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Estudos de Psicanálise

Print version ISSN 0100-3437On-line version ISSN 2175-3482

Estud. psicanal.  no.31 Belo Horizonte Oct. 2008

 

 

Três tempos históricos: Lacan, pré e pós

 

Three historical moments in psychoanalysis

 

 

Carlos Pinto Corrêa*

Círculo Psicanalítico da Bahia

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A proposição de 9 de outubro de 1967 marca o rompimento de Lacan não só com a IPA mas com grande parte do acervo histórico e teórico acumulado por vários pioneiros do movimento psicanalítico. Lacan inaugurou um novo tempo marcado por seu lúcido trabalho consubstanciado principalmente nos Seminários e Escritos. Agora temos o pós Lacan, completando três tempos possíveis para reflexões sobre os caminhos que temos trilhado.

Palavras-chave: Psicanálise, História, Lacan, Instituição, Transmissão.


ABSTRACT

The october 9, 1967 Proposition, signs the rupture between Lacan, IPA and the greater part of the theoretical knowlege introduced by the pioneers. Lacan presents his particular work in the Seminars” and “Writes”, beginning a new age of Psychoanalysis. After 40 years, the author finds it a good time for revision.

Keywords: Psychoanalysis, History, Lacan, Institution, Training.


 

 

Antes de iniciar sua proposição de 9 de outubro de 1967, Lacan insiste em um trabalho anterior, indispensável à compreensão da nova proposta. Trata-se da “Situação da psicanálise e formação do psicanalista em 1956”. Duas questões fundamentais me ocorreram na leitura destes importantes textos de Lacan. Em primeiro lugar, a época em que foram escritos, no pleno domínio da IPA, como instituição oficial reconhecida por Freud, que produziu a auto-outorga de seus membros sobre o verdadeiro conhecimento psicanalítico e sua posse. A segunda questão se refere ao estágio em que o guerreiro Lacan era a única voz de protesto que tentava desalojar o que ele próprio chamou de Bem-Nascidos.

Cinqüenta anos após, a leitura do texto de 1956 pode surpreender pelo tom excessivamente polêmico e maneira como estão insinuadas tantas propostas de Lacan, que vieram a aparecer nos seus ensinamentos posteriores e que hoje são aceitas como rumos mais honestos no seguimento às idéias iniciadas por Freud. De qualquer modo, graças ao providencial distanciamento que possuímos hoje, temos uma compreensão histórica que nos aponta a causalidade dos descaminhos da instituição e de seus seguidores, livres da paixão ideológica de garantia da perpetuação da IPA, e também de uma conversão absoluta ao pensamento de Lacan como tábua de salvação para a psicanálise. Talvez seja um bom momento para repensar a história da instituição e da formação psicanalítica.

 

A análise didática

Freud percorreu seu caminho pioneiro iniciando pela observação direta dos seu pacientes, o que lhe permitiu introduzir conclusões teóricas apoiadas principalmente na auto observação aguda e genial. Partindo de seu próprio inconsciente podia estabelecer descrições genéricas voltando ao exercício da clínica para comprovar ou retificar suas afirmativas. Seus discípulos imediatos encontraram uma doutrina em formação e tentavam entrar no cerne da psicanálise ou, de modo mais simples, numa identificação com o mestre e imitação do que Freud fazia. Posteriormente, os novos candidatos passaram a procurar os discípulos de Freud formando uma terceira geração que impôs inquietante questão para os novos mestres: como se faz um psicanalista?

Essa preocupação que persegue as instituições até os nossos dias, começou a ser formalizada em 1910, depois de ter sido discutida no Primeiro Congresso de Salzburg que aconteceu em 1908. Nesta ocasião, Freud, Ferenczi, Jung e Abraham propuseram o movimento psicanalítico, em bases ditas cientificas, aspiração mais do que justificável para o médico.

Em 1911 no Congresso de Weimar, Freud expressou sua preocupação com os seguidores da psicanálise, dizendo que “o analista precisa aprender a tolerar a extensão da verdade”. A medida que a teoria avançava, novas implicações diretas aconteciam sobre a técnica da clínica e, conseqüentemente, as dificuldades pessoais de alguns analistas apareciam de modo mais evidente nas suas relações com os pacientes.

