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Estudos de Psicanálise

versão impressa ISSN 0100-3437versão On-line ISSN 2175-3482

Estud. psicanal.  no.56 Belo Horizonte jul./dez. 2021

 

MESAS E TRABALHOS – XXVI CONGRESSO DO CÍRCULO BRASILEIRO DE PSICANÁLISE - PARA ALÉM DA PANDEMIA: ECOS NA PSICANÁLISE

 

Clínica psicanalítica on-line: articulações com a ficção1

 

On-line psychoanalytic clinic: articulations with fiction

 

Anna Lucia Leão LopezI; Maria Beatriz Jacques RamosII; Noeli Reck MaggiII; Paola FachiniII

I Círculo Brasileiro de Psicanálise – Seção Rio de Janeiro
II Círculo Psicanalítico do Rio Grande do Sul

 

 


RESUMO

A história contada no seriado O gambito da rainha, imersa no desamparo, no luto e na dor psíquica é o tema deste texto que aponta para algumas reflexões baseadas na literatura psicanalítica de Freud, Green, Ogden, Bowlby, Klein e Winnicott. O trabalho se propõe a abordar questões sobre morte, adoção, narcisismo e superação das dificuldades vivenciadas pela protagonista do seriado para uma reflexão e associação com os momentos da realidade atual, vivenciados pela condição humana, especialmente nestes tempos de pandemia.

Palavras-chave: Morte, Adoção, Narcisismo, O gambito da rainha, Psicanálise.


ABSTRACT

The story told in the TV series "The Queen's Gambit", immersed in helplessness, mourning and psychic pain is the theme of this text, which points to some reflections based on the psychoanalytic literature of Freud, Green, Ogden, Bowlby, Klein and Winnicott. The work proposes to address issues about death, adoption, narcissism and overcoming difficulties experienced by the protagonist of the TV series, to reflect on and associate them with moments of current reality, experienced by the human condition, especially in these pandemic times.

Keywords: Death, Adoption, Narcissism, The Queen's Gambit, Psychoanalysis.


 

Os primeiros anos de vida são como
os primeiros lances de uma partida de xadrez:
dão a orientação e o estilo de toda partida,
mas enquanto não vem o xeque-mate,
ainda há belas jogadas a serem feitas.

ANNA FREUD

 

Introdução

Um encontro virtual com a finalidade de ampliar e aprofundar o debate sobre cinema e psicanálise promovido pelo Círculo Psicanalítico do Rio Grande do Sul (CPRS) fortaleceu o desejo de manter vivas as ideias sobre a arte, o cinema e a psicanálise. O seriado O gambito da rainha foi escolhido pelas psicanalistas autoras do presente texto para refletir sobre o tema da morte, da adoção, do narcisismo e da superação das perdas do sujeito. A minissérie ficcional conta a história de Elisabeth desde a infância até a adultez, na década de 1960, em Paris. Sua mãe provoca um acidente de carro, planeja a morte e carrega a filha para um desfecho aterrador. Elisabeth sobrevive, sai do carro e, parada na estrada, olha para frente. A mãe, objeto de amor primário, morre, mas deixa à menina a condição de colocar algo no lugar da perda. Para além da realidade, Elisabeth tem recursos intrapsíquicos, conhecimentos, experiências de presença e ausência que favorecem a ligação com o outro. Ela é levada para um orfanato e se torna, pelo uso obrigatório, dependente de drogas sintéticas. Ainda assim, a tenacidade e a representação favorecem a capacidade de ficar só e de cuidar de si mesma. Essa personagem se abastece no xadrez, nas competições e, finalmente, enfrenta a jogada decisiva de sua vida num torneio na Rússia: move o 1.º peão na frente da rainha e faz o "gambito da rainha". Abandona a rainha-mãe vulnerável que a adotou, segue em frente, supera o medo e adere ao desafio de buscar novas ligações. A superação das perdas vai se expressando nos diferentes momentos da vida da personagem do seriado como uma arte.

 

A morte como experiência vivida

A série, de grande audiência no mundo, permite a reflexão sobre vários temas caros a todos nós, psicanalistas. Em 1950, Beth está com a mãe Alice, que discute com um homem e entra no carro com a filha. A menina, no banco de trás, vê os olhos da mãe no espelho retrovisor no momento em que ela diz: "feche seus olhos". A batida de frente em um caminhão parece ser um suicídio.

Vemos a cena da mãe morta e coberta no chão. Elizabeth, rígida, em estado de choque, não chora. A polícia leva a menina para o orfanato, onde crianças são recolhidas e submetidas a uma pesada dosagem de psicotrópicos para lidar com o luto, a perda e vários sofrimentos. Nenhuma palavra é dita a respeito da morte da mãe ou da ida ao orfanato: Beth vive o maior trauma da vida de uma criança – ver a mãe morrer – sem poder chorar nem falar. Ressalta-se a importância do choro: chorar é um fato que acalma, coloca as emoções para fora, permite a elaboração da perda e do luto.

