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Boletim de Psicologia

versão impressa ISSN 0006-5943

Bol. psicol v.56 n.125 São Paulo dez. 2006

 

RESENHA

 

 

Psicologia pediátrica

 

 

Geraldina Porto Witter*

Universidade Castelo Branco

 

 

Drotar, D. (2006). Psychological interventions in childhood chronic illness. Com a colaboração de D. O. Witherpoon, K. Zebracki e C.C. Peterson. Washington (DC): APA, xi + 319 p.

 

 

O Dr. Denis Drotar é professor da Case Western Reserve University School of Medicine, Diretor da Division of Behavioral Pediatric and Psychology, tem vários livros publicados na área da Psicologia da Saúde e da Psicologia Hospitalar. Já ocupou vários cargos de importância em diversas sociedades científicas. O presente livro é fruto de muitos anos de prática e de pesquisas na área. Contou com a colaboração de colegas na discussão dos textos, práticas, etc.

A Introdução é uma explicação da necessidade de preencher um vácuo na literatura sobre a matéria e de como o livro foi estruturado em quatro partes temáticas, totalizando 11 capítulos, índice de autores e índice de conteúdo.

A Parte I é uma revisão de pesquisas na área e o Capítulo 1 trata da pesquisa de intervenção psicológica, destacando suas necessidades e questões críticas. Descreve o impacto multifacetado da doença pediátrica crônica no ajustamento da família e da criança, nos contextos escolar, da saúde e dos colegas, havendo necessidade de intervenção psicológica em todos eles.

O Capítulo seguinte apresenta modelos e referenciais teóricos para a intervenção psicológica e a pesquisa na área. Os modelos são estruturados em grupos: Recursos da Pessoa e da Família e Modelo de Fator de Risco; Modelos de Sistema Familiar; Teorias Comportamentais Cognitivas, Modelos Sociais Cognitivos, Modelos de Estágios de Mudanças e Modelos Compreensivos. Cada grupo compreende vários modelos muitos desconhecidos no Brasil. Fecha o capítulo apontando tendências para o futuro “novas teorias não são necessárias”. Mas uma grande parte do trabalho a ser feito é redefinir e integrar os modelos correntes. O progresso e o refinamento teórico pode ser alcançado seguindo a agenda: (a) intensificar estudos de teorias, modelos e estruturas específicas para as doenças pediátricas crônicas; (b) articular o papel do processo familiar na teoria; (c) especificar os processos críticos na mudança da intervenção e (e) refinar e integrar os modelos teóricos com base em dados e na prática.

A segunda parte do livro – Estratégias Pragmáticas – composta por três capítulos começa com um sobre planejamento de pesquisa para intervenções psicológicas, analisa o processo de tomada de decisão na pesquisa e os cuidados que se deve ter em todo o trabalho. O assunto tem continuidade no capítulo seguinte, quando enfoca a implementação da pesquisa de intervenção psicológica no contexto pediátrico a partir das tarefas críticas com as quais se espera que o psicólogo se envolva. Trata de vários aspectos como colaboração, formação de equipe, logística, amostragem, dificuldades, participação da família, controle de qualidade e análise de dados. Em seqüência (Capítulo 5) trata das questões éticas subjacentes na intervenção psicológica: antecipação de riscos, planejamento da pesquisa, consentimento informado entre outros problemas éticos relevantes.

A Parte III trata de aplicações das pesquisas e do conhecimento clínico na intervenção pediátrica de condições crônicas de saúde, mais comuns, São cinco capítulos nos quais são focalizadas intervenções psicológicas em pacientes pediátricos com asma, diabates, câncer, artrite reumática juvenil e fibrose cística. Em todos eles a estrutura básica seguida foi: caracterização, tratamento médico, impacto psicológico na criança e na família, administração da doença e aderência ao tratamento, revisão da literatura, exemplos de estudos de intervenção, recomendações para o atendimento clínico com base nas pesquisas, recomendações para pesquisa e perspectivas futuras para a pesquisa e a atenção clínica para cada uma das doenças enfocadas. A ênfase é na pesquisa e na sua absorção na clínica, integrando as duas vivências.

A Parte IV – Resumo e Conclusões – composta por um capítulo retoma rapidamente os pontos principais levantados ao longo do livro e apresenta recomendações lúcidas e de grande utilidade para fortalecer a ciência, a prática e a política de atendimento psicológico à criança com problemas crônicos de saúde. Retoma os estágios da pesquisa de intervenção: pesquisas descritivas, estudos piloto de viabilidade, estudos de eficácia, estudos de análise dos efeitos e estudos de aplicação na clínica. Para atingir cientificamente as intervenções é necessário: aplicar as estratégias científicas na intervenção, cuidar da significância das informações clínicas obtidas, usar estratégias para que os dados de pesquisa sejam usados nas clínicas, facilitar a discriminação e desenvolvimento da intervenção dentro dos parâmetros da ciência e desenvolver uma política de uso deste conhecimento.

A bibliografia do livro é muito atual e de qualidade. Os índices de autores e conteúdo são bem feitos e úteis em consultas a partes da obra. Os grandes autores das áreas específicas estão sobejamente representados, valendo lembrar: Anderson, Armstrong, Bauman, Bender, Bonner, Brown, Chernoff, Creer, De Vet, Frey Gerhardt, Gil, Glasgow, Gustafson, Harris, Holmbeck, Ireys, Kazak, Kazdin, Koocher, Kuppenheimer, Lavigne, Lemanck, Machaner, McQuaid, Nassau, Noll, Patterson, Peterson, Powers, Quittner, Rapoffm, Rubin, Stark, Stein, Thompson, Varni, Walders, Wysocki, entre outros, inclusive o autor do livro, consagrados mundialmente, mas que permanecem praticamente desconhecidos no Brasil.

Este livro é imprescindível para pesquisadores e profissionais da saúde, para psicólogos escolares, clínicos, hospitalares, etc.

 

 

Recebido em 30/10/2006
Aceito em 15/11/2006

 

 

* Endereço para correspondência: Av. Pedroso de Moraes, 144, apto, 302, Pinheiros. São Paulo – SP. CEP: 05420-000. Fone: (11) 3032-1968; 3812-8079. E-mail: witter@uol.com.br.

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