros e que possam estar relacionados ao atual cenário político-social do país, especialmente a versão brasileira do arquétipo do trickster (que parece estar oprimindo a psique brasileira) e o complexo cultural do malandro, que não foi ainda analisado em detalhe. Argumenta-se também que a corrupção política deve ser vista não apenas como um ato egoísta de um indivíduo, mas de forma mais ampla, como um construto social e também como algo relacionado à corrupção da própria natureza humana.

Palavras-chave : Corrupção; complexo cultural; trauma cultural; malandro; bem e mal.

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