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Estudos de Psicanálise

Print version ISSN 0100-3437

Estud. psicanal.  no.50 Belo Horizonte July./Dec. 2018

 

ARTIGO

 

Psicanálise: quando o falar é um obstáculo

 

Psychoanalysis: When speaking is an obstacle

 

 

Maria Melania Wagner Franckowiak Pokorski

I Círculo Psicanalítico do Rio Grande do Sul

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O artigo aborda a linguagem como constituinte do sujeito nos referenciais de Freud, Winnicott, Dolto e Lebrun. Objetiva examinar na clínica psicanalítica a situação em que a criança se depara com a impossibilidade do uso da linguagem falada quando se encontra em grupo, especialmente, no espaço escolar. A metodologia se caracteriza como estudo de caso de uma menina de 9 anos de idade em tratamento, com a queixa inicial de mutismo seletivo. Ao longo do artigo são mencionadas algumas intervenções e interpretações realizadas com a paciente e sua família. O caso clínico levou-nos a ampliar o estudo, realizando uma pesquisa no doutoramento em psicologia social, em cinco escolas da região metropolitana de Porto Alegre (RS), onde encontramos estudantes do 2º ao 8º ano do ensino fundamental na condição de mutismo seletivo.

Palavras-chave: Estudo de caso, Linguagem, Clínica, Mutismo seletivo.


ABSTRACT

The present article approaches languages as constituent of the subject according to Freud, Winnicott, Dolto and Lebrun. It aims at examining, in the psychoanalytical practice, the situation in which a child is faced with the impossibility of using spoken language when they are in a group, especially in the school. The methodology is characterized as a case study of a 9-year-old girl currently in treatment, with an initial complaint of Selective Mutism. Throughout the article we describe some interventions and interpretations carried out with the girl and her family. This clinical case has lead us to expand the study and conduct a research within the PhD in Social Psychology, in which we found students presenting Selective Mutism enrolled in the 2nd to the 8th years of elementary and secondary school in five schools located in the metropolitan area of Porto Alegre – RS.

Keywords: Case Study, Language, Clinic, Selective Mutism.


 

Introdução

Neste artigo, propomos examinar a dificuldade do uso da linguagem falada e a situação da escuta – que é um recurso básico na clínica psicanalítica – daquilo que não é falado, mas é expresso no gesto e no silêncio, em especial daquele que, em determinados espaços, cala-se e não consegue verbalizar uma única palavra: a boca não se move, e tudo fica sufocado, abafado e silenciado.

Que significado a psicanálise pode dar quando alguém faz uso do silêncio com o outro?

Que força é essa que aprisiona o sujeito sem que ele possa se expressar para o outro?

Como esse eu está constituído para que o outro se apresente como uma ameaça?

São várias as interrogações que surgem ao pensarmos sobre a situação de crianças, adolescentes e adultos que apresentam o que é denominado pelo DSM 5 (2013) de mutismo seletivo.

Pretendemos ilustrar nosso artigo com fragmentos de um estudo de caso de uma menina de 9 anos de idade, que vamos chamar de Isabela (nome fictício). O caso levou-nos a estender o estudo do tema do mutismo seletivo para fora da clínica. Em nossa pesquisa de doutoramento em psicologia social, constatamos que é bastante frequente encontrar nas escolas crianças e adolescentes que não conseguem falar no contato com o outro, mas falam fora da escola.

Ao iniciar a coleta de dados no ano 2014, vimos que na educação infantil a frequência do fenômeno é maior do que no ensino fundamental. Contudo, nosso foco foi o segundo grupo, em que nos deparamos com diferentes idades (do 2º ao 8º ano) de crianças e adolescentes que apresentavam as características do mutismo seletivo.

Com base na psicanálise, entende-se que o ser humano se constitui a partir da linguagem. A linguagem através da palavra é um elemento fundante do sujeito e do conhecimento.

Para Dolto (1999, p. 26), o papel do psicanalista é

[...] decodificar uma linguagem que perturbou o andamento normal do desenvolvimento da linguagem-corpo da criança antes da fala.

