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Boletim de Psicologia

versão impressa ISSN 0006-5943

Bol. psicol vol.61 no.135 São Paulo jul. 2011

 

ARTIGOS ORIGINAIS

 

Desenvolvimento da imagem corporal interna por meio da perspectiva de Amann-Gainotti: uma visão desenvolvimental

 

Development of the inner body image with Amann-Gainotti perspective: a developmental view

 

 

Danielle Zagonel MachadoI,*; Andreia MalucelliI; Deborah Ribeiro CarvalhoI; Amauri Bettini BartoszeckII

IPontifícia Universidade Católica do Paraná - PR - Brasil
IUniversidade Federal do Paraná - PR - Brasil

 

 


RESUMO

Esse artigo apresenta o método proposto pela psicóloga dinamarquesa Merete Amann-Gainotti para a avaliação da imagem corporal interna, bem como justifica a sua aplicabilidade e importância de sua difusão. Nesse método a tarefa do sujeito é desenhar como imagina que é seu corpo por dentro. Também expõe a necessidade de progressão das pesquisas na área da imagem corporal interna e da indispensabilidade de ampliação dos estudos de validação de sua escala para a realidade populacional brasileira, buscando explicar a visão do método a partir do campo desenvolvimental.

Palavras-chave: Imagem corporal; desenvolvimento; validação.


ABSTRACT

This study presents the method proposed by the Danish psychologist Merete Amann-Gainotti for evaluating the inner body image, and justifies its applicability and importance of its dissemination worldwide. In this method the task is to draw the internal body like he or she imagines. It also explains the need to expand researches in the area of the inner body image as well as the importance of the progress of validation studies of its scale for Brazilian population. The method is demonstrated from the point of view of the human body developmental.

Key words: Human body image; development; validation.


 

 

INTRODUÇÃO

A imagem corporal é um elemento importante para a formação do conceito de ser. Possuindo caráter dinâmico e mutável, acompanha o ciclo de vida do indivíduo, sendo construída, editada, elaborada, transformada e reelaborada, necessitando de constante reorganização do construto mental e psicológico do sujeito.

Não é possível separar a imagem corporal do indivíduo, enquanto ser vivente, uma vez que sua formação inicia-se com o processo vital. Portanto, não há como separá-la da relação, já que ao nascer o homem é indiferenciado, tornando-se indivíduo separado por meio das inter-relações. Schindler e Wechsler (1935) afirmam que a consciência do corpo não é uma relação somente com o nosso próprio corpo como também é uma relação com o corpo dos outros.

A separação do indivíduo enquanto pessoa diferenciada ocorre em um processo próprio, durante a maturação, onde a linguagem é essencial. Assis (2009) afirma que a linguagem é um instrumento de mediação simbólica envolvida na organização da representação mental do ser humano, realizada em função de símbolos e sinais e baseada nas relações interpessoais e na internalização dos processos frutos dessa troca.

Por isso, ao entrar no mundo da linguagem, o indivíduo está envolvido no seu estabelecimento enquanto pessoa, condição que abrange processos biológicos, psicológicos e sociais. Essa situação envolverá todo seu ciclo de vida, acontecendo de forma complexa e hierarquizada (Sifuentes, Dessen e Oliveira, 2007).

Essa hierarquia é, em geral, classificada pela maioria das teorias clássicas do desenvolvimento humano sob forma de fases, etapas, estágios ou estadios (Pacheco, 2001; Wallen, 1993), utilizando a visão evolutiva (Magner, 2002).

 

A VISÃO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO

A organização do desenvolvimento humano em etapas possibilita a observação de padrões, comportamentos e expectativas em relação a cada etapa do ciclo vital, em consenso com os valores e relações sociais (Almeida e Cunha, 2003). O estudo do desenvolvimento humano surgiu como uma resposta científica à necessidade de entender o indivíduo dentro de seus processos vitais, procurando compreender como as modificações ocorrem por meio de padrões que modulam os pensamentos, sentimentos e comportamentos dos indivíduos, nos seus mais amplos aspectos, incluindo o social, o emocional e o físico (Wallen,1993).

