SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.22 número2Os caminhos do ódio na civilização propostos por Freud e como eles se apresentam no Brasil atualPulsão de morte, entre a repetição e a criação índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Natureza humana

versão impressa ISSN 1517-2430

Resumo

MARTINS, Alessandra Affortunati. Uma leitura feminista decolonial de o mal-estar na civilização. Nat. hum. [online]. 2020, vol.22, n.2, pp. 44-61. ISSN 1517-2430.

Trata-se de examinar o ensaio O mal-estar na civilização, de Freud (1930), a partir de leituras feministas decoloniais, especialmente da obra Um feminismo decolonial, de Françoise Vergès (2020), e de Memórias da plantação, de Grada Kilomba (2019). Freud diz que há três ameaças feitas à civilização. Uma delas viria de cristãos que desnutriram a vida terrena com suas crenças na vida do além; outra teria sido feita por mulheres sedentas de sexo e de afetos familiares, dois aspectos que disputariam investimento libidinal com a cultura e o âmbito público da vida, espaços exclusivos de homens, únicos verdadeiramente capazes de sublimação; a última seria oriunda de cidadãos europeus simpatizantes dos povos colonizados. Não se trata aqui de julgar Freud anacronicamente por suas posições e elaborações teóricas pautadas em visões alinhadas aos processos de colonização e à misoginia. Apontar esses embaraçosos pontos é interessante hoje apenas na medida em que "ressitua" a psicanálise contemporânea e a coloca em alerta sobre esses lugares um tanto quanto retrógrados em termos civilizatórios. De qualquer maneira, o Moisés de Freud ainda é um texto freudiano que pode fazer frente aos tropeços do velho pai da psicanálise.

Palavras-chave : Mal-estar; Civilização; Ameaças; Feminismo decolonial.

        · resumo em Inglês     · texto em Português     · Português ( pdf )

 

Creative Commons License