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Estudos de Psicanálise

versão impressa ISSN 0100-3437

Estud. psicanal.  no.44 Belo Horizonte dez. 2015

 

 

Smartphones - objeto transicional e conectividade de um novo espaço potencial1

 

Smartphones - Transitional Object and Conectivity in a New Potential Space

 

 

Roberta Mendes

I Centro de Estudos Antônio Franco Ribeiro da Silva

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O objetivo do estudo é refletir sobre a utilização pelo sujeito hipermoderno do smartphone enquanto objeto transicional e suporte de espaço potencial, à luz da teoria winnicottiana. Tendo em mente a função de provisão ambiental ao sujeito contemporâneo a ser desempenhada pelos pais ou seus substitutos e pela sociedade, pretende-se demonstrar que a utilização das novas tecnologias também pode estar na esfera da expressão de saúde, como elemento apto a ser integrado ao campo de uma nova ‘normalidade’, em vez de vinculada necessariamente ao registro do patológico, como precipitadamente (dada a curta historicidade do fenômeno) tende-se a enquadrar.

Palavras-chave: Smartphones, Objeto transicional, Espaço potencial, Função ambiental.


ABSTRACT

The objective of the study is to raise a reflection with regards to the use of smartphones by the hypermodern subject as a transitional object and as a support of potential space, in light of the Winnicotian theory. Bearing in mind the environmental provision by parents, their surrogates and, finally, by the society in the upbringing of the contemporary being, the aim is to demonstrate that the utilization of new technologies can be in the realm of the expression of health, as an element able to be integrated into the field of a new “normality”, instead of necessarily attached to the pathological registry, as one would, precipitously (given the short term of the phenomenon), attempt to classify.

Keywords: Smartphones, Transitional object, Potential space, Environmental provision.


 

Passamos a maior parte do tempo
nem em comportamento,
nem em contemplação,
mas em outro lugar.

WINNICOTT

 

À guisa de introdução

Entendo o discurso psicanalítico como essencialmente um discurso de assunção de responsabilidade e implicação nas próprias condutas e escolhas. Dessa forma, na travessia entre o divã e a cadeira do analista, aprendi a desconfiar das frases que atribuem a agência do verbo aos outros, mormente quando esses ‘outros’ são objetos ou processos inanimados, convenientemente personificados para fins de expiação das nossas culpas.

Dizemos, por exemplo, que a internet ‘faz’ as crianças serem mais alienadas; os aparelhos móveis ‘isolam’ os membros da família e ‘desestimulam’ o diálogo; a realidade virtual e as mídias sociais ‘tornam’ as pessoas mais fragmentárias e narcísicas, etc.

Seguindo essa tendência, uma matéria recentemente publicada na revista Superinteressante, a qual tem ênfase editorial em ciências e tecnologias, afirmava:

[...] novos estudos estão mostrando que o uso frequente do Facebook produz alterações físicas no cérebro. Quando estamos nele ficamos mais narcisistas, mais desatentos e menos preocupados com o sentimento dos outros (DE SANTI, 2015, p. 30).

Dessa forma, parecemos estar obstinados a nos desimplicar, como se a transmissão de filiação e humanidade às novas gerações não nos competisse, como se terceirizar nossas crianças a profissionais, a instituições, aos aparelhos eletrônicos e a toda a sorte de mídias, inclusive as sociais não fosse, em última análise, uma escolha nossa.

Tudo indica que qualquer coisa formulada em tom pretensamente científico angaria nossa imediata e acrítica credibilidade, a ponto de não despertar nenhuma estranheza ouvir falar do efeito de mutação em um órgão do corpo humano a partir do uso do Facebook, independentemente do fato de que tal rede social só existe historicamente há onze anos.

Não por acaso nossas crianças também passaram, repentinamente, a nascer portadoras de déficit de atenção, hiperatividade ou depressão, assim como na referida reportagem as novas gerações, nascidas após o advento dos smartphones - aparelhos celulares ‘inteligentes’ com supercapacidade de processamento equivalente a computadores - se tornaram, sem que nos diga respeito, mais narcisistas, desatentas e menos empáticas.

Cumpre resgatar o pensamento winnicottiano de modo a voltarmos a nos enxergar enquanto sociedade sob o viés de ambiente, corresponsável, portanto, pelo acolhimento e a constituição desses novos sujeitos.

Assim, em vez de simplesmente demonizar os smartphones como favorecedores de alienação, compete-nos indagar sobre suas possibilidades enquanto objeto, enquanto portal de acesso ao espaço potencial, explorando aspectos de seu uso dentro de um paradigma de saúde, ou ao menos, de uma nova normalidade.

