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Estudos de Psicanálise

Print version ISSN 0100-3437

Estud. psicanal.  no.53 Belo Horizonte Jan./June 2020

 

EDITORIAL

 

Uma das medidas da importância social e científica de uma instituição é a relevância que ela apresenta na sociedade maior à qual pertence, pelo que deixa de registro acessível do produto de seu trabalho e de suas pesquisas a um grande número de pessoas.

O Círculo Brasileiro de Psicanálise (CBP), federação que congrega várias unidades pelo Brasil, prova sua força e seu valor no meio psicanalítico, principalmente pela publicação semestral da sua revista Estudos de Psicanálise, que traz em si a memória de vários eventos de relevo nas áreas do saber e do fazer psicanalíticos.

Tal fato nos diz do empenho dessa instituição em manter vivo e atuante esse meio de comunicação que conecta autores e leitores de todo o Brasil.

O presente número da Estudos de Psicanálise traz um panorama variado do que tem sido feito na psicanálise no Brasil e mesmo no exterior. Os artigos estão divididos em quatro seções:

1. Artigo de autora convidada.

2. Artigos que foram apresentados no XXI Fórum Internacional de Psicanálise, evento da International Federation of Psychoanalytic Societies (IFPS), à qual o CBP é filiado, acontecido em Lisboa, em fevereiro de 2020, sob o título Encontro psicanalítico: conflito e mudança.

3. Artigos que foram apresentados no XXXIII Congresso do Círculo Brasileiro de Psicanálise, sediado em Belém do Pará, em novembro de 2019, sobre o tema Psicanálise e diversidades: inconsciente, cultura e caminhos pulsionais.

4. Artigos diversos sobre Clínica, Teoria e Cultura.

A autora convidada desta edição é a psicanalista Cristina Nunes, presidente do Fórum de Lisboa e pertencente à Associação Psicanalítica Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica. Seu trabalho, apresentado em uma plenária do referido Fórum, tem como título Navegando pelo rio da contratransferência: encontros e desencontros com a identificação projetiva e com a contraidentificação projetiva.

Portugal começou a participar da IFPS no encontro em Nova York, em 2016. O Fórum de Lisboa aconteceu ainda antes da declaração do estado de pandemia, que tem nos assolado durante todo o ano de 2020. Congregou participantes de vários países filiados à IFPS, sendo grande o número de brasileiros presentes. O fato de termos as nossas origens em Portugal e a mesma língua estimulou a participação de analistas do Brasil, que contribuíram com vários trabalhos, desde a participação em plenárias até o prêmio máximo que é concedido ao texto de um candidato em formação. Pela terceira vez consecutiva o prêmio foi para a apresentação de uma brasileira (os anteriores aconteceram nos fóruns de Nova York, em 2016 e de Florença em 2018, sendo do CBP-RJ os dois ganhadores de então). Esse fato atesta a boa qualidade da formação de novos psicanalistas feita no Brasil, além da garra e do talento de nossos jovens candidatos.

Os temas do Fórum compuseram um painel das várias frentes do exercício da psicanálise no Brasil, o que pode ser verificado nos artigos que constam desta atual edição. Os trabalhos contemplaram não só abordagens teóricas variadas, como também casos clínicos de grande riqueza e trabalhos realizados nas próprias instituições de psicanálise.

Temos que ressaltar o agradável clima afetivo vivido por todos que participamos. De agora em diante, foram facilitadas a colaboração e a divulgação do que é feito em Portugal e no Brasil, até essa data quase inexistentes.

Apresentamos também, neste número, dois artigos remanescentes do XXXIII Congresso do CBP em Belém do Pará, realizado em novembro de 2019. Belém é a federada caçula do CBP, mas já mostrou a que veio. Seu congresso foi muito instigante. O número 52 da Estudos de Psicanálise (anterior a este) apresentou vários trabalhos desse encontro. A contribuição de Belém tem sido muito preciosa e bastante inédita, principalmente por abordar temas da nossa herança indígena, na sua riqueza cultural, ensejada pela localização amazônica do estado do Pará e de seus estudos etnológicos. Foi também um evento pautado pelas relações amistosas e pelo entusiasmo à extensão da psicanálise.

A última seção apresenta um cardápio variado sobre Clínica, Teoria e Cultura. Temos aí tanto as considerações sobre nosso tempo pandêmico quanto sobre as vicissitudes da ampla utilização da cibernética, com suas vantagens e desvantagens, incluindo suas produções artísticas. Os artigos ainda discutem a história como centro de gravidade do sujeito, as fontes de adoecimento no mundo de hoje, a clínica atual com seus desafios, enfim, um panorama de assuntos que mostram a pulsação do inconsciente e da psicanálise.

O que se deseja de uma revista é que ela indique, provoque, proponha, com a agilidade que lhe é própria, novas vias de reflexão, diferentes rumos a tentar, várias formas de trabalhar e de viver a psicanálise.

Neste número 53 da Estudos de Psicanálise esperamos ter conseguido cumprir esse desafio.

Eliana Rodrigues Pereira Mendes

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