SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
 issue42Psychoanalytic psychopathology: contemporaneous and alterityNotes on the political act in the Movement of Psychoanalytic Entities Brazilian Articulation author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Estudos de Psicanálise

Print version ISSN 0100-3437

Estud. psicanal.  no.42 Belo Horizonte Dec. 2014

 

 

O trabalho e a subjetividade1

 

The work and the subjectivity

 

 

Gabriela Lazarini

I Círculo Brasileiro de Psicanálise - Seção RJ

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este artigo é uma revisão de literatura sobre o tema subjetividade e trabalho segundo o referencial da psicanálise. Diferentemente de propor soluções ou concluir a respeito de como entender a subjetividade nos modelos de gestão existentes, o objetivo aqui é levantar questionamentos que possibilitem reflexões acerca de problemas inerentes às relações de trabalho e aos interesses, muitas vezes distantes, entre as empresas e as pessoas. A contribuição teórica são os estudos de Freud, da psicodinâmica do trabalho e a análise de Foucault sobre micro e macropoderes, numa tentativa de refletir sobre as mudanças e o exercício dos poderes nas organizações. Como hipótese, pergunta-se: é possível atender as demandas subjetivas dentro da estrutura empresarial e dos valores políticos e econômicos que compartilhamos atualmente?

Palavras-chave: Subjetividade, Psicanálise, Relação, Trabalho, Poder.


ABSTRACT

This paper is a literary review about subjectivity and work under the framework of psychoanalysis. Unlike offering solutions or conclusions about how to understand the subjectivity within the existing models of management, it aims to promote questions that enable reflections on problems inherent to labor relations and concerns, often far away, between companies and people. The theoretical contribution is the study of the psychodynamics of work and Foucault's analysis about micro and macro power in an attempt to reflect on the changes and power practices inside organizations. As hypothesis, the question is: is it possible to meet subjective demands within the business structure and political-economic values currently shared?

Keywords: Subjectivity, Psychoanalysis, Relationship, Work, Power.


 

 

Introdução: psicanálise e subjetividade

Entre o final do século XIX e meados do século XX, Freud pôde estruturar um modelo de funcionamento mental voltando-se para os efeitos dos conteúdos inconscientes na vida e no comportamento dos sujeitos, indo de encontro a ideias que predominavam na época a respeito da racionalidade do pensamento, da objetividade e da experimentação, características do paradigma positivista. Ao longo de seu trabalho, Freud partiu do estudo e do tratamento das patologias mentais para teorizar acerca do que está por trás do comportamento tido como normal daqueles inseridos numa ordem cultural e simbólica típica das sociedades humanas. O entendimento do termo “subjetividade” em psicanálise, além de considerar os fenômenos psíquicos inconscientes, parte de uma perspectiva filosófica que define o sujeito enquanto “fundamento de seus próprios pensamentos e atos”, sendo, ele mesmo, “a essência da subjetividade humana, no que ela tem de universal e singular” (ROUDINESCO; PLON, 1998, p. 742).

Acerca do funcionamento psíquico nas psiconeuroses, Freud postula que o organismo opera sob o princípio do prazer, o que significa dizer que o curso dos eventos psíquicos

[...] é invariavelmente colocado em movimento por uma tensão desagradável e toma uma direção tal, que seu resultado coincide com uma redução da tensão, isto é, com uma evitação do desprazer ou uma produção de prazer (FREUD, [1920] 1996, p. 17).

No Projeto para uma psicologia científica, Freud explica que o desamparo do recém-nascido diante das urgências da vida só desaparece mediante ações específicas que o bebê ainda não tem condições de realizar. Nos primeiros meses de vida, caso exista um desprazer causado pelo aumento da quantidade de energia gerada pela sensação de fome ou sede, a primeira consequência é uma descarga motora da tensão que se reflete no choro, no grito ou numa contração muscular. Sendo apenas a ingestão do alimento ou do líquido o que põe fim ao desprazer no bebê, ele se torna dependente, por um longo período da vida, de outra pessoa que virá satisfazer suas necessidades através de ‘ações específicas’ mediadas pelo desejo desse outro de anular as sensações do bebê vividas como incômodo (SILVA, 1995).

A incapacidade do recém-nascido de satisfazer por si mesmo suas necessidades vitais não se deve apenas à sua incapacidade motora, visto que o bebê ainda não diferencia em seu corpo o mal-estar provocado pela fome, pela sede, pelo sono, pelo frio ou pelo calor de qualquer sensação diferente de desconforto (SILVA, 1995).

A presença de uma pessoa adulta nesse contexto é imprescindível, pois é ela que irá traduzir os choros e os gritos do bebê atribuindo a eles um sentido. Para a criança e seu cuidador, algo fundamental acontece nesse intervalo variável de tempo que se passa entre a tradução de uma necessidade, a ação específica e o posterior alívio do excesso de excitação corporal. Isso porque o adulto, desejando “encontrar” a ação específica que irá garantir alívio para o bebê, recorre à sua própria experiência subjetiva para interpretar aquele mal-estar, ou seja, lança mão de sua própria narrativa fantasmática para dar sentido ao que acontece no corpo da criança carregado de afetos.