A bem da verdade, generalizar o uso de smartphones como patológico é homogeneizar, de um só golpe, a experiência de cerca de 1,6 bilhão de usuários, impossibilitando a escuta das nuances da relação do sujeito, em sua singularidade, com o objeto. E a verdade é que há uma infinidade de perfis de acesso à internet e às mídias sociais, assim como há uma vasta pluralidade de usos dos aparelhos smartphone, como veremos a seguir.

 

Smartphones como prótese no mal-estar da pós-modernidade


Em O mal-estar na civilização, Freud ([1930] 2010) se indaga sobre a insistência da infelicidade humana a despeito dos prodigiosos avanços científicos e tecnológicos de sua época. Entre os progressos ali destacados estão sobretudo aqueles que operaram um ganho de eficiência sobre as dimensões do espaço e do tempo, celebrando a modernização dos meios de transporte (aviões) e de comunicação (telefone, correios e telégrafos), bem como os meios de fixação da memória (indústrias fonográfica e fotográfica).

A partir, Freud antevê que épocas futuras trarão “novos, inimagináveis progressos” e conclui com surpreendente atualidade, que

[...] o ser humano tornou-se, por assim dizer, um deus protético, realmente admirável quando coloca todos os seus órgãos auxiliares; mas estes não cresceram com ele, e ocasionalmente lhe dão ainda muito trabalho (FREUD, [1930] 2010, p. 52).

Note-se que não é privilégio do objeto smartphone ser considerado sob a ótica do mal-estar. Depois da acirrada crítica ao rádio e suas radionovelas, à ‘hipnose’ das TVs, aos walkmans e seus indefectíveis fones de ouvido, às muitas gerações de video games, aos celulares, aos computadores portáteis, aos tablets, os smartphones galgaram ao status de novos supervilões, com o ‘agravante’ de combinar em si todas as funcionalidades dos anteriores.

Se observarmos bem, os smartphones vêm a se encaixar com precisão na série dos avanços tecnológicos mencionados por Freud, na esteira de nossas demandas de superação das limitações do tempo e do espaço. Não podemos perder de vista que as invenções de novas velocidades, como as celebradas por Freud, configuraram, conforme observação do filósofo francês da cultura virtual contemporânea, Pierre Lévy, o primeiro grau de virtualização, sendo certo que

[...] cada novo sistema de comunicação e de transporte modifica o sistema das proximidades práticas, isto é, o espaço pertinente para as comunidades humanas (LÉVY, 1996, p. 22).

Há, portanto, na sequência de representações que culmina nos smartphones algo que diz de nós em nossa atávica batalha contra a falta de recursos que marca a “desamparada criança de peito” (FREUD, 2010, p. 51) com que todos nós iniciamos nossa travessia de indivíduos, a Hilflosigkeit.

Talvez seja a experiência incontornável do desamparo que nos torne necessariamente conectivos, posto que fadados a precisar do outro, tanto para a nossa sobrevivência biológica, quanto para a nossa constituição psíquica.

Parece-nos que o desejo que vem movendo geração após geração no esforço de tornar inócuas as distâncias e fazer coincidir o tempo das interações é uma atualização, em dimensões planetárias, do nosso primeiro anseio infantil por contato, o que, em parte, esclarece o estrondoso sucesso comercial desses aparelhos.

Já em 2004, ao falar dos antepassados diretos dos smartphones – os celulares – o sociólogo polonês radicado na Inglaterra, Zygmunt Bauman, chamava a atenção para o fato de que nossas bolsas, mochilas e roupas foram ganhando compartimentos próprios para nos permitirem portar aqueles objetos-prótese sempre conosco. Assim, não importa mais onde estamos sempre ‘ao alcance’, de alguma forma incluídos, embora não confinados:

Na verdade, você não iria a nenhum lugar sem o celular (‘nenhum lugar’ é, afinal, o espaço sem um celular, com um celular fora de área ou sem bateria). Estando com o seu celular, você nunca está fora ou longe. Encontra-se sempre dentro, mas jamais trancado em um lugar (BAUMAN, 2004, p. 78).

Se os celulares, em toda a sua excelência de prótese, tributária de sua radical mobilidade, já assinalavam “material e simbolicamente, a derradeira libertação em relação ao lugar” (BAUMAN, 2004, p. 81), os smartphones, ao revolucionar o patamar de conectividade em escala mundial, concentraram e magnificaram ainda mais os ganhos de eficiência espaçotemporais, capilarizando e democratizando em níveis nunca antes experimentados o acesso à assim chamada ‘realidade virtual’, a ser mais investigada a seguir.

 

Interconexões: a realidade virtual e “o lugar em que vivemos”.

