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Boletim de Psicologia

versão impressa ISSN 0006-5943

Bol. psicol v.56 n.125 São Paulo dez. 2006

 

ARTIGOS ORIGINAIS

 

 

A relação figura-fundo e as estruturas infra-lógicas na construção da identidade psicossocial de pessoas com transtorno severos do comportamento

 

The relation “figure and ground” and the infra-logical structures in the building of the psycho-social identity of people with severe drawbacks of behavior

 

 

Elizabete Villibor Flory1 *; Zélia Ramozzi-Chiarottino

Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo

 

 


RESUMO

O referencial teórico que embasa este trabalho integra aspectos da Teoria da Gestalt a aspectos da construção do real segundo Piaget. O ponto de partida para tal configuração, aqui desenvolvida, foi o contato com a abordagem gestaltista de Wernet acerca do desenvolvimento do ato de perceber (Affolter, apud Wernet).O método utilizado foi o “de observação de um caso”. Foram analisados comportamentos de cinco sujeitos (entre 22 e 44 anos), com transtornos severos do comportamento e danos no funcionamento cerebral, bem como intervenções psicoterapêuticas. O objetivo foi mostrar o sentido dos atos dos sujeitos, que podem ser compreendidos como expressão da lei da pregnância de Max Wertheimer, e a tentativa de reorganizá-los visando à socialização dos sujeitos. Foi constatada uma diminuição na freqüência de surtos, uma substituição de comportamentos com seqüelas negativas para o sujeito por condutas alternativas sem as seqüelas anteriores, bem como uma melhoria na possibilidade de interação com o outro.

Palavras-chave: Gestalt, Estruturas infra-lógicas, Reeducação, Transtornos severos do comportamento, Epistemologia Genética.


ABSTRACT

The present work is based in the Gestalt Theory and the Piaget Theory about the construction of the real. This integration was developed from Wernet’s gestaltist approach concerning the development of the act of perceiving (Affolter). The methodology is based on case-based observation. The behavior of five participants (between 22 and 44 years-old), with severe behavior problems and damaged cerebral functions was examined, as well as psychotherapeutics interventions. The purpose was to evidence their actions meaning, which can be considered to be an expression of the law of pregnancy of Wertheimer and to support their psychic reorganization and socialization as well. It was verified a decrease in the frequency of break-downs, a replacement of the so called “self aggressive behavior” in favor of other ways of response without negative consequences, and an improvement in the likelihood of interaction with other people.

Keywords: Gestalt, Infra-logical structures, Reeducation, Severe drawbacks of behavior, Genetic Epistemology.


 

 

INTRODUÇÃO

Este estudo teve sua origem em uma experiência de trabalho com pessoas com transtornos severos do comportamento. A apresentação do referencial teórico que embasa este trabalho inicia-se com a abordagem gestaltista de Wernet (1994) acerca do desenvolvimento do ato de perceber (Affolter, 1987, apud Wernet, 1991, 1997), o que implicou a exposição de conceitos básicos da Teoria da Gestalt (Wertheimer, apud Köhler, 1968; e comentadores como Castilho-Cabral, 1944, 1946; Engelmann, 2002; Ramozzi-Chiarottino, 2001). Tal perspectiva foi complementada com a apresentação da abordagem de Ayres (1998) acerca da Integração Sensorial e com o estabelecimento de relações entre o desenvolvimento do ato de perceber, segundo Affolter, e a construção do real, segundo Piaget (1937/1996).

Dessa maneira, nosso referencial teórico integra aspectos da Teoria da Gestalt e da Construção do real segundo Piaget. Ambas as perspectivas partem do princípio de que o objeto percebido depende de uma organização interna, feita pelo sujeito, dos dados que lhe chegam por meio dos canais dos sentidos.

É importante esclarecermos alguns conceitos básicos que serão utilizados:

Gestalt: “conceito de ‘todos organizados’ ou estruturas, nos quais as partes têm seu sentido e função, não independentemente, mas determinados pelo próprio todo” (Castilho Cabral, 1946, p. 26)

Lei de pregnância: “sistemas estruturados segundo certos princípios de organização, de tal maneira que o caráter e função de qualquer parte são determinados pela situação total, sistemas esses que tendem espontaneamente para certas estruturas simples, equilibradas, “fortes”, “pregnantes” (lei da pregnância das formas”)” (Castilho Cabral, 1944, p. 112)

Figura-fundo: Quando observamos uma figura formada por um círculo branco envolto por um fundo preto, dizemos que a área inteira tem o caráter de uma figura, e a área que a rodeia, o de fundo. Segundo Asch (1952/1960, p. 71): “A figura possui o caráter de coisa; ... Esta é de fato, uma contribuição extremamente interessante que a pessoa que percebe traz para o material.”