Pinheiro (2012, p. 28), ao explicar o modelo fantasmático da histeria, base para as postulações da metapsicologia freudiana, caracteriza o aparelho psíquico como um sistema “capaz de interpretar um objeto, atribuindo-lhe uma subjetividade semelhante à sua própria”. Diz inclusive que “não há possibilidade de entender esse aparelho sem lançar mão da fantasia histérica”. Afinal, segundo a autora, “as possibilidades de articulação da subjetividade como intérprete de outras subjetividades tem por requisito o instrumental da fantasia”.

Enquanto a ação específica não vem, o bebê tem de suportar o acúmulo de tensão em seu organismo coagindo o sistema psíquico a abandonar uma tendência primitiva de funcionamento baseado na lei da inércia (FREUD, [1895] 1996), quando a descarga do desprazer tenderia para o nível zero. Seria então o armazenamento do excesso de energia, proveniente das “grandes necessidades somáticas” (Qη) que são fontes contínuas de excitação, com a finalidade de satisfazer a exigência de espera da ação específica o que modificaria esse primeiro modo de operação. O armazenamento manteria a excitação não mais no nível zero, mas sim no menor nível possível, no intuito de defender o aparelho contra a elevação e manter a energia do sistema constante. É a partir da regulação da ação específica que o sistema passa a operar segundo o princípio de Constância (FREUD, [1950/1895] 1996).

Segundo Freud, essencial é considerar a percepção específica da ‘vivência de satisfação’, cuja imagem mnêmica fica associada “ao traço mnêmico da excitação produzida pela necessidade” (FREUD, [1900] 1996, p. 594). Ou seja, num momento posterior de desprazer, estando estabelecido o vínculo entre aumento de tensão e ação específica, surgirá de imediato uma monção psíquica que procurará recatexizar a imagem mnêmica da percepção e reevocar a própria percepção. Essa é a chamada ‘vivência de satisfação’, que marca de modo singular o início da sensação de prazer para o sujeito e não será experimentada do mesmo modo quando repetida, não terá a mesma intensidade nem o mesmo sentido num momento posterior.

O sentimento advindo de um estado de completude entre o bebê e o mundo externo, geralmente proporcionado por momentos de satisfação na relação entre a criança e sua mãe, é uma espécie de ponto zero da teoria freudiana e o fim último de toda a libido “que visaria atingir novamente um estágio de completude, sem conflito com o mundo” (SELIGMANN-SILVA, 2011 apud FREUD, 1930).

Segundo Freud, está aí a origem do sentimento oceânico proposto pelas religiões, “uma projeção posterior do sentimento do bebê de indistinção com o mundo e de amparo absoluto” (SELIGMANN-SILVA, 2011 apud FREUD, 1930). Esse sentimento estaria relacionado à ideia de felicidade e de amor que atravessa as expectativas atribuídas aos parceiros afetivos, às figuras de autoridade e de poder que marcam as relações humanas na família, no trabalho e na sociedade. Uma demanda dirigida aos amantes, aos pais, aos chefes, e até mesmo aos governadores, que escamoteia uma exigência de satisfação plena impossível de ser atendida, teria suas raízes firmadas em experiências primordiais, próprias à constituição da subjetividade.

A busca por satisfação plena é uma das formas de expressão da força que Freud nomeou como pulsão de morte. Isso porque o sistema psíquico postulado em 1985 também operaria segundo a função primária, isto é, fora da regulação do princípio do prazer ou do campo das representações, quando a tendência seria aquela de proporcionar um escoamento total da excitação psíquica, o que poderia, inclusive, acarretar na morte do organismo. Nesse modo mais arcaico de operação, o sistema recorreria às facilitações, ou seja, à compulsão à repetição como um meio para retenção e descarga necessários às exigências da vida (FREUD, [1895] 1996). É esse o modo de regulação que prevalece nas “neuroses atuais” descritas a partir de 1920, cujo funcionamento serve inclusive de paradigma para a compreensão das “novas formas de mal-estar” vistas na contemporaneidade (BIRMAN, 2012).

 

A satisfação pulsional e as exigências da cultura

Ao tratar da sexualidade, Freud compara o homem selvagem à criança e caracteriza a sexualidade na infância por sua disposição perversa polimorfa.

[...] a disposição para as perversões é a disposição originária universal da pulsão sexual humana, e a partir dela, em consequência de modificações orgânicas e inibições psíquicas no decorrer da maturação, desenvolve-se o comportamento sexual normal (FREUD, [1905] 1996, p. 218).

Na primeira fase da sexualidade, a satisfação da pulsão sexual manteria uma relação de apoio com a satisfação das necessidades vitais do bebê, porque a mãe, ao amamentar, proteger do frio, cuidar da higiene e acalentar, não apenas satisfaria a fome ou as demais necessidades biológicas de seu filho, mas também ofereceria à pulsão sexual uma fonte orgânica, uma direção e um objeto (GARCIA-ROZA, 2009, p. 99).

