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Estudos de Psicanálise

versão impressa ISSN 0100-3437

Estud. psicanal.  no.44 Belo Horizonte dez. 2015

 

 

O amor na formação do analista

 

Love in analyst formation

 

 

Marcelo Wanderley Bouwman

I Círculo Psicanalítico de Pernambuco
II Hospital Barão de Lucena

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O texto aborda a formação do analista como um projeto ético e singular, onde se busca percorrer a aventura freudiana de descoberta do inconsciente na vivência da transferência, ressaltando que a transmissão da psicanálise se dá pelas vias do amor. Considera a natureza do amor nos dois lados da relação analítica.

Palavras-chave: Transmissão, Psicanálise, Ética, Amor de transferência, Amor do analista.


ABSTRACT

The text is about analyst formation as a singular ethic project, where one tries to search the freudian adventure to search unconscious through transference experience, enphasising that psychoanalysis transmission occurs by love ways. Love’s nature in both sides of the relation.

Keywords: Transmission, Psychoanalysis, Ethics, Transference love, Analyst’s love.


 

 

I

A formação do analista é uma questão complexa e abrangente, situada num campo de inegável mal-estar. Refletir sobre essa trajetória possibilita a afirmação da especificidade da experiência psicanalítica e do seu destino na vida do sujeito que a ela se engaja.

Nesta reflexão adotaremos o ponto de vista não da instituição, mas do analista implicado em sua formação, procurando desenvolver uma visão pessoal da clínica e da apropriação da teoria e da técnica em questão, buscando construir uma linguagem pessoal para comunicar as suas experiências e para articular os conceitos fundamentais da psicanálise.

Dessa forma, procuramos destacar que a formação do analista é, antes de tudo, de sua responsabilidade, um risco assumido diante de um chamado interior, uma aposta movida por um desejo. Desejo que sustenta a escolha consciente de tornar-se psicanalista. Uma escolha difícil e um caminho tortuoso, que envolvem outras tantas escolhas e direções.

Para o início da caminhada, vale a advertência de Bion (1976) citado por Kohon (1994, p. 13):

Ninguém pode dizer como você deve viver sua vida ou o que deve pensar, ou que língua deve falar. Portanto, é absolutamente essencial que individualmente o analista forje para si a língua que ele conhece, que sabe como usar, e cujo valor reconhece.

A escolha da instituição, do analista ou de um supervisor constitui um marco de alta importância na trajetória de todo analista. Revela-se aí, em cada escolha, algo sobre o seu projeto pessoal de formação, algo sobre como ele concebe a experiência analítica e como ele se posiciona no campo ético e político da psicanálise.

Bollas (1998, p. 14) afirma que:

Cada escolha de um objeto é um ato de transformação: para melhor ou pior. Nossos sucessos e fracassos com respeito a isto têm uma ligação direta com a nossa habilidade em estabelecer objetos que evoquem determinados estados do self e outros que não o façam.

Assim, a formação é um processo transformativo singular, que envolve muitas escolhas significativas, e é evidenciado através das produções escritas e das comunicações do analista. Essas evidências permitem o reconhecimento gradual e consistente do analista por parte de seus pares e da instituição, numa dialética de reciprocidade, onde o ser e o saber do analista encontram um espaço de acolhimento, de partilha, de criação e de crítica. Saindo da solidão da clínica, o analista buscará um espaço fraterno de elaboração, de interlocução e de transmissão da psicanálise.

Consideremos o “projeto pessoal de formação”, a partir de dois significados da palavra ‘projeto’ no dicionário: um “esboço preparatório e provisório de um texto” e um “esboço de obra a se realizar”. A obra, no caso da formação do analista, estará sempre incompleta e inacabada. A sua preparação se dá no registro da insuficiência, diante da precariedade humana, através de diversas experiências, resultando em transformações na subjetividade do analista. A escrita de um texto pode representar esse trabalho preparatório e revelar essas transformações.