Estruturas infralógicas: expressão usada por Piaget no contexto da construção do real. Representam as próprias categorias do real. Segundo Ramozzi-Chiarottino (comunicação pessoal), trata-se de estruturas que estão abaixo da lógica e que são necessárias para o conhecimento do mundo e de si mesmo.

Piaget (1936/1987) reconhece uma semelhança entre seu conceito de esquema motor e o conceito de Gestalt (Ayres, 1979/1998). Mas, ao mesmo tempo, diferencia claramente os dois conceitos. Para ele, a uma Gestalt faltaria o aspecto essencial da possibilidade de transformação no sentido de progresso, encarando-a como uma configuração “congelada”, sem mobilidade ou transformação. Contrapõe a isso a noção de construção da inteligência, que incluiria necessariamente flexibilidade e capacidade de transformação.

Em nossa perspectiva, ao usarmos o termo Gestalt, consideramos a inserção dessa Gestalt num contexto pregnante, que possibilitaria a transformação de uma Gestalt inicial numa nova totalidade estruturada e com sentido (Gestalt final). Dessa maneira, em nossa opinião, as duas teorias podem ser complementares para o nosso intento.

Assim, o sentido construtivo dos comportamentos, expressão do funcionamento da lei da pregnância, implica um “direcionamento” que parte de uma Gestalt-inicial bastante precoce e se orienta para a concepção de Gestalten cada vez melhores. Esse “direcionamento” segue a seqüência exposta por Wernet (1994), em seus textos:

  • parte do ato de perceber uma Gestalt, formada por contrastes, momento no qual os estímulos precisam ser bastante intensos para que sejam percebidos – Estágio da Modalidade;
  • passa ao ato de perceber uma Gestalt, formada por uma diferenciação entre Figura e Fundo, momento no qual se inicia uma diferenciação “eu-mundo” – final do Estágio da Modalidade;
  • segue-se o ato de perceber uma Gestalt, formada por uma diferenciação entre Figura e Fundo pluridimensionalmente configurada, momento em que a noção de si fica cada vez mais consistente, segura – Estágio da Intermodalidade;
  • chega ao ato de perceber uma Gestalt, formada por uma diferenciação entre Figura e Fundo pluridimensional e inserida numa estrutura temporal objetiva, momento em que se pode reconhecer enquanto um “eu” constante no tempo – Estágio da Serialidade.

Pensamos ter encontrado na Teoria Piagetiana, especificamente no que se refere à construção do real, respaldo e complementação fundamental ao desenvolvimento exposto por Wernet (1994). Piaget (1936/1987) explica que, por meio de suas ações no mundo, a partir do exercício dos reflexos, a criança constrói seus esquemas motores e a coordenação entre os esquemas, o que possibilita a construção endógena das “estruturas específicas para o ato de conhecer - as estruturas mentais - que, sendo orgânicas, não estão programadas no seu genoma; sua “construção” vai depender das solicitações do meio” (Ramozzi-Chiarottino, 1988, p. 9). Elas permitem que ocorra a construção do real ou das estruturas infra-lógicas. Nesse contexto, pensamos que o “direcionamento da pregnância” partiria de um caos, marcado por uma total indiferenciação entre “eu” e “não-eu”, para a construção do real e de si mesmo, “cosmos”, na qual foi construída a diferenciação entre “eu” e “não-eu” e as noções objetivas de espaço, tempo, causalidade e permanência do objeto.

A perspectiva de Ayres (1979/1998) acerca da construção da integração sensorial contribuiu enormemente para o nosso trabalho ao esclarecer de modo pregnante a importância dos canais dos sentidos básicos (sistemas vestibular, proprioceptivo e tátil) e da integração entre eles no contexto da ação e da percepção de si mesmo, ou seja, “esquema-corporal”.

O “esquema-corporal” ou “Körperschema”, segundo Ayres, (1979/1998) desenvolve-se no cérebro, a partir da integração entre as informações vindas das sensações da pele, dos músculos, das articulações, da força da gravidade e dos órgãos de movimento. Ela o descreve como um todo formado por vários “Landkarten des Körpers” (Ayres, 1979/ 1998) ou “mapeamentos corporais no cérebro”, que fornecem informações sobre todas as partes do corpo, sobre as relações entre as diferentes partes e sobre todas as possibilidades de movimentos que qualquer parte do corpo possa realizar. Um bom “esquema-corporal” possibilita que o indivíduo saiba, o tempo todo, o que seu corpo faz, sem que precise olhar para ele ou tocá-lo com as mãos.

