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Boletim de Psicologia

versão impressa ISSN 0006-5943

Bol. psicol vol.60 no.132 São Paulo jun. 2010

 

ARTIGOS ORIGINAIS

 

Input materno e aquisição da linguagem: Análise das díades comunicativas entre mães e filhos

 

Maternal input and language acquisition: Analysis of communicative mother-child dyads

 

 

Eduarda Patussi Hubner *; Luciana Grolli Ardenghi

Universidade de Passo Fundo

 

 


RESUMO

Este trabalho trata da interação verbal entre mães e filhos, objetivando estudar a extensão e quantidade de enunciados diretivos das mães no desenvolvimento da linguagem dos filhos com ou sem retardo na aquisição da linguagem verbal. Participaram da pesquisa oito crianças acompanhadas de suas mães, de ambos os sexos, com idades entre 2:10 e 5:3 anos e divididas em dois grupos. Quatro apresentavam retardo na aquisição da linguagem e as outras quatro desenvolvimento normal da linguagem. Para a análise da interação lingüística propuseram-se três tarefas de interação entre as díades. Obtiveram-se a média de extensão do enunciado (MLU), os enunciados diretivos das mães e realizou-se a análise estatística para determinar a relevância de cada item analisado. A partir desta pesquisa concluiu-se que o MLU não foi uma medida que refletiu as diferenças na fala dirigida à criança nos dois grupos; a variável que melhor reproduziu a diferença no input materno foi a avaliação dos enunciados diretivos.

Palavras-Chave: Linguagem, Retardo de linguagem, Input lingüístico, MLU.


ABSTRACT

This work is about the mother-child verbal interaction, aiming to study the extension and amount of mother’s directive utterances upon language development, with or without delay in the acquisition of verbal language. Eight children of both genders, whose ages varied between 2:10 and 5:3 years, accompanied by the mothers, participated in the research divided in two groups. One group was composed by four children who showed delay in the acquisition of verbal language and the remaining four who had normal development of language acquisition. Three tasks were proposed for analysis of linguistic interactions of the dyad. MLU and directives utterances of mothers were obtained. The statistical analysis was made in order to obtain the relevance of each item. It was found that the MLU, in this study, was not a measure reflecting differences in directed speech to the child in both groups; the variable that better reproduced the difference in the mother’s input was the directive utterance.

Keywords: Language, Language disorder, Linguistic input, MLU.


 

 

INTRODUÇÃO

De acordo com Ramos, Fróes, Maldaner, Rosa e Soares (2002), a comunicação entre a mãe eo bebê através de relações precoces explica alguns transtornos posteriores da comunicação,enfatizando a importância de uma boa interação entre a díade, para que a criança possa perceber-se como sujeito autônomo.

A linguagem se constitui na principal forma de comunicação da criança e é adquirida pelocontato e interação com o meio social em que vive. Por meio da linguagem a criança tem acesso avalores referentes à cultura em que está inserida. Quanto mais precoce é o seu envolvimento, emsituações comunicativas e interacionais, mais benefícios obterá a curto e a longo prazo, em termosde oportunidades de aprendizagem.

Considerando a importância do desenvolvimento da linguagem expressiva e compreensivaoral, a criança aprende, sobretudo pela interação com o ambiente, uma das formas dessa interaçãose dá pelos processos de observação, imitação, choro, interesse pelas pessoas e objetos, que iniciamas primeiras intenções de se comunicar.

A aquisição da linguagem oral pela criança é esperada com muita ansiedade pelos seus pais emembros da família, tanto que todos tentam ensinar a criança a produzir palavras. Porém tal desafiofica maior, quando se está diante de crianças que não conseguem um desenvolvimento típico delinguagem (Fensterseifer e Ramos, 2003).

Além da estimulação proporcionada pela mãe em relação ao processo de comunicação de seufilho, existe a dependência da resposta ao estímulo fornecido para continuar o processo de interação. Existe, assim, uma estimulação recíproca entre mãe ou cuidador e crianças, concretizando a afirmaçãode que esse processo ocorre bidirecionalmente.

O presente trabalho de pesquisa trata da interação entre mães e filhos e da análise da extensãodo enunciado das mães no desenvolvimento da linguagem do filho. Tem como principal objetivoanalisar as interações entre mães e filhos e estabelecer as diferenças na interação por parte de mãesque possuem filhos com desenvolvimento típico e atípico da linguagem. Pretende-se estabelecer assemelhanças e diferenças entre a média de extensão do enunciado (MLU) e a quantidade de enunciadosdiretivos apresentados pelas mães nas situações comunicativas.