Faz diferença perder os objetos primários na primeira infância, especialmente até os 5 anos, ou na segunda infância, até 12 anos. Na primeira infância, a criança pensa que a pessoa morta retornará, como nos desenhos a que assiste, em que pessoas e animais morrem e retornam. Antes dos três anos, não há ideia da reversibilidade; persiste uma impossibilidade de conservar as transformações entre um momento e outro da realidade. Nessa idade, predomina o pensamento mágico: alguém voou, uma fada levou, etc. O adulto necessita falar em morte ajudando a criança a aceitar essa parte dolorosa da existência. Entre 6 e 9 anos, a criança entende a morte pelas causas biológicas como doenças, infarto, diabetes, entre outras.

Sabemos que ritos e memórias são fundamentais para elaborar o luto. Quão traumática é a morte em tempos de pandemia, em que esses rituais são proibidos?

Contos e histórias de "era uma vez" permitem à criança elaborar os conflitos e se defrontar com a ampla gama de experiências humanas: nascimento, morte, inveja e rivalidade entre irmãos. Nos contos de fadas, quando a mãe morre logo após o nascimento da criança, fica em seu lugar a madrasta, a mulher do novo casamento do pai. Nessa situação, poderá ocorrer tanto a idealização da mãe morta, uma vez que não houve a possibilidade de a criança desenvolver sentimentos hostis para com ela, quanto sentimentos de abandono e dor. Por que ela – a minha mãe – não quis viver comigo? Eu não era motivo suficiente para ela querer viver?

A morte de um genitor significa romper o "apego" fundamental para a segurança emocional da criança. Bowlby (2001) fala em "privação materna" como fator de sérios distúrbios psíquicos na criança. O autor divide esse evento traumático em três etapas: (a) fase de protesto; (b) fase de desespero; e (c) fase de desligamento. Primeiro com lágrimas e raiva, a criança exige o retorno da mãe e tem esperança de revê-la. Depois de vários dias, a esperança converte-se em desespero, e o desespero em renovação da esperança. Na terceira fase, acontece uma mudança maior, o desligamento. Há, então, o perigo de que a criança fique permanentemente desligada e nunca mais recupere sua afeição pelos pais. De maneira geral, os mesmos tipos de respostas acontecem, na mesma sequência, em qualquer idade em que se perde uma pessoa amada.

Vários autores mostram que, na vida de pessoas gravemente enfermas psiquicamente, houve, durante a infância, uma elevada incidência de perdas, como a chamada reação de aniversário, quando a lembrança da morte do ente querido reativa o sentimento de perda e de ter sido abandonado.

É possível para uma criança de nove anos, como Beth, aceitar que a mãe seja irreparavelmente ausente? Beth não pôde chorar, não pôde cumprir rituais nem falar com alguém. Aí surgem ansiedade e protesto, desespero e desorganização, desligamento e reorganização. Ela não teve a continência da família, não recebeu o afeto do outro genitor, viu a morte da mãe ocorrer sem poder fazer nada, sem nenhum suporte afetivo. A notícia da morte deve ser dada pelo outro genitor o mais rápido possível, quando houver; mas, no seu caso, nada disso houve.

A tarefa de elaborar o luto é certamente mais difícil sem o suporte da família. Sabemos que a própria experiência de separação e o sentimento de solidão podem gerar processos defensivos como a repressão, que tornam inconscientes a dor da perda e o sentimento de abandono, dificultando, assim, sua elaboração na continuidade da vida.

Para tanto, importa saber como a criança estrutura outros processos defensivos para lidar com a morte, como a repressão e a "divisão no ego", segundo (FREUD, [1940/1938] 1989) no seu ensaio A divisão do ego no processo de defesa. Nesses casos, uma parte da personalidade secreta mas consciente, nega que a pessoa tenha realmente desaparecido; simultaneamente, outra parte da personalidade compartilha o conhecimento de que a pessoa amada está perdida para sempre. Essas duas partes incompatíveis coexistem durante anos. Assim como a repressão, a divisão do eu causará adoecimentos psíquicos futuros, estados de ansiedade, histeria, melancolia, distúrbios de caráter, transtornos de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), distúrbios de oposição ou de conduta. Isso depende da presença de traumas anteriores, depende da reação do outro genitor e do comportamento de outros adultos que poderão facilitar ou dificultar a sustentação afetiva e a continência da dor.

Melanie Klein (1970, p. 393) escreveu um capítulo sobre o luto e sua relação com os estados maníaco-depressivos e diz que:

[...] o objeto do luto é o seio da mãe e tudo o que o seio e o leite chegaram a ser na mente da criança, ou seja: amor, bondade e segurança. A criança sente que perdeu isto tudo e que esta perda é o resultado de sua incontrolável voracidade e de suas próprias fantasias e impulsos destrutivos contra o seio da mãe [...] a criança, ao incorporar seus pais, sente-os como pessoas vivas dentro de seu corpo, de modo concreto. Assim se edifica um mundo interno na mente inconsciente da criança, correspondendo às suas experiências reais e às impressões que ela obtém da gente e do mundo externo, ainda que alterado por suas próprias fantasias e impulsos.

De acordo com Melanie Klein (1970), o ego desenvolve, além das defesas mais primitivas, métodos defensivos como as defesas maníacas, construindo fantasias onipotentes e violentas, com o objetivo de controlar e dominar os objetos maus e perigosos, e para salvar e proteger os objetos amados.