De uma maneira geral, Piaget (1936/1987; 1937/1996) explica a construção da diferenciação entre “eu” e “não-eu” por meio da ação no mundo, e Wernet (1991, 1994; 1997), baseado em Affolter e encontrando ressonância e aprofundamento na perspectiva de Ayres (1998), permite reconhecer a importância fundamental da percepção dos limites do próprio corpo na construção da identidade psicossocial. O direcionamento da pregnância mantém-se o mesmo: parte de uma Gestalt difusa e indiferenciada, rumo à concepção de uma Gestalt na qual figura e fundo são claramente delimitadas e inseridas numa estrutura espaço-temporal objetiva.

O importante é o “estar em desenvolvimento”, que entendemos ser a expressão do funcionamento da lei da pregnância, e não alcançar um ponto específico desse desenvolvimento. Nas palavras de Wernet: “Der Weg ist das Ziel” (Wernet, 1994, p. 212), ou seja, “O caminho é a meta”, ou seja, poder caminhar numa determinada direção, sem voltar sempre para o ponto de partida, é a meta.

Nesse sentido, ao podermos reconhecer um sentido pregnante dos atos dos sujeitos, nossas intervenções tornar-se-ão, naturalmente, “pregnantes”. Esse reconhecimento implica, de nossa parte, que conheçamos o desenvolvimento do ato de perceber Gestalten e a construção das estruturas infra-lógicas e que sejamos capazes de nos colocarmos no lugar do outro, considerando seu modo específico de perceber o mundo e a si mesmo.

 

OBJETIVO

O objetivodesse trabalho foi o de verificar como podemos reconhecer o funcionamento da lei da pregnância nos atos de pessoas com transtornos severos do comportamento e, a partir desse reconhecimento, interagirmos com eles, produzindo intervenções nas quais o sentido construtivo desses comportamentos seja respeitado e multiplicado.

 

MÉTODO

O método utilizado na pesquisa foi o “estudo de caso”. Os sujeitos eram moradores de uma instituição para adultos com transtornos severos do comportamento (com diferentes diagnósticos) e com danos no funcionamento cerebral. A faixa etária dos sujeitos tinha como limites mínimo e máximo as idades de 22 e 44 anos, respectivamente (ano de referência: 2000). Todos os moradores vieram de Hospitais Psiquiátricos.

O presente trabalho baseia-se em dois períodos de estágio. As atividades desenvolvidas durante o estágio incluíam, entre outras, participação no planejamento e na execução de estimulação terapêutica; participação nas reuniões de equipe, de aconselhamento com terapeutas e em aconselhamentos referentes a casos específicos; trabalho conjunto com a musicoterapeuta e a psicomotricista; estimulação individual de moradores, com a concordância do terapeuta responsável.

O procedimento consistiu na observação dos conteúdos espontâneos do contato e nas interações vividas com os moradores, bem como em observações e anotações das intervenções específicas com os sujeitos da pesquisa. Essas intervenções eram planejadas como conseqüência de reflexões a partir do contato e observação dos sujeitos em situações espontâneas. No momento da coleta de dados, o procedimento consistia em observar, ouvir e interagir. Essa interação incluía atividades como as de proporcionar ambiente para pintura e desenhos, trabalhos com arte, passeios, conversas, criação e execução de músicas. Num segundo momento, foi elaborado um “Diário de Contato”, um registro por escrito das experiências ocorridas na interação com os sujeitos. Esses registros foram feitos durante o período de estágio, logo após a realização das situações. A partir desse “Diário”, selecionamos

o material que consideramos de interesse para este trabalho. Ao descrevermos a situação, sublinhamos as passagens que consideramos representar comprometimentos ligados aos estágios da Modalidade e da Intermodalidade. Em negrito estão as passagens que relacionamos ao estágio da Serialidade. Visando a fluidez da leitura, colocaremos as falas já traduzidas para o português, mas vale lembrar que foram ditas originalmente em alemão.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Apresentaremos a observação de uma situação que consideramos paradigmática no tipo de análise proposta. Vale lembrar que todos os sujeitos observados tinham danos no funcionamento cerebral e transtornos severos do comportamento. Karin (nome fictício) tinha 31 anos, sexo feminino. Edda (nome fictício) é a acompanhante que interage com Karin na situação analisada.

Quando chegou à instituição, Karin gritava por horas a fio, mordia seus próprios braços, arranhava o rosto, puxava os cabelos, rasgava as próprias roupas. Jogava-se no chão e ficava deitada por horas no mesmo lugar, gritando, debatendo-se, arranhando-se. Tais comportamentos aconteciam diariamente, durante a maior parte do dia.

