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Estudos de Psicanálise

Print version ISSN 0100-3437

Estud. psicanal.  no.39 Belo Horizonte July 2013

 

 

Dos restos, a metáfora: um retorno ao “Caso Signorelli”, de Freud

 

Debris, the metaphor: a return to the "Where Signorelli" Freud

 

 

Rui Maia Diamantino

Universidade Federal da Bahia
Universidade Salvador

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Neste texto se faz uma abordagem teórica sobre os restos metonímicos, tema presente n’O seminário 5: As formações do inconsciente, de Jacques Lacan. Articula-se a proposição lacaniana com o “caso” Signorelli, autorrelatado e discutido por Freud na sua obra. São abordados os lapsos da fala na análise, enfocando o aspecto enigmático do neologismo quando assume a condição de significante e de metáfora, apontando para o desejo enunciado pelo sujeito do inconsciente. Dessa forma, Signorelli, na experiência do fundador da psicanálise, revela o inconsciente e as múltiplas significações associadas ao significante, onde a angústia de castração relacionada à morte e ao gozo sexual aflora como o de maior pregnância. A experiência de Freud, extensiva aos que empreendem uma análise seja na posição de analista seja na posição de analisando, se mostra atual, pois, no “caso” Signorelli, Freud atrela a psicanálise ao significante, à língua, à linguagem, possibilitando a compreensão dos mecanismos do recalque e da resistência. Propõe-se, então, a partir dos pressupostos do ensino de Freud e de Lacan que no tropeço da fala se enuncia o desejo fugaz, que na captura dos restos metonímicos pode residir o tesouro de um significante que remete à verdade do sujeito.

Palavras-chave: Neologismo, Sujeito do inconsciente, Recalque, Análise, Psicanálise.


ABSTRACT

In this paper we make a theoretical approach on the metonymic remains, a theme addressed by Jacques Lacan in his "The Seminar 5 - Formations of the Unconscious". An articulation of the Lacanian proposition with the Signorelli case self-reported and discussed by Freud on his work. We address the lapses in speech analysis, focusing on the neologism’s enigmatic aspect, which assumes the condition of significant and metaphor, pointing to the desire enunciated by the subject of the unconscious. Thus, Signorelli, an experience of the founder of psychoanalysis, reveals the unconscious and the multiple meanings associated with significant, where castration anxiety related to death and sexual enjoyment emerges as the most pregnant. The experience of Freud shows up today, since that is also experienced in the course of analysis by the analyst and the patient, as in the account of the Signorelli case where Freud demonstrates the link between psychoanalysis and the signifier and language. That enables the understanding of the mechanisms of repression and resistance. It is proposed, then, from the statements of Freud and Lacan’s teaching that the stumbling speech is a fleeting enunciated desire, which captures the debris that may exists in the metonymic treasure of a signifier which refers to the truth of the subject.

Keywords: Neologism, Subject of the unconscious, Repression, Analysis, Psychoanalysis.


 

 

O tema dos neologismos e dos lapsos representa um campo teórico que tange à linguística, à psicopatologia e à psicanálise, conforme as palavras de Lacan:

É surpreendente ver que, à medida que se engalfinham com o delicado tema da afasia, isto é do déficit da fala, os neurologistas, não especialmente preparados para isso por sua disciplina, fazem progressos notáveis, dia após dia, quanto ao que se pode chamar de sua formação linguística, enquanto os psicanalistas, cuja arte e técnica repousam inteiras no uso da fala, até hoje não a levaram minimamente em conta, ainda que a referência de Freud ao campo da filologia não seja uma simples referência humanista que evidencie a sua cultura ou suas leituras, mas uma referência interna, orgânica (LACAN, 1993, p. 31).

A afirmação acima, retirada do Seminário 5: As formações do inconsciente, suscita questões de interesse para a clínica por se relacionar com o ato analítico, no que tange à transferência e à resistência. Ambas são faces de uma mesma moeda e ocasionadas pela tensão que se apresenta no decorrer de uma análise, qual seja, o embate com o recalque.