Para Bhabha (1998, p. 22)

Um projeto é ao mesmo tempo uma visão e uma construção que leva alguém para ‘além de si’ para poder retornar, com um espírito de revisão e reconstrução, às condições políticas do presente.

Trata-se de um projeto ético, que nos faz pensar a formação do analista como um processo permanente envolvendo a relação dialética entre experiência e elaboração, nas esferas da autoanálise, da análise pessoal, da clínica, das supervisões, dos intercontroles, dos estudos teóricos e das produções escritas. Os efeitos esperados, que se vão produzindo ao longo desse processo, são da ordem da singularidade e da inventividade.

Existe paralelismo entre esse processo de formação e a travessia de uma análise. A experiência de uma análise leva à construção de um estilo de existência para o sujeito (BIRMAN, 1996).

Na perspectiva da formação, além da construção de um estilo ou a partir dela, podemos conceber a estruturação de um novo lugar para o analista, porém

[...] um lugar virtual, constantemente evanescente e renascente, pleno de mobilidade através da psique [...], um lugar neutro, poliglota, sem tempo nem espaço, isento de paixões, que recebe impressões de todos os tempos e lugares da psique, [...] capaz de hospedar toda e qualquer transferência sem que nada se fixe, [capaz de produzir linguagem] livre de fascinação, do terror e ilusão de suas figuras (MAGALHÃES, 1995, p. 121).

No decorrer do processo de formação, o analista poderá ocupar um novo lugar também perante seus pares e a sua instituição. Nesse sentido, vale considerar a colocação de Ricci (2005, p. 178):

O psicanalista de hoje que diga por quem quer ser reconhecido: assim terá que declarar em que espelho pretende fundar o próprio estatuto e a que reconhecibilidade se entrega [...] Trata-se de autorizar-se ou de ser autorizado por alguém? E ainda: o psicanalista vai se submeter à laicidade ou entregar-se às burocracias? Tentará percorrer a aventura freudiana ou vai preferir uma escolástica prêt-à-porter?

 

II

Para se autorizar, o analista deverá percorrer a aventura freudiana. Para compreender o que isso realmente significa, a que aventura estamos nos referindo, vamos revisitar a história da psicanálise.

O caminho que levou à descoberta da psicanálise merece ser retomado, para ilustrar a relação da clínica com a teoria, mas sobretudo para evidenciar a essência e a magnitude do trabalho anímico realizado por Freud ao longo de sua autoanálise.

Freud, com o seu autêntico espírito de pesquisador, face ao enfrentamento cotidiano com os enigmas da histeria e com as limitações da medicina de sua época, empreendeu uma busca singular, para além do âmbito da clínica, para dentro de si mesmo. Esse mergulho corajoso na própria sombra trouxe à tona, à luz, um novo paradigma de compreensão do homem – a psicanálise.

Os resultados dessa aventura freudiana foram surpreendentes: na clínica, o surgimento de uma nova postura diante dos pacientes, privilegiando a fala do doente, a escuta do médico e a linguagem como mediadora entre o corpo e a alma, divididos que estavam pelo cartesianismo; na teoria, a criação de uma metapsicologia, onde as noções de inconsciente, aparelho anímico, sexualidade infantil, recalque e pulsão são originais e estarão bem presentes no desenvolvimento da obra freudiana; na técnica, uma inovação, o método de associação livre, para investigação do inconsciente, que, juntamente com os conceitos de interpretação, transferência, resistência e contratransferência, levaram a uma nova modalidade terapêutica, fora do âmbito da medicina – a clínica psicanalítica.

Muito mais que um mergulho ou uma aventura, a ação de Freud é mais compreendida como um trabalho, cuja força e verdade é preciso reconhecer.

Anzieu (2006) descreve com riqueza de detalhes as descobertas anímicas de Freud, desde a análise do “sonho da injeção de Irma”, em julho de 1895, até a publicação de A interpretação dos sonhos, em 1900. Destaca quatro trabalhos psíquicos experienciados e desvendados por Freud sucessivamente, ao longo de sua autoanálise.