Após 15 anos vivendo na instituição, os comportamentos acima diminuíram extremamente em freqüência. A quantidade de “auto-agressões” diminuiu; o “passar o dia todo gritando” não aconteceu nenhuma vez durante o período do estágio. Karin aprendeu a movimentar-se com maior segurança; atualmente pode lidar muito melhor com a ausência de seu pai, situação extremamente angustiante para ela.

Situação - “Surto em cadeia”

Um outro morador da instituição, Mark, entra em crise e grita com força, ininterruptamente, por um longo período. Atira objetos pela casa. Karin agita-se. Está sentada na beira de uma cadeira e balança a cabeça de modo ritmado e com força, formando o símbolo de ‘infinito’, em linguagem matemática - ∞. Começa a balançar o tronco, igualmente com força. O olhar acompanha os movimentos da cabeça, não se fixando em nenhum ponto. Durante todo o tempo esfrega a parte superior da coxa direita com a mão direita. Nessa região específica a calça tornou-se mais fina do que no resto das pernas e quadril. Permanece parada.

Os gritos do colega continuam, Karin começa a gritar e a arranhar o próprio rosto. Aperta os dentes uns contra os outros com força, como se mordesse algo. Alterna esses momentos com um balançar ritmado do tronco e da cabeça. Karin diz, de forma ritmada, formando uma espécie de “refrão”:

- “Isso não é a Karin, isso é o Mark. Quando o Mark grita, é melhor você entrar no quarto e fechar a porta. Isso não é a Karin, isso é o Mark”. Nesse momento, repete as frases que sempre ouve dos acompanhantes em situações desse tipo.

Edda vai com ela até seu quarto. Entram e Edda fecha a porta. Karin senta-se na beira da cama e passa um tempo repetindo os comportamentos descritos acima. Edda senta-se ao lado de Karin e fala, de maneira ritmada, como se fosse uma música:

- “Isso não é a Karin, isso é o Mark. Quando o Mark grita, é melhor você entrar no quarto e fechar a porta. Isso não é a Karin, isso é o Mark”.

Enquanto fala isso, massageia fortemente as costas de Karin, que continua balançando o tronco. Karin pára de balançar-se. Volta a balançar-se e diz:

- “Fale, isso não é a Karin, isso é o Mark. Quando o Mark grita, é melhor você entrar no quarto e fechar a porta. Isso não é a Karin, isso é o Mark. Fale de novo.”

Karin pede repetidas vezes para que Edda repita essa frase. Edda faz o que ela pede, sempre mantendo o mesmo ritmo e massageando fortemente as costas de Karin enquanto interagem.

Durante o processo, Karin foi “escorregando” da cadeira; está quase a ponto de cair no chão. Edda orienta-a a sentar mais para trás senão cairá. Karin faz isso.

De quando em quando pede para Edda abraçá-la forte. Elas levantam-se e Edda a abraça de maneira que Karin fica com o rosto encostado na barriga de Edda, como se estivesse num “abrigo”. Karin grita com toda força. Quando se separam, Karin sorri. Pede para repetir o abraço. O processo “massagem-frase ritmada” e “abraço seguido do grito” é repetido várias vezes, por solicitações de Karin, até que esta se acalma. A essa altura, Mark já parou de gritar.

 

ANÁLISE DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO QUE EXPRESSARIA O FUNCIONAMENTO DA PREGNÂNCIA OU CONSTRUÇÃO DO ATO DE PERCEBER (-SE ) (IDENTIDADE).

No relato acima, temos uma situação na qual Karin, partindo de um estado tranqüilo, agita-se em decorrência de uma estimulação do ambiente: os gritos desesperados de outra pessoa. Assim, chamaremos de “Gestalt-inicial” a configuração na qual Karin apresenta uma grande fragilidade de identidade, com a qual lida por meio de seus próprios gritos. Tal comportamento era extremamente freqüente quando Karin chegou à instituição, o que a tornava bastante anti-social. Na presente situação ele também aparece, num momento inicial, como primeira reação aos gritos de Mark.

O sentido construtivo da pregnância deixar-se-ia expressar por duas vertentes: de um lado a própria Karin, dada a angústia e a insegurança básica, busca estimulação para o ato de perceber Gestalten cada vez mais complexas e “seguras”, sobretudo a si mesma enquanto Figura em relação a um Fundo; por outro lado, interpretamos a intervenção de Edda como facilitadora e produtora da estimulação que Karin, instintivamente, também procura.

Entendemos a “direção” dessa construção como o “caminho” exposto por Wernet sobre o desenvolvimento do ato de perceber: partindo do ato de perceber Gestalten formada por contrastes, para o ato de perceber Gestalten formadas pela diferenciação entre Figura e Fundo, para o ato de perceber Gestalten pluridimensionais, até chegar ao ato de perceber Gestalten pluridimensionais inseridas numa estrutura temporal.