Além da estimulação proporcionada pela mãe em relação ao processo de comunicação de seufilho, existe a dependência da resposta ao estímulo fornecido para continuar o processo de interação.Existe, assim, uma estimulação recíproca entre mãe ou cuidador e crianças, concretizando a afirmaçãode que esse processo ocorre bidirecionalmente.

Compreender os aspectos relacionados com a comunicação e as interações que ocorremdurante o desenvolvimento dos sujeitos e em situações nas quais patologias de linguagem podemestar presentes é fundamental para que se possa propor estratégias comunicativas efetivas para odesenvolvimento da criança. Nesse sentido, os benefícios proporcionados para a família e asociedade serão evidenciados com o maior aprofundamento no conhecimento desse tipo de relaçãodialógica entre mães e filhos.

Portanto, a interação social e o input lingüístico no processo de aquisição e na presença dosdistúrbios da linguagem precisam ser estudados à luz das características de cada sujeito e das relaçõesbidirecionais entre criança e adulto. Acredita-se que as mães das que apresentam desenvolvimento atípico de linguagem necessitam de estratégias diferenciadas para garantir sucesso da comunicação.Nesse sentido, tornam o seu próprio discurso mais simplificado e direto no tópico proposto para aconversação.

 

REVISÃO DE LITERATURA

Desenvolvimento de linguagem

O desenvolvimento inicial da linguagem se caracteriza por sons produzidos pelo bebê emsituações ocasionais. Nos primeiros meses, esses sons aumentam e tornam-se associados a estímulosque demonstram a alegria do bebê; do quarto ao quinto mês, a criança usa gorjeios como brincadeirae logo, no sexto mês, o bebê já é capaz de formar sílabas repetidas. A partir do sétimo mês observa-se o balbucio, a quantidade de vocalizações aumenta, chegando até um ano, quando a criança jáconsegue juntar duas a quatro palavras com significado no seu final (Grüspun, 2003).

O reconhecimento da competência dos bebês logo após o seu nascimento, quanto a suacapacidade de percepção, imitação e comunicação, é considerado uma pré-adaptação ao meio emque ele está inserido; assim, ele evidencia o seu papel ativo no mundo das relações com as pessoasque estão ao seu redor. As mães apresentam em graus variados a capacidade de reconhecer asnecessidades, preferências e limites do bebê. A criança age sobre sua mãe, por meio de mímicas eolhares, ao passo que a mãe age sobre a criança por meio de sua fala e ações (Moura et al., 2004).

É importante compreender que o desenvolvimento da linguagem também se faz pelas relaçõessociais que a criança estabelece, em razão dos estímulos que os pais lhes oferecem. O desenvolvimentonão se dá de modo igual em todas as crianças; ao contrário, é dependente do meio em que vive(Fernandes, 2003).

A linguagem deve ser concebida no contexto da interação social, não simplesmente comotransição de informações. Nesse sentido, a linguagem permite que no processo de interação ascrianças sejam estimuladas no seu fazer; que surjam contradições entre o pensamento da criança eseus interlocutores (Zorzi, 1993).

Assim a interação entre pais e criança será afetada nos casos de deficiência de linguagem. Éclaro que a maioria das crianças aprende a linguagem adequadamente com um mínimo de estimulaçãoconsciente de quem cuida delas. As evidências sugerem que a conseqüente distorção da interaçãoem casos menos acentuados também pode ocorrer mais em função das necessidades da criança e dadificuldade dos pais ao tentarem corresponder a tais necessidades, do que de um estilo particular defala que os pais possam usar (Law, 2001).

Denomina-se retardo de linguagem algum tipo de comprometimento na evolução dodesenvolvimento da linguagem. Um primeiro tipo de atraso da linguagem pode ser caracterizadoquando a criança já atingiu a idade cronológica esperada para adquirir a linguagem, mas não conseguiu. Ele é manifestado pela ausência de linguagem verbal e comportamento infantil. A segunda forma deretardo de linguagem pode ser observada em crianças que usam palavras para se comunicar, mas têmuma linguagem que não se desenvolve com a rapidez esperada. A criança geralmente possui umvocabulário restrito, associado à dificuldade de organizar frases (Zorzi, 1993).

Interação e estimulação

O desenvolvimento da habilidade interativa inicia-se por meio de uma transação complexaentre o bebê e os pais. Desde o início, os cuidadores atribuem significado para o comportamento dacriança. Modelam esse comportamento em atos de comunicação; assim, os comportamentos sãoreforçados e resultam na aquisição da comunicação pela palavra (Grüspun, 2003).