Freud explica essa relação de apoio utilizando como exemplo a satisfação da pulsão oral observada no comportamento de sugar muito característico de crianças ainda bem pequenas. Primeiramente, o sugar estaria vinculado à amamentação, porém, após alguns meses de vida ou mesmo nos recém-nascidos, acabaria por se tornar uma atividade voluntária por proporcionar ao bebê uma espécie de adormecimento ou uma reação motora que acarreta numa espécie de orgasmo, apesar de estar excluído aí algum propósito de nutrição (FREUD, [1905] 1996).

O estabelecimento de um circuito da pulsão, que pressupõe um percurso a ser inscrito no corpo e no psiquismo como consequência da satisfação de pulsões orais, anais e fálicas, será marcado pela qualidade e pela quantidade das excitações sentidas no corpo da criança em interação com outra subjetividade. A ação e a palavra materna, ambas submetidas à rede de códigos marcados pela história, pelos valores e pelo lugar social que caracteriza o que vem a se constituir como referência do feminino e do masculino em cada cultura, aos poucos, regulam as experiências de prazer e desprazer vividas desde o nascimento. Ao longo do tempo, a criança passa a fazer suas essas palavras e essas ações, a fim de obter satisfação por si mesma no ambiente exterior.

A trama psíquica que diz respeito ao complexo de Édipo pode ser capaz de dar conta de toda a ternura vivida na infância e irá orientar o sujeito na maturidade em sua escolha do objeto sexual. Na adolescência, o caminho mais curto para um filho seria escolher seus pais como objetos sexuais, porém a interrupção da primeira fase do desenvolvimento sexual por um período de latência faz erigir,

[...] junto a outros entraves da sexualidade, a barreira do incesto, para que assim se integrem os preceitos morais que excluem expressamente da escolha objetal, na qualidade de parentes consanguíneos, as pessoas amadas na infância (FREUD, [1905] 1996, p. 213).

A dissolução do complexo de Édipo implica o abandono das catexias de objetos que são substituídas por identificações e acarreta diferenças entre os modos masculino e feminino de satisfação. A autoridade dos pais é introjetada no eu formando o núcleo do supereu, de modo que a severidade do pai perpetua a proibição contra o incesto e defende o eu do retorno das catexias libidinais relacionadas aos pais (FREUD, [1924] 1996). Freud entende que a cultura é responsável por esse recalcamento e que está inscrita no avesso da sexualidade animal (SELIGMANN-SILVA, 2011 apud FREUD, 1930).

 

Da violência ao trabalho como modo de satisfação pulsional

A satisfação da pulsão pela via da agressividade está presente desde os primórdios na humanidade. Na cultura primitiva, por exemplo, traço essencial era o arbítrio do chefe e pai de determinada comunidade ser ilimitado, formando um ideal de onipotência e onisciência, necessário para conter a violência, assim como as relações sexuais entre os membros de uma mesma linhagem.

Segundo Lins (2012, p. 22), um fator que deve ter contribuído não só para o desenvolvimento das sociedades como também para a formação de uma ideologia de dominação foi a “criação de um tabu que permitisse o contato entre as tribos”. O incesto teria surgido com a finalidade de impedir os quase inevitáveis relacionamentos consanguíneos quando “grupos compostos por não mais de quarenta ou cinquenta pessoas podiam viver juntos sem jamais verem outro ser humano” (LINS, 2012, p. 22).

O estágio que se seguiu a esse modelo centralizado de poder se caracterizou pela aliança entre irmãos que só foi firmada após os filhos subjugarem o pai acreditando ser essa uma associação mais forte (FREUD, 1930). O parricídio foi o que tornou possível essa passagem e deu origem ao sentimento de culpa, que é a

[...] expressão imediata do medo da autoridade externa, o reconhecimento da tensão entre o eu e esta última, o derivado direto do conflito entre a necessidade do amor dessa autoridade externa e o ímpeto que busca a satisfação dos impulsos, cuja inibição gera a tendência à agressão (FREUD, 1930, p. 168).

Quanto mais selvagem a pulsão, ou seja, menos sujeita às restrições culturais inerentes à vida social, mais intensa a satisfação. De acordo com Freud (1930, p. 68), “o caráter irresistível dos impulsos perversos, talvez a atração do proibido em geral, encontra aqui uma explicação econômica”. Segundo Freud (1930, p. 103), as exigências que um modelo de organização social impõe como privação à satisfação pulsional só fizeram sentido quando o homem primitivo “descobriu que estava em suas mãos – literalmente falando – melhorar o seu destino na Terra por meio do trabalho”.

Como condição, tornou-se necessário que outro homem trabalhasse com ele ou contra ele em prol da transformação da natureza. O hábito de se organizar em famílias, além de reunir esses trabalhadores, tinha como função a satisfação genital, porque mantinha os homens próximos às mulheres e as mulheres próximas aos seus filhos.