Em Berlim, no Congresso de 1922, a formação foi mais claramente delineada com o estabelecimento de que a prática psicanalítica somente pudesse ser realizada por quem tivesse freqüentado o curso teórico aprovado pela sociedade. No Congresso de Insbruck (1927), Ferenczi1 defendeu a idéia de que a psicanálise é essencialmente uma experiência que deve ser vivida pelo futuro analista, enquanto paciente. Daí um novo corolário de que o analista deveria ser analisado do modo mais completo possível. Esta proposição produziu um rol de exigências sobre o futuro analista sendo que o impossível pretendido foi tomado pela sociedade psicanalítica como possibilidade ofertada no caminho para a perfeição. Finalmente, a formação tomou novo formato, estabelecendo-se os quatros elementos essenciais, como seguem:

a) a formação deve ser dada por um analista aprovado pela sociedade — Analista Didata;
b) o candidato deve submeter-se à psicanálise;
c)o candidato deve receber treinamento teórico e supervisão;
d) o candidato deve ser aprovado à prática – Autorização.

É fácil observar que os operosos psicanalistas, preocupados com a questão de formalizar se detiveram mais no modelo acadêmico do que na especificidade da nova área do saber. É bom insistir que, no Congresso de Insbruck de 1927, Ferenczi foi o único discípulo de Freud capaz de ir mais próximo da questão inconsciente que permeava o problema e, vencendo a oposição de alguns de seus pares, propôs que a análise do futuro analista deveria ir além da análise dos pacientes.

Como Lacan denunciou posteriormente, o modelo formal praticamente eliminou o inconsciente da questão da instituição. Para se ter uma exata noção de quão distante estavam, podemos lembrar o que já tardiamente Kovács (1936) escreveu sobre a análise do candidato a ser psicanalista, que deveria ser colocada em uma espécie de condição especial diferente da análise chamada terapêutica dos clientes. A idéia era “familiarizar o candidato com os mecanismos do inconsciente através de seus sonhos e poderia revelar seu complexo de Édipo, mas nada deveria ser imposto ao caráter do candidato”. Podia ser até uma descoberta, mas ainda presa à noção de redução dos sintomas neuróticos. Esta análise não pretendia nenhum tipo de retificação subjetiva ou constituição do sujeito analista.

O imaginário dos mestres iniciantes podia arbitrar o modelo a ser perseguido pela instituição. Mas somente Freud foi mestre e analista de seus discípulos. Os analistas didatas envolvidos com a causa institucional tiveram, em sua maioria, uma experiência decepcionante pela impossibilidade de se sustentarem no lugar fixo do saber. À idealização imaginada correspondia a identificação dos candidatos com os mestres. Havia uma noção bizarra sobre o aprofundamento da análise, e até que ponto alguém poderia ou deveria ser analisado confundindo-se com a implicação que haveria entre o inconsciente do analista e o do seu cliente.

Foi assim, com a submissão dos futuros analistas e o poder imaginário dos eleitos, que a instituição cresceu, assumindo as funções de legislação e controle. Sendo um órgão executivo, a instituição psicanalítica tornou-se totalitária por possuir o poder absoluto.

O retorno a uma compreensão analítica destas questões começou a despertar vários autores que se tornaram dissidentes das instituições de origem. Entre eles, Lacan se destaca, não só pelo protesto, mas pelo movimento de rompimento institucional e releitura de toda a obra de Freud. Não se pode entretanto aniquilar a experiência da IPA como insana e pensar que tudo deveria ser feito a partir de uma tábua rasa. Os erros cometidos é que puderam nortear os pensadores de Freud para outros caminhos. E, em uma posição verdadeiramente analítica, devemos interpretar o que teria acontecido. Natural que o temor do encontro com o próprio inconsciente seja o obstáculo maior à demanda de análise. Ana O alertou para o perigo das tentativas de se analisar alguém. Daí a resistência imposta pelos eleitos que pretendiam ser analistas sem enfrentar suas próprias trevas, pela conivência com seus alunos que deveriam se resguardar dos riscos da análise.