Uma outra forma de nos referirmos a esse “processo pregnante rumo à melhor Gestalt possível” refere-se à construção da diferenciação entre “eu” e “não-eu”, no contexto da construção do real segundo Piaget. Dentro dessa perspectiva, a construção dos esquemas motores e da coordenação entre eles possibilita a construção endógena de “estruturas mentais orgânicas específicas para o ato de conhecer” que, por sua vez, possibilitam que tal diferenciação se dê. Toda nossa análise do sentido construtivo dos atos dos sujeitos e das intervenções relatadas ou sugeridas encaixa-se nessa fase do processo: o sentido de “gestação” ou “construção” do funcionamento da pregnância.

O funcionamento da pregnância pode ser visto tanto no desenrolar da situação atual, quanto nos progressos relativos aos comportamentos de Karin a partir do período em que chegou à instituição: nos dois “planos” ela é capaz de encontrar alguma diferenciação entre o “eu” e o “não-eu”, e a tranqüilizar-se, encontrando alternativas qualitativamente melhores de contato com o outro. A distinção “eu”, “não eu”, é análoga à sensação e percepção “figura”/“fundo” às quais Wernet se refere.

Esse aspecto de construção do funcionamento da pregnância encaminha-se rumo à melhor clareza possível em relação às Gestalten percebidas. Na situação que agora analisamos, Karin encontra uma outra forma de vivenciar a diferenciação entre o “eu” e o “não-eu”, uma forma socialmente melhor do que seus próprios gritos ininterruptos. Ela consegue acalmar-se e encontrar alguma diferenciação entre si mesma e o outro, configurando uma “Gestalt-final” diferente, “mais claramente delimitada”, logo, melhor do que a “Gestal-inicial” de indiferenciação, geradora de intensa angústia.

 

GESTALT INICIAL

Nesse exemplo, temos um modelo do que acontecia, freqüentemente, no dia-a-dia de convívio entre os pacientes: se um dos moradores entrasse em crise, ou seja, se seu equilíbrio (ainda que instável) fosse abalado e ele se agitasse, especialmente gritando, movimentando-se muito, arranhando-se e mordendo-se, era comum que outros moradores também se descompensassem, entrando em crise, o que era conhecido por “surto em cadeia”.

Podemos perceber que a agitação e os gritos do outro não podem ser percebidos por Karin como “do outro”: sua identidade frágil faz com que ela “se misture” com ele, encontrando-se num estado de indiferenciação, não sabendo se o desespero, a angústia e a ansiedade que percebe no ar são dela ou do outro. Isso nos remete à fase inicial referente à construção do real segundo Piaget, período em que ainda não há a possibilidade de diferenciação entre “eu” e “não-eu”.

Piaget (1937/1996, p. 236-237) afirma que, no início da vida, as qualidades internas, isto é, “suas impressões de esforço, de expectativa, de êxito ou de decepção não podem mostrar-se ao bebê, no início, como que emanadas de um eu distinto dos feixes qualitativos dados à percepção imediata: essas qualidades internas estão fundidas com as qualidades externas em um bloco ainda indissociável.” A construção dessa diferenciação depende da construção da inteligência como um todo.

A primeira reação de Karin é gritar, arranhar o próprio rosto, movimentar-se intensamente. Como já esclarecemos, a Gestalt-inicial também remete a uma fase na qual a própria Karin gritava ininterruptamente. Entendemos tal comportamento como uma forma bastante específica de perceber a si mesma como uma unidade delimitada: ao gritar, o corpo todo vibra, especialmente a cabeça, e há a possibilidade de uma percepção específica de si mesma.

Do nosso ponto de vista, a “fragilidade de identidade”, que descrevemos nessa situação, está ligada a uma ausência de conhecimentos estruturantes sobre si mesma, que relacionamos aos estágios da Modalidade, Intermodalidade e Serialidade. O fato de Karin escorregar da cadeira e não se dar conta disso, mostra-nos o quanto seu “esquema-corporal” (Ayres,1998) deixa a desejar: ela não percebe a posição de seu próprio corpo como uma unidade em relação ao espaço no qual se encontra, não se sente como figura em relação a um fundo.

O fato de o olhar não se fixar em lugar algum, também remete a dificuldades bastante precoces no desenvolvimento do ato de perceber e mostra que o esquema da visão não se constituiu adequadamente. É importante lembrarmos que, para Piaget (1936/1987),

o esquema motor é uma totalidade organizada que possibilita a ação no mundo, permitindo a construção dos significados. A partir do exercício dos reflexos há uma construção progressiva: primeiramente dos esquemas isolados, depois da coordenação entre esquemas heterogêneos, seguida da coordenação de esquemas móveis. Observamos em Karin falhas já no nível do exercício e construção de esquemas isolados, fase fundamental para toda a construção posterior, o que aponta para a existência de falhas relativas também às fases posteriores.