A principal exigência do processo de aculturação se baseia numa renúncia à pulsão, principalmente no que diz respeito aos aspectos agressivos e destrutivos. O aprofundamento dos laços comunitários que atende a necessidade de coesão social determina que a energia pulsional opere através do mecanismo psíquico deslocamento (FERRAZ, 2010).

Freud (1930, p. 70) afirma:

Não é possível apreciar adequadamente o significado do trabalho para a economia libidinal no quadro de um panorama sucinto. Nenhuma outra técnica de condução da vida ata o indivíduo tão firmemente à realidade quanto a insistência do trabalho, que ao menos o inclui com segurança numa parte da realidade, na comunidade humana. A possibilidade de deslocar uma quantidade considerável de componentes libidinais, sejam eles narcísicos, agressivos e mesmo eróticos para o trabalho profissional e para as relações humanas ligadas a ele, confere-lhe um valor que não fica atrás de sua indispensabilidade para sustentar e justificar a existência da sociedade.

No entanto, para que esse deslocamento de libido traga ao homem satisfação similar a supostamente obtida por vias diretas, ou seja, similar à advinda da realização de impulsos mais grosseiros e primários, a atividade profissional deve ser escolhida livremente, deve permitir “tornar utilizáveis [...] inclinações existentes, impulsos contínuos ou constitucionalmente reforçados” (FREUD, 1930, p. 70). “Satisfações como a alegria do artista ao criar, em dar corpo aos produtos de sua fantasia, ou a do pesquisador na solução de problemas e na descoberta da verdade, possuem uma qualidade especial” (FREUD, 1930, p. 69). Infelizmente, por inúmeras razões, escolher livremente uma profissão ou executar um trabalho intelectual ou artístico não faz parte da realidade da maioria.

Segundo Freud (1930, p. 70), as estruturas políticas e sociais que determinam as relações do homem com o trabalho infelizmente não o consideram, antes de qualquer outro valor, dentro de suas possibilidades de satisfação, “a grande maioria dos seres humanos trabalha sob coação e dessa repulsa natural dos homens ao trabalho derivam-se os mais graves problemas sociais”. O trabalho não é valorizado como fonte de felicidade dentro daquilo que a psicanálise entende a respeito do termo. Ancorado no conceito do princípio de prazer, Freud não acredita que ser feliz seja algo destinado aos homens.

Toda permanência de situação anelada pelo princípio de prazer fornece apenas uma sensação tépida de bem-estar; somos feitos de tal modo que apenas podemos gozar intensamente o contraste e somente muito pouco o estado. Dessa forma, nossas possibilidades de felicidade já são limitadas pela nossa constituição. Muito menores são os obstáculos para experimentar a infelicidade (FREUD, [1930] 1996, p. 63).

Nos contextos organizacionais, ainda nos dias de hoje, o potencial humano é entendido como um recurso onde o controle do corpo e do pensamento, com vistas à obtenção do lucro e da produtividade, é a metodologia que prevalece. Seria possível pensar em relações de trabalho mais satisfatórias considerando a ordem política e econômica presente na cultura contemporânea e o pensamento freudiano, que afirma, sem deixar de considerar a sublimação, que as possibilidades de felicidade são limitadas desde o princípio?

Ao pensar em política, o que estaria em jogo, segundo a psicanálise, seriam as relações dos trabalhadores com as figuras de autoridade mediadas por uma reedição das vivências edípicas cujo principal eixo seria a metáfora paterna. E a ordem econômica teria uma relação estreita com o ideal moderno da produtividade, quando o aproveitamento máximo do potencial humano tem no domínio do corpo seu principal instrumental.

 

A psicopatologia do trabalho

Segundo Ferraz (2010, p. 196), “o trabalho é, em quase todas as culturas, uma atividade central na organização social e econômica” e, em virtude de inúmeras “distorções que vamos encontrar na relação do homem com o seu trabalho, os canais que possibilitam a ocorrência da sublimação estão, na maioria das vezes, totalmente bloqueados”. Há uma insatisfação generalizada nos ambientes organizacionais resultantes da impossibilidade do homem em desenvolver suas aptidões (FERRAZ, 2010). Ainda de acordo com Ferraz (2010, p. 197), as limitações ligadas à configuração social, bem como aos potenciais de cada indivíduo, expõem claramente um problema capital “que aflige o homem contemporâneo em seu afã de buscar um pouco de felicidade”.

O conceito de saúde mental engloba requisitos básicos como

[...] a capacidade para amar e a concomitante capacidade para trabalhar. Ou seja, há de se obter alguma satisfação direta para os impulsos afetivos e sexuais e, ao mesmo tempo, há de se conquistar a capacidade de deslocamento sublimatório (FERRAZ, 2010, p. 200).

Ao contrário do que comumente se pensa, numa perspectiva clínica, a resolução de um problema da ordem do trabalho pode alterar “substancialmente a relação do paciente com sua sexualidade, e não apenas a recíproca” (FERRAZ, 2010, p. 200).