Assim sendo, desde os momentos iniciais, cabe questionar a relação mãe-filha/filho, o vínculo, a confiança, a ansiedade, o medo ou a fobia, o holding e a handling, a vergonha, as novas fronteiras na subjetivação em tempo de relações virtuais e a importância da parentalidade na narrativa de histórias para a constituição do sujeito.

Esses são alguns dos temas da psicanálise que, em função de o texto ter um limite de páginas, pretendemos descortinar parcialmente, para um maior entendimento de quem faz uso do silêncio como forma de contato com o outro. Vamos utilizar os referenciais de Freud, Winnicott, Dolto, Lebrun, entre outros.

 

O obstáculo da linguagem falada em uma menina

Ao iniciar a escrita do caso clínico atendido entre meados de 2010 e início de 2014, mergulhamos no tempo, revisitamos as anotações e pensamos como nos sentíamos ao nos deparar com o caso em que a mãe, na entrevista inicial, sentia-se aflita porque a filha não conseguia falar na escola.

Isabela é filha única. Os pais viviam juntos, mas eram bastante ocupados profissionalmente. Desde os quatro meses de vida, sempre frequentou a creche, depois a educação infantil e, na época, estava no 3º ano do ensino fundamental. Até então nunca havia falado na escola. Frequentava uma escola particular da cidade de Porto Alegre (RS). A mãe, a professora, a escola, Isabela, ninguém entendia o motivo pelo qual o fenômeno se manifestava. Em casa ou em outros ambientes não escolares, a linguagem falada fluía, embora ela apresentasse certa timidez.

As entrevistas preliminares com Isabela foram iniciadas com o estabelecimento de um vínculo. Escutei-lhe a queixa de sua incapacidade de falar na escola, e alegou sentir muita vergonha. Na segunda sessão, ela chegou com um recurso de linguagem escrito em mãos, ou seja, entregou-me um cartão verde com uma folha onde havia um desenho de nós duas e a mensagem: “Preciso de uma doutora que me ensine a falar”.

Winnicott (1994) destaca que nas primeiras entrevistas aquele que busca auxílio acredita e confia naquele que a oferece. Confesso ter ficado surpresa com o gesto e a mensagem escrita em um envelope verde investido de esperança e de confiança. O desenho de nós duas fazia-me pensar que um vínculo importante havia se estabelecido. A escrita marcava para sempre o pedido que me fazia. Algo forte, investido libidinalmente.

Segundo Fernández (2012, p. 35),

[...] a escritura sobre o papel imprime aos traços executados um caráter de permanência, dando não só visibilidade ao gesto de quem o realizou, como também a permanência de si próprio em outra superfície.

A partir de algumas sessões de atendimento, Isabela me comunicou que estava conseguindo ler para a professora e, passado algum tempo, que conseguia conversar com algumas colegas. No final do 3º ano, participou de uma apresentação de balé para os pais. Os atendimentos seguiram mais espaçados, e no 7º ano ela foi eleita representante da turma. Assim, Isabela venceu os obstáculos de não conseguir falar quando se encontrava no espaço escolar.

O tema do mutismo seletivo nos trouxe várias interrogações, bem como a necessidade de tornar o assunto mais conhecido, tanto entre os professores como entre os psicanalistas, uma vez que outros casos surgiram no consultório. E nas redes sociais muitos pais relatam suas dificuldades quanto ao filho ou à filha não conseguir falar na escola.

Será que é um sintoma, uma defesa, um excesso de fantasia, uma vergonha, uma falha na espontaneidade?

Ou será que o mutismo seletivo ocorre, como define o DSM 5 (2013), porque a criança apresenta as características de ansiedade e fobia social?

Antes de aprofundar alguns questionamentos, parece-nos necessário saber o que significa apresentar um estudo de caso em psicanálise.

Nasio (2001, p. 11) define o caso

[...] como o relato de uma experiência singular, escrito por um terapeuta para atestar seu encontro com o paciente e respaldar um avanço teórico.