Podemos supor que essa mãe que cometeu suicídio provavelmente transmitiu sentimentos de abandono antes da morte. Como foram os primeiros nove anos juntas? Segundo Klein, internalizar o objeto doador de vida, o seio bom é a base da confiança. A relação sexual entre os pais, como ato criativo do qual vem a vida, é uma crença que precisa ser construída. Houve essa experiência na vida de Beth? As coisas boas que vieram antes de nós e que continuarão permitem-nos aceitar a ideia da mortalidade. O amadurecimento psíquico depende da boa travessia do Édipo. Nascemos de uma relação amorosa de um casal, sofremos pela exclusão, criamos esperanças no futuro. Será que Beth, quando bebê, teve a fantasia onipotente de ser una com a mãe, para depois poder suportar a desilusão?

Winnicott (1994) afirma que ninguém atinge a maturidade estável, quando adulto, sem ter sido cuidado por alguém nas etapas iniciais e que é importante manter a imagem da figura parental no psiquismo como referência de experiências emocionais intensas de amor, raiva e sobrevivência ao uso do objeto. O amor é o que vem depois da destruição. Segundo Winnicott (1994), crianças com tendências destrutivas carregam dentro de si os sentimentos destrutivos da mãe como aparecem na vida de Beth.

Segundo Dejours (2019, p. 21), "os lutos afetam a economia erótica do sujeito durante toda a sua vida", uma vez que a construção do corpo erótico é o resultado de um diálogo em torno do corpo, apoia-se nos cuidados dispensados pelos pais nos primeiros anos de vida, junto com as marcas das relações entre os pais.

O psicanalista André Green, em 1988, escreveu o célebre artigo A mãe morta . Para Green, a mãe está morta mentalmente, ainda que viva fisicamente. Por isso não pode acolher, metabolizar a angústia nem ensinar a suportar a dor.

Com a falta de investimento amoroso materno, surge uma perda de sentido que levará a criança a tomar medidas drásticas, tais como o desinvestimento de objetos externos e a identificação inconsciente com uma mãe enlutada [...] essa identificação tornará a criança passiva e desvitalizada, vivendo um luto interminável. O que está em jogo é a vitalidade da relação mãe-bebê (TALYA, 2020, p. 100).

Outro grande analista contemporâneo, Thomas Ogden (2016, p. 72), explica que o analista desenvolve a potencialidade de portar consigo a dor da criança até que ela possa suportá-la. Essa capacidade de suportar a dor da criança é importante tanto quanto a de devolver à criança sua própria dor: uma parte vital de si. O sujeito morre na medida em que a experiência traumática permanece não vivida.

Perder a capacidade de dar sentido à trajetória humana é extremamente empobrecedor, porque impossibilita a criação de uma narrativa sobre a própria existência. Por esse motivo, também é desejável que uma criança, ao perder um dos genitores ou outro cuidador, possa passar por uma experiência terapêutica que lhe possibilite refazer laços afetivos, poder brincar e falar a respeito de suas intensas emoções.

 

Adoção e orfandade em Gambito da rainha, na pandemia e em todos nós

É a partir da adoção, aos 15 anos, da personagem principal Elisabeth da série Gambito da rainha e do percurso da personagem e sua mãe adotiva para estabelecerem uma relação mãe-filha que surge a reflexão apresentada sobre a questão da adoção para o sujeito humano.

Em nosso contexto de pandemia da covid-19, nos deparamos com os órfãos da pandemia, seja por perderem seus pais para a doença, seja por serem entregues aos orfanatos devido à falta de condições financeiras dos pais para sustentá-los. De acordo com dados publicados no site Brasil de Fato (2021), no Brasil há aproximadamente 282.000 órfãos da covid-19. No presente trabalho, este ponto não será desenvolvido e sim utilizado para reflexão, uma vez que a consequência social da pandemia ainda é uma questão aberta e cada vez mais profunda e complexa. Diante dessa realidade, enquanto analistas, precisamos estar atentos aos efeitos da pandemia, estar disponíveis para a escuta. Como diz Catão (2020): "A essência da atividade clínica é a escuta do paciente. A clínica é isso, inclinar-se para escutar".

Ao longo da série, constantemente a câmara direciona para o olhar de Elizabeth. Enquanto sujeito, somos constituídos a partir do olhar do Outro, precisamos desse olhar primordial. Elizabeth se constituiu, uma vez que ela viveu com sua mãe biológica até os 9 anos. Se, no momento da adoção, ela tem 15 anos, com seu aparelho psíquico constituído, isso nos aponta para a possibilidade de pensar que a personagem, ao ser adotada, regride ao seu arcaico. Na cena do primeiro encontro de Elizabeth com a mãe adotiva no orfanato, aquelas que virão a ser mãe e filha, é possível identificar que há um encontro de olhares. Uma cena que remete ao primeiro encontro de olhar entre mãe-bebê.

O desamparo primordial é constitutivo para o sujeito humano, porém ele precisa encontrar alguém que o adote. Todo bebê nasce desamparado e precisa ser adotado. Todo filho, biológico ou não, precisa ser adotado. Como afirma Ceccarelli (2002, p. 88), "do ponto de vista psicológico, as famílias são sempre construídas e os filhos sempre adotivos".