Apoiados não só na psicanálise, mas também na psicossomática e no pensamento marxista, os pesquisadores que tratam das psicopatologias relacionadas ao trabalho são de opinião que “a distorção do trabalho na sociedade capitalista coincide com a própria deformação do homem [...] um modo de trabalho fragmentado corresponde a um homem fragmentado” (FERRAZ, 2010, p. 195).

Segundo Dejours e Abdoucheli (2011, p. 24), “o prazer do trabalhador resulta na descarga de energia psíquica que uma tarefa autoriza”, o que corresponderia ao escoamento do acúmulo de tensão, mais precisamente, do excesso de energia pulsional. A questão a ser respondida seria a seguinte: as tarefas executadas nas rotinas de trabalho exigem suficientes atividades psíquicas, ou seja, oferecem uma canalização apropriada da energia psíquica? (DEJOURS; ABDOUCHELI, 2011).

Joyce McDougall (1991 apud FERRAZ, 2010, p. 203), vai ainda mais fundo quando explica que os fenômenos psicossomáticos são “tudo aquilo que atinge a saúde ou a integridade física quando os fatores psicológicos desempenham algum papel”. De acordo com essa conceituação, certos acidentes corporais no trabalho poderiam ser entendidos como “atos que visam descarregar a sobrecarga afetiva e a dor mental que ultrapassam a capacidade de absorção do sujeito” (FERRAZ, 2010, p. 203).

Segundo a autora, problemas como comer, beber ou fumar demais, provocar brigas com pessoas queridas ou com colegas de trabalho, destruir um automóvel ou mesmo pegar uma gripe estariam associados à impossibilidade de conter emoções e refletir sobre elas no intuito de encontrar uma resposta mais adequada à descarga pulsional (McDOUGALL, 1991 apud FERRAZ, 2010).

No livro A psicodinâmica do trabalho (DEJOURS; ABDOUCHELI, 2011), os autores advertem que, quando ambientes organizacionais são desfavoráveis à construção de sentido, impeditivos à sublimação, se faz necessário buscar alternativas que viabilizem a ética do trabalho relacionada ao respeito às questões subjetivas dos trabalhadores.

Entre o homem e a organização prescrita para o trabalho, existe, às vezes, um espaço de liberdade que autoriza uma negociação, invenções e ações de modulação do modo operatório, isto é, uma invenção do operador sobre a própria organização de trabalho, para adaptá-la as suas necessidades, e mesmo para torná-la mais congruente com seu desejo. Logo que essa negociação é conduzida a seu último limite, e que a relação homem-organização de trabalho fica bloqueada, começa o domínio do sofrimento – e da luta contra o sofrimento (DEJOURS 1987, apud DEJOURS; ABDOUCHELI, 2011, p. 15).

 

Foucault e os processos de subjetivação

Ao analisar os processos de subjetivação na modernidade, período que antecede a atualidade, Foucault atribuiu como essencial a compreensão do funcionamento das engrenagens do poder, que consiste numa torção analítica quanto ao seu entendimento, uma vez que o poder deixa de ser compreendido como algo passível de ser localizado em determinada instância e passa ser pensado como uma relação (SILVA, 2007).

Nesse sentido, os indivíduos não seriam mais caracterizados “por suas vontades conscientes ou por suas liberdades de atuação” (SILVA, 2007, p. 3), mas por um conjunto de “condições que [os] possibilitam cumprir sua função de sujeito” (FOUCAULT apud SILVA, 2007, p. 3). O cotidiano seria um espaço de “contínua tensão, atravessado por instituições disciplinares e por diversificadas práticas culturais empreendidas por não menos diversos sujeitos sociais” (SILVA, 2007, p. 3).

Através de um procedimento investigativo, Foucault

[...] concebe que são as produções, discursos e representações advindas de uma lógica circunstancial de poder e de saber que contribuem para a construção dos espaços possíveis dentro dos quais se estabelecem as necessidades e exigências de uma época (SILVA, 2007, p. 3).

Foucault critica o uso da ideologia como conceito para se formular verdades, pois, segundo ele, queira-se ou não, a ideologia sempre estaria “em oposição virtual a alguma coisa que seria a verdade” (FOUCAULT, 1979, p. 6). O problema estaria em perceber “historicamente como se produzem efeitos de verdade no interior de discursos que não são em si verdadeiros nem falsos” (FOUCAULT, 1979, p. 4). Foucault procurou entender os efeitos do poder próprios ao jogo enunciativo, ou seja, os poderes que circulam nos enunciados científicos: “qual é seu regime interior de poder; como e porque ele se modifica de forma global” (FOUCAULT, 1979, p. 4). A intenção foi analisar como o poder se exerce, diferentemente de “denunciá-lo no ‘outro’, no adversário, de uma maneira ao mesmo tempo polêmica e global” (FOUCAULT, 1979, p. 6). O autor exemplifica dizendo que, nas ideias que predominavam durante os anos em que foram publicados seus primeiros trabalhos,

[...] o poder no socialismo soviético era chamado por seus adversários de totalitarismo; no capitalismo ocidental, era denunciado pelos marxistas como dominação de classe; mas a mecânica do poder nunca era analisada (FOUCAULT, 1979, p. 6).