É entretanto importante verificar que as idéias de Lacan não conseguiram aceitação universal e muito menos que sua denúncia tenha levado a IPA à falência ou ao extermínio. No Sétimo Pré-congresso sobre formação psicanalítica, realizado junto com o Trigésimo Congresso Internacional de Psicanálise, na cidade de Jerusalém, em agosto de 1977, foi discutida uma monografia intitulada “Princípios objetivos em procedimentos da formação psicanalítica” (ORGEL, 1977). O texto teve como autoria os institutos participantes, resultado de uma pesquisa entre 28 das 57 instituições espalhadas pelo mundo e tentava responder três questões fundamentais:

1. como um programa de formação pode abarcar dois objetivos, de formar o profissional da psicanálise e de levar seus estudantes ao entendimento da teoria psicanalítica a fim de enriquecer a ciência psicanalítica?
2. Que tipo e grau de modificação pessoal são esperados em um candidato quando atravessa sua formação e como pode adquirir sua identidade de psicanalista?
3. Como a formação (análise pessoal, curso teórico básico e a supervisão analítica) poderão atender aos objetivos e expectativas da instituição?

Isto aconteceu dez anos após a proposição de 9 de outubro, mostrando que, embora Lacan tivesse iniciado um forte movimento paralelo, suas idéias não incidiram de modo importante no procedimento da IPA. Os leitores apaixonados por Lacan podem pensar que a IPA foi destruída. Ela entretanto continua existindo a nível mundial com mais psicanalistas ortodoxos do que seguidores de Lacan. Isto nos fala de uma clínica possível, ainda que exercida sob forte imposição do imaginário e com a transferência mantida de forma não aceita por nós.

 

Tempo de Lacan

A reação à ortodoxia e ao domínio da psicanálise por um grupo que se colocava como dono do saber se fez sentir desde o início do processo de institucionalização. Temos a evasão de Adler, Jung, a expulsão de Stekel, ou a contenda do grupo de Berlim quando Eduard Glover armou sua cliente Melita Schmideberg para a guerra contra sua mãe Melanie, escândalo que terminou com a destituição de Glover e a divisão da análise de crianças em dois feudos: Anna Freud e Melanie Klein. Foi neste clima institucional que aconteceu a estréia de Lacan na IPA, durante o XIV Congresso Internacional de Psicanálise, realizado em Marinbad entre 2 e 8 de agosto de 1936. Estiveram presentes 198 participantes, sendo 11 membros e 87 convidados. Embora Elizabeth Roudinesco (1993) sugira um certo brilho na apresentação de Lacan, ele foi o segundo apresentador entre outros seis, em uma sessão científica. Lacan foi o único deles cujo resumo de trabalho não foi incluído no “report”. Há apenas a referência ao título “The Looking-Glass Phase”. É de Lacan o comentário: “Fiz uma comunicação em norma ao congresso de Marienbad em 1936, pelo menos ao ponto de coincidir exatamente com o quarto aviso do décimo minuto, quando me interrompeu Jones, que presidia o congresso enquanto presidente da Sociedade Psicanalítica de Londres, posição para a qual o qualificava certamente o fato de eu jamais ter podido encontrar um de seus colegas ingleses que não tivesse a me informar sobre algum traço desagradável de seu caráter. Não obstante, os membros do grupo vienense lá reunidos como pássaros antes da migração iminente deram uma acolhida bastante calorosa à minha exposição”. Lacan acrescenta que, não entregando o texto para as atas, o disponibilizou no trabalho sobre a família, publicado em 1938 na Encyclopédie Française – Tomo “La Vie Mental” . Estava assim marcado o início da mais importante dissidência da psicanálise. A polêmica, entretanto, não se deu pelas inclusões e assertivas teóricas que Lacan passou a apresentar, mas sua expulsão veio das inaceitáveis práxis recentes e das inovações sobre os caminhos da formação psicanalítica.

Contrariamente ao grupo dos eleitos ligados à International Association of Psychoanalysis, tivemos verdadeira eclosão dos descontentes que se organizaram como independentes tipo Culturalismo, Psicanálise Existencial, Junguianos e tantos outros. A força da instituição mãe criava para os novos grupos uma condição de ilegitimidade, que possivelmente tornava as iniciativas mais tímidas. Assim, o Círculo de Viena, berço do Círculo Brasileiro de Psicanálise, foi fundado por Caruso como entidade autônoma para repensar Freud a partir das origens. Unido aos colegas Gerard Chrzanovski e Erick Fromm, criaram a International Federation of Psychoanalitical Society, que foi criticada por Lacan ao chamar atenção de que estavam tentando fundar uma nova IPA.

