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Interamerican Journal of Psychology

versão impressa ISSN 0034-9690

Interam. j. psychol. vol.43 no.3 Porto Alegre dez. 2009

 

 

Ensino à distância: uma década das publicações científicas brasileiras

 

E-learning: a decade of Brazilian scientific publications

 

 

Eliana Santos1,2,3; Solange Muglia Wechsler

Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Brasil

 

 


RESUMO

Objetivou-se avaliar e traçar o perfil da produção científica brasileira durante uma década (1997- 2006), sobre o ensino à distância, por meio de resumos de textos publicados em quatro bases de dados indexados na BVS-Psi. A análise dos textos inclusos (N=52) neste estudo deu-se segundo as características de autoria, amostragem, entre outros. Verificou-se um leve pico de produção em 2006 (19,23%). A autoria se equiparou em única (n=28; 53,85%) e múltipla (n=23; 44,23%), com diferença somente para o sexo dos autores. Observou-se maior quantidade de textos derivados de pesquisa (n=24; 46,15%), com destaque para área da Ciência da Saúde (n=14; 26,92%), bem como estudos com participantes adultos (n=29; 55,77%), sobretudo em contextos escolares (n=46; 88,46%). Percebeu-se que o ensino à distância ganhou força, principalmente, no âmbito acadêmico. Entretanto, as publicações no tocante desta temática, curiosamente, não são de predomínio dos profissionais da Educação e da Psicologia.

Palavras-chave: Educação à distância; Tecnologia educacional; Ensino mediado por computador; Aprendizagem à distância; Instrução programada.


ABSTRACT

This study aimed to evaluate and trace the profile of the Brazilian scientific production for one decade (1997-2006) about e-learning through summaries of texts published in four databases indexed in the BVS-Psi. The analysis of the enclosed texts (N=52) in this study was given according to characteristic of authorship, sampling, among others. A light peak of production was seen in 2006 (19.23%). The authors matched in unique (n=28; 53.85%) and multiple (n=23; 44.23%), differing only in the gender of the authors. More texts from research was observed (n=24;46.15%), with prominence for the Health Science area (n=14; 26.92%), as well studies with adults (n=29; 55,77%), On the other hand (n=46; 88,46%) it was observed that the e-learning is stronger mainly in the academic scope. However, the publications related to this thematic, curiously, are not predominantly from Educational and Psychology professionals.

Keywords: Educational technology; Multimedia Education; E-learning; Programmed instruction.


 

 

Dentre as práticas relacionadas ao ensino visando atender aos novos ritmos de vida, podemos encontrar uma modalidade denominada de Ensino à Distância (EAD), que se refere ao processo de construção de conhecimento, no qual professor e aluno não estão juntos, ao mesmo tempo, em um mesmo ambiente físico. Para tanto, é impreterível que haja uma comunicação mais eficaz entre ambos, empregando as tecnologias e mídias educacionais existentes, como material impresso ou mesmo em formato eletrônico, por exemplo (Ministério da Educação, 2007; Mourão, n.d.; Pires, 2003; Romiszowski, 2004; Tresman, 2002).

Os dados extraídos do Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e à Distância (ABRAEAD) indicam que houve, neste início de milênio, mais precisamente no ano de 2005, um crescimento no número de alunos para cursos à distância no país (Associação Brasileira de Educação à Distância [ABED], 2006a). Estes dados apontam para um aumento significativo nesta modalidade de ensino não presencial, com um crescimento de 62% só em 2005, correspondendo a 1.200.000 alunos. A região sul destacou-se em número de alunos, subindo de 14.930 em 2004, para 109.163 em 2005 (ABED, 2006b). Também, segundo a ABED (2006a), houve em 2005, um aumento de 30% de oferta de cursos à distância em instituições credenciadas, indicando crescimento de uma modalidade de ensino que pode auxiliar pessoas que não conseguem freqüentar cursos presenciais, por motivos diversos (Santana, 2004).

O aumento tanto de oferta como de procura, por estes serviços, nos remete a uma questão que muito se tem discutido: a inclusão digital, a qual se entende por democratização do acesso às tecnologias de informação, de modo que possa contribuir para uma inserção de todos na sociedade da informação e do conhecimento (Cabeda, 2004; Fais, 2005; Kachar, n.d.; Santarosa, 2002; Souza, Santos, & Schlunzen, 2005; Tanques, 2001). Ações fundamentadas em estratégias inclusivas, como por exemplo, projetos com indivíduos com baixa renda e portadores de algum tipo de deficiência física, que visam facilitar o acesso de pessoas às tecnologias da informação e comunicação, poderiam permitir uma inclusão social por meio das escolas e/ou outros modos de ensino (Cabeda, 2004; Fais, 2005; Ministério da Educação, 1998; Santarosa, 2002; Souza et al., 2005).