Segundo Foucault (2004, p. 118), “em qualquer sociedade o corpo está preso no interior de poderes muito apertados, que lhes impõem limitações, proibições ou obrigações”. No entanto, é a partir do século XVIII que o interesse pelas novas técnicas de controle direcionou o olhar não mais para uma massa ou para os elementos significativos do comportamento, ou mesmo para a linguagem corporal.

Nesse período marcado pelo ideal de que o sujeito deveria sempre caminhar contribuindo para o progresso individual, econômico e social, o corpo passa a ser priorizado em seus detalhes mais sutis, e a economia, que seria a eficácia dos movimentos, assim como sua organização interna, é o que faria do exercício o ritual mais importante (FOUCAULT, 2004).

A função do que foi atribuído como ‘poder disciplinar’, um “método que permite o controle minucioso das operações do corpo, que asseguram a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma relação de docilidade-utilidade”, é fundamental para compreensão do pensamento de Foucault (FOUCAULT, 2004, p. 118).

Segundo o autor, no decorrer dos séculos XVII e XVIII, período que antecedeu a modernidade, a disciplina inaugura uma “política das coerções” que são uma manipulação articulada dos elementos do corpo humano, de seus gestos e de seus comportamentos (FOUCAULT, 2004), uma “mecânica do poder” que esquadrinha, desarticula e recompõe o corpo para que este opere como se quer, “com as técnicas segundo a rapidez e eficácia que se determina” (FOUCAULT, 2004, p. 118).

As técnicas disciplinares disseminadas ainda naquela época foram responsáveis pela distribuição ordenada dos indivíduos em espaços determinados e exclusivos, asseguraram o controle da atividade humana e do tempo para sua execução, tornando útil cada pessoa no nível máximo de sua eficiência.

De acordo com Foucault (2004), ao longo da história, o modelo dos conventos se impôs pouco a pouco na educação, nas fábricas, e os quartéis fixaram sua massa de combatentes, os horários foram definidos de acordo com cada tarefa a ser exercida. Os lugares passaram a servir não apenas para satisfazer a necessidade de vigiar ou de romper com as comunicações perigosas, mas para criar um espaço de utilidade. Nos hospitais, controlar mercadorias, localizar medicamentos e registrar sua utilização tornaram-se tarefas prescritas antes mesmo do cuidado com os doentes, e todo médico passou a consultar o registro de um paciente antes mesmo de atendê-lo (FOUCAULT, 2004).

Pouco a pouco um espaço administrativo e político se articula em espaço terapêutico; tende a individualizar os corpos, as doenças, os sintomas, as vidas e as mortes; constitui um quadro real de singularidades justapostas e cuidadosamente distintas (FOUCAULT, 2004, p. 123).

Os exemplos de instituições sociais que foram escolhidas pelo autor e serviram de fundamento para o que ele denominou de ‘genealogia do poder’ foram as militares, as médicas, as escolares e as industriais. Porém, para Foucault (2004, p. 121), outros exemplos poderiam ser tomados a fim de retratar “o nascimento do homem do humanismo moderno”, um sujeito que, submetido ao saber científico e à opressão do utilitarismo econômico, atravessou e vivenciou as mudanças culturais ocorridas desde a modernidade e seguiu em direção ao final do século XX e início do século XXI tentando dar conta das consequências que decorreram dessas transições.

O poder disciplinar teria ainda como principal dispositivo a vigília, ou seja, o olhar vigilante que garantiria o controle do tempo, do espaço, além da distinção entre condutas e hábitos. O olhar vigilante é o que marca o encontro entre poder e saber graças à elaboração de registros e da produção de conhecimentos específicos acerca do que se está sendo observado (SILVA, 2007). Está aí a origem dos saberes das ciências modernas que multiplicam ainda mais a observação em busca de conhecimento difundindo as situações de poder.

Foucault (2004, p. 127) também aponta para o lado transformador, para a eficácia produtiva da disciplina capaz de criar espaços complexos e hierárquicos. Segundo ele, a primeira grande operação do poder seria “a constituição de quadros vivos” que transformariam “as multidões confusas, inúteis ou perigosas em multiplicidades organizadas” (FOUCAULT, 2004, p. 127). A disciplina é política quando utilizada como um instrumento ao mesmo tempo de poder e de saber capaz de organizar o múltiplo, de percorrê-lo e dominá-lo, impondo-lhe uma ordem. A repressão tratada como uma força, e não como uma lei que sempre diz não, faz da proibição algo positivo, relacionado ao que ela permeia e produz: induz prazer, forma saber e produz discurso (FOUCAULT, 1979).