O tema do mutismo está presente na psicanálise desde cedo, quando Freud ([1893-1895] 1996) utilizou a expressão “mutismo histérico” em relação à paciente Ana O., atendida por Breuer, a qual ficou por duas semanas “desprovida de palavras” (p. 61), apesar de saber falar vários idiomas.

Citamos também Sabina Spielrein, que, segundo Cromberg (2008), em 1911 defendeu sua tese sobre um caso de esquizofrenia e no mesmo ano foi aceita pela Sociedade de Psicanálise de Viena, sendo uma das psicanalistas de crianças pioneiras, além de, conforme Roudinesco (1998), ter sido analista de Jean Piaget, teórico da psicologia genética. Em 1923 Spielrein fundou em Moscou um jardim de infância.

No filme Jornada da alma, de Roberto Faenza (2003), baseado nas correspondências trocadas entre Freud e Jung e no diário de Sabina Spielrein, encontrado na igreja onde foi morta em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, aparece um menininho de aproximadamente 5 anos de idade que se mostrava calado e não interagia. Foi necessário Spielrein utilizar diferentes técnicas para que ele pudesse se expressar verbalmente. Certo dia um macaquinho fez com que descolasse suas mãos, que pareciam estar presas, e esboçasse um sorriso. O macaquinho encantou o menino, que começou a interagir com ele e com a psicanalista.

Outro exemplo na psicanálise é o de Morgenstern em Um caso de mutismo psicogênico.1 Nasio (2010) resgatou esse escrito de Morgenstern, mencionando-o em seu livro O silêncio na psicanálise. O artigo traz dois pontos importantes: pela primeira vez se utiliza o desenho em uma escuta do silêncio, no tratamento psicanalítico, e trata-se do primeiro caso escrito de mutismo infantil na psicanálise.

A escrita de um caso deve servir como uma troca e possibilitar sua discussão – com a anuência da família, através de uma autorização assinada. Enquanto escuta, a analista deve ser capaz de se surpreender com a situação conflitiva apresentada pela analisanda, devendo realizar um esquema, ou seja, refletindo sobre os conflitos pulsionais, fazendo um desenho das fantasias presentes no discurso.

Nasio (2001, p. 19) recomenda ao analista que:

Reconstrua as fantasias primordiais, esqueça a reconstrução e deixe-a agir em você, até que – graças a uma manifestação do paciente – ela se transforme em imagens animadas.

Além da vergonha de falar na escola, como Isabela manifestou no primeiro atendimento, ela dizia ser muito difícil brincar, jogar ou criar histórias. A expressão “não sei” sempre lhe era muito forte.

Para Darwin apud Golse (2003), a vergonha faz parte dos sete afetos de um equipamento neuropsicológico de base. Os sete afetos são alegria, tristeza, raiva, desgosto, medo, vergonha e surpresa. Conforme Golse (2003), a vergonha, assim como a culpabilidade, aparece mais na adolescência, uma vez que ela é uma reedição de organizações da etapa da infância.

A partir dessa situação de um mundo psíquico pouco investido, Winnicott (1994) mostrou um recurso de atividade com crianças sem muitas regras, o qual ele hesitou em escrever para que não se caracterizasse como um teste.

Trata-se do jogo do rabisco, a partir de folhas e lápis:

Este jogo que gosto de jogar não tem regras. [...] aperto os olhos e faço um rabisco às cegas. [...] Mostre-me se se parece com alguma coisa a você ou se pode transformá-la em algo; depois, faça o mesmo comigo e verei se posso fazer algo com seu rabisco (WINNICOTT, 1994, p. 232).

Como não há regras preestabelecidas, temos utilizado na clínica o jogo do rabisco, de Winnicott (1994), em várias situações, com algumas variações, em especial quando percebemos que o criar, o imaginar e o fantasiar da criança ainda se mostra reduzido.