As informações e experiências que a criança recebe do meio ambiente em que vive édenominado input. O input lingüístico refere-se a todas as experiências proporcionadas pelo uso queos demais fazem da linguagem em suas interações e, especialmente, ao se comunicar com o própriosujeito. O feedback de expansão ou reformulação é um dos mais eficazes estilos de input materno noprocesso de aquisição da linguagem, pois apresenta uma versão corrigida ou alternativa do seuenunciado (Borges e Salomão, 2003).

Os fatores ambientais podem provocar conseqüências nocivas à linguagem da criança.Geralmente, os primogênitos apresentam uma assimilação verbal mais direta dos pais, ao passo queo segundo filho tem esse aprendizado também mediado pelo irmão. Um fator muito importante noprimeiro ano de vida é a interação entre pais e criança. O desejo de se comunicar é tão grande nobebê que, às vezes, parece impossível interpretá-lo (Law, 2001).

Quando as mães falam com seus filhos, elas usam uma linguagem diferente da empregada comoutros adultos. Muitos aspectos diferem na conversa da mãe com o bebê, desde a intensidade da vozelevada à entonação exagerada (Mussen, Conger e Kagan, 1995). A manipulação dessas característicasprosódicas é muito alta exatamente na idade em que os bebês são mais responsivos e, em torno decinco anos de idade, as crianças não recebem praticamente nenhum ajuste prosódico. Portanto, parececlaro que a prosódia está sintonizada com a responsividade ou a atenção da criança (Snow, 1997).

A fala materna é muito importante nos primeiros anos de vida da criança, período em que elas nãoconseguem responder a sentenças muito complexas. Isso enfraquece as intenções comunicativas dascrianças, podendo despertar problemas no desenvolvimento da linguagem. É importante que a fala maternaseja apresentada de forma simples e curta, porém num nível mais elevado que o da criança, de forma quetorne possível sua participação no diálogo e um crescimento lingüístico (Borges e Salomão, 2003).

As principais diferenças estão relacionadas com o grau de dificuldade imposto no discursodos pais em comparação com o das mães. Os pais tendem a usar um discurso não contínuo, o quetornaria a fala mais complexa e, portanto, exigiria um grau de observação mais acentuado por parteda criança. Fonseca e Salomão (2006) sugerem que essa dificuldade seria importante para odesenvolvimento da linguagem. As mães, ao contrário, geralmente utilizam um discurso contínuo,tendo mais facilidade de se envolverem com a criança nas mais diversas atividades e nos mais variadoslugares, o que possibilita ajustar a fala aos enunciados infantis de modo que ela compreenda.

É fundamental que a mãe seja maleável. Uma mãe deprimida, por exemplo, é menos maleável,mais concentrada em suas preocupações, o que pode acarretar atrasos na linguagem de seus filhos.A narrativa oral de fatos e eventos será a base fundamental para o acesso a uma nova etapa evolutivainfantil (Ramos et al., 2002).

A fala dos adultos para as crianças é geralmente sucinta e empregada nos padrões de entonaçãomais exagerada do que na fala com outro adulto (Bishop e Mongford, 2002). A fala dos adultosdirigida à criança se caracteriza como uma fala simples e que geralmente trata de assuntos referentesao momento, com um tom mais enfático que dá impressão de brincadeira. O adulto faz um ajustepermanente, uma evolução espontânea relacionada aos progressos da criança. Com uma linguagemmais estável o adulto bloqueia o progresso da criança. Durante a troca, desempenha dois papéis: opassivo, no qual ele apresenta o modelo da língua pra criança, e o ativo, pelo qual escuta a criança,faz um esforço para compreendê-la e reformula suas frases corretamente, sempre completando commais alguma informação (Aimard, 1997).

A maneira como a fala das mães é dirigida às crianças pode estar relacionada a dois aspectos,primeiro o fato de as mães possuírem socialmente o papel de educadoras e, segundo, conheceremmelhor a realidade dos seus filhos. Como educadora, a mãe se sente na responsabilidade de ensinara criança e progressivamente, apropria-se da linguagem compatível com o nível lingüístico da criança,o que favorece o desenvolvimento da linguagem na medida em que permite dar continuidade àconversação entre os parceiros conversacionais (Fonseca e Salomão, 2005).