Ao desconsiderar o Estado como único detentor da força repreensiva, Foucault caracteriza a relação entre os poderes macro e micro como autônoma, ou melhor, marcada por uma relativa independência da periferia com o centro (MACHADO apud FOUCAULT, 1979). Para o autor, “as grandes estratégias de poder se incrustam, encontram suas condições de exercício em microrrelações de poder”, e sempre há movimentos de retorno, “que fazem com que as estratégias que coordenam [tais] relações produzam efeitos novos e avancem sobre domínios que, até o momento, não estavam concernidos” (FOUCAULT, 1979, p. 249).

No quadro de relações analisado por Foucault, não haveria indivíduos detentores do poder, aqueles que, ao se colocar como vítimas ou algozes, teriam controle total ou mesmo o descontrole de uma situação. A disciplina, ao modular o comportamento humano, abarcando inclusive os aspectos agressivos e sexuais tratados neste artigo pela psicanálise, produziria as subjetividades de determinada época que, por sua vez, submetidas ou exercendo seu poder sobre as demais, constituíram o sistema político e social vigente. Toda e qualquer ação de uma pessoa traria maior ou menor consequência, a ponto de modificar gradualmente ou de contribuir para a manutenção de determinado cenário. As relações de poder, fundamentais para a formação do inconsciente quando transpostas por Freud para a triangulação familiar, adquirem com Foucault características complexas, próprias das sociedades contemporâneas.

O controle do corpo através do poder disciplinar, assim como o pensamento freudiano a respeito da satisfação das pulsões, fundamentam a relação existente entre as relações de trabalho na atualidade e o excesso de energia pulsional que não encontra na sublimação um destino. Essa relação seria inversamente proporcional na medida em que, quanto maior a sujeição dos corpos à disciplina, menores são as chances de satisfação, ou seja, menores as chances de felicidade.

Fortes (2000) aponta que Freud, ao caracterizar a pulsão de morte como uma força regida pelo princípio do Nirvana cujo objetivo é o aniquilamento, vai de encontro a essa perspectiva vitalista e evolucionista muito presente no século XX e que atravessa os processos de subjetivação descritos por Foucault.

Segundo Fortes (2000), a imprevisibilidade do circuito pulsional pela qual a pulsão de morte é a força responsável, quebra de forma radical com a crença de que o homem caminha em direção ao progresso ou ao melhoramento.

Movido por uma pulsão disruptiva que o deixa permanentemente em estado de inquietude, o ser humano não tem a garantia de um caminho em direção ao progresso, ele é um devir em estreita correlação com o jogo das forças que se trava na pulsão (FORTES, 2000, p. 89).

 

Conclusão

Quando nos deparamos nos ambientes organizacionais com a dificuldade em dar conta do que a psicanálise traz como fundamental para sujeitos, nos confrontamos com interesses políticos e com práticas de dominação profundamente enraizadas em nosso cotidiano. Ao tratar desse tema, concluímos que há, tanto em Freud como em Foucault, uma razão predominantemente humana que produz o homem e a sociedade segundo as regras e os valores que prevalecem atualmente. Ainda assim, a psicodinâmica do trabalho e o próprio Freud expõem claramente os efeitos nefastos consequentes do modo como nos organizamos e se alterássemos esse modo, poderíamos ter acesso a experiências de satisfação.

A ênfase deste artigo está posta na importância de compreender indivíduos com interesses e poderes distintos sem julgá-los ou diferenciá-los numa escala de valor. A análise de Foucault pode fundamentar essa forma de se relacionar com as pessoas, que é diferente daquela que parte de um ideal ou de um modelo pronto de convivência supostamente mais vantajoso para todos e aponta as falhas nos mais diversos espaços, os culpados ou mesmo os mantenedores de um sistema econômico. Ainda hoje, as especulações e os temores gerados por uma acusação dessa ordem, mesmo que implícita, dificultam um acordo necessário entre gestores e trabalhadores, fazendo com que toda a equipe de trabalho seja resistente às mudanças.

Quando se trata de alcançar objetivos através da alteração de padrões de comportamento ou hábitos, propor soluções que impliquem somente as esferas em nível macro, ou seja, modificando as regras de convivência, por exemplo, ou os gerentes, ou diretores de determinada organização, além de ser o caminho mais fácil, pode apenas garantir a manutenção de uma ordem já existente, visto que as microrrelações de poder estabelecidas continuariam atuando segundo as mesmas leis. Ao final, as mudanças estariam restritas aos diferentes personagens que trocariam de lugar numa estória até então conhecida.

As questões que orientam esse artigo, bem como toda a teoria aqui exposta, podem servir como pano de fundo para as novas ações na área de gestão, porque acreditamos que, até certo ponto, qualquer intervenção que considere o que é essencial para os sujeitos em meio ao que já está prescrito, tende a gerar espaços de diálogos, de exposição de desejos ou soluções de conflitos silenciados diariamente. O gestor seria um facilitador desse processo ao canalizar aquilo que é discutido nos diversos espaços em vias de formalização de desejos.