Sabe-se que, durante a fala do paciente, as intrusões de fragmentos ou montagens de fragmentos de palavras formando neologismos, esquecimento de nomes, aparecimento do sujeito da oração em lugar estranho à estrutura frasal, apontam para substituições de um significante recalcado. São claudicações no discurso e uma emergência do sujeito do inconsciente, pois é dessas formações do inconsciente que ele, o sujeito que deseja, se enuncia, rompendo a barra do recalque.

No texto de Freud Esquecimento de nomes próprios (1901), (FREUD, 1996, p. 19 a 25), tem-se uma lapidar lição sobre a falha no discurso, quando ele fica em suspensão, quando um nome próprio se eclipsa, no caso, foi Signorelli. Essa falha vem, então, propiciar uma série de articulações de Freud, tendo por elemento fundamental a um lapso no registro do simbólico, originado pelo recalque, que impede o retorno do recalcado representado pelo significante Signorelli. Tal mecanismo do inconsciente leva a uma série de deslizamentos metonímicos, ou seja, a substituições de significantes para preencher o “esquecimento”, carreando à sua memória os nomes Boticelli e Boltrafio, pintores, como Signorelli, de temas ligados à religiosidade.

Freud está a caminho da Bósnia-Herzegovina e conversa com um passageiro sobre viagens à Itália, não sem antes ter tocado em assuntos que ele mesmo vem a considerar como “delicados” (FREUD, 1996, p. 21, nota 1 do rodapé). Citando os costumes dos homens turcos que, nas suas consultas com os médicos, depunham neles a última palavra sobre a vida ante o inevitável da morte, Freud intenta fazer uma anedota sobre a valorização da potência sexual por parte dos turcos ante as ocorrências de distúrbios sexuais, quando, então, caíam em desespero. O contraste que Freud considera paradoxal nas duas atitudes mereceria um dito espirituoso, caso a autocensura não o levasse a considerar essa conduta como indevida, gerando um deslizamento do discurso para o tema dos afrescos da catedral de Orvietto, As quatro últimas coisas — a Morte, o Juízo, o Inferno e o Céu (FREUD, 1996, p. 20, nota 1 do rodapé). Muito embora a censura tenha imposto um tema artificial para escamotear o que Freud realmente queria dizer, é na referência ao autor dos afrescos de Orvietto que é mantido em suspenso o que estaria por ser desrecalcado: seus fantasmas ligados à morte e à sexualidade, temas caros e palpitantes para o iniciador da psicanálise, culturalmente relacionados ao conteúdo judaico-cristão da pintura evocada no diálogo.

Utilizando discurso precioso e didático, Freud, de punho próprio, interpreta seu “esquecimento” fazendo as relações e associações possíveis para apontar que, em síntese, o que fora recalcado remetia à sua angústia pessoal pela perda de um seu paciente que se suicidara por sofrer de um “distúrbio sexual incurável” (FREUD, 1996, p. 21). Freud ressalta que a condição de “Herr Doctor”, título utilizado pelos turcos no tratamento aos médicos, tinha se mostrado inócua em Trafoi, lugarejo do Tirol, onde residira aquele paciente.

No esquema apresentado em O esquecimento de nomes próprios (FREUD, 1996, p. 22), os fragmentos trafio, bo, her e elli ganham estatutos de significantes, cada qual remetendo a uma significação que permaneceu recalcada:

elli, da palavra Signorelli, nome próprio esquecido em função do evitamento que o tema de As quatro últimas coisas suscitava em Freud: a morte;

her, da palavra Herzegovina, que, por homofonia na língua alemã remete à palavra Herr, Senhor, Signore em italiano, evocativa da inconformação dos turcos e do paciente de Freud sob a impossibilidade do gozo sexual e a impotência do médico no estabelecimento de uma solução clínica, àquela altura difícil para a medicina e, por outra, uma problemática de importância para o médico que se tornava psicanalista;

bo, da palavra Bósnia, lugar que Freud considerou impróprio para efetuar a sua anedota, Boltrafio e Boticelli, que substituem o pintor de Orvieto, representando o recurso da censura que sobrepõe à anedota pretendida um tema mais adequado para continuar a conversação com o desconhecido companheiro de viagem. Teria esse homem uma aparência turca?;

trafio, da palavra Boltrafio, um quase anagrama de Trafoi, significante cuja significação, tudo indica, remete aos sentimentos de perda e fracasso de Freud, sentimentos que suscitam o “esquecimento”.