Primeiro, o trabalho do sonho, trabalho psíquico espontâneo e breve. Aqui, a autoanálise é mais um exercício intelectual destinado a comprovar em si mesmo as hipóteses científicas vislumbradas nos pacientes.

O episódio da morte de seu pai em outubro de 1896 confronta Freud com um segundo trabalho psíquico, mais duradouro, mais doloroso – o trabalho do luto. Agora, a autoanálise torna-se um questionamento pessoal, uma terapêutica, uma descida aos infernos.

Através do luto do pai amado e odiado, morto e idealizado, em plena crise da meia-idade, Freud começa o luto de sua própria morte futura, colocando-se ante o desafio de ceder ou de criar. Seguido e amplificado pelo trabalho do luto, o trabalho do sonho desemboca num terceiro trabalho psíquico, de vigor ainda maior – o da criação. A autoanálise se amplia do sonho para a lembrança, para o engano, para o lapso, levando Freud a descobrir a universalidade do complexo de Édipo.

O trabalho da criação vai dar num quarto trabalho psíquico, em que Freud não está mais só e que o confronta com leitores, com discípulos, com opositores e com o que ele mesmo escreveu – o trabalho da obra.

Para Anzieu (2006, p. 293) “[...] tornar-se psicanalista é, como Freud, descobrir a psicanálise por conta própria”. Trata-se, antes de tudo, de refazer seu percurso, identificando-se com ele e assimilando sua teoria e sua técnica.

A análise dos sonhos forneceu a Freud o modelo da análise dos sintomas neuróticos. Da autoanálise para a clínica psicanalítica – um primeiro paradigma para a formação do analista. A autoanálise seria um caminho para o analista obter uma “comunicação mais livre com o próprio inconsciente”, para ele “reconhecer e dominar a sua contratransferência”, caminho recomendado por Freud, ainda em 1910, quando diz:

Nenhum psicanalista pode ir mais longe do que aquilo que lhe permitem os seus próprios complexos e as suas resistências interiores. Por isso exigimos que ele comece a sua atividade por uma autoanálise e que continue a aprofundá-la enquanto aprende pela prática com os seus pacientes (FREUD, [1910] 1996 citado por LAPLANCHE; PONTALIS, 1992, p. 46).

Porém, aos poucos, a análise pessoal vai se tornar o paradigma dominante da formação do analista. Em 1917 Freud redireciona a questão:

Começamos por aprender a psicanálise em nós mesmos, pelo estudo da nossa própria personalidade [...] Os progressos neste caminho esbarram em limites definidos. Avançamos muito mais submetendo-nos à análise com um psicanalista competente (LAPLANCHE; PONTALIS, 1992, p. 46).

 

III

Embora a análise pessoal do analista seja considerada o principal pilar da formação, há quem afirme que a qualidade de um analista não depende, ou depende relativamente pouco, de sua análise pessoal.

Para Radmila Zygouris (2013, p. 56), a transmissão da psicanálise não se dá de cima para baixo:

O que aprendemos e aquilo que nos serve é o que cada um de nós retira do que ouve de outro. De um analista, um professor, um colega ou um paciente. O professor, quando crê transmitir, apenas narra, fala, explica, mas será o aluno, ou o jovem analisando, que selecionará o que lhe serve, consciente ou inconscientemente. O saber se toma, ele é roubado e nunca outorgado. Aliás, enunciá-lo dessa forma tampouco é totalmente exato. O saber da análise se desvela ao próprio sujeito no après-coup de um ato. O saber na análise é como a liberdade, ela não é dada, mas conquistada.

Para essa autora,

[...] os nossos verdadeiros professores são alguns de nossos pacientes difíceis, são eles nossos passadores em direção a um saber não escrito (ZYGOURIS, 2013, p. 56).

Outra questão colocada é que nem todo mundo pode se tornar psicanalista. Para além da formação, é preciso ter um dom.