Segundo Lévy (1996), um dos principais pensadores da era da informação, o virtual não é o irreal, mas uma realidade que tem suporte na coordenada do tempo (perceptivo/cognitivo), ao passo que independe da fisicalidade do espaço. Em outras palavras, o virtual não está em oposição ao real, o que, por assim dizer, esvazia o aparente paradoxo da expressão “realidade virtual”.

Etimologicamente, a palavra “virtual” deriva da ideia de potência, força (virtus) e tem como seu oposto não o irreal, mas o possível. O possível seria um estado de “suspensão” do real, embora idêntico a ele. Isto é, algo possível, ao realizar-se, apresentaria mais ou menos as mesmas características pré-definidas, já existentes em seu estado de possibilidade. O virtual, por sua vez, se consumaria não a partir de um processo de realização de algo idêntico a si mesmo, mas a partir da ‘atualização’ de um complexo problemático para o qual se poderia sempre apresentar uma solução diferente, donde resultaria a margem de criação e inovação inerente ao processo de atualização.

Além da “realização do possível” e da “atualização do virtual”, Lévy nos convida a pensar sobre a “virtualização do atual”. Esclarece que os fenômenos de virtualização, longe de significar uma “desrealização” da realidade ou sua revogação a um estado de ‘possíve’l, representariam uma elevação à potência da própria realidade, sendo, por isto, um dos principais vetores de sua criação (LÉVY, 1996, p. 18). Para que não reste dúvidas: a virtualização ‘produz realidades e multiplica experiências’.

Para se dar a atualização do virtual, por exemplo, para permitir que um hipertexto codificado em um determinado endereço eletrônico subsista e se atualize como texto e objeto de pesquisa para um determinado usuário de uma ferramenta de busca na internet, são necessários suportes físicos, complexos sistemas de hardware ‘animados’ pelos software pertinentes.

Entre os muitos hardwares envolvidos na operação, estão o corpo e os sentidos tanto do autor como do receptor da mensagem, e, entre os softwares, seus respectivos psiquismos comunicantes. Assim, o acesso ao virtual não exclui nem o corpo, nem o sujeito. Na verdade, ele os pressupõe.

Entendo que a rapidez e a forma maciça com que os fenômenos da conectividade e das realidades virtuais foram recepcionados e apropriados pela maioria dos seres humanos diz algo da reverberação de nossa própria estrutura psíquica no desenho e dinâmica dos referidos fenômenos. Em outras palavras, assim como qualquer outra ferramenta, a produção de recursos geradores e mantenedores de interconexão ou conectividade foi engendrada por humanos para satisfazer a anseios... humanos!

Não é por coincidência que, quando Winnicott remonta em suas reflexões aos estágios mais arcaicos de nossa constituição psíquica, suas teorias oferecem tanta intertextualidade com as nossas recentes aprendizagens e observações da experiência virtual, conforme formuladas por Pierre Lévy.

Quando, por exemplo, Winnicott se indaga a respeito da “localização da experiência cultural” (WINNICOTT, 1975, p. 133-143) ou perquire-se acerca do “lugar em que vivemos” (WINNICOTT, 1975, p. 145-152), ele também nos fala de um locus desterritorializado e regido por uma temporalidade própria – um espaço potencial – posto que sempre precariamente situado ‘entre’ a realidade interna e a externa, o sujeito e seu ambiente. Em suas próprias palavras:

Que está fazendo uma criança, quando fica sentada no chão e brinca sob a guarda de sua mãe? Que está fazendo um grupo de adolescentes, quanto participa de uma reunião de música popular? Não é apenas: o que estamos fazendo? É necessário também formular a pergunta: onde estamos (se é que estamos em algum lugar). [...] Podemos auferir algum proveito do exame desse tempo que se refere à possível existência de um lugar para viver, e que não pode ser apropriadamente descrito quer pelo termo ‘interno’, quer pelo termo ‘externo’? (WINNICOTT, 1975, p. 147).

Esse importante autor da psicanálise nos assegura de que o ser humano está, desde o nascimento, às voltas com o problema “[...] da relação entre aquilo que é objetivamente percebido e aquilo que é subjetivamente concebido” (WINNICOTT, 1975, p. 26), tarefa a que apenas conseguirá, minimamente, fazer frente, se auxiliado por um ambiente suficientemente bom, que se disponha a lhe apresentar o mundo em pequenas doses, compatíveis com a capacidade de metabolização psíquica do sujeito de acordo com cada etapa de seu desenvolvimento.