O mecanismo de retalhamento dos significantes para fazer de seus fragmentos novos significantes, traz a importância dos fonemas, grupamentos sonoros que possibilitam a comunicação articulada pela fala e das suas partes mínimas, as letras, que pelo diacronismo-sincronismo, uma após a outra vem a constituir a cadeia significante em unidades cada vez maiores. Fonemas se constroem por vogais e consoantes, ou apenas vogais, a depender de como se pronunciam os significantes na língua; palavras, frases, e locuções verbais, conforme considerações de Lacan no texto A instância da letra no inconsciente (LACAN, 1998, p. 504-505).

Lacan enfatiza a importância dos restos ou dejetos metonímicos nas formações do inconsciente, passíveis, portanto, de considerações psicanalíticas essenciais, principalmente para fazer surgir o efeito de metáfora:

[...] Signor, por todo o contexto a que está ligado — ou seja, o pintor Signorelli, o afresco de Orvieto, a evocação das coisas derradeiras —, representa precisamente a mais belas das elaborações que há nessa realidade impossível de enfrentar que é a morte. [...] Assim, fica claro que o Signor aqui, enquanto ligado ao contexto de Signorelli, representa de fato uma metáfora (LACAN, 1993, p. 44).

[...] Toda vez que lidamos com uma formação do inconsciente, devemos sistematicamente procurar o que chamei de destroços do objeto metonímico (LACAN, 1993, p. 56).

Permito-me, a partir desse ponto, propor uma interpretação mais específica sobre Signorelli, avançando além das palavras do próprio Freud no texto Esquecimento de nomes próprios, de 1901. Incluo, para tanto, os aspectos biográficos, especulativos e literários que marcam a sua vida e sua obra.

O significante Signorelli, recalcado, estava paradoxalmente ali, bem à boca de Freud. Não foi enunciado por corresponder à angústia de castração, representada pela morte e pelo interdito ao gozo sexual. A castração, por sua vez, ocupava o seu mundo psíquico, já que o Complexo de Édipo centralizava a sua produção teórica e clínica. Isso implica, como sabido, no trâmite do sujeito em direção a sua inscrição nos termos da lei social por uma intervenção da lei paterna alijando o gozo sexual da díade mãe-filho, operando uma morte desse gozo, em direção ao gozo do Outro não materno, ou seja, o Outro dos laços sociais. A perda do falo genital, sede da fantasia do gozo sexual paradisíaco e mítico, cede lugar a um fantasma que se articula com o falo enquanto signo da falta, da divisão, da perda que faz clivagem permanente no sujeito do inconsciente.

Nesse momento do desenvolvimento do texto proponho conceber Signorelli em dois estados possíveis: o primeiro, como sendo o significante que remete a um nome inteiro, esquecido, que por sua vez traz as significações emblemáticas para Freud como já foi aqui considerado. O segundo estado, é o de nele encontrar a junção de dois restos de um nome despedaçado, o nome do artista de Orvietto, ou da junção de dois nomes: signor e elli. Restos ou fragmentos metonímicos, então, se organizam para erigir uma metáfora que remete a um permanente fantasma freudiano, qual seja, a sua difícil relação com Deus, que, na tradição teológica, é o senhor da vida (gozo sexual) e da morte (castração). Signore, signor é o tratamento dado a Deus, e Eli é uma das denominações em hebraico de Deus, haja vista que Jesus, antes de expirar na cruz, chama-o na expressão “Eli, Eli, lamma sabacthani!”.1

Os afrescos de Orvietto, de natureza eminentemente escatológica e teológica, evocariam o Senhor Eli, Senhor Deus, Deus inapreensível para Freud, no entanto, sempre o cativando, fazendo escorrer pela sua pena, em muitas oportunidades, a derrisão desse Deus a partir de O futuro de uma ilusão, passando por O mal-estar na civilização, Moisés e o monoteísmo até o fim da sua vida, ocupando lugar privilegiado nas suas cogitações, beirando uma relação de tintas metafísicas, ainda que, para marcar a condição do desamparo humano quanto ao existir, pela inexistência d’Ele (ou de Eli).