 

PREGNÂNCIA: ASPECTO CONSTRUTIVO - OS ATOS DE KARIN

A primeira reação de Karin aos gritos de Mark, na situação atual, foi a do seu próprio grito, seguido da alternativa pregnante da “frase-refrão”. Do nosso ponto de vista, o “refrão” produzido por ela foi “requerido” pela situação anterior, em que ela mesma gritava ininterruptamente na tentativa de construir uma diferenciação entre “eu” e “não-eu”, o que repercutia de forma bastante negativa no aspecto afetivo-social: Karin ficava agitada, angustiada e isolada, já que nenhum de seus colegas suportava seus gritos constantes e sem pausa. A necessidade do estabelecimento de limite entre o próprio corpo e o mundo exterior (percepção-Wernet, 1997) e da distinção entre “eu” e o “não-eu” (ação-Piaget, 1937/1996) é central no quadro referente a Karin. Quando ela diz “Isso não é a Karin, isso é o Mark”, parece tentar lidar verbalmente com a falta de referências sobre si mesma no nível concreto da ação, referente ao “sentir” o seu próprio corpo.

Ela afirma verbalmente a diferenciação entre “eu” e “não-eu”, mas não percebe essa diferenciação no nível da ação. A anomalia fundamental poderia ser entendida como o fato de não haver um respaldo no nível da ação em relação ao que se passa no nível da linguagem. Por isso consideramos fundamental que exista o estímulo da construção de significado no nível da ação, o que constatamos tanto nos atos de Karin, quanto na intervenção de Edda que visava esse objetivo.

No nível da ação, observamos uma busca intensa de estimulação à percepção de si mesma enquanto uma unidade delimitada. Essa busca se deu por meio da ação no mundo, ou seja, dependeu dos esquemas motores e da coordenação entre eles. Nos diferentes movimentos que efetua, no balanço do tronco para frente e para trás e no movimento da cabeça em forma de “infinito”, Karin estimula fortemente o sentido do equilíbrio, variando a todo momento a posição de sua cabeça em relação ao solo e à força da gravidade, e também estimula sua percepção proprioceptiva, ativando diferentes músculos e movimentado ossos e articulações.

O sistema tátil é intensamente estimulado por ela, o que percebemos em vários comportamentos diferentes: arranhar o próprio rosto, esfregar a mão constantemente na perna direita - a calça puída nesse local mostra-nos o quão freqüente é esse comportamento -, apertar os dentes com toda a força. Ela não tem segurança em relação ao próprio limite físico do corpo.

Karin pede para que Edda a abrace e grita. Entendemos tal situação de forma bastante positiva para Karin. Ela até mesmo sorri satisfeita ao final do processo. O “abraço” parece proporcionar a Karin a vivência de uma estimulação tátil especial, ajudando-a a perceber a si própria enquanto uma unidade diferente do outro com o qual estava em contato naquele momento e, no fundo, seus limites em relação ao meio. Compreendemos que o sorriso aparece em decorrência da possibilidade de perceber essa delimitação física de si mesma por meio do contato com o outro, ou seja, “eu termino aqui, ela começa ali”.

Piaget (1937/1996, p. 261) diz que “ é bem provável, ... que o contato com as pessoas desempenhe um papel essencial nos processos de objetivação e exteriorização”, ou seja, que possa conceber o objeto do conhecimento como exterior e fonte de ação diferente de si mesmo, libertando-se do egocentrismo inicial. A situação do “abraço seguido de grito” proporcionou a Karin a experiência de um contato intenso e positivo com o outro, contato esse que parece tê-la ajudado a perceber-se e a diferenciar-se do outro, percebendo-o como fonte de ação diferente dela mesma. Vemos isso no fato de ter “pedido” pelo abraço de Edda, mostrando ter considerado que a ação viria do outro e não dela mesma.