Os primeiros teóricos do desenvolvimento focalizaram suas observações a partir do nascimento até a adolescência por acreditarem que neste momento ocorria a maturação física e psíquica (Biaggio, 1998). Cabe citar também a provável influência das necessidades populacionais da época (Mota, 2005), onde a mortalidade infantil era significativamente grande e a busca por minimização dessas perdas sociais era urgente. À medida que a população foi envelhecendo, a visão do desenvolvimento humano foi englobando a maturidade e focando seus estudos na vida adulta e na senescência.

Com a inserção dos conceitos sistêmicos percebeu-se que o indivíduo adulto está em constante mutação, sendo o desenvolvimento do homem um elemento dinâmico e aberto, que assume novas configurações durante todo seu processo vital. O indivíduo deixa de ser visto sob um contexto universal determinístico (Biaggio, 1998), passando a ser considerado um elemento em constante mutação, durante todo seu curso de vida (Biaggio, 1998; Damon e Lerner, 2006), onde os primeiros anos são considerados um primeiro momento de desenvolvimento, porém não o único.

A visão desenvolvimental modificou-se com a evolução dos tempos, pois o conhecimento do homem foi mudando, passando por períodos em que o considerou resultante de fatores biológicos, psicológicos e ambientais (Mussen, Conger, Kagan e Huston 1990/2001), chegando a atualidade com a visão multifatorial e orientada para o ciclo de vida (Damon e Lerner, 2006). O conceito desenvolvimental sofreu alteração de foco, do individual para o sistêmico (Narvaz e Koller, 2004), englobando as inter-relações cultura-indivíduo, tendo seus impactos observados no ciclo de vida.

A perda da visão casual teve importante ênfase nos estudos da teoria cognitiva de Jean Piaget (Mishra, 1997), que observa o comportamento sobre o construto biológico e ambiental, porém, tendo na mente humana o fator central e relacionador desses elementos (Mussen et al., 1990/2001). A teoria piagetiana, a Epistemologia Genética, considera que o indivíduo necessita de substratos cognitivos que permitem a absorção dos conceitos por meio da experimentação, pelo meio-ambiente e pelas relações sócio-culturais (Mishra, 1997, Mussen et al., 1990/2001); a organização destes e a geração do conhecimento (Mussen et al., 1990/2001). Nas observações piagetianas percebe-se que qualquer comportamento que envolva inteligência pressupõe uma organização conceitual representada pelo indivíduo, onde o processo de maturação permite a ampliação de competências (Biaggio, 1998; Mussen, et al., 1990/2001). A organização é um elemento presente em todas as idades, porém vai adquirindo conformações mais complexas com o crescimento e a maturação do sujeito.

A mudança de um estado para outro se inicia devido a uma questão interna, necessitando primeiramente haver assimilação e acomodação de um elemento ou conceito para posteriormente estabelecer a nova maturidade funcional, levando a um estado mais evolutivo (Mishra, 1997; Mussen et al., 1990/2001). A visão contemporânea do desenvolvimento humano percebe o indivíduo enquanto sujeito holístico, inserido em um ambiente com o qual se integra por meio de uma relação sistêmica, dinâmica e inseparável, onde os aspectos cognitivos, emocionais, afetivos e sociais estão englobados (Mota, 2005). Oliveira, (2004) afirma a importância da historicidade do indivíduo para a visão desenvolvimental, pois considera que os ciclos de vida são etapas culturalmente organizadas.

 

DESENVOLVIMENTO HUMANO, IDENTIDADE E IMAGEM CORPORAL

Dentro do desenvolvimento humano, a questão da formação da identidade é base para o entendimento do conceito de sujeito, já que uma das funções do crescimento é a formação do senso de "eu" (Mussen et al., 1990/2001).

Diversas teorias enfatizam a importância do corpo no estabelecimento da consciência e da sensação de "self", levando à capacidade de autoconceito. Esse processo de formação da identidade segue um curso desenvolvimental, indo da fragmentação elementar até o momento de integração da imagem corporal.

Neste processo, as primeiras noções de si vão ocorrendo via experimentação e vivências consigo e com o outro, através das trocas interpessoais e permeadas pela cultura, levando a formação de identidade do ego (Cash e Pruzinsky, 2004; Mussen et al., 1990/2001). A formação da identidade é determinante durante as primeiras etapas desenvolvimentais devido ao ego em formação, entretanto, seu caráter dinâmico e as constantes mudanças que ocorrem no corpo e na mente do indivíduo fazem com que o conceito de si seja reavaliado durante todo o processo vital (Mussen et al., 1990/2001), reeditando sua imagem corporal.