O motherese ou maternalês tem sido foco de estudos desde a década de 1970, quando muitaspesquisas buscavam encontrar correlação entre o uso desta maneira de falar das mães e odesenvolvimento da aquisição da linguagem de seus filhos. Caracteriza-se o motherese com traçosparalingüísticos como tom alto e entonação exagerada; traços sintáticos, como menor comprimentomédio dos enunciados, menor número de formas e modificadores verbais, menor número de oraçõessubordinadas intercaladas por enunciados, enunciados sem verbos, mais palavras de conteúdo emenos palavras funcionais e traços de discurso como mais frases interrogativas e imperativas, falamais fluente e inteligível e mais repetições (Aquino e Salomão, 2005).

Os estudos do motherese foram utilizados como evidências de que o input lingüístico especialmenteestruturado era importante no aprendizado da linguagem, ao mesmo tempo em que aumentava arelevância das competências que nascem com as crianças. A tarefa da aquisição da linguagem requeraprender gramática e outras habilidades da linguagem fundamentadas em exemplos fornecidos pelospais através de situações positivas e não de reforços negativos (Aquino e Salomão, 2005).

Borges e Salomão (2003) enfatizam o aspecto conversacional da fala motherese, alegandoque a mãe não fala para a criança, mas com a criança. De acordo com estes autores, esse não é oúnico objetivo da fala motherese, pois, em virtude da tentativa de estabelecer a comunicação, amãe busca relacionar o seu contexto da fala ao nível lingüístico das crianças. O controle do nívellingüístico das crianças é importante pelo fato de que o motherese deve ser entendido em termosdas disposições da própria criança para organizar e utilizar a informação lingüística, pois acriança faz diferentes usos da linguagem que recebe. Nos primeiros estágios lingüísticos a criança está aprendendo o vocabulário básico e a expressar formas semânticas simples, assim o estilo deinput simples poderá ter um efeito facilitador nesse processo; porém, se a criança estiver num nívellingüístico de aquisição de regras semânticas, provavelmente será necessário um estilo mais complexode input. São consideradas regras semânticas simples aquelas que possuem relação direta com oobjeto ou situação vivenciada.

Entretanto, em posição contrária o estilo de input que pode interferir negativamente nodesenvolvimento da linguagem é a diretividade. Este estilo de input relacionado a comandos,direções e instrução está associado a uma aquisição mais lenta de nomes e palavras por parte dascrianças que o recebem. Outro aspecto a ser considerado é de que este estilo de input é característicodas mães de crianças com desenvolvimento atípico de linguagem. Ressalta-se que as crianças atípicas,são menos ativas e menos comunicadoras, o que leva a acreditar que os enunciados diretivos dospais podem ser uma compensação pela falta de respostas ou baixa compreensão dos seus filhos(Borges e Salomão, 2003).

Mesmo apontando os aspectos favoráveis e desfavoráveis em relação ao input utilizado naaquisição da linguagem durante a abordagem da interação social, não se considera que o input seja oúnico responsável pelo desenvolvimento da linguagem, pois fatores biológicos também podeminterferir nesse processo. Borges e Salomão acreditam que a forma como a criança interage com oambiente e com o meio social em que vive e a qualidade das informações que lhes são transmitidassão fatores importantes para o domínio da linguagem. Assim, as crianças que participam mais dainteração social com uma participação ativa, provavelmente, alcançarão com mais eficácia o domínioda linguagem do que aquelas que não tiverem esta oportunidade.

Uma das formas de se medir a quantidade de fala apresentada às crianças, assim como o seunível lingüístico, é pelo do cálculo de MLU (tamanho médio do enunciado, em inglês Mean LengthUtterance). Apesar de receber críticas, ainda é uma das formas de medida lingüística mais utilizadaem função de não haver outra medida pertinente ao português brasileiro (Borges e Salomão, 2003).Fensterseifer e Ramos, (2003) têm utilizado o MLU para caracterizar a linguagem infantil, associando-o a análises qualitativas no sentido de complementar o diagnóstico clínico. Descreve-se o MLU comodeterminado pela soma do número de morfemas, ou seja, palavras faladas num conjunto de enunciadosconsecutivos, divididos pelo número de enunciados.

Em seu estudo com 93 crianças na faixa entre um ano e seis meses e cinco anos de idade,Fensterseifer e Ramos obtiveram o perfil de extensão média em crianças falantes do portuguêsbrasileiro, utilizando o MLU. Concluíram que o cálculo do MLU é, sem dúvida, o procedimento maisamplamente utilizado na literatura estrangeira para tentar captar a evolução lingüística infantil nosprimeiros três anos de vida e, atualmente, começa a ser utilizado pelos pesquisadores no Brasil,estabelecendo-se médias para o desenvolvimento normal em diferentes faixas etárias. O MLU érelevante na identificação de crianças normais e com desvio específico de linguagem, pois foi obtidauma correlação desta variável com a idade cronológica.