Neste contexto, discute-se a necessidade de acesso e aprimoramento, não só dos indivíduos como meros usuários, mas também como beneficiários desta nova tecnologia. O que serve de comprovação disto é a ponderação de que no Brasil, existem deficiências de infraestrutura para a prática do EAD. Além disto, em comparação com alguns paises também considerados em desenvolvimento como, por exemplo, a Costa Rica, cerca de 80% dos lares costarriquenhos possuem Internet banda larga, enquanto no Brasil, este índice é inferior a 20% (ABED, 2006c).

Tanto as tecnologias como as mídias educativas são empregadas na prática do EAD (Barbosa, 1997; Ministério da Educação, 1998). E, no tocante ao EAD em solo brasileiro, há um deslize comum que se comete ao tecer referências sobre o assunto, uma vez que muitos o confundem com tecnologias educacionais e/ou mídia educativa (Pfromm Netto, 2006; Romiszowski, 2004).

A modalidade de EAD refere-se a um processo de ensino-aprendizagem em que o tutor (aquele que planeja, acompanha e avalia o desenvolvimento do aluno durante o processo de ensino-aprendizagem) e o aprendiz estão afastados um do outro no tempo e espaço físico. A figura do professor, em específico, sofre uma transformação: passa daquela que detém o conhecimento, ainda “forte”, em muitas salas de aulas presenciais, para a figura de um profissional, que auxilia, como orientador (ou tutor), on-line ao aluno on-line (Ministério da Educação, 1998; Mourão, n.d.; Oliveira, in press; Romiszowski, 2003).

Nesta modalidade de ensino, o professor age mediando e intercedendo entre: (a) as fontes; (b) meios de conhecimento e (c) o aluno. Para este processo, o professor deveria considerar os vários meios de comunicação e mídias utilizadas como recursos educacionais. Além disto, o professor precisaria tentar diminuir possíveis interferências negativas provenientes da distância geográfica e limites temporais, entre os diferentes alunos. Deveria analisar também as dificuldades dos educandos, além de ter disponibilidades de tempo e horário para dedicar-se ao estudo, bem como tentar incentivar, motivar os alunos, etc. (Biagiotti, 2004; Ministério da Educação, 1998; Saraiva, Pernigotti, Barcia, & Lapolli, 2006).

Além disso, alguns autores alegam que o conceito de EAD está mais intimamente ligado a um sistema de ensino precedente ao uso de um ou mais meios de comunicação entre professor e aprendiz (Santos, 2005). Desta maneira, emprega-se em prática, o uso constante das tecnologias educacionais ou como alguns preferem, tecnologias da instrução, como um modo de referenciar uma concepção teórica-prática comum destes e outros termos similares (Barbosa, 1997; Ministério da Educação, 1998; Mourão, n.d.; Romiszowski, 2004).

Segundo o Instituto Nacional de Educação à Distância (INED, 2003) também se torna muito delicado avaliar esta prática de ensino por não ser possível encontrar uma única definição sobre o EAD podendo somente afirmar que vários autores concordam sobre algumas premissas inerentes a esta modalidade (Moran, 2002; Mourão, n.d.).

Estas premissas referem-se a algumas características que fazem parte do processo de EAD. Elementos presentes: professor e aluno encontram-se separados no tempo e espaço e existe uma acreditação institucional, a qual significa que o ensino certificado por uma Instituição. No caso de ensino superior, a Instituição deve ser credenciada pelo Ministério da Educação Brasileiro (MEC). Além de outros aspectos, utiliza-se vários meios de comunicação e mídias educativas (texto impresso, emissão de rádio, televisão, vídeos-cassete e áudio, aprendizagem baseada e/ou mediada por computador e telecomunicações) devendo ser feita em dois sentidos, permitindo interação entre aluno e professor (INED, 2003; Liu & Ginther, 2001; Ministério da Educação, 2007; Mourão, n.d.; Silva, 2008).