São certamente necessárias formação teórica, formação à técnica analítica, análise pessoal e supervisão. Assim como a capacidade, na hora certa, de questionar tudo isso, ainda que tudo isso possa ser totalmente em vão se o futuro analista, o jovem analista não é habitado por essa estranha paixão do saber sobre seu próprio inconsciente e de sua relação com aquele do outro. A vertente terapêutica vem se inserir aí enquanto efeito dessa pesquisa. Nisso o analista se assemelha ao artista (ZYGOURIS, 2013, p. 56).

A psicanálise não é nem uma arte, nem uma ciência, ainda que aparente ser as duas. Ela quis ser ciência, mas fracassou. A psicanálise é, antes de tudo, uma prática. Uma experiência vivida a dois, com dois corpos em presença. Ela implica o analista no mais desconhecido de sua própria história e faz com que se depare com aquilo que, muitas vezes, permaneceu não analisado de seu lado. Daí a importância de se insistir quanto à necessidade de o analista permanecer em contato com suas próprias zonas de conflito, suas próprias angústias, sem jamais considerar sua análise pessoal finda.

A singularidade da psicanálise reside na hipótese do inconsciente e no fenômeno da transferência. Com efeito, a transferência é o pivô de uma análise, seu motor e seu freio, local de todas as resistências quando não são reconhecidas e analisadas. Numa certa ótica, poderíamos afirmar que a contratransferência precede a transferência. A transferência do analista é o instrumento mais precioso de uma análise. Tal qual uma bússola, é ela que o informa sobre sua relação com seu analisando em determinado momento. O fato de a transferência (e, portanto, a contratransferência) permanecer como a bússola de um tratamento é, entre outras coisas, o que distingue a psicanálise das demais psicoterapias, fazendo sua especificidade.

Maria Rita Kehl (1987), ao dizer que a psicanálise caminha na direção oposta à da boa adaptação, caminhando no sentido da individuação, destaca que ela está sempre um pouco fora de moda, apesar de sua extrema modernidade e radicalidade:

O lugar da psicanálise é um lugar fora de moda. Pode-se pensar erradamente que o lugar da psicanálise é o discurso, porque o veículo da relação analítica é a palavra. Mas o lugar da psicanálise é uma relação a dois, relação de transferência e contratransferência que outra coisa não é senão uma relação de amor [...] Um lugar fora de moda porque é absolutamente pessoal e intransferível, relação a dois onde só contam esses dois e tudo o que a sociedade lhes exige e promete tem que ficar de fora até que faça sentido de verdade para o analisando – se fizer (KEHL, 1987, p. 492-493).

Portanto, também a transmissão se faz pelas vias do amor. Não foi por acaso que tanto a instituição psicanalítica quanto a burocracia que a acompanha nasceram a partir do momento em que a análise não pôde mais se transmitir exclusivamente pela via do afeto que uniu os primeiros analistas entre si, e todos eles a Freud.

 

IV

Cabe-nos agora adentrar mais profundamente no território do AMOR, considerar a natureza do amor nos dois lados da relação analítica. O amor de transferência do paciente e o amor do analista.

A transferência é compreendida pelos analistas como a repetição dos vínculos com os primeiros objetos de amor, a mãe e o pai, como a projeção das figuras parentais sobre o analista. O que os pais não souberam fazer, o analista vai poder fazer. Ele vai poder, por sua compreensão, por seu amor, reparar o paciente.

Para Colette Chiland (2005), a situação é muito delicada, pois o amor de transferência é um amor verdadeiro, com sua ambivalência, suas exigências e suas vicissitudes e, ao mesmo tempo, é um amor falacioso. Não é a pessoa do analista tal como é que se ama; é o que projetamos em sua pessoa. O analista não deve rechaçar esse amor, pois ele é “verdadeiro” e é um motor da cura psicanalítica, nem a ele responder como se responde na vida cotidiana. Os amores da vida também comportam elementos de transferência, mas, na vida, o parceiro reage em função de suas necessidades próprias, e não numa vontade de compreensão e de “neutralidade benevolente”.