 

MÉTODO

Sujeitos

Participaram da pesquisa oito crianças, com idades entre 2:10 e 5:3 anos, sete do sexo masculinoe uma do sexo feminino, com suas respectivas mães, quatro portadoras de desenvolvimento atípicode linguagem (grupo experimental - G1) e quatro com desenvolvimento normal de linguagem (grupode controle - G2). Os sujeitos pertencentes ao G1 foram selecionados na Clínica de Fonoaudiologiada Universidade de Passo Fundo ou no Consultório de Fonoaudiologia da pesquisadora responsávelpelo projeto. As crianças do grupo G2 foram escolhidas por indicação da própria pesquisadora, nãoapresentando história de patologias de desenvolvimento, nem distúrbios de linguagem comprovadapela avaliação fonoaudiológica. O G2 formou-se por crianças de mesma idade cronológica comdiferença de no máximo seis meses.

Além das avaliações citadas, foram considerados como valores referenciais o MLU das criançasa partir dos dados encontrados no estudo de Fensterseifer e Ramos (2003). As crianças do G2 tinhamresultados na média e as crianças do grupo experimental tinham MLU menor que a média em relaçãoà idade e ao sexo da criança do referido estudo.

Procedimento

Princípios éticos

Inicialmente, a presente pesquisa foi encaminhada para o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Passo Fundo, respeitando as diretrizes regulamentadas para pesquisas com seres humanos. Após a aprovação pelo respectivo comitê, foram contatadas as crianças que fariam parte do estudo. Todas as informações foram fornecidas pessoalmente pela examinadora no primeiro contato e, após a compreensão dos responsáveis, foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que repete as informações na forma escrita. As informações fornecidas estão diretamente relacionadas com a explicitação dos objetivos da pesquisa, bem como o nome da pesquisadora, juntamente com o seu telefone para qualquer esclarecimento adicional sobre a pesquisa, dados sobre os riscos e benefícios da participação dos sujeitos no estudo, destacando os procedimentos realizados. Foram assinadas duas vias do termo, uma das quais ficou com o participante e a outra, com a responsável pelo estudo. Nessa oportunidade, solicitou-se a permissão para filmar a interação, sendo as fitas transcritas logo após seu término.

Coleta de dados

Todas as mães das crianças passaram por uma entrevista de anamnese fonoaudiológica naqual foram realizadas perguntas relativas à gravidez, parto, alimentação, desenvolvimento geral delinguagem e vida escolar. Foi também realizada avaliação do desenvolvimento da linguagem, constandode análise da brincadeira simbólica e do comportamento verbal. A avaliação da criança foi realizadapor meio de um protocolo que considera a brincadeira informal como base para a eliciação docomportamento verbal infantil com brinquedos diversos, compostos por miniaturas de uma casa, uma família de bonecos, objetos sem uso identificados, comidas, potes com tampa, cuidadosamenteselecionados para avaliação de condutas simbólicas e pré-simbólicas. Como exames complementares,as crianças do G1 e do G2 foram encaminhadas para avaliação audiológica que constou de audiometriatonal e vocal e impedanciometria.

Três tarefas foram propostas para as mães para ser observada a interação lingüística: (a) contarhistórias de livros de contos de fadas, (b) construção de um castelo com blocos e (c) brincadeira livreutilizando um caixa contendo brinquedos diversos. As sessões de interação foram filmadas por umperíodo de 30 minutos, transcritas e depois analisadas. As fitas foram apagadas depois de realizadaa coleta e só então estudadas.

Para análise da extensão média dos enunciados (MLU) das mães e das crianças foram utilizadosos critérios propostos descritos abaixo por Fensterseifer e Ramos (2003):

1. Todas as repetições exatas de enunciados foram contadas. Cada repetição de palavrastambém foi contada.

2. Não foram contados elementos expressivos como “ã”?, mas se consideraram todos os é, sim, não, tá.

3. Palavras compostas, nomes próprios ou reduplicações ritualizadas foram contadas só umavez: au au, piu piu, dona Maria, Tia Carol, etc

4. As poucas ocorrências de passados irregulares dos verbos foram contadas como um sómorfema, como fui, fiz.

5. Flexões do feminino só foram contadas como um morfema a mais nas formas que têmoposição de masculino e feminino, como: ele/ela, esse/essa.

6. Aumentativos foram contados como um morfema a mais nos nomes. O mesmo ocorreucom os diminutivos, com exceção dos contextos em que havia evidência de serem formasafetivas, pois se consideram formas congeladas de processamento de léxico.