Em linhas gerais, teríamos que o bebê humano partiria de uma unidade fusional com o ambiente materno, tomando a mãe/o seio como verdadeiro “objeto subjetivo”, isto é, objeto indiferenciado dele próprio. Nesse estado de indiferenciação e dependência absoluta do bebê, a mãe, plenamente identificada a ele por conta da preocupação materna primária, permitiria ao bebê sustentar a ‘ilusão’ de haver criado, em seu indistinto sentimento de onipotência, aquilo que oportunamente ‘encontrou’, o seio, o que veio ao encontro de sua agitação pulsional, apaziguando-a.

As falhas naturais do ambiente materno introduziriam aos poucos o bebê à ‘desilusão’ subsequente, permitindo-lhe complexificar sua estrutura psíquica, ao diferenciar, gradativamente, a partir das reiteradas frustrações e da superação da percepção indistinta do objeto como subjetivo, uma realidade e objeto internos de uma realidade e objeto percebidos objetivamente.

É nesse processo gradativo de diferenciação ou separação entre o eu e o não-eu que têm ensejo as teorizações sobre os objetos e fenômenos transicionais, ainda como representações dos primeiros estádios de uso da ilusão (WINNICOTT, 1975, p. 26). Nas reflexões inspiradoras do psicanalista britânico sobre o brincar, o brincar compartilhado e a experiência cultural, derivada dos dois primeiros, seriam todos tributários da ilusão e teriam como locus de realização o espaço potencial.

Ou seja, da mesma forma que o virtual não se opõe ao real, o mecanismo da ilusão, que subjaz à experiência dos fenômenos e objetos transicionais em Winnicott, não é sinônimo de engodo, frustração ou oposição à realidade, mas aquilo que estabeleceria, justamente, uma ponte com a realidade (LEJARRAGA, 2012), possibilitando à criança / ao sujeito humano:

• a construção de objetos e fenômenos transicionais, a serem mais detidamente abordados no próximo segmento do texto;

• o brincar, em que o indivíduo pode dispor de objetos ou fenômenos oriundos da realidade externa, “usando-os a serviço de uma amostra derivada da realidade interna ou pessoal” sem, no entanto, alucinar tais elementos (WINNICOTT, 1975, p. 76), semelhantemente ao que se dá em alguns dos possíveis usos das realidades virtuais;

• a expressão de sua criatividade, a partir tanto da produção como da validação de matrizes de tradição e originalidade; da produção e fruição de experiências artístico-culturais-religiosas na vida adulta, em torno das quais se organizam por afinidade de gostos e interesses os grupamentos humanos.

A organização dos grupamentos humanos por afinidades de gostos e interesses ganha exponencialmente em plasticidade com a desterritorialização consubstanciada pelo advento das realidades virtuais, como se observa nos dizeres de Lévy (1996, p. 20):

Uma comunidade virtual pode, por exemplo, organizar-se sobre uma base de afinidades por intermédio de sistemas de comunicação telemáticos. Seus membros estão reunidos pelos mesmos núcleos de interesses, pelos mesmos problemas: a geografia, contingente, não é mais nem um ponto de partida nem uma coerção. Apesar de “não presente”, esta comunidade está repleta de paixões e de projetos, de conflitos e de amizades. Ela vive sem lugar de referência estável: em toda parte onde se encontrem seus membros móveis... ou em parte alguma.

Muito dissemos até aqui sobre as peculiaridades desse novo locus desterritorializado, tanto no que diz respeito às realidades virtuais propriamente ditas como ao conceito de espaço potencial, permitindo-nos concluir que esse nada mais é que um espaço virtual, situado entre o sujeito e o ambiente ou entre o sujeito e o outro, e, dessa forma, organizador e propiciador de encontro. Cabe-nos, agora, refletir um pouco mais sobre a dimensão do tempo em que Winnicott reivindica situar as fronteiras do brincar e da transicionalidade (WINNICOTT, 1975, p. 139).

Ambas as experiências são, cada uma à sua maneira, esforços de empreendimento e de elaboração de uma separação, seja entre o eu e o ambiente (objetos e fenômenos transicionais), seja entre a realidade interna e a externa (o brincar). Em todo caso, trata-se da instauração ou da gradativa fortificação de uma incipiente estrutura egoica.

Nesse contexto, vale lembrar que o efeito traumático em Winnicott tem a ver não apenas com a intensidade da frustração provocada pela falha ambiental, mas, sobretudo, pela desmedida do tempo de duração da “ansiedade impensável”, que poderia ensejar uma experiência de descontinuidade egoica.