Nas teorias do desenvolvimento humano, sua primeira fase se dá com o nascer do indivíduo, quando o corpo recém-nascido, agora visível e palpável, circunscreve sua existência. Porém, sua existência transcende seu corpo, já que é na relação que ele exerce função.

Algumas teorias ainda consideram essa etapa anterior ao nascimento, mas dentro da visão relacional, considera-se o corpo como um veículo para o "ser-no-mundo" (Merleau-Ponty,1965/1994), já que é em seu permeio que ocorre a relação dual. O corpo é lugar onde o sujeito estabelece a alteridade, tornando-se capaz de identificar o não-ser, capacitando-se à identificação enquanto ser. Portanto, não há como separar o sujeito de sua corporeidade.

Neste processo ocorre a construção de sua consciência corporal, que é realizada pela relação dialética da inter-relação (Piaget, 1937/1973; Wallon, 1931), agregando conceitos na formação de sua imagem corporal. A imagem corporal é o "corpo-vivido" e o "corpo-percebido", onde as experiências afetivas, as sensações táteis e cinestésicas são incorporadas ao sujeito por meio do esquema corporal (Bouch, 1986), unindo o mundo interior com o mundo exterior.

Os estudos de imagem corporal vêm demonstrando que crianças se tornam progressivamente despertas para seus esquemas corporais, relacionando-se com processos desenvolvimentais (Gellert, 1962; Piaget, 1937/1973; Zazzo, 1948).

Existem várias formas de se observar o desenvolvimento humano, sendo os desenhos uma maneira de percebê-lo simbolicamente (Wechsler, 2003). O desenho age como organizador de informações, permitindo o processamento de experiências vividas e pensadas pelo indivíduo, instituindo aprendizagem e a representação de seu mundo (Cox, 2005; Goldberg, Yunes e Freitas, 2005), podendo ser uma fonte fidedigna para identificação de conteúdos psicológicos da imagem do corpo (Leo, 1970), sendo aplicável na investigação da imagem corporal (Leo, 1970) é capaz de demonstrar padrões desenvolvimentais (Bartoszeck, Machado e Amann-Gainotti, 2008).

A representação da imagem corporal interna e de como o conhecimento anatômico é adquirido, se dá por uma sequência de estágios desde a fase infantil até a idade adulta, organizando-se progressivamente até atingir um padrão (Amann-Gainotti, 1988; Amann-Gainotti, Nenci e Di Prospero, 1989a; Amann-Gainotti, Faconti e Maracchioni, 2004). O estudo sistemático do desenvolvimento da imagem corporal interna encontra-se com os conceitos primários investigados por Schilder e Wechsler (1935), definida como elemento mentalmente representado tridimensional, formada além da percepção, englobando fatores biológicos, sociais, relacionais e emocionais, ou seja, percebida, vivida e representada mentalmente.

A imagem corporal interna, sendo um elemento representativo das interrelações do homem, representa questões anatômicas e propriedades simbólicas, sendo consistente com a cultura (Bartoszeck et al., 2008). Assim, entende-se porque Victora e Knauth (2004) destacam que as especificidades socioculturais de representação e significação estão relacionadas às questões de saúde e doença, percebidas pelo indivíduo por meio de seu corpo.

O estudo da imagem corporal interna, apesar de recente (Amann-Gainotti et al., 2004), possui grande importância e significativa aplicação em diversas áreas do saber como na psicologia, saúde pública e educação. O entendimento de como se dá o processo de estruturação da imagem corporal interna possui influencia também no ensino das ciências e biologia, já que antes do indivíduo possuir uma visão científica de um conceito, ele pressupõe teorias sobre determinados elementos que o guiarão na construção de um conhecimento, situação existente desde a tenra infância (Amann-Gainotti e Palinni, 2006)

Considerando-se que o conhecimento não é um elemento único, mas fruto de inter-relações sociais e que a experiência permite sua construção (Amann-Gainotti e Palinni, 2006), compreender como uma população entende seus construtos corporais e como projeta na imagem corporal possui grande importância social, já que propicia maior compreensão dos indivíduos e agrega conhecimento sobre seu ambiente social e suas heranças culturais (Bartoszeck et al., 2008). Também é possível entender as formas de ensino e aprendizado que são submetidos. Weber et al. (2001), por exemplo, afirmam que entender o domínio que o indivíduo tem de sua imagem corporal é fundamental no seu processo de recuperação de uma doença crônica, sendo fundamental esse conhecimento para a aplicabilidade clínica em pacientes oncológicos.