No caso da Isabela, além do jogo do rabisco, em que meus traços algumas vezes serviram de espelho para a imaginação dela, os rabiscos aos poucos se transformaram em textos, em histórias partilhadas e ilustradas. Contudo, faz-se necessário registrar que as histórias eram escritas nos dias em que ela escolhia dar continuidade ao texto. Foram escritas e ilustradas quatro histórias.

A primeira história, com o título Era uma vez..., versa sobre um concurso do melhor prato (sopas e bolos) a partir de um sonho de um sapo. O sapo reúne o gato, o coelho, a girafa, o canguru e começam a fazer diferentes receitas. Comida remete ao primeiro estádio da vida, em que Isabela precisou sentir melhor os sabores dos alimentos e os afetos que os acompanhavam. Assim, os alimentos e os afetos puderam ser nomeados, inventados, criados, imaginados e até fantasiados.

A segunda, com o título As melhores amigas, conta a história de três meninas, e uma delas gosta muito de escrever. Além disso, o enredo fala dos gostos de cada uma, suas rotinas envolvendo estudo, cinema, técnica de pintura, assim como festa de aniversário, onde o aniversariante era um menino que tenta descobrir todos os presentes antes de abri-los. Acreditamos não haver necessidade de fundamentar a diferença entre as duas histórias. Na segunda Isabela, que sentia vergonha de falar, relata as possibilidades de interação com pessoas da sua faixa etária.

A terceira história é sobre Dois donos e um cachorrinho. O título traz a situação de um dilema: uma menina encontra no parque um cachorrinho com uma das patas faltante, adota-o, mas tempos depois aparece o dono do cachorrinho, que o quer de volta. Aqui Isabela e eu, na escrita partilhada, pensamos alternativas, o que fazer frente a situações conflitivas, como buscar auxílio, que diálogo as pessoas envolvidas poderiam ter para resolver da melhor forma a guarda do cãozinho.

Na quarta história, com o título Conflitos e escolhas de adolescente, a personagem principal está muito empolgada com a oportunidade de participar pela primeira vez de uma festa do pijama, porém a data escolhida pelas colegas de turma é justamente o dia do aniversário do seu pai. Até que a melhor decisão fosse tomada, fizemos uma lista das possíveis vantagens e desvantagens em participar ou não de cada evento. Enquanto as opções eram listadas, surgiu a possibilidade de flexibilizar o horário como solução, podendo no início da noite participar do aniversário do pai e depois da festa do pijama.

As quatro histórias, escritas em diferentes momentos da análise, durante três anos, mostram como Isabela estava se encorajando para encarar os obstáculos e vislumbrar mais possibilidades de enfrentamento de diferentes situações do seu cotidiano. A criatividade, a imaginação e o gosto pela escrita foram, pouco a pouco, se aprimorando.

Além da escrita em coautoria das histórias e o espaço de escuta das situações trazidas por Isabela nos atendimentos, os pais foram escutados em suas dúvidas e incertezas. Aos poucos o espaço e as funções de cada um na casa puderam ser pensados e delimitados.

Bernardino (2006) comenta que o bebê é falado mesmo antes de nascer e gradativamente vai formando ‘sua pertença’ a uma família. Por outro lado, ela menciona que a vinda do bebê envolve o lugar, a estrutura e a cultura.

[...] é ao ocupar esse lugar que ele se encontrará com a estrutura, a cultura que comporá sua humanidade. No seio da estrutura familiar ele receberá a transmissão de uma língua, das tradições e costumes de sua comunidade, das leis que a regulam, além das particularidades específicas do desejo familiar, inconsciente, a seu respeito. Desta combinatória resultará um produto: sua subjetividade, seu desejo próprio (BERNARDINO, 2006, p. 27).

A subjetividade é a singularidade de cada um, mas para se constituir, ela precisa do outro em muitas das situações, especialmente nas iniciais, de dependência absoluta, passando para a relativa e aos poucos para uma maior independência, conforme Winnicott (1990). Convém lembrar que a ansiedade não é a mesma nas diferentes etapas da constituição do sujeito.