Sem ditar fórmulas ou modelos cristalizados de atuação, deixamos um espaço aberto para novas investigações que acrescentem conhecimentos ao tema. Relatos da experiência de profissionais que trilharam um caminho de acordo com suas realidades ou com seus referencias teóricos são valiosos para uma compreensão mais aprofundada.

Como conclusão, entendemos que as tarefas dos gestores atentos para essa problemática que incluem entrevistas de recrutamento e seleção, dinâmicas de grupo, treinamentos, definição de pautas de reuniões, elaboração de planejamento estratégico, avaliações, exposições de resultados, ações de endomarketing e demais atividades exercidas como rotina nas empresas, quando bem aproveitadas, trazem em si mesmas possibilidades de renovações que ainda não podemos antecipar.

 

Referências

BIRMAN, J. O sujeito na contemporaneidade: espaço, dor e desalento na contemporaneidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.         [ Links ]

DEJOURS, C.; ABDOUCHLI, E. Psicodinâmica do trabalho: contribuições da escola dejouriana à análise da relação prazer e trabalho. São Paulo: Atlas, 2011.         [ Links ]

FERRAZ, F. C. Psicossoma II: psicossomática psicanalítica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010.         [ Links ]

FORTES, A. M. I. O sentido do sofrimento: a positividade da dor em Freud. Rio de Janeiro: CFCH/UFRJ, 2000.         [ Links ]

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.         [ Links ]

FOUCAULT, M. Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes, 2004.         [ Links ]

FREUD, S. A dissolução do complexo de Édipo (1924). In: ______. O ego e o id e outros trabalhos (1923-1925). Direção-geral da tradução de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1996. p. 205-209. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 19).         [ Links ]

FREUD, S. A interpretação dos sonhos (1900-1901). Direção-geral da tradução de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1996. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 5).         [ Links ]

FREUD, S. Além do princípio de prazer (1920). In: ______. Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros trabalhos (1920-1922). Direção-geral da tradução de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1996. p. 12-75. (Edição standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud, 18).         [ Links ]

FREUD, S. O mal-estar na cultura (1930 [1929]). Tradução de Renato Zwick. Revisão técnica e prefácio de Márcio Seligmann-Silva. Porto Alegre: L&PM, 2011.         [ Links ]

FREUD, S. Projeto para uma psicologia científica (1950 [1895]). In: ______. Publicações pré-psicanalíticas e esboços inéditos (1886-1889). Direção-geral da tradução de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1996. p. 355-450. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 1).         [ Links ]

FREUD, S. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905). In: ______. Um caso de histeria, três ensaios sobre a teoria da sexualidade e outros trabalhos (1901-1905). Direção-geral da tradução de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1996. p. 128-229. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 7).         [ Links ]

GARCIA-ROZA, L. A. Freud e o inconsciente. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.         [ Links ]

LINS, R. N. O livro do amor. Rio de Janeiro: BestSeller, 2012. v. I.         [ Links ]

MACHADO, R. Introdução. In: FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979. p. VII-XXIII.         [ Links ]

PINHEIRO, T. O modelo melancólico e os sofrimentos da contemporaneidade. In: VERZTMAN, J. et al. (Orgs.). Sofrimentos narcísicos. Rio de Janeiro: Cia. de Freud: UFRJ; Brasília, DF: CAPES PRODOC, 2012. p. 17-38.         [ Links ]

ROUDINESCO, E.; PLON, M. Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.         [ Links ]

SELIGMANN-SILVA, M. Prefácio. In: FREUD, S. O mal-estar na cultura [1930]. Porto Alegre: L&PM, 2011. p. 21-38.         [ Links ]

SILVA, A. F. R. A metapsicologia de Freud. Belo Horizonte: A. S. Passos, 1995. v. I.         [ Links ]

SILVA, S. J. C. Foucault e as relações de poder: o cotidiano da sociedade disciplinar tomado como uma categoria histórica. Revista Aulas: Dossiê Foucault, Campinas, n. 3, p. 349-376, dez. 2006/mar. 2007. Versão on-line: http://www.unicamp.br/~aulas/revista_aulas/foucault/dossieFoucault.pdf.         [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência
Rua Vereador Duque Estrada, 39, ap. 604
24240-210 - Niterói - RJ
E-mail: gabilazarini@gmail.com

Recebido: 24/09/2014
Aprovado: 21/10/2014

 

 

SOBRE A AUTORA

Gabriela Lazarini
Psicóloga, atuou em uma empresa de médio porte em Salvador-BA. Aluna do curso de formação para psicanalistas do Círculo Brasileiro de Psicanálise - Seção RJ.

 

 

1 Trabalho de conclusão de curso do MBA em Psicologia Organizacional da Faculdade Ruy Barbosa, orientado por Márcia Mattos no ano 2012. Os estudos da autora realizados no Círculo Psicanalítico da Bahia e no Instituto Viva Infância em Salvador contribuíram de forma significativa para a produção deste artigo.

Creative Commons License