Skarderud (2007) considera que a modelação mental da imagem do corpo pode ser uma ferramenta terapêutica importante na reabilitação da anorexia. Richards e Marsh (s.d) afirmam que a concepção moderna de educação não pode deixar rechaçada a concepção corporal, considerando como um dos principais problemas para essa visão a dificuldade de acesso e disponibilidade de ferramentas de mensuração que possam basear e avaliar a efetividade de programas educacionais e que consigam observar a corporeidade enquanto elemento do autoconceito. Dessa forma, é possível inferir que o conhecimento sobre os processos envolvidos no desenvolvimento da imagem corporal, externa ou interna, propicia melhor tomada de ação em programas educacionais, programas de atenção em saúde (Schimdt, 2001), educação em saúde (Schimdt, 2001; Koff e Rierdan, 1995) e educação em ciências, sendo de extrema importância a ampliação desse campo do saber. Neste contexto, este artigo tem como objetivo apresentar o método proposto pela psicóloga Merete Amann-Gainotti para a avaliação da imagem corporal interna.

 

IMAGEM CORPORAL E IMAGEM CORPORAL INTERNA

A imagem corporal é um fenômeno multidimensional (Cash e Pruzinsky, 2004; Farrell, Shafran e Fairburn, 2003; Sands, 2000) adquirido pelo indivíduo durante seu processo desenvolvimental (Cash e Pruzinsky, 2004), sendo a base construtiva para a formação do conceito de si (Mussen et al., 1990/2001; Sands, 2000). A imagem corporal é um construto perceptual e subjetivo (Sands, 2000), onde o ego é antes de tudo corporal (Freud, 1923/2000) e estabelece os limites entre o "self" e o não-"self" (Bloss, 2002; Dolto, 1984/2002). Farrell et al. (2003) afirmam que além da percepção, a imagem corporal envolve elementos comportamentais, cognitivos e afetivos.

No início da vida a criança experiencia seu corpo como entidade cindida e somente através das experiências e trocas com o mundo que ela vivenciará a unidade, desenvolvendo gradualmente seu senso de ser (Piaget, 1937/1973; Wallon, 1931). Conforme a criança se desenvolve, a indiferenciação original vai sendo substituída por novas conformações, pois a medida que ela vai tendo suas primeiras relações, mediadas pelo contato corporal, pela pele, vai desenvolvendo as experiências primárias, que são somáticas. Essas experiências somáticas geram marcas psíquicas através das simbolizações, que são permeadas pela linguagem.

Para Dolto (1984/2002), a imagem do corpo é o local onde se escrevem as experiências relacionais do desejo, simbolizada no esquema corporal. Para a criança, reconhecer-se no espelho é um elemento importante do processo simbólico de apropriação do seu próprio corpo (Dolto, 1984/2002). A imagem corporal está historicamente relacionada com a psicanálise, estando presente na base de seus estudos (Amann-Gainotti, 1988; Amann-Gainotti, 2002; Bartoszeck et al., 2008).

Freud (1905/2000) observa o corpo a partir da visão de pulsão sexual e das fantasias, enfatizando determinadas partes do corpo como zonas erógenas, que estão presentes desde o momento do nascimento, porém, recebem focos diferenciados durante o processo de crescimento. Dessa forma, as fases do desenvolvimento psicossexual iniciam-se com a fase oral, tendo como zona erógena a boca, passando pelas fases anal e fálica, tendo como zonas erógenas o ânus e os genitais, respectivamente. Já na puberdade, o indivíduo entra na fase genital, abandona o prazer auto-erógeno para o relacional com o outro (Freud, 1905/2000). Schilder e Wechsler (1935) alegam que a relação com o corpo participa de todas as fontes libidinais relacionais, estando presente em toda a existência do indivíduo.