É na dimensão de uma metáfora que aqui considero Signorelli: metáfora de uma antinomia entre Freud e Deus, construída por dois significantes de raízes linguísticas diferentes: o italiano signor e o hebraico Eli, possivelmente conhecidas por ele e que, conforme a sua biografia e caminhamento teórico, remetem a uma eterna contenda com o Pai, seja ele o seu pai carnal — Jacob, o pai da horda primeva, Laio (da tragédia de Sófocles), seja ele Deus. Dos restos dessa luta se pronunciam dois significantes em uníssono, porém, em suas partes distintas, apontando para o fundamento da psicanálise, ou seja, o valor do significante, que é privilegiadamente representar o sujeito para um outro significante.

Entre Senhor (Signor) e Eli (elli), está sendo representado o sujeito de Freud: Herr ou Senhor Doctor que perlustra os caminhos do inconsciente para propiciar a liberdade de o homem gozar sem as algemas impostas pelo Senhor Eli e suas representações humanas, as instituições religiosas, sua moralidade e seus dogmas, de, enfim, aproximar esse homem daquilo que venha a descobrir, pela análise, como sendo o seu desejo. Não casualmente, parece-me, Freud coloca o tema do esquecimento de um nome próprio, como primeiro capítulo de um dos textos mais importantes para a psicanálise, um dos textos “canônicos em matéria de inconsciente”, conforme o considera Lacan (LACAN, 1998, p. 526), qual seja, o texto Sobre a psicopatologia da vida cotidiana.

Esquecer Signorelli apontaria, assim, para uma foraclusão local do Nome-do-Pai, num episódio com elementos de uma psicose momentânea gerada pela tensão vinculada ao tema da castração tão bem delineada nos temas da morte e do interdito ao gozo sexual? Em Freud pode-se perceber a persistência do “resto” elli (Eli, o Deus da tradição mosaica da sua educação familiar), o qual se fez lei interposta ao seu gozo, permanentemente confrontando-o com a castração (lembrando, conforme a sua biografia, o indescritível câncer na laringe, numa longa e dolorosa caminhada rumo à morte, castração inevitável e última da condição humana). De Signorelli e Boticelli, associados, substituídos, deslocados, estilhaçados, elli ou Eli ficou como coluna mestra de uma ruína, com traços sulcados na estrutura de Freud de tal maneira que vincula o que é incluído ao foracluído, para sustentar a contiguidade da cadeia simbólica e possibilitar a análise do ato falho no só-depois. Não é isso o que ocorre na estrutura de uma análise conduzida pela via do significante? Eli é a lei que re-ordena, que mobiliza fantasmaticamente Freud, que o faz produzir conhecimento e refletir sobre o sofrimento humano. Com Senhor Eli, ou Signorelli, Freud fundamenta o percurso da psicanálise atrelada ao significante, à lingua, à linguagem, falando de uma experiência própria que possibilita a compreensão dos mecanismos do recalque e da resistência em fazer retornar o recalcado, experiência de cada dia dos psicanalistas.

As neoformações surgem a todo instante nas sessões psicanalíticas, ocasionando conhecidas argumentações dos analisantes quando indagados sobre aquela palavra “estranha” que surge no discurso: “Eu errei, não era isso que eu queria dizer!”. Sim, o “eu” errou e, claro, pela resistência, ele não queria dizer “aquilo”. Mas é nesse tropeço que o sujeito do inconsciente surge precioso, para dizer o que a barra do recalque deixou escapar e propiciou ao desejo se pronunciar fugazmente. Na captura dessa montagem de restos metonímicos pode residir o tesouro de um significante que remete à verdade do sujeito. Em instantes como esses de “loucura”, de foraclusão, de abertura na cadeia discursiva, aparece a pepita preciosa que o sujeito deixa escapar do alforje dos seus segredos e oferece a chave para interpretar o texto do seu sofrimento.

Lacan, no Seminário 5, na aula sobre O fátuo-milionário, oferece da sua clínica um exemplo notável e humorístico de uma neoformação com similaridades de construção nos esquemas de Signorelli e de Familionário:

[...] Trata-se do paciente que, no curso da narrativa de sua história ou de suas associações em meu divã, evocou a época em que, junto à companheira com quem acabou casando perante o juiz, apenas vivia maritavelmente.