7. Foram contadas como um morfema a mais as flexões verbais de primeira pessoa do singularpresente e perfeito; da mesma forma foi considerada a terminação do progressivo: andando,dançando, etc. As formas verbais de terceira pessoa do singular foram consideradas comoum só morfema, porque parecem ser a forma verbal normal do verbo, antes de ser umaflexão verbal realmente relacionada à terceira pessoa.

8. Contrações de preposições com artigos, pronomes pessoais ou outros elementos foramcontadas como morfemas separados, como na, no, da, do, deste, desta, daqui.

9. Os totais obtidos representam todos os enunciados de cada coleta, a partir da transcrição total.

10. Os enunciados maternos nos quais foi realizada a leitura dos livros infantis foram retiradosda contagem, pois não se considerou como fala espontânea e, em decorrência disso,poderiam comprometer as características da amostra.

Análise dos Enunciados Diretivos

Para análise deste tipo de estilo de narrativa dirigida à criança elaborou-se a categoriadenominada Enunciado Diretivo, interpretado como um comando ou ordem, possuindo umcomponente imperativo interpretável, que dirige o comportamento ou verbalizações da criança (Aquino e Salomão, 2005). Foram considerados enunciados diretivos todos aqueles que tiveram porfinalidade controlar algum comportamento global ou específico da criança. Além disso, tambémforam considerados enunciados diretivos aqueles que tinham por finalidade atrair a atenção da criançaou corrigir comportamentos. Desse modo, somente os enunciados caracterizados como diretivosforam contabilizados nas falas das mães.

Análise dos resultados

Os enunciados e o processo de interação foram estudados de forma comparativa entre os doisgrupos. O número de interações verbais foi contado para cada criança e para cada mãe. A freqüênciada extensão de enunciados foi realizada em cada frase com a metodologia destacada anteriormentee dividida pelo número de enunciados produzidos pela criança e pela mãe. Foi obtido o teste t deStudent para amostras independentes considerando-se um intervalo de confiança de 95% e p ≤ a 0,05,bem como foram calculadas as estatísticas descritivas das variáveis pesquisadas.

 

RESULTADOS

Nas Tabelas 1 e 2 serão apresentados os resultados obtidos com a amostra de quatro criançascom retardo na aquisição da linguagem, denominadas F1, F2, F3 e F4 e suas mães respectivamenteM1, M2, M3 E M4. O grupo controle, do qual faziam parte às crianças com desenvolvimento típico delinguagem e suas mães, foram denominadas, respectivamente, como F5, F6, F7, F8, M5, M6, M7, M8.

 

Tabela 1. Dados referentes às crianças por grupo

 

 

Tabela 2. Dados referentes às mães por grupo

 

 

 

Não foi pesquisado o número de enunciados diretivos das crianças, pois aquelas que tinhamretardo na aquisição da linguagem, não necessariamente produziriam enunciados que pudessem serclassificados como diretivos. A idade da mãe não foi um fator relevante, pois se supunha que nãoinfluenciaria na interação com o filho.

Número total de morfemas da amostra

Na Tabela 3 encontra-se o número de morfemas produzidos pelas mães durante seusenunciados, na qual se pode comparar o número de morfemas produzidos pelas mães de cada gruposeparadamente e o total da amostra.

 

Tabela 3. Número de morfemas da fala das mães, por grupo

 

 

No grupo de 2 foi obtido o mínimo de 1142 morfemas e o máximo de 1606, com média de1367,50 e o desvio padrão de 102,42. No grupo 1 o número mínimo de morfemas produzidos foi de1357 e número máximo de 1860, com média de 1596,75 e desvio padrão de 217,18.

Observou-se pouca variabilidade entre os grupos, pois os adultos possuíam habilidadeslingüísticas adequadas. Para o t de Student foi encontrado valor de p = 0,175 não sendo a diferençaestatisticamente significante para p ≤ 0,05. Dessa forma, em relação ao número de morfemas, nãohouve diferença no input materno entre as crianças com desenvolvimento típico e atípico de linguagem.

Número de enunciados total da amostra

Na Tabela 4 encontra-se o número de enunciados produzidos pelas mães durante a interação.

 

Tabela 4 Número de enunciados totais produzido pelas mães, por grupo

 

 

O grupo 2 produziu um número mínimo de 266 enunciados e máximo de 423, com média de357,50 e desvio padrão de 33,44. No grupo 1 as mães produziram o número mínimo de 343 enunciadose o máximo de 423, com média de 381,25 e desvio padrão de 33,03. Nos dois grupos reunidos onúmero mínimo de enunciados produzido foi de 266 e o máximo de 423; a média foi 360,38 e odesvio padrão de 53,60. Para o t de Student foi encontrado valor de p = 0,55, não significante parap ≤ 0,05, ou seja, não houve diferença significativa entre os grupos de mães com relação à variávelnúmero de enunciados.