O amor de transferência cria uma dependência e, como toda dependência, um sofrimento. Quanto maior o amor, maior a dependência, maior o sofrimento. É preciso curar o amor de transferência. Dizemos que é preciso “liquidar” a transferência. Mas nenhum amor se apaga sem deixar rastro. Para que os rastros sejam benéficos, é preciso que a “transferência negativa”, o ódio, o ressentimento, a inveja que fazem a ambivalência do amor de transferência como de todo amor tenham sido esclarecidos, interpretados, integrados.

Para conseguir esse “manejo”, essa resolução da transferência, o analista deve dominar sua contratransferência, suas próprias projeções sobre o paciente. Ele não está ali para esperar algo do paciente para sua vida pessoal, embora o paciente o instrua e o enriqueça muito em sua vida profissional.

Se pensamos nas três palavras gregas para dizer o amor – Eros, Philia e Ágape –, poderíamos afirmar que o amor do analista é muito mais Ágape. Menos Philia e Eros. Como aponta Colette Chiland (2005, p. 135-136):

A ‘neutralidade benevolente’ do psicanalista parece-me inscrever-se numa perspectiva de ágape. Trata-se de benevolência mais que de neutralidade (se neutralidade for frieza, indiferença), e a neutralidade em questão remete na verdade a um descentramento onde o egocentrismo não tem lugar [...] Trata-se de não estar em nada ali para a satisfação de seus desejos pessoais, de não esperar do paciente nenhuma gratificação pessoal; de tentar compreender o paciente em seu sofrimento e suas vicissitudes, ainda que às vezes estejam no limite do suportável; de não se ofender com o que o paciente diz contra o analista, mas de compreender essa ‘transferência negativa’ e de interpretá-la no momento favorável em que o paciente puder perceber suas projeções; de aguentar enquanto for preciso.

Ou ainda Maria Rita Kehl (1987, p. 493):

E qual é o amor do analista? Não é amor de sedução. O psicanalista não tem que satisfazer o desejo do paciente, inclusive porque não deve deixar o paciente fixado nele além da dependência necessária para uma relação de cura [...] O amor do analista só supre o paciente de uma necessidade fundamental: a de ser levado absolutamente a sério em suas demandas (o que não significa atendê-las), ser escutado com toda a atenção que ele merece [...] Nessa relação analista e analisando podem se apaixonar, podem se odiar, embora o analista deva manter um lugar diferente de seu paciente através de uma espécie de prática “zen”, em que seu desejo não conta para que o desejo do paciente possa aparecer; enquanto o analisando deve poder expressar seu amor e seu ódio sem censura, o analista realiza permanentemente um trabalho de desapego em relação a seus desejos na análise. O único desejo legítimo do analista que vale para a análise é o de que seu paciente se cure, ou seja, se liberte dele. O analista quer que seu paciente possa fazer, em relação a ele, o que não pode fazer em relação a seus pais – dizer: ‘de você já recebi o suficiente, obrigado. Agora vou procurar lá fora o resto do que me falta’.

Para finalizar, gostaria de enfatizar que o caminho para se tornar um analista é, muitas vezes, tortuoso, um mergulho num mar sem fim, confrontando-se com adversidades as mais diversas, encarando e se debatendo com a loucura pessoal. Como bem diz Radmila Zygouris (2013, p. 64):

Para se tornar analista, é preciso saber rir, ser ousado, não temer a solidão, aceitar a orfandade, ter humor e aceitar mestres cujo inconsciente é sem fundo e que, no melhor dos casos, são crianças talentosas, que escaparam por pouco à loucura de suas famílias.

 

Referências

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Endereço para correspondência
E-mail: marcelo.bouwman@gmail.com

Recebido em: 15/10/2015
Aprovado em: 09/11/2015

 

 

SOBRE O AUTOR

Marcelo Wanderley Bouwman
Psicanalista do Círculo Psicanalítico de Pernambuco.
Médico do Serviço de Psicossomática e Saúde Mental do Hospital Barão de Lucena (SUS-PE).

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