Winnicott (1990) chamou a atenção para a estruturação do ego e o tipo de ansiedade quando a criança está em um funcionamento mais primitivo, ou seja, em um período de maior dependência em relação ao outro:

[...] a ansiedade nesse estágio não é ansiedade de castração ou de separação; ela se relaciona com outras coisas, e é, na verdade, ansiedade quanto ao aniquilamento (WINNICOTT, 1990, p. 42).

A fobia social, apontada pelo DSM 5 (2013) como integrante de quem apresenta mutismo seletivo, não foi uma queixa de Isabela. Como lembra Lévy (2008), a fobia é uma das formas de reagir frente à angústia de castração, angústia que tem a ver com a interdição do incesto.

 

Tecendo algumas considerações

A partir do exposto acreditamos que foi possível trazer um fragmento de um caso clínico com a queixa inicial do mutismo seletivo. Esse tema, recorrente em nossa clínica, nas escolas e nas redes sociais, levou-nos a aprofundar o assunto na pesquisa de doutorado, no curso de psicologia social.

Pokorski (2017), na tese intitulada El impacto de la presencia de niños o adolescentes con mutismo selectivo en la dinámica grupal del salón de clase, examina os motivos que levam alguém a sentir tamanha dificuldade de se expressar verbalmente em um grupo de iguais, no ambiente escolar.

Como este espaço de escrita é bastante reduzido, podemos apenas mencionar que, após a análise dos dados e a interpretação dos resultados de nossa pesquisa, foi-nos possível afirmar que as características do mutismo seletivo estão para além da ansiedade e da fobia social, descritas pelo DSM-5 (APA, 2013), especialmente no que diz respeito ao self com falha na espontaneidade, à falta de confiança no outro, aos sentimentos de estranhamento ou de vergonha, às falhas na interioridade do sujeito, ou seja, falhas na conversação interior, associadas à pobreza de ideias, de imagens e de fantasias, bem como de um mundo da representação, do imaginativo e do criativo pouco investido.

Em alguns casos, pareceu-nos que o ambiente essencial para a constituição do sujeito mostrou-se insuficiente frente às demandas daquela criança ou daquele adolescente, não descartando os possíveis fantasmas do fenômeno coinconsciente grupal, que perpassam gerações, conforme descreveram Naffah Neto (2012) e Gutfreind (2010).

Em função das mudanças na intensidade dos vínculos, de um laço parental e social mais fluido, supomos que, como escreve Kristeva (2002), além da existência do mutismo seletivo, está se desenhando um mutismo psíquico, no qual as pessoas manifestam dificuldades de representar, ou seja, de evocar no presente o que está ausente. Essa situação da dificuldade na representação nos leva a crer que a capacidade de simbolizar se encontra em risco.

Portanto, como diz Lebrun (2008), gradativamente o ser humano vem se emancipando da falta, não mais sendo filho de um Deus, mas filho da ciência, ou seja, filho de ninguém. Além disso, os pais (mãe e pai) não querem pôr em risco o ‘amor’ dos filhos e cedem com facilidade às suas exigências, renunciam ao seu papel de educá-los, de humanizá-los e, principalmente, têm muito pouco tempo para conversar com eles. As narrativas das histórias vêm dividindo ou perdendo espaço e tempo para o mundo virtual.

Segundo Golse (2003), a narratividade ordena os processos de ligação com o outro e tem uma função antitraumática, pois abre espaço para o novo e para o inédito.

 

Referências

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Endereço para correspondência
E-mail: melaniawagnerfp@gmail.com

Recebido em: 09/09/2018
Aprovado em: 20/09/2018

 

 

SOBRE A AUTORA

Maria Melania Wagner Franckowiak Pokorski
Psicanalista.
Sócia do Círculo Psicanalítico do Rio Grande do Sul (CPRS).
Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Doutora em Psicologia Social pela Universidad Kennedy de Buenos Aires (AR).

 

 

1 Este artigo sobre mutismo foi publicado pela primeira vez em Revista de Psicanálise, 1927, I, p. 492-504 e retomado em Psicanálise infantil, de 1935.

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