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Revista Subjetividades

versão impressa ISSN 2359-0769versão On-line ISSN 2359-0777

Resumo

FIDELIS, Sinara Tereza dos Santos; TORRES, Tatiana de Lucena  e  BENDASSOLLI, Pedro F.. Biografias Laborais de Pessoas Encarceradas: Entre o Crime e o Trabalho. Rev. Subj. [online]. 2020, vol.20, n.3, pp. 1-14. ISSN 2359-0769.  http://dx.doi.org/10.5020/23590777.rs.v20i3.e9413.

O objetivo do estudo foi compreender a biografia laboral de pessoas privadas de liberdade, considerando suas experiências de trabalho dentro e fora do cárcere, utilizando o aporte teórico de sentidos, significados e função psicológica do trabalho. A pesquisa apresentou delineamento de abordagem qualitativa, descritiva e transversal, com características etnográficas e de observação participante. O contexto do estudo foi a Associação de Apoio e Assistência ao Condenado (APAC) de Macau/RN, e contou com a participação de 11 homens em estado privativo de liberdade. As temáticas das entrevistas individuais foram: história de vida laboral, trabalho na prisão e APAC. As narrativas foram submetidas a análises textuais de classificação hierárquica descendente (CHD) com auxílio de um software. Registros em diários de campo se somaram aos resultados de modo a compor uma análise global, considerando as narrativas dos apenados e a observação participante. Os resultados revelaram que, na APAC, a disciplina faz parte do cotidiano, utilizando o controle do comportamento dos chamados recuperandos, em condições dignas de vida, pautadas em preceitos religiosos e no autocontrole. O cumprimento da pena em condições humanas foi apontado como diferencial da APAC em relação ao sistema comum de encarceramento. Os recuperandos revelaram uma biografia laboral marcada por experiências precárias de trabalho, sofrendo humilhações, histórico de trabalho infantil e posicionamento submisso. O crime não era considerado trabalho por não ser digno. No entanto o crime promovia um posicionamento ativo e, sobretudo, oferecia poder, algo que não acontecia com o trabalho digno. O trabalho no cárcere é marcado pela exaustão e exploração no sistema comum, mas visto como laborterapia na APAC, com oportunidades de aprendizagem e exercício da dignidade humana. Mesmo que também marcado por impedimentos e dificuldades, é um espaço para o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento.

Palavras-chave : apenado; trabalho; função psicológica do trabalho; sentido do trabalho.

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