É dizer: o bebê tolera ou sustenta imaginativamente, com seus recursos precariamente introjetados, a ausência da mãe por um determinado tempo, passado o qual, o bebê começará a experimentar ansiedade. Caso a mãe, uma vez surgida a ansiedade, reapareça após o transcurso de um tempo ainda metabolizável pelo bebê, ele não sofrerá a experiência de uma descontinuidade egoica. Se, no entanto, a mãe levou bastante mais tempo para retornar do que seria suportável para o bebê, instaura-se um trauma, vivenciado como descontinuidade do ser:

O trauma significa que o bebê experimentou uma ruptura na continuidade da vida, de modo que defesas primitivas agora se organizaram contra a repetição da ‘ansiedade impensável’ ou contra o retorno do agudo estado confusional próprio da desintegração da estrutura nascente do ego (WINNICOTT, 1975, p. 135-136).

Ou seja, o bebê humano necessita que o ambiente o atenda dentro dos moldes do tempo sincrônico, característico da realidade virtual, de modo que o ‘virtual’ da mãe se ‘atualize’ no momento exato de sua capacidade de tomar a percepção da presença da mãe por uma criação sua.

Para usar um linguajar comum às nossas redes sociais, é como se o bebê pudesse sustentar por pequenos períodos um status “ausente”, mas precisasse que a mãe comparecesse on-line no justo momento em que ele volta a se interessar pela interface da troca.

À luz dessas necessárias aproximações entre o conceito de realidade virtual e as teorias winnicottianas sobre “o lugar em que vivemos” e o tempo que rege esse “espaço”, retomaremos a reflexão sobre o papel do trauma resultante da sensação de abandono psíquico ocasionada pelas falhas de um ambiente insuficientemente bom, não sem antes verificar se os smartphones podem ou não, afinal, vir a fazer as vezes de objetos transicionais.

 

Os smartphones como objeto transicional

Foi a partir da observação das reações de bebês a determinados fenômenos ou objetos que pareciam ter um caráter particularmente apaziguador que Winnicott desenvolveu sua teoria sobre os objetos e fenômenos transicionais (WINNICOTT, 1975). O objeto transicional seria a primeira possessão não eu do bebê, interface entre seu estado fusionado à mãe (ambiente materno) e a sua separação dela.

Isto é, tal objeto demarcaria um espaço de separação, dizendo respeito ao processo de o indivíduo se tornar gradativamente capaz de aceitar tanto a diferença como a similaridade, de modo que a transicionalidade não seria propriamente do objeto, mas do estado de dependência rumo ao estado de independência, ou ainda, do estado indiferenciado rumo à alteridade. É importante, portanto, ter em mente que tal processo se inicia no bebê, mas não se esgota inteiramente nem mesmo na vida adulta dita madura ou saudável, conceitos esses que, grosso modo, se equivalem na teoria desenvolvimentista de Winnicott.

Ainda no encalço de suas ideias, o indivíduo seria constituído de três dimensões: uma realidade interna, uma realidade externa e um espaço intermediário entre elas, caracterizado, entre outras coisas, por se configurar como

[...] lugar de repouso para o indivíduo empenhado na perpétua tarefa humana de manter as realidades interna e externa separadas ainda que inter-relacionadas (WINNICOTT, 1975, p. 140).

Ou seja, mesmo adulto, o indivíduo humano continuará a se debater entre essas três realidades, já que o processo de separação nunca chegaria a se concluir plenamente, consistindo num contínuo ‘vindo-a-ser’.

Vale também notar que no idioma original Winnicott contrapõe a realidade psíquica ou interna (inner reality) à realidade externa ou compartilhada. E para esta última utiliza a expressão shared reality (realidade compartilhada). Curiosamente, a ideia de share / compartilhar é seminal para o contexto da virtualidade da era dos smartphones.

A antiga dicotomia interno/externo ganha com esse enfoque uma sofisticada nuance, que é verificar as relações entre as esferas do íntimo e do compartilhado. O íntimo já não se reduziria à ideia de interior; o indivíduo pode, por exemplo, ser íntimo com outras pessoas, e o compartilhado não significaria necessariamente algo externo, no sentido de situado fisicamente fora do sujeito (LEJARRAGA, 2012).

E não há dúvidas de que, nesse sentido, os smartphones podem dar suporte às experiências tanto íntimas quanto compartilhadas, pois, com a ruptura da barreira espacial, “[...] a proximidade não exige mais contiguidade física e a contiguidade física não determina mais a proximidade” (BAUMAN, 2004, p. 81).

Mas nem só de interconectividade vive um smartphone! Ele também se presta a usos que podem ser estritamente individuais, como os que possibilitam a fruição de bens de cultura (streaming de música e vídeos; acervos de pinacotecas e museus; leitura de livros e revistas eletrônicos, etc).

