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Ide

versão impressa ISSN 0101-3106

Ide (São Paulo) v.31 n.47 São Paulo dez. 2008

 

EM PAUTA - ESTRANGEIRO

 

Em que língua teria Édipo conversado com a esfinge?*

 

In what language did Oedipus talk to the Sphinx?

 

 

Joyce Kacelnik**

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A autora, a partir de sua experiência pessoal e de uma pesquisa da história da psicanálise, pretende demonstrar o quanto a questão da língua estrangeira ficou esquecida entre os temas psicanalíticos, o que pode ter ocorrido pela própria resistência à questão do estrangeiro, do Unheimlich de Freud. A autora parte da hipótese de que uma análise que se realiza em língua estrangeira ficaria a desejar, comparada a uma análise realizada em língua materna para a dupla analítica, e desconstrói tal idéia, esclarecendo que as diferenças presentes não são impeditivas de um trabalho analítico criativo.

Palavras-chave: Língua estrangeira, Língua materna, Psicanálise.


ABSTRACT

The author intends to demonstrate that foreign languages as a theme in psychoanalysis has been neglected, based on personal experience and research of the history of psychoanalysis. Such situation might have occurred due to some resistance to “foreign’, “strange” aspects &– Freud’s Unheimlich. The first hypothesis was that analysis performed in a foreign language would be at fault when compared to analysis in which the analytic pair has the same mother tongue. The author disconstructs this idea by clarifying that differences are not impeditive for a truly creative analytic experience.

Keywords: Foreign language, Mother tongue, Psychoanalysis.


 

 

Nunca paramos para pensar numa pergunta como esta, da mesma forma que quase nunca paramos para pensar no que acontece quando analista e analisando não possuem a mesma língua materna. É um assunto que geralmente não ocupa a mente dos analistas.

Tal pergunta poderá despertar inquietação, curiosidade, desejo, angústia. Voltemos à questão: o que teria acontecido se Édipo e a Esfinge não tivessem a mesma língua materna? Será que Édipo teria decifrado o enigma tão facilmente? Não devemos esquecer que foi precisamente um questionamento que o aproximou do oráculo. De que modo se daria a comunicação entre eles, se usassem línguas diferentes?

Se Édipo não conseguisse falar com Laio na encruzilhada de Tebas, é possível que a tragédia tivesse tomado um rumo completamente diferente. De qualquer maneira, ele teria evitado o casal Laio e Jocasta, mas não teria evitado a experiência de exclusão.

A psicanálise descobre que o sujeito se constrói a partir do exílio devido à perda do objeto primordial, ou seja, somos todos exilados do ventre de nossas mães. Sem dúvida, a problemática edípica se faz presente em nosso tema através da exclusão.

Os oráculos oferecem a possibilidade de interpretações alternativas para suas respostas em razão da ambigüidade contida em suas mensagens. Do mesmo modo, a psicanálise também não oferece respostas objetivas. A comunicação lingüística terá um valor diferente de acordo com a ênfase despertada pelo contexto. É importante estar atento para a pontuação e a entonação, que poderão conferir sentidos diametralmente opostos de acordo com o uso que se der a elas. A virtude dessa ambigüidade está presente nos oráculos e nas interpretações psicanalíticas.

A fantasia daquele que busca o conhecimento é de que irá encontrar respostas objetivas e definitivas &– que designem a cada coisa o seu lugar &– para que o vazio do não-conhecimento possa de alguma forma ser preenchido, pondo fim, portanto, à angústia. “O desejo de saber é desejo de encontrar um sentido que faça sentido, que designe a cada coisa o seu lugar, que especifique as relações do sujeito com seus estados afetivos, com seus objetos pulsionais e o mundo à sua volta” (Mezan, 1995, p. 154).