A maternidade está para além de gerar uma criança. Toda criança precisa ser adotada, na medida em que precisa sair da dimensão de idealização para a dimensão real. Uma mãe vai sempre precisar fazer um luto do filho idealizado e ser o suporte concreto do filho real. Garrafa (2021, p. 57) afirma:

A entrada na parentalidade não é, portanto, decorrência da gestação e do parto, mas de um ato da mulher ou do homem que assume o lugar de mãe e de pai de uma criança. Nesse sentido, para a psicanálise, o ponto de partida da parentalidade sempre implica o paradigma da adoção.

Assim, quando a criança chega, quem se nomeia mãe ou pai terá que se haver com o filho real, que não é o mesmo idealizado. E, para ocupar esse lugar, será necessário suportar e amar a criança real. É importante ressaltar que, antes de existir, a criança já existe no desejo daquele que irá nomear-se mãe ou pai. Isso independe se aquela criança foi ou não planejada e desejada previamente, pois há uma marca que a antecede. Diria que vale mais uma marca negativa que nenhuma. Sendo assim, é imprescindível que haja uma marca, um lugar, uma idealização daquele filho.

Voltando ao Gambito da rainha, destaca-se a cena em que Elisabeth, ao chegar em sua nova casa, seu "lar doce lar", surpreende-se com o seu quarto e pergunta: "É todo meu?". Ela se depara com um espaço para ocupar, existir como uma filha. Situação análoga a quando um bebê chega nas famílias e é aberto um espaço para ele. Somos todos adotados, todos temos nossa história de adoção. Precisamos que alguém nos acolha na nossa chegada no mundo. Elizabeth foi sendo acolhida, sua mãe adotiva se disponibiliza a aprender a ser mãe, sua mãe. Na série, a mãe adotiva diz para Elizabeth: "Posso aprender a ser mãe".

O sujeito humano tem um trajeto identificatório:

[...] é por meio das identificações que a criança introjeta e incorpora os ideais sociais que, no caso de pais e filhos adotantes, estão, muitas vezes, em oposição ao conceito tradicional de família (CECCARELLI, 2016).

Nota-se que, na série, a mãe adotiva toma os remédios que Elizabeth usava no orfanato. Elizabeth, observando os gestos da mãe adotiva e de seus adversários no xadrez (aqueles que se sentam na sua frente, como um espelho), imita, identificando-se, reconhecendo-se. Na série, isso fica exemplificado numa cena em que mãe e filha bebem cerveja assistindo TV na cama, na mesma posição.

Percebemos que essa relação mãe e filha vai sendo construída, costurada. Quando a mãe adotiva diz para Elizabeth que vai vê-la jogar no campeonato de xadrez, pela primeira vez, seu olho brilha e ela sorri. No campeonato, há troca de olhares. Ela se sente olhada, admirada pelos outros. É uma cena importante, pois a mãe adotiva assiste ao jogo e aplaude sua filha. Catão (2008, p. 32) observa que "o estado de desamparo cria a necessidade de ser amado".

Depois desse jogo, elas fazem um acordo; a mãe será agente da filha, ela cuidará dos negócios da filha. Nessa cena, Elizabeth oferece o braço para a mãe e de braços dados elas caminham juntas. A partir desse momento, elas passam a viajar juntas, a ter tempo juntas, estão de mãos dadas. Numa noite de Natal, no avião, a mãe adotiva oferece martíni para a filha, sua bebida favorita. Nesse cenário, há um "brinde à maternidade", mãe e filha brindam, comemoram.

Outra cena importante é uma conversa entre mãe e filha. Elisabeth pode conversar com a mãe adotiva e ser escutada. Existe uma mãe disponível para escutá-la, interessada pelo que ela lhe diz e sente, que dá importância. Na formatura de Elizabeth, sua mãe adotiva lhe diz: "orgulho de você" e lhe dá um relógio escrito: "Com amor, mamãe". No início da relação de Elizabeth e sua mãe adotiva, escutamos a mãe tocar piano melancolicamente e com pânico de palco. Antes de morrer, ela toca alegremente no bar de um hotel onde elas estão hospedadas para um campeonato. E diz para a filha: "Toco bem se for por diversão".

Elisabeth perde a mãe adotiva. Ela já pode suportar a perda. Ainda não é um xeque-mate, novas jogadas virão.

 

As fronteiras do narcisismo no jogo de xadrez

Algumas cenas da minissérie ficcional transcorrida em Paris, em 1967, mostram aspectos importantes das construções intrapsíquica e intersubjetiva da personagem Elisabeth Harmon. Entre elas, destacam-se o acidente de carro com a mãe; a mãe, objeto de pulsão, amor primário, se suicida e deixa padecimentos narcísicos à filha, que tem 9 anos.

Na sequência, a menina é encaminhada para um orfanato, no qual se depara com 21 meninas num alojamento coletivo. Recebe uma cama, duas gavetas e uma roupa. Porém, para além do ambiente, estão suas roupagens. Ela mostra vivências de presença/ausência e não tem um terceiro para dar significado ao abandono, acolher seu sofrimento, até surgirem o zelador e o jogo de xadrez.