Média da extensão do enunciado

Na Tabela 5 são analisados os valores do MLU das mães e das crianças. O MLU foi calculado apartir da divisão do número de enunciados pelo número dos morfemas que cada participante dapesquisa obteve.

 

Tabela 5. Estatísticas descritivas da extensão do enunciado, por grupo

 

 

Na Tabela 5 são apresentados o MLU das mães, da mesma forma que os outros itens, a tabelaestá dividida em dois grupos e cada um com quatro participantes. No grupo 2 para as mães o valormínimo do MLU foi igual a 3,09 e o máximo 4,39; a média foi de 4,11 e o desvio padrão de 0,12.

As mães do grupo 1 apresentaram valor mínimo de MLU igual a 4,03 e máximo de 4,29; amédia foi de 4,15 e o desvio padrão de 0,24. Analisando o total dos participantes, o valor mínimo deMLU foi de 3,90 e o máximo, de 4,39; a média foi 4,13 e o desvio padrão 0,18. Pelo teste t de Studento valor de p foi 0,736 e não ocorreu diferença estatística para p ≤ 0,05.

Número de enunciados diretivos

O número de enunciados diretivos, como já explicado anteriormente, só foi calculadona transcrição das mães. Contatou-se não haver habilidades lingüísticas suficientes para produção deenunciados verbais que apresentassem os indicadores necessários para este tipo de comportamentoverbal nas crianças.

 

Tabela 6. Número dos enunciados diretivos maternos

 

 

Na Tabela 6, as mães do grupo de 2 apresentaram o número mínimo de 37 enunciados diretivose o máximo de 78; a média foi de 57,75 e o desvio padrão, de 18,28. Quanto ao grupo 1, as mãestiveram o mínimo de 95 enunciados diretivos e o máximo de 152; a média foi de 91,50 e o desviopadrão, de 23,58. Após realizar o teste t de Student para amostras independentes, este item foi o únicoaspecto analisado das mães que teve significância estatística, com p = 0,004, ou seja, que apresentoudiferença significativa entre grupos de mães em relação ao número de enunciados diretivos.

 

DISCUSSÃO

O objetivo do presente trabalho foi analisar as interações entre mães e filhos, em relação àfala dirigida à criança por parte de mães e investigar a diferença entre as que tinham filhos com ousem retardo na aquisição da linguagem. Os comportamentos comunicativos ocorrem em ummecanismo de troca constante entre os dois falantes do diálogo. Ramos et al. (2002) afirmam que amãe se comunica com seu filho; que responde conforme suas capacidades, com respostas verbais ounão verbais, fazendo um intercâmbio.

Para isso, foram pesquisadas várias medidas, das quais a considerada mais eficaz foi o númerode enunciados diretivos em cada interação, que mostrou significância estatística entre as mães dascrianças que apresentavam retardo de linguagem. Por outro lado, em outros estudos os autoresencontraram o oposto, afirmando que as mães utilizam mais enunciados diretivos com os filhos comdesenvolvimento típico de linguagem; elas apresentam mais instruções menos precisas aos seusfilhos. Afirmam ainda que fatores como idade e nível lingüístico podem produzir diferentes resultados(Aquino e Salomão, 2005).

O padrão de funcionamento das mães de crianças com retardo não foi um padrão consideradoanômalo na sociedade. Na verdade, as diferenças foram constatadas no número de tentativas dasmães de bloquearem comportamentos inadequados das crianças ou de adequar seu comportamento a um tipo de tarefa e, por causa das dificuldades das crianças, esses enunciados diretivos tiveram queser utilizados pelas mães em um número mais acentuado de situações para que as tarefas fossemdesempenhadas adequadamente. Observa-se isso pela significância estatística que os resultadosapresentados revelaram. Por outro lado, a contingência da fala materna durante um momento deinteração consiste numa combinação de enunciados do adulto associados ao tópico do enunciado dacriança, podendo, assim, dar continuidade à conversação (Fonseca e Salomão, 2006).

A forma como a mãe se dirigia a seu filho, considerando-se o gênero da criança, não foi umfator que pôde ser observado nesta pesquisa, pois a maior parte das crianças da amostra era do sexomasculino. Contudo, acredita-se que esse tipo análise pode levar a resultados diferentes, pois, segundoAquino e Salomão (2005), em pesquisas comparando a fala das mães com meninos ou meninas,verificaram que as mães dos meninos utilizavam mais diretivos do que as das meninas. Esses estilos interativos mostram o tipo de relação que se estabelecerá futuramente com a mãe.