A questão da análise em língua estrangeira tem sido pouco investigada, embora conjunturas reais, como migrações, muitas vezes forçadas, venham demandá-la. O importante, talvez, seja a sobrevivência dos psicanalistas &– tanto social como financeira &–, a transmissão da psicanálise propriamente dita, e não as peculiaridades dos obstáculos lingüísticos que tiveram de enfrentar. Ou, ainda, pode ser que não tenham sido tantos os obstáculos, uma vez que aqui estamos em bom português recebendo e transmitindo conceitos, recebendo e tecendo interpretações que, independentemente da língua em que nos foram comunicados, atingiram nossos inconscientes, provenientes de muitas traduções individuais da linguagem da dupla analítica para o código particular que estabelecemos com cada um de nossos pacientes.

O psicanalista crê na psicogênese do sintoma e no poder das palavras, capacidade humana descoberta ou revalorizada por Freud. A palavra é a unidade que assinala a separação e curiosamente é a que cria intimidade. A possibilidade de utilizar-se de uma língua estrangeira é quase como um reviver da aquisição de linguagem. O aprendizado de novas linguagens é parte de todas as análises e há necessidade de manter elos com termos conhecidos, quer por parte do analista, quer do paciente, pois cada dupla analítica desenvolve um texto próprio, não importa se a língua materna comum está presente ou não. A língua estrangeira como um todo &– seu aprendizado ou seu esquecimento &– é fruto de aspectos inconscientes que possibilitam a algumas pessoas uma aposta no inusitado, ao passo que outras jamais conseguirão superar a inibição que as impede de encontrar-se com o novo, com o desconhecido, com o estrangeiro, implicando, portanto, a introjeção de novos objetos e uma provável resistência à renúncia de antigos objetos, o que pode se transformar em um obstáculo ao processo de aquisição da comunicação em um novo idioma.

 

Breve histórico

A presença da língua estrangeira, a análise de pacientes em língua estrangeira e de pacientes que não usam a língua materna são fatos integrantes e incontestáveis da própria história de Freud e da psicanálise. Ao investigar as origens lingüísticas de Freud, observaremos que ele foi exposto não só ao idioma tcheco como também ao iídiche, uma vez que essa era a língua materna de seus pais, abandonada ao migrarem da Galícia para a Áustria.

Freud escreveu a psicanálise em alemão e, apesar de muitos de seus discípulos terem esse idioma como língua materna, para outros tantos se tratava de uma língua estrangeira. A psicanálise nunca foi recebida com facilidade, independentemente do país ou da língua em que fosse introduzida. Parece que o temor às idéias inéditas e às “estranhezas” propostas por Freud já se anunciava através do alemão. É provável que tais profissionais tenham se sentido ameaçados e, como decorrência, desprezaram a psicanálise e a classificaram como imoral, como não científica, visto que os temas inovadores da psicanálise incluíam a aceitação da sexualidade, a masturbação, a situação edipiana etc. Os psicólogos da época f grande dificuldade em aceitar as idéias contidas nos Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (Freud, 1905/1972).

A mudança decisiva na psicanálise se deu em 1909 devido à viagem de Freud aos Estados Unidos e ao sucesso de suas aulas na Clark University. Ao introduzir a psicanálise na América, seu maior receio era a ameaça de ruptura dos conceitos psicanalíticos trazidos da Europa, coexistindo com o desejo de divulgar e implantar sua teoria no continente e, portanto, obter o maior número possível de adeptos a fim de conquistar credibilidade.

A situação política da Europa ao final da década de 1930, em virtude da ascensão do nazismo, desestabilizou a ainda frágil comunidade psicanalítica, formada por inúmeros seguidores de origem judaica. Os discípulos de Freud haviam persistido em sua atividade política e eram vulneráveis tanto por serem judeus como por serem socialistas. Em busca de sobrevivência, os psicanalistas migraram para diferentes países dentro da Europa (como Freud, que em 1938 se estabeleceu em Londres), para os Estados Unidos e para países da América Latina, tais como Argentina e Chile. As teorias psicanalíticas pós-exílio passaram a confundir-se com teorias políticas, talvez como forma de elaboração da perda da pátria, da língua e da liberdade.

São poucos os psicanalistas que tiveram &– e têm &– a oportunidade de conhecer as obras de Freud na língua alemã, valendo-se da tradução inglesa, e, portanto, com um entendimento fortemente influenciado por fatores lingüísticos e culturais. Talvez pudéssemos dizer que todos nós fazemos psicanálise numa língua estrangeira!