Desde a infância, aparecem a clivagem, a sexualidade aprisionada nas compulsões, anfetaminas e álcool, a angústia de perda e intrusão, elucidada na cena da praia, na qual a mãe mergulha, depois desaparece/aparece numa ilhota e acena para a filha que chora. A mãe aciona angústia. Uma angústia que irá acompanhá-la no decorrer do tempo. No reencontro, as duas se abraçam num ato de desespero.

Aos 13 anos, Elisabeth é aluna-modelo em aritmética e literatura. É adotada por uma mulher com afeto deprimido e um homem ausente, um "casal aparente". Aos poucos, ela aceita sua ‘nova-velha-mãe' e procura se integrar em torneios e competições nos quais se instauram uma relação com a realidade. O psiquismo passa a ser governado pela realidade, mas não ultrapassa o princípio do prazer, pois este é uma salvaguarda. Faz viagens e compras, aparecem transformações na criança, na adolescente e na mulher. Sua meta: ganhar.

Na fase adulta, inscreve-se no torneio aberto dos EUA realizado na Rússia. Ela estuda russo, vive relacionamentos amorosos atabalhoados, faz uso de bebidas alcóolicas, aparece perturbada e deprimida como suas mães. Tenta cobrir os buracos psíquicos, reconhece que nunca poderá ser mãe, pois não tem provisões suficientes para nutrir alguém, não tem alimento suficiente nem para si mesma.

Depois da morte da mãe adotiva, por hepatite, Elisabeth providencia o enterro e comenta: "A pessoa mais forte é a que não tem medo de ficar sozinha. Porque tem de dar um jeito de cuidar de si mesma."

Nela habitam desfiliação e culpa. A saída é o xadrez. Na partida final do campeonato, arrisca o gambito, move o 1.º peão na frente da rainha. Desfruta a vitória: finalmente mata a rainha-mãe.

 

Os narcisismos de Elisabeth

Como acessar o amor-próprio dessa figura dramática? Suas nuances narcísicas? Percebe-se a síntese ego-narcísica na luta contra a perda. Elisabeth conhece, em parte, o "não" de modo cindido, com estados de vazio e destrutividade. Nos contornos da menina e da adolescente, são experenciadas a psicose branca, o luto e o negativo na força bruta da pulsão de morte.

Sua constituição psíquica se revela na singularidade indizível, na ação e na palavra, nas imprevisíveis teias relacionais e no desafio de simbolizar, criar representação, dirimir a crueldade voltada contra si mesma, pois em muitos momentos é a morte que prevalece nas atuações e rompimentos com o real-social.

Os disfarces, nos atos de sobrevivência, estão presentes no silêncio, na analidade como proteção a uma regressão oral, na qual a mãe morta reverbera na obstinação, na recusa da dependência e no controle do outro, seja um adversário ou não.

Seu sintoma: jogar, enxadrezar o desejo, os sonhos delirantes e a orfandade. Esses sintomas partem das fantasias inconscientes, se impõem entre Narciso e Édipo, acessam aspirações, despontam no legado da mãe que não se deixa apagar e impossibilita a separação.

Na psicanálise kleiniana, o amor-ódio, as fantasias inconscientes, as angústias e as defesas estão enlaçadas, desde o nascimento, nas relações objetais. O que fundamenta uma estrutura psíquica sadia e estável é a confiabilidade nos objetos externos, principalmente a mãe, como a primeira sustentadora da capacidade de tolerar a angústia da separação, da falta no objeto (KLEIN, 1996).

A partir dos narcisismos e suas transformações decorrentes das introjeções e projeções, são expostas suas exigências superegoicas: comportamentos, pensamentos e sentimentos. Aos poucos, a destrutividade voltada contra si mesma cede lugar à luta, à agressividade para apostar, para triunfar diante das agruras do passado presente. A energia libidinal investida no jogo determina o caminho de Elisabeth na via da compulsão à repetição.

A expressão "narcisismo de vida, narcisismo de morte", título de uma das obras de Green (1988), permite ilustrar essa personagem nos processos de ligação e desligamento narcísicos. Investimentos psíquicos cujos objetivos pulsionais são a função desobjetalizante, a desvitalização, o desinvestimento e a função objetalizante, criação de uma relação com o objeto, mas também transformação das estruturas em objetos, mesmo quando não estão mais em questão, em presença.

Os movimentos de expansão do eu testemunham a reflexibilidade, o não à queda de aniquilamento. No vaivém econômico, tópico e dinâmico, surgem as distinções e a incansável luta de sobrevivência.

O narcisismo gravita entre ligação e desligamento, traduzido em linguagem, inflige marcas ou feridas/afetos deprimidos. Na manifestação do narcisismo, emerge a identidade inscrita no outro e nos outros do outro. O narcisismo tem nuanças que podem qualificar ou desqualificar o eu e as demais pessoas. Aparece no pensar, no agir e no sentir por meio das expectativas e das ambições pessoais (GREEN, 1988).