A fase fálica possui importante marco desenvolvimental para as crianças, porém tendo diferenças significativas em função do gênero, já que meninos e meninas a experienciam de forma diferente. Enquanto os meninos possuem o pênis como centro da pulsão, as meninas vivenciam esta fase através de duas possibilidades erógenas, o clitóris e a vagina (Breen, 2005). Apesar da visão tradicional da psicanálise não ter observado as experiências intra-corpóreas das meninas com relação à existência da vagina antes da puberdade (Freud,1931/2000), pesquisas demonstram a existência da noção de espaço genital interno (Erikson, 1964; Hägglund, Hägglund e Ikonen, 1978; Hägglund, 1981). Breen (1998) afirma que a noção desse espaço, representado pela existência da vagina, está presente em meninas e meninos. Mayer (1985), afirma que a possibilidade de contato tátil e visual da menina com seus genitais levam-na a perceber a existência de uma abertura e do espaço interno. Entretanto, a inacessibilidade aos órgãos internos torna a noção dos órgãos sexuais menos concreta e mais difusa (Bernstein, 1998; Bloss, 2002; Brandão et al., 2004; Gibeault, 1998).

Amann-Gainotti et al. (1989a) demonstraram que a percepção do espaço interno vai se configurando progressivamente até a integração à imagem corporal interna e ocorre por meio de um lento processo desenvolvimental (Amann-Gainotti; Nenci e Di Prospero, 1989b; Amann-Gainotti et al., 2004). Breen (2005) afirma que a falta de percepção do espaço interno é fator de grande ansiedade e marco de conflito em mulheres, demonstrando a importância de sua representação no desenvolvimento da psique feminina.

A questão menstrual, como consequência, tem significante importância no desenvolvimento feminino. Apesar do período da menarca ser vivido com muita angústia (Bartoszcek et al., 2008; Breen, 1998; Koff e Rierdan, 1995), a menstruação parece ter papel crucial no processo de estruturação do "self". Passada a angústia inicial e a peri-menstrual (Koff e Rierdan, 1995; Bartoszeck et al., 2008), a adolescente apresenta maior estruturação interna e senso de responsabilidade (Fingerson, 2005). Apesar da psicanálise focar a vivência interna por meio da noção dos órgãos sexuais, estudos recentes demonstram que os órgãos dos sistemas digestório e respiratório são primeiramente percebidos pelos indivíduos (Amann-Gainotti et al., 2004; Bartoszeck et al., 2008).

Jones, Badger e Moore (1992) dizem que a conceituação da imagem corporal interna ocorre em função do conhecimento da anatomia interna e da compreensão do seu funcionamento fisiológico, sendo uma extensão do "self". Muitos dos estudos demonstram o caráter desenvolvimental da imagem corporal interna (Amann-Gainotti, 1988; Amann-Gainotti et al., 1989c; Amann-Gainotti e Antenore, 1990; Bartoszeck et al., 2008; Brumback, 1977; Gellert,1962;), enquanto outros mostram relações em função dos estados de saúde-doença (Amann-Gainotti, 2002; Amann-Gainotti et al., 2004; Gibbons,1985; Porter, 1974; Schimdt, 2001; Soifer, 1980; Williams, 1979), das relações de gênero (Blum, 1978; Leal e Fachel, 1996; Tait Jr. e Asrcher, 1955), da influência da escolaridade (Amann-Gainotti et al., 2004), da perspectiva cultural (Amann-Gainotti e Di Stefano, 1992; Bartoszeck et al., 2008; Steward et al., 1982).

A imagem corporal, elemento base da formação do sujeito (Freud, 1923/2000; Dolto, 1984/2002), é complexa, multifatorial (Dolto, 1984/2002), envolve processos desenvolvimentais (Gellert, 1962; Piaget, 1937/1973; Zazzo, 1948), possui difícil investigação. Apesar das investigações da imagem corporal interna terem começado no início do século XX por Schilder e Wechsler (1935), ainda possui muita carência. Encontram-se algumas visões da imagem corporal interna, tanto com a leitura psicológica, como educacional, entretanto, muitos dos estudos são relacionados aos fatores da representação e transmissão do conhecimento na educação, principalmente na área das ciências. Dessa forma, apesar da importância do tema, a maioria dos estudos foi realizada em populações específicas, não enfocando a questão multicultural.