Em um estudo de Dadalto e Goldfeld (2006) foi analisada a interação entre as mães e seus doisfilhos, uma menina e um menino, o principal objetivo da pesquisa foi verificar como seria a interaçãocom os dois gêneros das crianças. Por meio da filmagem de uma brincadeira concluíram que houvediferenças em relação aos gêneros e a mãe apresentou mais enunciados diretivos com o filho e, comrelação à filha, maior número de interações mais sofisticadas.

Como se pode observar nos resultados o MLU não mostrou diferença estatística neste estudoem relação às mães. Todavia confirmou-se que o MLU não pode ser usado individualmente paracaracterizar a linguagem utilizada com a criança. Isso já havia sido constatado anteriormente poroutros autores que concluíram que esta medida só pode ser utilizada com crianças comdesenvolvimento típico e com distúrbio especifico de linguagem (Fensterseifer e Ramos, 2003).

Há um consenso entre vários autores quanto a que alguns estilos de input são favoráveis àaquisição da linguagem por parte das crianças. Por outro lado, existe um grande número de evidênciassobre quais estilos de input podem facilitar o desenvolvimento lingüístico da criança e quais podemmodificar o percurso normal. Essas evidências devem ser interpretadas com muita cautela, pois nãose tem certeza sobre que fatores são causas e que fatores são efeitos, isto é, se é o estilo de input queinfluencia o desenvolvimento da linguagem da criança ou o contrário (Borges e Salomão, 2003).

Como já era esperado, as crianças com desenvolvimento típico de linguagem, apresentarammaior número de enunciados produzidos mais completos e com mais morfemas na mesma frase,comparadas às com desenvolvimento atípico, que não conseguiram formar enunciados mais longos.A estimulação desencadeada pela mãe em relação ao processo de comunicação de seu filho exige umoutro estímulo de resposta para que ela possa continuar esse processo de interação. Existe, assim,uma estimulação bidirecional, contudo nas crianças com desenvolvimento anormal de linguagemessa estimulação não ocorre; então, ela acaba sendo unidirecional na maior parte pelas mães.

Analisando outros estudos anteriores, Law (2001) refere que fatores ambientaisinfluenciam diretamente nas aptidões verbais das crianças. É muito provável que o desenvolvimentoda linguagem será afetado pela maneira como se dirigem a ela. A literatura sugere que a relaçãoentre as informações dos pais e a produção verbal das crianças não é, necessariamente, o primeiro a gerar o segundo. Entretanto, os pais das crianças com deficiência de linguagem eram menos compreensivose mais críticos com as ações dos seus filhos que os das crianças com desenvolvimento normal, e as mãesdas crianças com desenvolvimento atípico de linguagem satisfazem mais às necessidades físicas de seusfilhos, convivendo de uma forma paralela ao interagirem diretamente com eles.

Entende-se que esse tipo de situação em que foi realizada a filmagem é, de certa forma, nãonatural e, possivelmente, algumas modificações no padrão de funcionamento das mães e dos filhospode ter sido variável. Entretanto, isso ocorreu para ambos os grupos e, portanto, não interferiu naanálise dos resultados. Contudo sugere-se que possam ser pensados meios tecnológicos que venhama corrigir esse problema em estudos posteriores. Como por exemplo, câmeras fixas ou filmagem noambiente familiar.

Por fim, salienta-se a importância de pesquisas futuras relacionadas ao tema, nas quais seavaliem os comportamentos verbais e, ainda, acrescentem-se as estratégias não verbais utilizadastanto pelas mães quanto pelos filhos, o que pode tornar as respostas mais completas e o diagnósticodas alterações de linguagem mais preciso, incluindo-se nas baterias de avaliação da linguagem infantila interação entre pais e filhos.

 

CONCLUSÃO

Para o presente estudo, o MLU não foi considerado uma medida única para obtenção dosresultados finais, contribuindo de forma complementar na análise. Neste estudo, a fala dirigida àcriança apresentou uma diferença perceptível nos enunciados diretivos, o que pode ser investigadoem estudos posteriores, nos quais se poderá analisar como esta fala pode interferir no desenvolvimentode linguagem da criança e, até mesmo, colaborar com a terapia fonoaudiológica.

 

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Recebido em 22/09/08
Revisto em 26/11/08
Aceito em 30/11/08

 

 

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