O narcisismo primário percorre o desenvolvimento psíquico no estado de prazer-desprazer, no desejo e no discurso parental. O narcisismo influencia o modo de perceber e de eleger relacionamentos agregadores ou calcados na autossuficiência. No decorrer da história, a personagem passa por modificações corporais, sociais, afetivas, desencontros e encontros com emoções matizadas de vida e de morte. Ela enfrenta frustrações, oposições, defesas maníacas, medos e culpa.

Bion (1970) enfatiza o quanto é difícil para os seres humanos relacionarem-se uns com os outros de forma realista numa tarefa conjunta. Ele descreve o ser humano como um ser grupal, que não progride sem outros seres humanos. Mas não pode progredir muito bem com eles. O autor mostra que o conteúdo dos papéis que desempenhamos é, em parte, determinado por sistemas de projeção que se fazem refletir sobre algumas situações em que a ansiedade relativa à própria capacidade de realização é projetada para outras pessoas, numa tendência de surrupiar suas potencialidades, diminuí-las, subestimá-las.

Em cada vitória, Elisabeth adentra na mudança, com apoio de alguns parceiros, fortalece o amor-próprio e contorna as fronteiras do self. Lentamente, se reconhece como ser-autor, conquista autonomia e autoria, expõe o desejo de habitar o mundo e ser habitada por ele. Aprende a conviver com a "morte em vida". Sente-se respeitada e aceita. O Eu se tonifica com novos vínculos, com a ampliação das identificações e aprendizagens.

Essas observações sobre o narcisismo de Harmon não são conclusivas. São metafóricas diante dos traços e das configurações singulares dessa personalidade que submerge no vai e vem do negativo estruturante-desestruturante.

Com esses comentários, percebe-se que o analista deve manter-se atento à fala narrativa, à transferência reverberante da fantasia inconsciente e à dupla inscrição periférica e enganosa, em torno do luto branco da mãe morta, para abarcar a roupagem narcísica das dimensões intrapsíquica e intersubjetiva na clínica do vazio.

Toda ação de análise visa, portanto, devolver à estrutura psíquica sua liberdade de movimento, ao deixar o analisando mestre de sua decisão, às vezes sem se preocupar com o despojo de sua análise, da qual ele permite ao analista dispor à vontade, mas sem envolver aquele que penou muito para se desfazer de sua pele (GREEN, 2010).

 

A arte na experiência de perder

A sequência dos episódios mostra reincidentes perdas vivenciadas pelos personagens que compõem a história. Alguns questionamentos emergem sobre esse tema. Em que momento da vida de um sujeito ele experimenta "a perda" e o que representa "a arte de perder"? A literatura psicanalítica revela que, desde o nascimento, o ser humano enfrenta a experiência de perder. Tornar-se consciente de sua existência, pensar na sua condição "como humano" desde a sua origem mais primitiva é um ato doloroso, porquanto o primeiro pensamento surge quando se aceita a dor da perda, a dor da frustração. A criança solitária, personagem da história, fixa o olhar sobre a mãe morta e vivencia, naquele momento, uma trágica perda.

Qual a dor sentida por uma criança que não chora a morte da mãe enquanto um policial a encaminha para o orfanato, um local onde crianças e adolescentes vivem o drama de terem sido abandonadas, privadas ou excluídas de um lar? A perda e o luto se fazem presentes no orfanato desde as filas para receber a alimentação como para receber o suprimento de vitaminas. Assim, parece estar lançada a base para pensar o desenvolvimento psíquico dessa menina.

Ansiedade e consternação podem ser causadas por separação de entes queridos. Um profundo e prolongado pesar pode seguir após a morte de um deles, assim como os riscos decorrentes desses eventos podem interferir na saúde mental. Atentos a esses fatos, os psicanalistas escutam o sofrimento dos pacientes, que pode ser atribuído a uma reparação ou a uma perda que ocorreu, seja recentemente, seja em algum período anterior da vida. Isso é o que nos diz Bowlby (2001, p. 114), quando trata da formação de laços afetivos, rompimento, perdas e separações.

Ansiedade crônica, depressão intermitente ou suicídio são alguns dos tipos mais comuns de problemas que hoje sabemos serem atribuíveis a tais experiências. Além disso, sabe-se que as interrupções prolongadas ou repetidas do vínculo entre a mãe e o filho pequeno, durante os primeiros cinco anos de vida da criança, são especialmente frequentes em pacientes diagnosticados mais tarde como personalidades psicopáticas ou sociopáticas.

Talvez a tarefa mais importante do psicanalista seja acompanhar o seu paciente para que ele não venha a se evadir das frustrações, mas que tente modificá-las. Uma forte predominância de evasão das frustrações e das verdades intoleráveis pode resultar no enfrentamento das circunstâncias da vida com negação da realidade e com predominante sentimento de onipotência.

Elizabeth, após sua internação no orfanato, tentou apegar-se a algumas pessoas ou situações que revelavam possíveis saídas para seus conflitos internos: a colega que lhe transmitia os truques com o uso dos medicamentos, o senhor solitário que, no subsolo do prédio, exercitava o jogo de xadrez. Agarrava-se a esses objetos e situações como alternativas de sobrevivência. A menina, órfã dos pais, perdia e, ao mesmo tempo, ganhava força, coragem e determinação para continuar a viver.