Esta comunicação pode ser síncrona ou assíncrona. Comunicação síncrona usa tecnologias que permitem que tanto o professor como aprendiz estejam em aula ao mesmo tempo, assemelhando-se com o ensino presencial. Já na assíncrona, professor e aluno não estão em aula ao mesmo tempo, utilizando recursos como e-mail e fóruns eletrônicos. Caracteriza-se também pela possibilidade de encontros presenciais, para promover a interação entre aluno-aluno, estudo em biblioteca, laboratórios ou sessões práticas (obrigatório), utilizando processos industriais, ou seja, nas operações de aprendizagem aberta e à distância em larga escala. O trabalho é dividido e as tarefas são atribuídas a diferentes pessoas do grupo, que trabalham em conjunto, integrados em equipes de desenvolvimento de materiais (INED, 2003; Liu & Ginther, 2001; Ministério da Educação, 2007; Mourão, n.d.; Silva, 2008).

É por isso, também, que são consideradas iniciativas, o EAD realizado por meio de correspondência impressa, tais como cartas e/ou até os não menos conhecidos telecursos, entre muitos outros. Possivelmente, o que se conhece como modalidade de EAD por correspondência seja a maneira julgada mais antiga. Hoje, as possibilidades do ensino à distância ampliaram-se significativamente em meio às mudanças e avanços tecnológicos como uma modalidade de ensino alternativo para superar limites de tempo e espaço (Moran, 2007; Pfromm Netto, 1999).

Os objetivos e/ou princípios do EAD vêm de encontro com a democratização do acesso à educação, trazendo em seu bojo, a pretensão de promover um ensino inovador, original, que faça refletir e buscar alternativas viáveis e de qualidade, atendendo aos alunos nas mais variadas necessidades educacionais e situacionais. Possibilita e respeita tempo, espaço, ações e processos que se adaptem às exigências de cada indivíduo, incentivando a educação permanente e reduzindo os custos para o aluno (Lin & McNab, 2005).

É praticamente impossível conceber um programa de EAD de qualidade com custos baixos, especialmente o modelo on-line. É preciso investir em recursos humanos altamente capacitados, desde pessoal técnico aos tutores, bem como em ferramentas tecnológicas adequadas, como as plataformas virtuais (Azevêdo, 2005; Ministério da Educação, 2007; Pfromm Netto, 2006).

Hoje, o ensino à distância on-line, também conhecido como Webeducation ou mesmo E-learning (termo utilizado para definir o ensino por meio da Internet), faz-se presente em todo o mundo e alguns países utilizam esta modalidade para oferecer serviços educacionais em diversos níveis de ensino, principalmente, os que se conhecem como nível médio, graduação e pósgraduação, esta última seja como lato sensu (especialização, MBA) e/ou stricto sensu (mestrados, doutorados e pós-doutorados) (Franco, Cordeiro, & Cartillo, 2003; Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura [Unesco], 2005).

Deste modo, o estudo de produção científica sobre um determinado assunto, busca analisar o estado da arte nas pesquisas sobre este tema e é de extrema utilidade para a comunidade científica e as demais, pois, além de mostrar o que se tem pesquisado nos últimos tempos e o que se tem de conhecimento, pode-se também apontar, para um norte no campo das pesquisas científicas, sugerindo possíveis áreas e/ou assuntos que careçam de novas descobertas (Santos, 2005).

Assim, almeja-se neste estudo, mapear a produção científica recente quanto às publicações nacionais acerca do ensino à distância brasileiro na última década. Neste sentido, visa-se avaliar a autoria, objetivos, tipologia, participantes, instrumentos e análise de dados mais empregados em artigos, dissertações e teses, bem como, verificar o quanto a Psicologia tem colaborado com a ciência, estudando este fenômeno, principalmente, no que toca ao processo de ensinoaprendizagem à distância.

 

Método

O percurso metodológico utilizado nesta pesquisa se baseia na análise de produção científica de cunho bibliográfico e descritivo, e também exploratório, pois, como definido por Gil (2002), este tipo de pesquisa objetiva desenvolver, esclarecer ou mesmo modificar conceitos. Justifica-se o emprego, em casos que ocorrem poucos estudos sobre o assunto, tornando indispensável um primeiro olhar sobre o campo de conhecimento, para entendê-lo melhor, bem como, para abrir perspectivas de trabalho futuro.

Neste sentido, Witter (1998) distingue cinco aspectos possíveis para a análise de produção científica, sendo por discurso (título, autoria, resumo, palavraschave, estrutura, referências, características discursivas diversas), metodologia (objetivos, tipologia, participantes, materiais e instrumentos), temática (variáveis e conclusões), enfoque teórico (modelo ou concepção teórica) e por análise de dados (qualitativa, quantitativa ou mista).