O grito, nesse contexto, parece-nos uma espécie de “evocação” da sensação de “unidade física delimitada” que Karin proporcionava a si mesma por meio dos gritos ininterruptos do período de sua chegada à instituição, adquirindo assim um sentido diferente do anterior. Esse é um exemplo claro da substituição de um comportamento importante para o desenvolvimento, mas que gerava seqüelas negativas, por um comportamento alternativo, que possibilita que as mesmas questões fundamentais sejam elaboradas e gera, ao contrário do antecedente, conseqüências positivas no âmbito afetivo-social. No comportamento atual do “abraço seguido de grito”, há um contato intenso entre os sujeitos, o que possibilita a vivência imediata de uma diferenciação entre si mesmo e o outro e de concomitante aceitação dessa identidade com o outro. Piaget (1966, p. 2), em “L’épistémologie du temps”, afirma: “Le temps ... est par sa nature lié à des énénements qui n’existent plus ou n’existent pas encore, à part une petite zone mobile de présent, inutilisable à elle seule.” Ramozzi-Chiarottino (comunicação pessoal) traduz: “O tempo ... está por, sua natureza, ligado a eventos que não existem mais ou que não existem ainda, à parte uma pequena zona móvel de presente, inutilizável por si só.”

Consideramos, portanto, que um sujeito tem noção de tempo, quando pode reconhecer a existência de eventos que não ocorreram ainda e de outros, que já ocorreram. Karin mostra ser capaz dessa distinção. Por exemplo, ao pedir que Edda diga sua “frase-refrão”, mostra que pode conceber um evento que ainda não ocorreu, mas que é evocado por ela no momento atual.

Constatamos, porém, que a construção da noção de tempo ainda não ocorreu de forma adequada. Se assim fosse, Karin poderia compreender melhor e definitivamente, por um lado, que ela é a mesma no decorrer do tempo, assim como Mark seria percebido como permanente no tempo. Por outro lado, poderia lidar melhor com a angústia e a ansiedade, comparando a situação atual com outras experiências similares já vividas e superadas, e relativizar ainda mais, a intensidade da situação atual, projetando possíveis mudanças do quadro no futuro.

Nada disso parece inteiramente possível a Karin, que vive intensamente, a cada instante, a fragilidade de sua identidade, decorrente, entre outros problemas, de uma falta de referências suficientes do próprio corpo, da relação deste com o espaço e de sua inserção numa estrutura temporal no nível da ação, e da indiferenciação entre “eu” e “não-eu”. Contudo, o processo já se iniciou, já há nesse momento uma direção a ser seguida.

Fica clara a necessidade de ritmo e de repetição das “frases-refrão” numa tentativa de tornar a evolução de um processo assimilável. Entendemos que a seqüência que se repete, tanto em relação ao ritmo, quanto em relação às palavras ditas, tranqüiliza Karin ao proporcionar-lhe alguma noção de continuidade temporal, de evolução de um processo. O tom de voz também pode transmitir segurança e acolhimento.

 

PREGNÂNCIA: ASPECTO CONSTRUTIVO - A INTERVENÇÃO

Vemos que Edda, o tempo todo, massageia as costas de Karin, com força e enquanto fala com ela, o que a vai ajudando a perceber um limite de sua pele, uma informação tátil fundamental, da qual Karin precisa muito nesse momento de desequilíbrio. O fechar da porta do quarto de Karin no decorrer da situação, ajuda-a a estabelecer um limite físico concreto entre si mesma e Mark, ajudando-a a diferenciar-se dele. Ao repetir sempre as mesmas “frases-refrão” e com um ritmo determinado, Edda ofereceu à Karin limite físico e verbal ao mesmo tempo, favorecendo a distinção entre “eu” e “não-eu” nos diferentes planos.

A repetição da “frase-refrão” proporcionou a Karin a experiência de um processo assimilável por ela, isto é, o da frase ritmada e repetida, que a ajuda a vivenciar a passagem do tempo ligada à ação, como um processo, outro aspecto fundamental, e com o qual Karin não pode contar para lidar com a presente situação.

A intervenção de Edda foi bastante positiva e construtiva para Karin, de maneira que consideramos ter ocorrido construção de sentido a partir do contato entre elas. Edda pôde entrar em relação com Karin em forma de “contraponto” necessário para a produção de sentido. Fez isso, por exemplo, ao oferecer estímulos táteis pertinentes, ao aceitar o modo de ser e de se expressar de Karin, ao permitir que Karin fosse ativa - movimentando-se, falando, abraçando, gritando -, ao produzir um processo assimilável por Karin, ao proporcionar um limite físico e concreto entre Karin e Mark quando fechou a porta do quarto, ao interagir com Karin como um “parceiro que possibilita a percepção do limite entre “eu” e “não-eu””, no momento do “abraço seguido de grito”. Os atos de Edda demonstram compreensão do caráter construtivo dos comportamentos de Karin e, por isso, pôde haver produção de sentido no contato entre as duas pessoas.