Os smartphones podem até mesmo servir à produção de cultura! Em 2009, a editora Bertrand Brasil publicou o livro intitulado WWW.TWITTER.COM/CARPINEJAR, uma compilação de 416 frases do autor compartilhadas em sua maioria via smartphone, diretamente em seu Twitter.

Já em 2015, a editora Casa da Palavra publicou no formato de livro os diálogos havidos pelo aplicativo WhatsApp entre os filósofos Clóvis de Barros Filho e Júlio Pompeu, sob o título Somos todos canalhas: filosofia para uma sociedade em busca de valores.

Na verdade, desde os laptops e notebooks, que marcaram o início da revolução de mobilidade dos personal computers, podemos pensar esses objetos sob o aspecto transicional. Já em 2008, Nilton Bonder disse que o maior objeto transicional de seu tempo era o computador. Quando em viagem o computador mimetizaria “a nossa casa e a nossa mãe” (BONDER, 2008, p. 38), o que em ‘psicanalês’ seria: o nosso Outro e os nossos outros.

Nesse sentido, seria “[...] tolo e irresponsável culpar as engenhocas eletrônicas pelo lento mas constante recuo da proximidade contínua, pessoal, direta, face a face” de nossa sociedade (BAUMAN, 2004, p. 84), já que, muito antes de seu advento, as pessoas preferiam amplamente fazer uso dos mecanismos de distração e entretenimento colocados à disposição nas salas de espera, nos meios de transporte ou nos salões de beleza, em vez de se engajarem em uma conversação uns com os outros.

Pelo contrário! Se hoje em dia, nas antessalas dos psicanalistas os nossos pacientes estão entretidos com seus smartphones, em vez de ler entre bocejos as manchetes desatualizadas das capas nos revisteiros, devemos lembrar que todas as formas de fruição disponíveis nos seus aparelhinhos não excluem a possibilidade de (da mesma forma que não obrigam à) interação com outros usuários!

Também vale citar a experiência relatada por Gutfreind (2005) no livro Vida e arte: a expressão humana na saúde mental, consistente da utilização de um computador num setting de terapia grupal para adolescentes franceses em situação de risco. Em seu relato o autor se refere ao computador como objeto transicional, ao mesmo tempo aproximador e separador entre os adolescente e os terapeutas, gerando espaço potencial e desenvolvendo vida imaginativa e processos de simbolização.

Para ele, os computadores teriam especial adequação a figurar como objeto transicional em virtude de seu aspecto lúdico, da imensa maleabilidade de seus usos e da possibilidade de serem infinitamente destruídos e reconstruídos pelo usuário. Além disso, podem fazer metáfora do próprio inconsciente (GUTFREIND, 2005), já que os conteúdos ficariam arquivados ali esperando catexia para serem acessados e podendo “desaparecer” mais ou menos arbitrariamente.

Winnicott (1975, p. 24) nos lembra que

[...] o objeto transicional jamais está sob controle mágico, como o objeto interno, nem tampouco fora do controle, como a mãe real.

Com muito maior razão as características destacadas por Gutfreind se aplicariam aos smartphones, por sua característica ainda mais radical de plasticidade, versatilidade de usos e mobilidade.

O uso mais comum dos smartphones como objeto transicional é talvez convocado enquanto defesa contra a ansiedade, sobretudo a de tipo depressivo. Não é à toa que, atualmente, um dos lugares ou situações em que observamos um dos mais expressivos graus de tensão entre as pessoas é nos aviões, que não permitem o uso da função de conectividade dos aparelhos. Algumas companhias aéreas chegam a proibir totalmente o uso dos smartphones mesmo que tenham disponível a funcionalidade “modo avião”.

Os smartphones são também, segundo permite concluir a observação atenta das falas e pessoas, das próteses ou amuletos mais comumente eleitos pelos agorafóbicos como atenuantes de seu estado de pânico, por permitirem acesso ao objeto de que não se podem separar, podendo, aliás, constituir um verdadeiro objeto contrafóbico em certas situações. Podem, portanto, prestar-se à mitigação da sensação de desamparo do sujeito, ao permitir variado repertório de fruição dos espaços potenciais da cultura e da realidade compartilhada, reforçando a capacidade de estar só (WINNICOTT, 1983), ainda que na presença iminente do outro on-line.

Não há dúvidas de que o verdadeiro grande hit dos smartphones é seu caráter radical de mobilidade e conectividade. Entre os aplicativos mais baixados estão justamente aqueles que dão suporte a algum tipo de interação, como as mídias sociais e as plataformas de jogos multiplayer. A esse respeito, Bauman deixa no ar sua preocupação:

É uma questão em aberto saber qual lado da moeda mais contribuiu para fazer da rede eletrônica e de seus implementos de entrada e saída um meio tão popular e avidamente usado nas interações humanas. Será a nova facilidade de conectar-se? Ou a de cortar a conexão? (BAUMAN, 2004, p. 81).