Vocês todos já perceberam que isso pode ser escrito no esquema de Freud: em cima, maritalmente, o que significa que não se é casado, e embaixo, um advérbio no qual se conjugam perfeitamente a situação dos casados e a dos não casados, miseravelmente. Daí resulta, maritavelmente. [...] Por aí vocês vêem a que ponto a mensagem ultrapassa não o mensageiro, pois é realmente o mensageiro dos deuses que fala pela boca desse inocente, mas ultrapassa o suporte da fala (LACAN, 1993, p. 39).

“Deuses que falam pela boca do inocente ultrapassando o suporte da fala”: expressão de cunho lírico para ensinar sobre a produção metafórica na clínica a partir de pedaços, de restos, fazendo verdade e poesia, mesmo que seja de dor, esperando-se que venha a ser de prazer. Afinal, ante tudo o que aqui foi colocado, o que quer e o que pode a língua, a linguagem, a metáfora e o sujeito para dar conta do inconsciente?

Para encerrar as considerações aqui propostas, utilizo um trecho de Língua, música popular brasileira com versos de Caetano Veloso, que constrói outros, com o manejo genial de fragmentos de significantes, à feição de “maritavelmente”, “boltrafio”, etc. para dizer das realidades do inconsciente, pois, afinal, “o que quer, o que pode esta Língua?”. Ao mesmo tempo, esses versos fazem uma asserção do quanto a psicanálise se vincula à cultura, pois até a sua regra fundamental se poetiza como um convite à liberdade, já que convida a deixar que “digam, que pensem e que falem...”. Atente-se para as palavras de Caetano:

Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode
Esta língua?
Se você tem uma ideia incrível
É melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível
Filosofar em alemão
Blitz quer dizer corisco
Hollywood quer dizer Azevêdo
E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo
Meu medo!
A língua é minha pátria
E eu não tenho pátria: tenho mátria
Eu quero frátria
Poesia concreta e prosa caótica
Ótica futura
Tá craude brô você e tu lhe amo
Qué queu te faço, nego?
Bote ligeiro
Samba-rap, chic-left com banana
Será que ele está no Pão-de Açúcar?
Nós canto-falamos como quem inveja negros
Que sofrem horrores no Gueto do Harlem
Livros, discos, vídeos à mancheia
E deixa que digam, que pensem, que falem.

 

Referências

FREUD, S. Sobre a psicopatologia da vida cotidiana (1901). Rio de Janeiro: Imago, 1996. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 6).         [ Links ]

LACAN J. O Seminário, livro 5: As formações do inconsciente. Rio de Janeiro: Zahar, 1993.         [ Links ]

LACAN, J. Escritos. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.         [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência
Rua Senador Teotônio Vilela, 225/312 - Cidadela
40279-435 – Salvador/BA
E-mail: rui.diamantino@gmail.com

Recebido: 15/03/2013
Aprovado: 27/03/2013

 

 

SOBRE O AUTOR

Rui Maia Diamantino
Psicólogo formado pela UFBa. Mestre em Psicologia pela mesma universidade. Atualmente é doutorando em Psicologia (2010.1) também pela Universidade Federal da Bahia. Professor Assistente da Universidade Salvador, UNIFACS. Participou de grupos de formação no Colégio de Psicanálise da Bahia, na Associação de Psicanálise da Bahia, no Fórum Baiano de Psicanálise, sendo integrante do corpo de ensino e transmissão, coordenando grupos de estudos das obras de Freud e de Lacan entre 2005 e 2009. Atualmente não se encontra vinculado à instituição psicanalítica, mantendo junto a outros psicanalistas a continuidade de sua formação em grupo de estudos em Salvador. Apresentou trabalhos nas Reuniões Lacanoamericanas de Florianópolis (2005), de Montevidéu (2007) e de Brasília (2011). Exerce a clínica psicanalítica desde 2001, quando começou a atender no Núcleo de Assistência Psicológica (NAPSI), de orientação psicanalítica. Atualmente, exerce a clínica psicanalítica em consultório particular.

 

 

1 Evangelho segundo São Mateus, cap. XXVII, v. 46, significando para algumas correntes de tradutores: “Deus, Deus, por que me abandonaste” e para outras: “Deus, Deus em ti meu espírito se glorifica”, traduções de sentidos nitidamente opostos, dando conta do equívoco que provoca o significante quanto à sua significação.