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Natureza humana

versão impressa ISSN 1517-2430

Resumo

MALPAS, Jeff. O problema da dependência em Ser e tempo. Nat. hum. [online]. 2008, vol.10, n.2, pp. 183-216. ISSN 1517-2430.

Para qualquer um interessado no lugar da espacialidade no pensamento de Heidegger, um dos principais problemas apresentados por Ser e tempo é a tentativa, feita no § 70, "de derivar o existencial espacialidade a partir da temporalidade". Esta tentativa, que foi considerada "insustentável" pelo próprio Heidegger, mostra-se não ser meramente periférica na análise global. Pelo contrário, ela se liga a certos aspectos centrais e problemáticos no argumento de Ser e tempo, no qual está incluído o tratamento de conceitos espaciais e topográficos em geral, aspectos estes que podem ser vistos como associados ao fracasso do projeto aí ensaiado. Contudo, o argumento do § 70 não suscita apenas questões a cerca do tratamento da espacialidade feito por Heidegger, mas também no que respeita à própria noção de "derivação": se e como é efetivamente possível tal derivação, e de que modo poderia ser entendida a dependência que ela implica. Uma das características centrais da análise desenvolvida em Ser e tempo é o movimento que parte das estruturas da cotidianidade para fundá-las no cuidado, transitando a seguir para a estrutura da temporalidade, e chegando finalmente na estrutura ekstática da temporalidade originária. O que é exibido nesse movimento não é uma relação de dependência, mas uma série de relações que estão supostas. É no interior desse movimento global que estão embutidas dependências mais específicas, inclusive a relação de dependência entre espacialidade e temporalidade. A questão geral da dependência conceitual ou estrutural que aparece aqui, entendida especificamente em termos de "derivação" ou nos termos das noções correlatas de "fundação" ou "fundamentação" (todas as três idéias empregadas pelo próprio Heidegger), também possui uma relevância que se estende muito além das análises de Ser e tempo, sendo central para a investigação fenomenológica e, de fato, para a investigação filosófica como tal. O que está em jogo nessa questão é a natureza e a base para o ordenamento de conceitos e estruturas, que é uma preocupação central da análise fenomenológica e filosófica. Minha intenção aqui é a de explorar da derivação tal como surge no âmbito de Ser e tempo, mas também prestando atenção para o contexto mais amplo no qual pode-se dizer que a questão também emerge - uma exploração que também nos levará para certas questões sobre espaço e topologia.

Palavras-chave : Heidegger; Ser e tempo; dependência estrutural; derivação; espacialidade.

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