A verdade é que o temor de que as relações ditas virtuais viessem a substituir as presenciais não se configurou; é mais comum que as comunicações virtuais sejam utilizadas em favor de manter antigos laços e propiciar novos encontros. Prova de que a dimensão presencial não está de maneira alguma excluída é o segundo dos grandes medos que regem o imaginário em torno das conversas virtuais: a possibilidade do abuso de menores.

A conectividade dos smartphones tem sido também beneficamente utilizadas na elaboração compartilhada de lutos e na promoção de atividades sublimatórias, a exemplo do empreendedorismo social. Não devemos, no entanto, nos esquecer de que “onde existe uso, há sempre a chance do abuso” (BAUMAN, 2008, p. 10). Assim, cumpre observar que o smartphone, bem como toda ferramenta, é, em si mesmo, neutro. O que lhe dá qualidade é o modo e os fins para os quais é utilizado.

 

As falhas ambientais da criança terceirizada e algumas possíveis consequências relacionadas ao uso dos smartphones

Temos de engolir em seco a lacônica constatação de que “[...] esta é uma época em que um filho é, acima de tudo, um objeto de consumo emocional” (BAUMAN, 2004, p. 59). Algumas crianças chegam a gozar, segundo pesquisas, de irrisórios seis minutos diários da atenção de seus pais (MARTINS FILHO, 2012).

No livro A criança terceirizada: os descaminhos das relações familiares no mundo contemporâneo, o pediatra e puericultor José Martins Filho conclama à reflexão se realmente desejamos nos tornar pais, envergando toda a responsabilidade e o comprometimento que esse papel requer de nós, ou se apenas queremos ter filhos, de acordo com o “esperado” da sequência que nos dita a reprodução como único desdobramento possível entre nascer e morrer.

Alarmado com a realidade com que vem se deparando ao longo de 45 anos de clínica, José Martins Filho constata que as crianças de hoje são cada vez mais precocemente delegadas a cuidados de terceiros, seja dentro, seja fora do lar (babás, creches, escolinhas, clubes das mais diversas atividades, aulas de reforço, terapeutas, etc.). Mesmo na presença dos pais, frequentemente são expostas, com a finalidade de “não dar trabalho”, a vídeos, jogos, televisão e, claro, smartphones. As crianças terceirizadas são, portanto, sujeitos expostos a reiteradas situações de separação e à frequente sensação de abandono.

O discurso para as crianças é verdadeiramente esquizofrenizante, já que, por um lado, são instadas a se manterem ocupadas e ‘quietinhas’ de modo a não dar trabalho, correndo o risco, aliás, de que qualquer vivacidade possa ser confundida com hiperatividade e prontamente medicalizada. Por outro lado, são acusadas pelos mesmos pais, a quem veem passar horas a fio em frenética interação digital e de quem, afinal, ganham seus vídeo games e smartphones de última geração, de não mais valorizarem a interação presencial com a família ou com seus pares, comportando-se como verdadeiros reclusos ou adictos em jogos e mídias sociais.

Ora, não é possível que continuemos, enquanto sociedade, julgando que não temos nada a ver com isso e insistindo em culpabilizar objetos inanimados por esses resultados!

Ao falar do sujeito em constituição e sem desprezar sua contribuição personalíssima ou suas predisposições biológicas, Winnicott dá ênfase à importância do ambiente, esclarecendo que

[...] a tarefa (do ambiente) consiste em fazer face às necessidades mutantes do indivíduo que cresce, não apenas no sentido de satisfazer a impulsos instintivos, mas também de estar presente para receber as contribuições que são características essenciais da vida humana (WINNICOTT, 2005, p. 131).

Note-se que a qualidade de presença não é passiva, mas uma que se empenhe em ativamente receber, acolher, adaptar-se ao que a criança traz como sua contribuição original ao ambiente, mesmo desconstruindo-o. Não é preciso esforço para deduzir que, ao se fazer emocionalmente ausente ou manter as crianças compulsivamente ocupadas de modo a neutralizar sua vivacidade e sua contribuição, o ambiente não está cumprindo com os requisitos de ser suficientemente bom.

Como vimos a respeito da investigação em torno da experiência do tempo no conceito da transicionalidade de Winnicott, a vivência de uma privação continuada, sentida pela criança como abandono ou separação, pode ter efeitos traumáticos, levando, em casos extremos, ao sentimento de descontinuidade de seu ego.