Os inúmeros pensadores, transformadores ou inovadores da psicanálise terminaram com atuações restritas que em sua maioria não se propagaram além da vida de seus fundadores. Lacan se lançou na árdua tarefa de revisão teórica das propostas de Freud, produzindo uma mobilização sem precedentes, polarizando de modo definitivo o movimento psicanalítico. Com ele, toda a estrutura psicanalítica mudou, incluindo o acervo teórico, a clínica, a instituição, os cânones da formação, a relação com a psicopatologia e a doença mental, a questão das indicações à psicanálise ou demanda, a transferência e a questão do suposto saber.

 

Existe um pós-lacanismo?

A partir da morte de Lacan em 1981, aparecem as tentativas de se entender o avanço de sua teoria, mas ainda não foi possível articular sua obra com sua história pessoal. Leite (2000) é otimista imaginando que talvez um dia surja um equivalente a Ernest Jones para Lacan e uma biografia válida nos permita refletir sobre as motivações de sua obra. Sugere que talvez isto seja possível com a volumosa biografia de Roudinesco (1993). Entretanto, acreditamos que a vida de Freud esteve tão visceralmente ligada a sua obra, que autor e obra se confundem muitas vezes. Freud partiu dele mesmo, mas Lacan partiu de Freud e produziu sua teoria no discurso para seus alunos em seus concorridos seminários. O outro de Freud foi ele mesmo.

Outra questão levantada com a morte de Lacan foi o reconhecimento de quem seriam os verdadeiros filhos do mestre e quem seriam os bastardos. Judith Miller e seu marido Jacques-Alain Miller apareceram como os herdeiros legítimos, por questão de sangue e propriedade reivindicada das Obras e Seminários, enfim, do controle do saber Lacaniano. Mas pelo próprio corte realizado por Lacan, seria impossível a concentração ou monopólio institucional e os grupos de estudos de Lacan proliferaram. A hegemonia da Escola sofreu seu cisma com a separação de Collette Soler, polarizando o grupo em saudável dialética. No momento, vivemos a curiosa proposta de Judith Miller para adoção das terapias breves, voltando a Abraham em iniciativa apoiada por Miller e, como disse Quinet, inspirada em Ana Freud. Em vez da nova análise vir como proposta discutível, ela surge com aprovação irrevogável. A questão institucional não pode, entretanto, ser prioritária, já que, sendo uma nova práxis, exigirá por certo novo suporte teórico.

O pós Lacanismo é a continuação de uma intervenção lúcida e profunda da teoria psicanalítica, que de início dividia e hoje une pela certeza de que nenhum psicanalista pode sê-lo desconhecendo o pensamento de Lacan. A obra de Lacan, por sua extensão e complexidade, tem aprisionado seus leitores fascinados com o nom plus ultra do mestre. Alain Didier-Weill2 deu voz a psicanalistas dissidentes da EFP e obteve um acorde uníssono sobre a obra comentada. Também Gabriel Lombardi (2001) preparou para o lançamento de Heteridade numero 1, a Revista Internacional dos Fóruns do Campo Lacaniano, uma enquete com a questão: “O que é ser lacaniano, hoje, para um psicanalista? Também aqui encontramos grande simetria e afinidade nas respostas3, que podem ser resumidas na conclusão de Isidoro Vegh “concluo com um aparente paradoxo – creio que, hoje, ser lacaniano é não pretender sê-lo, mas tentá-lo em uma curva assintótica que não teme descobrir sua própria trajetória, com seus tropeços, para elevá-los à dignidade da pergunta”.

Mesmo diante de tanta certeza, é bom lembrar que a ideologia de preservação de qualquer obra como se fosse eterna pode retirar-lhe a chance de evoluir ou produzir novos frutos. As respostas unívocas e as interpretações dogmáticas sugerem a urgência de novas reflexões epistêmicas. Assim, vivemos momento propício a revisões da teoria, das questões da clínica e da instituição psicanalítica.

