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Estudos de Psicanálise

versão impressa ISSN 0100-3437

Estud. psicanal.  no.44 Belo Horizonte dez. 2015

 

EDITORIAL

 

Ser humano, todo, como um pássaro com as asas feridas...

Somos inteiros ou dízimas periódicas complexas? Somos unidades biopsicossociais ou sujeitos faltantes marcados pela compulsão à repetição e por potenciais de ruptura, inovação e criatividade? Somos indivíduos ou divididos em nossa complexidade subjetiva? Vivemos em um completo bem-estar ou o mal-estar é inevitável à vida humana e ao que chamamos de saúde?

Polimorfismo da subjetividade...

Para a psicanálise, o sujeito é, entre outras nuanças, dividido, constituído por falta, desejo, conflito e inconsciente. O tecido social que constrói com os outros é heterogêneo, multiforme e, quiçá, labiríntico, nas danças e andanças dos impulsos de vida e morte. À guisa de exemplificação, no mosaico da contemporaneidade, existem expressões pós-modernas da virtualidade, que podem se compor com tonalidades de narcisismo e terror, ou não. A simbolização, por sua vez, é um dos modos de enfrentamento das adversidades do existir.

Somos seres históricos...

Naturalizar as experiências das pessoas e coletividades é um modo de dizimar o humano e sua historicidade, isto é, seu potencial transformador. É minimizada, em nome da suposta naturalidade dos fatos e da genética, a importância da implicação subjetiva diante das problemáticas do existir e da responsabilidade de cada um nas construções do viver. Quando analisamos os sujeitos e seu entorno social, descortinamos ilusões, e as divisas se movimentam...

Não somos inteiriços, indivisos
somos árvores sem alguns galhos
e com frutos que nos faltam...

Considerando a dinâmica do pensar, a revista Estudos de Psicanálise tem avançado em seu conceito como publicação, no campo de suas indexações e alcança atualmente seu número 44 com encanto estético próprio na capa que a reveste e primor na qualidade técnica, científica e de linguagem. É o fruto do trabalho em equipe de seis editores: Anchyses Jobim Lopes (CBP-RJ), Cibele Prado Barbieri (CPB), Isabela Santoro Campanário (CPMG), Marcelo Wanderley Bouwman (CPP), Noeli Reck Maggi (CPRS) e Ricardo Azevedo Barreto (CPS), assim como de vários profissionais que colaboram conosco como conselheiros, na revisão do português e do inglês, na produção do projeto gráfico e da formatação do texto, entre outros exemplos.

Somos gratos aos que fundaram, construíram e tecem no cotidiano a história do nosso Círculo Brasileiro de Psicanálise (CBP), federação praticamente sexagenária de instituições psicanalíticas. De forma especial, agradecemos a cada membro da diretoria do Círculo Brasileiro de Psicanálise do biênio vigente e aos sócios de nossa federação pelo investimento afetivo e intelectual dedicado à psicanálise e ao CBP. Senso de filiação, concepções histórica e ética, perspectivas de crescimento e espaços para interlocução são pilares de nossas ações. Agradecemos, de modo singular, aos membros do Círculo Psicanalítico de Sergipe (CPS), instituição da qual este que fala faz parte e que sedia o CBP na gestão atual.

Parabenizamos os autores dos artigos do presente número da Estudos de Psicanálise pelas férteis contribuições. Ressaltamos que alguns dos escritos se referem a trabalhos apresentados no XXI Congresso do Círculo Brasileiro de Psicanálise, evento organizado com competência pelos membros do Círculo Psicanalítico do Rio Grande do Sul (CPRS) e realizado de 23 a 25 de julho de 2015 em Porto Alegre, tendo como eixo conceitual “Conexões virtuais: diálogos com a psicanálise”.

Ser humano – dízima periódica composta
instituído... instituinte...
construção de possibilidades...

Enfim, esperamos que o passeio de nossos leitores pelos escritos deste número da revista do Círculo Brasileiro de Psicanálise revele paisagens que mobilizem reflexões torneadas com afetos.

Muito obrigado àqueles que nos acompanham!

Ricardo Azevedo Barreto
Presidente do Círculo Brasileiro de Psicanálise (CBP)
e um dos editores da Revista Estudos de Psicanálise
Biênio 2014-2016

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