O autor chama a atenção para o modo como a separação pode influenciar os fenômenos transicionais:

[...] exatamente antes da perda, podemos às vezes perceber o exagero no uso de um objeto transicional como parte da negação de que haja ameaça de ele se tornar sem sentido (WINNICOTT, 1975, p. 31).

Dessa forma, há uma imensa probabilidade de que os decantados aspectos aditivos do uso dos smartphones pelas novas gerações sejam muito mais efeito do que causa de alienação e atrofia de habilidades conviviais.

Em outras palavras, se o ambiente comparece como suficientemente bom, as pulsões de vida da criança e suas inclinações para a integração egoica, a autonomia e a criatividade podem progredir, e a boa provisão ambiental pode vir a ser introjetada, tornando-se parte da criança. Quando as condições não são suficientemente boas o processo de maturação da criança fica bloqueado, dando ensejo a diversos desequilíbrios, mais ou menos graves, a depender da contundência da falha e da fase de desenvolvimento que restou turbada pela má provisão ambiental (WINNICOTT, 1983).

 

Conclusão

Tomando o brincar como paradigma de saúde, André Green (2013) observa que nele o elemento perda da realidade é mínimo, ao passo que o elemento substituição da realidade é máximo. Já na doença (neurose ou psicose), ocorre uma perda substancial de realidade, e sua substituição se dá não mais como artifício de jogo ou ponte, mas como tamponamento da perda.

Da mesma forma, entendo que os smartphones são enredados nos quadros patológicos apenas na medida em que, em vez de utilizados como pontes para a realidade compartilhada, passem a ser impropriamente utilizados como substitutos desta, num contexto severo de perda de realidade.

Afinal, como acontece às crianças impropriamente abandonadas ou terceirizadas, que acabam por se tornar “adictas” aos smartphones,

[...] esse mundo real tem muito a oferecer desde que a sua aceitação não signifique uma perda de realidade do mundo pessoal imaginativo interior (WINNICOTT, 2014, p. 78, grifo nosso).

Em outras palavras, os smartphones não geram sintomas: quando muito, eles os expressam.

A título de ilustração, podemos devanear com acentuada plausibilidade que, hoje em dia, ao lidar com uma intricada situação contratransferencial como a da primavera de 1894, Freud, em vez de ir às escondidas a um baile particular para bisbilhotar os possíveis progressos clínicos da Sra. Elisabeth von R., apenas acessaria convenientemente seu perfil no Facebook para os mesmos fins.

O ato sintomático contratransferencial de bisbilhotar a vida da paciente seria, por assim dizer, o mesmo, seja em 1894, seja em 2015, modificando-se apenas os meios de sua expressão. Também vimos em segmento anterior deste trabalho que os filósofos travarão diálogos filosóficos pelo WhatsApp, e os poetas darão uso poético ao Twitter.

Se temos tanta preocupação com a destinação patológica ou saudável que se pode dar aos novos aparelhos e mídias, penso que devemos continuar exercitando a nossa capacidade de influenciar esses resultados a partir da condição de ambiente, seja militando em favor da implicação do sujeito com o seu desejo no âmbito da clínica, seja atuando na condição de pais, cidadãos ou professores.

Assim, resta claro que o uso do smartphones sempre será marcado pelo sintoma de cada um. A palavra “sintoma” é aqui tomada não em seu sentido patológico, mas enquanto expressão de subjetividade. E compete ao ambiente biopsicossocial suficientemente bom prover esteio à constituição saudável dos novos sujeitos.

 

Referências

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Endereço para correspondência
E-mail: roberta.mendes@globo.com

Recebido em: 28/09/2015
Aprovado em: 13/10/2015

 

 

SOBRE A AUTORA

Roberta de Oliveira Mendes
Advogada e bacharel em Direito pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Mestre em Direito de Integração Europeu (Magister des Europäischen Rechts, Legum Magister - LL.M.Eur.) pela Universidade de Würzburg, Alemanha.
Candidata a psicanalista e membro efetivo em formação no Centro de Estudos Antonio Franco Ribeiro da Silva, Participante do Núcleo de Estudos Psicanalíticos da Infância (NEPsi), ambos do Círculo Brasileiro de Psicanálise - Seção Rio de Janeiro (CBP-RJ).

 

 

1 Trabalho apresentado no XXI Congresso do Círculo Brasileiro de Psicanálise e I Congresso Internacional de Psicanálise - Conexões Virtuais: Diálogos com a Psicanálise, realizado pelo Círculo Psicanalítico do Rio Grande do Sul, nos dias 23, 24 e 25 jul. 2015, em Porto Alegre.

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