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Estudos de Psicanálise

versão impressa ISSN 0100-3437

Estud. psicanal.  no.48 Belo Horizonte jul./dez. 2017

 

EDITORIAL

 

Instigados pelo contexto que permeia nossa vida nesta segunda década do século XXI, tanto no Brasil quanto no mundo, pensamos que este XXII encontro dos psicanalistas do CBP, realizado em Salvador nos dias 16-18 de novembro, poderia dar continuidade às reflexões que fizemos no congresso do CPRS, em Porto Alegre, em 2015, sobre Conexões Virtuais. Diálogos com a psicanálise, que propôs questões envolvendo a evolução tecnológica e seus efeitos na clínica contemporânea. Vivemos um tempo de mudanças radicais cujos efeitos afetam o social e o individual, o geral e o particular, de forma contundente.

O épico do cinema, de 1956, Giant (Gigante), que recebeu o título de Assim caminha a humanidade, logo surgiu como associação na medida em que se consagrou como inequívoca crítica de um momento histórico marcado por transformações: conflitos amorosos e de gerações, intolerância racial jamais veiculada por esse meio até então, a opressão das mulheres, a dissipação moral, enfim, todas as transformações que ocorreram naquele momento que tinha como cenário disputas econômicas entre os tradicionais pecuaristas e os novos ricos magnatas do petróleo do “Novo Oeste” americano. Por vezes temos a impressão de que a história se repete.

Partindo dessas associações, formulamos a proposta de indagar nesse encontro o que temos nós, psicanalistas, a dizer a respeito das transformações que os modos de vida, a subjetividade e as instituições da civilização vêm demonstrando a partir desse novo campo discursivo inaugurado por Freud. Além disso, o tema nos dá a chance de indagar sobre as mudanças que a própria saga psicanalítica, em constante movimento, sofre ao longo desse caminho até nossos dias, com vistas ao futuro.

Por isso, estabelecemos alguns eixos fundamentais em torno dos quais pudéssemos gerar reflexão e discussões que, ao final, se organizaram em torno de quatro temáticas desenvolvidas em painéis: Agressividade, violência, terror e terrorismo; Desafios atuais da clínica psicanalítica; Política, psicanálise e biopolítica; Sexualidade, gênero e identidade.

Além dos painéis, convidamos três conferencistas que trataram o tema a partir de diferentes enfoques e perspectivas. Recebemos cerca de 40 comunicações de mais de 10 estados brasileiros.

O encontro foi muito produtivo assim como os três outros congressos que o CPB organizou em Salvador; em 2004 o XV Congresso Brasileiro do CBP Encontro no admirável mundo novo; em 1996 o XI Congresso Nós e a Clínica; em 1981, o IV Congresso com o tema Narcisismo . Encontros memoráveis que demonstram sempre a possibilidade de diálogo entre as diferenças que nos caracterizam e nos constituem.

Publicamos neste número alguns desses muitos textos que tornaram nosso congresso memorável pela diversidade de formulações, teorizações e possibilidades de expansão do saber psicanalítico atingindo, assim, o objetivo inicial de avançar nas elaborações sobre o nosso tempo e a nossa clínica.

A todos uma boa leitura!


Cibele Prado Barbieri

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