Amann-Gainotti desenvolve estudo da imagem corporal interna baseada na visão da organização piagetiana, considerando que o desenho de padrões desenvolvimentais ocorre por meio de representações mentais (Amann-Gainotti e Pallini, 2006), estruturando a concepção que o indivíduo tem da imagem interna de seu corpo, sendo influenciada por diversos fatores como suas próprias vivências e experimentações, suas próprias teorias e construções baseadas em suas observações sobre o corpo, seu meio social, sua cultura e escolarização. Assim, pode-se perceber que para a autora, a imagem corporal interna possui uma visão multifatorial, não sendo uma simples relação causal da imagem especular e da educação em ciências.

 

IMAGEM CORPORAL INTERNA E A PERSPECTIVA DE AMANN-GAINOTTI

Amann-Gainoti foi aluna de Piaget, além de ter desenvolvido pesquisas com o mesmo (Amann-Gainotti, 2007), tendo assim seus trabalhos bastante influenciados pela visão da Epistemologia Genética e das fases desenvolvimentais. Em 1988, Amann-Gainotti publica estudo sobre um método investigativo para a imagem corporal interna utilizando a visão desenvolvimental baseada na observação de desenhos realizados com crianças e adolescentes. A partir do estudo original, ela amplia sua amostra para diversas faixas etárias, incluindo adultos e idosos, e passa a avaliar também estados de saúde e doença, englobando pessoas com e sem patologia (Amann-Gainotti, 2002; Amann-Gainotti, 2007; Amann-Gainotti et al., 2004). Pelo seu método foi desenvolvida uma escala de maturidade baseado no fator integridade, que possui quatro níveis, sendo que os dois últimos contêm cada um, dois subníveis (Figura 1).

A escala avalia principalmente a integridade da imagem corporal interna, porém, outros atributos também são considerados como: tipo de representação gráfica, presença e tipo de órgãos e sistemas, presença de simbolismo ou elementos metafóricos, número de órgãos e sistemas, presença de representação anatômica de integridade e de elementos externos (Tabela 1) (Amann-Gainotti, 1988).

Além dos elementos avaliados na escala desenvolvimental, também é realizada avaliação quantitativa do número de órgãos e sistemas representados e avaliação qualitativa sobre a presença, tipo e integridade da representação dos órgãos sexuais e sistema reprodutivo. Para tanto, a autora preconiza o cruzamento dos dados com informações referentes à menarca, menopausa e gestação (Amann-Gainotti et al., 1989a; Amann-Gainotti e Carpentieri, 2003).

Ao se aplicar o método de Amann-Gainotti deve-se solicitar que o indivíduo represente graficamente, em uma folha em branco, como ele imagina que é seu corpo por dentro, ou seja, como ele concebe a imagem interna de seu corpo. Evita-se ao máximo qualquer outro tipo de explicação ou comentário a fim de se minimizar indução de resposta, mantendo-se o mais neutro possível. Após a finalização do desenho, pede-se que o indivíduo nomeie o que ele desenhou. A representação gráfica deve ser avaliada por meio de seu nível de integridade e compreensão da relação sistêmica dos órgãos e sistemas do corpo humano utilizando-se a escala proposta pela autora (Tabela 1), que indicará o nível de desenvolvimento do avaliado.

A fim de se poder analisar a questão desenvolvimental da imagem corporal interna de forma mais completa, o método de Amann-Gainotti (1988) utiliza o cruzamento de dados referentes ao nível desenvolvimental (Tabela 1) com elementos como gênero, idade e escolaridade (Amann-Gainotti et al., 2004).

Amann-Gainotti percebeu que a representação da imagem corporal interna, na maioria das vezes, ocorria na forma anatômica, entretanto, a forma metafórica também podia estar presente (Amann-Gainotti, 2002; Amann-Gainotti et al. 2004). Na presença de representação metafórica, não ocorre solicitação para que o avaliado nomeie os órgãos e sistemas, mas sim, que explique seu desenho, bem como não se realiza a avaliação da representação gráfica baseada na Tabela 1, mas sim, segundo o simbolismo representado (Amann-Gainotti, 2002; Amann-Gainotti et al., 2004).