Pelo modo como foram feitas as transcrições dos seminários, pode-se propor uma revisão de estilo, de conceitos e conteúdos semânticos do vocabulário usado e das imprecisas e ausentes citações. Seria importante retomar a manipulação de frases retóricas desvinculadas do sentido dos textos. A revisão dos conceitos empregados por um não matemático já foi alvo de considerações por Sokal e Bricmont (1955). Deve-se levar em conta também que as analogias precisam ser restringidas à teorias bem estabelecidas, evitando-se a criação de sistemas comparativos fechados que se expliquem uns aos outros. Os seminários não são mais anotações de freqüentadores das aulas de Lacan e os efeitos da fala são diferentes da escrita. Assim é necessário levar em conta que “uma metáfora é usualmente empregada para esclarecer um conceito pouco familiar, relacionando-o com outro conceito mais familiar, e não o contrário” (SOKAL, 1955). Existem muitas outras propostas mais fecundas que nos permitem fazer novos confrontos sobre questões fundamentais da psicanálise.

No que tange às questões institucionais, ficamos com a repercussão de problemas sobre os quais perdemos o controle. O princípio genuíno do analista que se autoriza produziu o direito para quem, não sendo analista, resolve se autorizar, exatamente por não sê-lo, levando nosso título a uma extensão máxima. A instituição desfeita e que deixa de ter força ou ser necessária, cria o analista livre atirador, que, não tendo apoio para continuar sendo analista, se perde sem se dar conta que,desvinculado do convívio profissional, da teoria e das casuísticas clínicas, deixa de ser psicanalista sem que saiba disto. O ensino ou estudo da teoria psicanalítica, independente de um percurso de análise, criou força e tem sido deslocado para a universidade. Até em nossas jornadas e congressos, a titulação acadêmica orna de modo exuberante o currículo dos psicanalistas, como uma referência maior. Por outro lado, a invasão do não saber psicanalítico pelos utilitaristas religiosos ou pagãos tem inquietado a todos pelo dilema da legalização ou reconhecimento legal para o exercício da clínica em psicanálise.

Finalmente, a psicanálise depois de Lacan encontra questões que transcendem a ela e exigem uma nova clínica para vencer as impossibilidades da falta de laço afetivo das relações pós-modernas. Precisamos tentar elucidar a questão das evidências como propõe Gerbase (2007) ou, voltando a sua questão mais ampla perguntar: “o mundo contemporâneo comporta uma terapêutica?”

 

Referências

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GERBASE, Jairo. Comédias Familiares: Rei Édipo, Príncipe Hamlet, Irmãos Caramázovi. Salvador: Campo Lacaniano, 2007.        [ Links ]

GLOVER, Edward. Report of the Fourteenth International Psycho-Analytical Congress. [1936]. International Journal of Psycho-Analysis. London, 1937.        [ Links ]

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LACAN, J. Proposição de 9 de outubro de 1967 sobre o psicanalista da Escola [1967]. In: ___. Outros Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.        [ Links ]

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SOKAL, Alan; BRICMONT, Jean. Imposturas Intelectuais: o abuso da ciência pelos filósofos pós-modernos [1955]. Rio de Janeiro: Record, 1999.        [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência:
Rua Ademar de Barros, 1156/202
40170–110 – Salvador – BA

Recebido em 17/03/2008

 

 

* Membro fundador do Círculo Psicanalítico da Bahia
1 Segundo o relatório de Ana Freud (Report of the Tenth International Psycho-Analitical Congress, Insbruck) para o Bulletin of International Psycho-Analitical Association publicado em: International Journal of Psycho-Analysis. London: Wm Dawson, 1928. v. IX.
2 Didier-Weil colheu os depoimentos de Charles Melman, Christian Simatos, Claude Dimézil, Daniel Wildlocher, Jean Clavreul, Maud Mannoni, Michele Montrelay, Moustapha Safouan, René Bailly, René Major, René Tostain, Serge Laclaire, Wladimir Granoff.
3 Responderam à enquete: Claude Dumézil e Philippe Julien, de Paris, Jacques Laberge, do Brasil, Darian Leader, de Londres, Paola Mieli, de Nova York e Isidoro Vegh, de Buenos Aires

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