Bowlby (1984, p. 232-233), no seu livro Apego e perda:  Separação - angústia e raiva, afirma: "O comportamento de agarrar – literal ou figurativamente – é observado em todas as fases da vida". O autor afirma que, de modo inusitadamente frequente, comportamento de apego, mesmo que não haja explicações para tal comportamento, essa maneira insistente de se comportar pode ser reveladora de uma perda, de um trauma no desenvolvimento inicial. "Há pessoas de todas as idades inclinadas a exibir, de modo inusitadamente frequente, comportamento de apego". Pode ser, segundo o autor, uma manifestação de temor de que as figuras de apego se mostrem inacessíveis, ou de que a relação afetiva com alguém possa terminar.

A protagonista do seriado, que já tinha experimentado muitas perdas, inclinou-se inteiramente ao jogo de xadrez. Encontrava-se no orfanato, onde as crianças viviam em um mundo imprevisível, onde as figuras de apego se tornavam inacessíveis com muita frequência. Embora as pesquisas (BOWLBY, 1989) revelem que crianças entre 4 e 14 anos que perderam seus pais por suicídio tornaram-se perturbadas e com severos traços psiquiátricos, não parece ter sido esse o destino de Elizabeth que busca, de forma quase compulsiva, o jogo para investir a sua energia. No enigma do deslocamento das peças, obtém um resultado exitoso e encontra o sentido para a sua vida.

No texto Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, ao abordar os processos afetivos e o trabalho intelectual na organização da sexualidade infantil, Freud ([1905] 1989) diz que "a concentração da atenção numa tarefa intelectual", ou seja, o "excesso de trabalho intelectual" pode constituir a base justificável para perturbações nervosas (FREUD, [1905] 1989, p. 191-192). A protagonista da história concentrou seus esforços no jogo do xadrez.

Ela vivenciou a presença de uma mãe que recomenda como não se deixar vencer como mulher. No dizer de Winnicott (1975, p. 153), é o olhar da mãe que serve como precursor do espelho no desenvolvimento emocional do filho. A menina que, de modo trágico, perdeu a mãe como objeto primeiro de amor também sofreu rupturas prolongadas no tempo em que aguardava no orfanato uma família que a acolhesse. Quando um casal a retirou do orfanato, encontrou uma mãe guiada pelo seu companheiro para que a adotasse. Percebe que esse pai adotivo a rejeita, não fala sobre a adoção, fica observando à distância, critica a forma como se veste e, por fim, se distancia definitivamente de casa. Esse homem revelou mais tarde que nunca a adotara. Perdas geram depressão e, por vezes, melancolia quando a pessoa fica aprisionada no objeto perdido, mas podem gerar também muito ódio. Se pensarmos que Elizabeth, em algum momento, tenha entendido que a mãe quis matar-se e matar a ela também, isso poderia suscitar pena da mãe, mas sobretudo muita raiva, tanto pelo abandono do pai quanto pelo abandono e destrutividade da mãe.

Excluída ou rejeitada, Elizabeth chora pouco ou não chora; não demonstra nenhuma reação emocional pelo fato de estar em desgraça, como é comum, segundo Bowlby (1995, p. 38), nas crianças que experimentam perdas menos traumáticas. "Parece não ter maior importância para estas almas perdidas o fato de serem aceitas ou não." Segundo o autor, a privação prolongada dos cuidados maternos pode ter efeitos graves e de longo alcance sobre a personalidade de uma criança pequena e, consequentemente, sobre toda a sua vida futura. No caso de Elisabeth, a sua dedicação e exploração com êxito no jogo do xadrez parece ter sido a via de acesso à superação das suas perdas, ao mesmo tempo que destaca sua inteligência, sua curiosidade e sua persistência. Por vezes, o encantamento de Elisabeth pelo xadrez parece se situar na fronteira de uma atuação, especialmente quando acompanhada de adição.

Green (2017, p. 126), no seu livro A loucura privada, observa que, no recalque, quando o retorno do recalcado é simbolizado e ligado às demais representações, aos afetos ou aos derivados do inconsciente, a energia psíquica conserva as bases para dar continuidade à sua existência. As ligações estão preservadas e podem servir para recombinações. Parece ter sido essa a experiência vivenciada por Elisabeth: os objetos originais introjetados nos primeiros tempos de sua vida estavam preservados e, após a perda com a morte da mãe, as relações estabelecidas por essas primeiras ligações são substituídas por outras, mas não alteradas, apenas transformadas.

A curiosidade no jogo e a relação com o zelador do orfanato são evidências dessas transformações. Para Green (2017, p. 128), quando os investimentos narcísicos são especialmente ameaçados, o vazio é a categoria dominante. Não parece ter sido o caso de Elisabeth, que conseguiu transformar as perdas e as frustrações em novas possibilidades de sustentação e seguimento da sua vida. C analizou sua angústia para algo construtivo e criador; uma energia sublimada, socialmente canalizada. O seu objetivo é vencer o adversário, superar o oponente, derrotá-lo no jogo.