Material: Analisou-se resumos de textos de origem nacional, datados de publicação no período de 1997 a 2006, desconsiderando textos editoriais, provenientes de simpósios, mesas redondas e afins. Para tanto, utilizou- se um portal que congrega vários bancos de dados, que são acessados eletronicamente, tanto por estudantes como por profissionais da Psicologia. Estes bancos de dados eletrônicos compilados e analisados, foram escolhidos por meio da base da Biblioteca Virtual em Saúde – Psicologia – BVS-Psi (2008). A escolha desse banco deu-se devido à sua importância enquanto veículo de difusão do conhecimento científico na área da Educação e Psicologia Nacional. Além disto, esta base é composta por um conjunto de bibliotecas afins, sob a coordenação de algumas instituições nacionais, como o Serviço de Bibliotecas e Documentação (SBD), o Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP), o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e, por fim, a Organização Pan-Americana da Saúde, representada no Brasil pela Biblioteca Virtual em Saúde – BIREME (Almeida & Pantoja, 2004).

Para localizar estes resumos na base de dados, foram escolhidas e inseridas as palavras chaves “ensino educação distância”, por alcançar um número substancioso de resumos. A junção das três palavras apresentadas ocorreu por considerar, que alguns autores preferem trabalhar com o termo “educação à distância”, como consta em alguns documentos oficiais, ao passo que outros preferem o termo “ensino à distância”, por caracterizar uma relação ensino-aprendizagem mais específica.

Fundamentada nesta busca como uma tentativa de garantir artigos da Psicologia, optou-se em trabalhar com os textos que constavam de quatro bancos de dados: (a) a Scientific Electronic Library Online – SciELO, um banco de dados científico privilegiado na Psicologia, nossa área de conhecimento, o qual permite fácil acesso e é amplamente utilizado; (b) o INDEXPSI, que assim como a SciELO, também consta da BVS-Psi; (c) resumos de dissertações e teses de mestrados, doutorados e livre docência e a (c) Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde – LILACS.

Procedimento: respeitou-se os procedimentos básicos de análise de produção científica, sendo identificados e compilados em uma planilha os resumos dos textos e analisados aspectos como autoria, objetivos, tipologia, participantes, instrumentos e análise de dados, utilizados pelos autores de cada texto.

Após levantamento preliminar, com intuito de compilar e analisar a produção científica divulgada, os resumos que integram o estudo, categorizaram-se em uma planilha para aplicar os tratamentos estatísticos adequados (ver em resultados) (Ferrara, 2004).

 

Resultados

Verificou-se que no momento da pesquisa, constavam no SciELO (2008), 29 resumos. No entanto, quatro deles foram descartados, por serem provenientes de outros países. No Indexpsi constavam cinco. Destes, três apresentavam inconsistência quanto à data de publicação e/ou não tinham os resumos publicados, de acordo com os critérios de Witter (1998) adotados nesta pesquisa. Encontrou-se, também, 10 resumos de dissertações e teses nesta base. Destas, quatro também não tinham os resumos e/ou as datas estavam fora do período estipulado. Já no banco de dados do LILACS (2008), como pode ser observado na tabela 1, constava 60 artigos e foram dispensados 41, segundos os critérios de pesquisa. O banco do LILACS (2008) foi o único, destes quatros, que apresentou alguns artigos que constavam das outras (repetidos). Verificou-se ainda, que a publicação sobre o assunto aumentou a partir do ano de 2002 (15,38%), com um leve pico de produção em 2006 (19,23%) (χ2=2,857; n. g. l. =5; p=0,722).

 

 

No tocante à autoria dos textos analisados, os trabalhos agruparam-se em autoria única (n=28; 53,85%), múltipla (n=23; 44,23%) e coletiva (n=1; 1,92%), segundo sexo dos autores (χ2=0,49; n. g. l.=1; p=0,4838). Assim sendo, com relação à autoria única, os autores de sexo feminino foi maioria (n=22; 75,86%, para os do sexo masculino n=6; 20,69%, com uma de autoria coletiva n=1; 3,45%) (χ2=9,143; n. g. l.=1; p=0,0025). Do mesmo modo, em se tratando de múltipla autoria dos textos, a questão dos sexos apareceu, levemente, equilibrada (feminino n=31; 52,54%, e masculino n=28; 47,46%) (χ2=47,205; n. g. l.=2; p=0,0001).

Quanto à questão da metodologia: foi possível constatar no quesito tipologia dos trabalhos, uma quantidade maior de textos oriundos de pesquisa (n=24; 46,15%), do que as publicações de relatos de experiência (práticas n=5; 9,62%), textos teóricos (n=11; 21,15%) ou mesmo alguns em que não foram possíveis de categorizar (n=12; 23,08%) (χ2=14,615; n. g. l.=3; p=0,0022).