 

GESTALT FINAL: A MELHOR CONCLUSÃO POSSÍVEL

Percebemos que Karin, por meio do processo que analisamos, encontra um equilíbrio que parece expressar o fato de ter sido capaz de conceber-se como uma Gestalt segura em relação ao mundo e ao outro, naquele momento, como conclusão do processo como um todo. Ela tranqüiliza-se e a necessidade de estímulos intensos ao ato de perceber a si mesma diminui.

A partir do momento em que, ao interagirmos com Karin numa situação similar a essa, possamos compreender o sentido construtivo desses comportamentos, a qualidade das interações pode tornar-se, em conseqüência disso, igualmente mais construtiva.

Para tanto, é necessário que conheçamos como se dá o desenvolvimento do ato de perceber e a construção da diferenciação entre “eu” e “não-eu”, e que possamos nos colocar no lugar do outro, considerando as “lentes específicas” através das quais ele pode perceber o mundo e a si mesmo.

 

CONCLUSÕES

De uma maneira geral, e sobretudo nas situações de “crise”, consideramos que, uma vez que a noção de si “melhorou”, evoluiu no sentido apontado pela pregnância, os significados atribuídos ao mundo e os sentimentos decorrentes dessas interpretações também mudaram. Por isso os sujeitos puderam acalmar-se em decorrência das intervenções.

Estas parecem ter contribuído para uma mudança na possibilidade de conceber a si mesmo e ao mundo. O modo de conceber o todo mudou. Partindo de uma Gestalt formada por contrastes, mas sem diferença clara entre figura e fundo, e evoluindo por meio dos atos e intervenções pregnantes, foi possível conceber a Gestalt formada pela diferenciação “eu como figura”, claramente delimitada em relação ao “fundo-mundo”.

Houve, portanto, uma mudança também no modo de estabelecer relações entre partes: “sou diferente do outro”, “estou posicionado de tal forma em relação ao espaço e aos objetos”, “sou constante no tempo”, “o outro é constante no tempo”. Essas sentenças seriam vividas no nível prático e não expressas ou pensadas representativamente.

Percebemos que nossos sujeitos lutam para continuar seu caminho de desenvolvimento em diferentes níveis e que todos eles apresentam dificuldades já no início do desenvolvimento. Dentro desse contexto, reconhecemos dois temas fundamentais: a identidade psicossocial, que relacionamos diretamente ao “esquema-corporal”, que remete à diferenciação Figura-Fundo, e a possibilidade de inserção dessa identidade numa estrutura temporal adequada, que remete à elaboração de uma noção de tempo objetiva.

Entendemos que as intervenções que puderam gerar uma construção de sentido estruturante da identidade psicossocial foram as que se deram no nível da ação. Assim, é necessário que criemos oportunidades para que tais sujeitos possam construir a atribuição de significado nesse nível, o que proporcionaria referências seguras sobre eles mesmos como uma unidade delimitada, inserida num contexto espaço-temporal objetivo.

Acreditamos ter mostrado como é possível a análise de comportamentos de pessoas com transtornos severos do comportamento e de intervenções relativas aos mesmos, à luz do referencial teórico adotado, que aborda o desenvolvimento do ato de perceber Gestalten e a construção de estruturas infra-lógicas, que consideramos ser uma expressão do funcionamento da lei da pregnância de Max Wertheimer.

Subjaz a esse processo a consideração de que o mundo percebido por um sujeito depende da estrutura por meio da qual ele percebe o mundo.

Esperamos ter mostrado que o desenvolvimento do ato de perceber Gestalten relaciona-se, intimamente, à construção da diferenciação entre “eu” e “não-eu”, em outras palavras, de uma identidade psicossocial, configurando-se em um processo de desenvolvimento que encerra um valor em si mesmo.

Pretendemos contribuir para as reflexões acerca do trabalho com pessoas com transtornos severos do comportamento, oferecendo uma alternativa de interpretação que possa gerar uma nova qualidade de interação interpessoal, melhorando a qualidade de vida desses sujeitos.

 

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Recebido em 17/11/2005
Revisto em 27/11/2006
Aceito em 30/11/2006

 

 

1 Parte da Dissertação de Mestrado de Flory, E. V. (2004). A relação figura-fundo e as estruturas infra-lógicas na construção da identidade psicossocial de pessoas com transtornos severos do comportamento. Instituto de Psicologia da USP, São Paulo.
* Endereços para correspondência: Elizabete Villibor Flory: R. Lisboa, 273, apto 14, Jd. América. São Paulo - SP. CEP: 05413 - 000; E-mail: elizabete.flory@uol.com.br. Zélia Ramozzi-Chiarottino: R. Padre João Manuel, 362, apto 301. São Paulo – SP. CEP:01411-000. Fone: 11 - 3083 6883; E-mail: zramozzi@superig.com.br

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