Os estudos da autora demonstraram que a criança tende a apresentar representações mais sistematizadas e anatômicas, enquanto adultos tendem a apresentar representações anatômicas menos sistematizadas e também, aparece com maior frequência que nas fases anteriores a representação metafórica. Além disso, a representação metafórica ocorre significativamente quando o sujeito encontra-se em vivência de patologia (Amann-Gainotti, 2002; Amann-Gainotti et al., 2004). Dessa forma, Amann-Gainotti ampliou suas pesquisas para algumas patologias específicas como transtorno alimentar e dependência química. Em suas pesquisas com pacientes com transtorno alimentar, notou que a representação da oralidade, da analidade e do sistema digestório estava muito presente (Amann-Gainotti et al., 2004; Amann-Gainotti e Pallini, 2005).

Nos estudos da imagem corporal interna de dependentes químicos, Amann-Gainotti apresenta uma categorização por simbolismos, presente nas representações metafóricas, onde observou temas relacionados com autodestruição, busca pela salvação, anulação do corpo e divisão de caminhos (Amann-Gainotti, 2002). Os temas foram observados e categorizados em quatro classes: indivíduo robotizado, elementos naturais, elementos humanos ou animais e simbólicos e elementos simbólicos (Amann-Gainotti, 2002).

Nos estudos dos órgãos reprodutivos femininos Amann-Gainotti percebe a visão da existência do aparato feminino por meninas, o que chama, em conjunto com outros autores, de espaço interno feminino. Ela também observa o caráter desenvolvimental da percepção do espaço interno e do aparato genital feminino e desenvolve uma escala para a análise de integridade (Tabela 2). A escala avalia desde a não-representação até a representação de média complexidade dos órgãos reprodutivos, onde, como na avaliação da imagem interna do corpo integral, são observadas características qualitativas e quantitativas.

Para se avaliar o nível desenvolvimental do indivíduo, solicita-se que ele represente graficamente seus órgãos reprodutivos por dentro, ou seja, a imagem interna de seus órgãos reprodutivos. Após a finalização do desenho se procede da mesma forma que a explanada na representação da imagem corporal interna, porém a avaliação segue o Tabela 2 ao invés do Tabela 1.

Durante suas pesquisas Amann-Gainoti percebeu que a imagem corporal interna demonstra a existência de uma distância entre a realidade biológica e a percepção psicológica dos sujeitos (Amann-Gainotti e Pallini, 2005), razão que justifica pela multifatoriedade e pela cultura (Amann-Gainotti et al., 2004; Amann-Gainotti e Pallini 2005). Dessa forma, ela constrói uma teoria e um método investigativo bastante amplo, fidedigno e eficaz para a avaliação da imagem corporal interna, que também é aplicável em diversas situações onde a análise ou construção da idéia de corpo se faça necessária ou possível.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo da imagem corporal interna é muito importante para a compreensão de como se dão processos desenvolvimentais relacionados com a saúde populacional como noção de integração, estabelecimento do "self", saúde reprodutiva, questões relacionadas com gênero, educação em saúde, educação em ciências, entre outras diversas situações aplicáveis tanto para a análise de grupo, como para a individual, clínica e escolar. Amann-Gainotti vem desenvolvendo importante trabalho na representação do conhecimento e na sua análise, envolvendo em seus estudos indivíduos sadios e não-sadios, buscando compreender as relações existentes nos parâmetros preventivos, educacionais e nas relações saúde-doença.

Suas pesquisas levaram ao desenvolvimento de um método que vem se mostrando adequado, aceito e aplicável para o estudo da imagem corporal interna, sendo usado como base para pesquisas de estudos desenvolvimentais da imagem interna do corpo em diversos países e culturas, como Itália, Togo e Brasil (Amann-Gainotti, et al., 2004; Amann-Gainotti e Di Stefano,1992; Bartoszeck et al., 2008). Apesar de sua significativa importância e contribuição, seus estudos são ainda pouco conhecidos e pouco utilizados no Brasil, sendo necessária maior disseminação deste conhecimento para o meio científico, clínico e educacional brasileiro, bem como ampliação das pesquisas para a validação de suas escalas para a cultura brasileira.

 

REFERÊNCIAS

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Recebido em 04/07/11
Revisto em 25/08/11
Aceito em 20/10/11

 

 

* Endereço para correspondência: Danielle Zagonel Machado - Av. Água Verde 1588, Curitiba - PR, CEP: 80240-060. Fone: (41) 88544885. E-mail: daniellezagonel@yahoo.com.br.