No que toca a questão do tipo de amostra utilizada nestes estudos, embora muito se tenha discutido sobre universidades da terceira idade, bem como, inclusão social dos idosos por meio da inclusão digital, apenas dois textos fizeram menção ao uso do ensino à distância com idosos (n=2; 3,85%). A amostra foi composta por crianças (n=1; 1,92%), adolescentes (n=2; 3,85%) e, largamente, a população adulta (n=29, 55,77%), visto que muitos dos artigos eram referentes a universidades. Houve também um grupo que não foi possível definir a amostra n=18; 34,62%.

Com relação à variável contexto, não se encontrou uso do ensino à distância em ambientes familiares e/ou comunitários. Timidamente, foi possível encontrar o uso do ensino à distância nos ambientes corporativos (n=2; 3,85%), mesmo com algumas experiências de Universidades Organizacionais bem sucedidas e “copiadas” internacionalmente, como é o caso do Banco do Brasil. Os textos de modo geral, aludiam às experiências acadêmicas, sejam no nível de ensino médio para ensino de ciências ou no ensino superior. Neste último, vastamente, utilizada para cursos de extensão, aprimoramento, algumas experiências em graduação e pós-graduação, bem como para educação continuada na área médica (escolar n=46; 88,46% e, indefinido n=4; 7,69%).

Quanto à análise dos dados: no que se refere à natureza dos estudos, infelizmente, não foi possível afirmar quais análises foram utilizadas pelos pesquisadores com mais freqüência, visto que, a qualidade dos resumos estudados não trazia esta informação. Mesmo assim, daqueles que foram possíveis identificar, a análise quantitativa ainda pareceu ser a mais utilizada (qualitativa n=5; 9,62%; quantitativa n=9; 17,31% mista n=1; 1,92% indefinido n=37; 71,15%).

 

 

Ainda quanto aos cursos com publicação sobre a temática do ensino à distância, elencou-se segundo a tabela de áreas de conhecimento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, como podem ser visto na Tabela 2. A área de conhecimento que mais se destaca é a Ciências da Saúde (n=14; 26,92%), fenômeno que se justifica pelo fato de que os médicos assumem vários compromissos profissionais em horários diferentes da maioria da população ativa, economicamente, fazendo plantões em dias, horários e locais diferentes. Nesta realidade, o ensino na modalidade à distância pode facilitar a formação continuada dos mesmos.

Mesmo a área de Ciências da Saúde sendo a que mais aparece com publicações, isso não fica muito claro ao investigar as fontes desta produção científica, pois, as publicações aparecem bastante borrifadas entre as diversas fontes de publicação, como pode ser conferido na tabela 3.

 

Discussão e Considerações Finais

Em um primeiro momento, preocupa o fato de somente metade dos artigos encontrados serem passíveis de uso neste estudo. Alguns não atenderam o critério de data e/ou idioma, outra parte considerável não apresentou o resumo. Os que continham os referidos resumos, em alguns momentos, ficavam quase impossíveis de identificar do que se tratavam, frente os aspectos analisados. A quantidade demasiada de resumos em que não estão definidos todas as variáveis investigadas sugere uma despreocupação por parte dos pesquisadores e teóricos em redigir um resumo de modo conciso, com discernimento e qualidade em conteúdo, em que o leitor possa lê-lo e identificar o caminho percorrido pelos pesquisadores (Witter, 1998).

A constatação de destaque para área da saúde justifica- se. Entretanto, torna-se preocupante uma participação quase imperceptível dos profissionais e estudantes da Psicologia, bem como da Educação neste contexto que é educacional e que ganha força a cada ano, segundo relatórios oficiais do MEC e Associações afins (ABED, 2006b, 2006c; INED, 2003; Ministério da Educação, 2007). Este fato sugere que, embora sejam oferecidos cada vez mais cursos de ensino à distância, talvez a atenção para recursos didáticos, bem como o processo de ensino-aprendizagem possam estar sendo abandonados, principalmente em cursos virtuais ou on-line.

 

 

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Received 21/08/2008
Accepted 15/03/2009

 

 

Eliana Santos. Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Brasil.
Solange Muglia Wechsler. Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Brasil.

1 Endereço para correspondência: Rua Benedito Antônio Ribeiro, 54, Arujá, SP, Brasil, CEP 07400-000. E-mail: elianass@gmail.com
2 Manuscrito concebido durante processo de formação no mestrado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC Campinas).
3 Agradecimentos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo apoio financeiro.