Green (2017, p. 126), ao comentar sobre perda e intrusão, afirma que o sentimento de desinteresse, a falta de vitalidade ou a impossibilidade de sentir e de estar presente para o outro podem ser manifestados pelo vazio fundamental que habita o sujeito. Elisabeth não revela preocupação com sua aparência nem vaidade pessoal, com exceção do investimento na disputa pela vitória, nas competições.

Estas são as palavras de Winnicott (1994, p. 71) quando fala de grandes perdas no desenvolvimento inicial do sujeito:

O indivíduo herda um processo de amadurecimento, que o faz progredir na medida em que exista um meio ambiente facilitador [...] Um meio ambiente facilitador, adaptado às necessidades mutantes do indivíduo em crescimento.

O meio ambiente facilitador pode ser descrito como sustentação, manejo, continência; ambiente em que o indivíduo passa por um desenvolvimento que pode ser classificado como integrador, ao qual se acrescentam as possibilidades de integração rumo à autonomia social.

Em relação com o que se percebe em Elisabeth, a jovem transformou a perda em novas conquistas e realizações. A sua história revela que, mesmo no enfrentamento de tantas frustrações, é possível transformar a perda em arte, a arte de dar continuidade à sua vida psíquica. Nestes tempos de pandemia, nos deparamos com muitas perdas. Perda da liberdade de transitar entre familiares e amigos, perda do contato físico para desenvolver o trabalho. Também nós, psicanalistas, exercitamos "a arte de perder".

 

Referências

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Recebido em: 10/11/2021
Aprovado em: 29/11/2021

 

 

SOBRE AS AUTORAS

Anna Lucia Leão Lopez
Psicanalista.
Membro efetivo e professora do curso de formação psicanalítica do Centro de Estudos Antônio Franco Ribeiro da Silva do Círculo Brasileiro de Psicanálise – Seção Rio de Janeiro (CBP-RJ).
Fundadora, coordenadora e supervisora clínica do Núcleo de Estudos Psicanalíticos da Infância e Adolescência (NEPsI).
Presidente CBP-RJ (2004-2006; 2006-2008; 2018-2020; 2020-2022).
Musicista pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Musicoterapeuta pelo Conservatório Brasileiro de Música – Centro Universitário.
Especialista em psicanálise pelo Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Especialista em educação psicomotora pelo Centro Universitário do Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação (IBMR).
Mestre em pesquisa e clínica em psicanálise pelo Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

E-mail: annalucia2004@gmail.com

 

Maria Beatriz Jacques Ramos
Psicanalista.
Membro efetivo do Círculo Psicanalítico do Rio Grande do Sul (CPRS).
Filiada ao Círculo Brasileiro de Psicanálise e à International Federation of Psychoalytic Societies.
Doutora em psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Presidente do Círculo Psicanalítico do Rio Grande do Sul (2010-2015).
Coordenadora do Instituto de Estudos de Psicanálise (2015-2021).
Coordenadora de seminários do Instituto de Estudos de Psicanálise – CPRS.
Coautora em livros publicados:
Psicologia e Educação (Edipucrs, 1998); Aprender e ensinar: diferentes olhares e práticas (Edipucrs, 2011); Conexões virtuais: diálogos com a psicanálise (Escuta, 2016).

E-mail: mbeatrizjacques@gmail.com

 

Noeli Reck Maggi
Psicóloga.
Psicanalista.
Membro efetivo do Círculo Psicanalítico do Rio Grande do Sul (CPRS).
Doutora em educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Editora da revista Estudos de Psicanálise (2007-2021).
Coordenadora do Instituto de Estudos de Psicanálise do CPRS (2021-).
Coordenadora de seminários no Instituto de Estudos de Psicanálise do CPRS.
Coautora em livros publicados:
Conexões virtuais: diálogos com a psicanálise (Escuta, 2016).
Desfazendo o feitiço: a tentativa de reconstituição do sujeito (Evangraf, 2006).

E-mail: nrmaggi@gmail.com

 

Paola Fachini
Psicóloga.
Psicanalista.
Membro efetivo do Círculo Psicanalítico do Rio Grande do Sul (CPRS)
Professora do curso de formação do Instituto de Estudos de Psicanálise do CPRS.
Presidente do CPRS (2007-2008; 2008-2009; 2020-2021).
Especialista em psicologia clínica pelo CRP/07.
Especialista em criminologia pela PUCRS.
Especialista em saúde mental coletiva pela Secretaria Municipal de Saúde e Universitat de Roviri I Virgili.
Psicóloga criminalista na Secretaria de Justiça e Trabalho e Cidadania (1991-1994).
Psicóloga da FEBEM/RS no atendimento de adolescentes infratores (1994-2001).
Psicóloga no Centro Médico do Tribunal de Contas do RS (2005-2015).

E-mail: paola.fachini@gmail.com

 

 

1 Trabalho apresentado no XXIV Congresso de Psicanálise do Círculo Brasileiro de Psicanálise - Para além da pandemia: ecos na psicanálise, realizado pelo Círculo Brasileiro de Psicanálise - Seção Rio de Janeiro, de 4 a 6 nov. 2021, por meio da plataforma Zoom.

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