Os psicanalistas europeus, ao imigrarem, passaram pelo aprendizado não só de uma segunda língua, como também por aquele do trabalho numa segunda língua. Freud e alguns outros analistas já haviam vivenciado situação semelhante: no início do século era muito comum o atendimento de pacientes americanos e ingleses, principalmente em Viena. Sabe-se que Sigmund Freud era capaz de fazer leituras em inglês com tranqüilidade e que seu inglês escrito era fluente, porém seu trabalho clínico nesse idioma foi uma experiência dolorosa e difícil.

As migrações, as separações, as mudanças de país e o uso de outro idioma envolvem e impactam qualquer indivíduo, seja ele psicanalista ou não. O destino da comunidade psicanalítica foi, talvez mais do que o de qualquer outro grupo intelectual, entrecortado por um fluxo contínuo de difusão, agregação e conflitos de identidade geradores de resistências.

 

Língua materna, língua estrangeira e psicanálise

Segundo Gore Vidal, a história do homem é a história de suas migrações. E seu espírito irrequieto e sempre em movimento é parte fundante de sua natureza. Questões geográficas, religiosas, sociais, políticas serviram e servem como catalisadores de tais migrações, porém já sabemos que, mesmo apesar delas, os aspectos psicodinâmicos fariam o papel de bússola e leme do homem. Mas este, ao se ver obrigado ou convidado a migrar, que possibilidades teria de levar consigo as influências de seu ambiente? Poucas, mas a língua freqüentemente atravessa muitas gerações e muitos países para constituir a identidade de um indivíduo.

Pareceria bastante óbvio, até lugar-comum, que uma análise em que um dos componentes da dupla usasse um idioma estrangeiro como instrumento de trabalho deixasse a desejar em comparação com uma análise em que analista e analisando operassem a mesma língua materna. Intuitivamente é a primeira idéia que surge, pois, devido à majestade do lugar materno no imaginário de todos nós, seria impossível pensar em algo de valor que excluísse a figura materna representada através da língua. Segundo Laplanche, é a mãe que libidiniza, que erotiza seu bebê e o convida para a vida. A “sedução originária” &– do bebê pela mãe &– se dá por intermédio das palavras, daí a grande importância da língua que vem da mãe, ou seja, a criança é falada pelo adulto sendo por ele significada. Analogamente, o analista também convida o paciente &– que na situação analítica se encontra mais regredido &– para a vida, ao colocar em palavras seus sentimentos, suas angústias, ao atribuir-lhes significados. Por essa razão, não raro se considera que somente um analista que tenha a mesma língua materna que seu analisando possa convidá-lo a desenvolver uma vivência significativa.

A psicanálise só é psicanálise por constituir-se mediante uma língua que promove o acesso ao inconsciente tornandoo consciente, usufruindo da relação singular da transferência por meio da qual desvenda o desejo e outras funções através da linguagem única da dupla analítica. Ao longo de toda a obra de Freud, a palavra é tratada com uma aura mágica, uma vez que carrega a capacidade de transformar o familiar em estrangeiro e o estrangeiro em familiar. A despeito de o trabalho de Freud conter uma série de observações sobre linguagem e seu uso, não existem escritos específicos que lidem de forma particular e organicamente com a questão da língua estrangeira e seu papel no funcionamento psíquico.

A questão da língua estrangeira/língua materna surge pela primeira vez nos Estudos sobre a histeria (Freud & Breuer, 1893/1974) de Freud. Em seu primeiro caso clínico, o de Anna O., muitos dos sintomas histéricos relatados estavam relacionados à questão da língua estrangeira, sobretudo o inglês. Freud descreve que durante meses Anna O. só falou inglês, embora compreendesse o alemão falado à sua volta; quando estava extremamente ansiosa, a jovem ficava incapacitada de falar e chegava mesmo a misturar várias línguas. Em outros momentos só conseguia expres sar-se verbalmente em inglês, sem compreender o alemão, porém lia em francês e em italiano. Cada um dos sintomas surgiu sob a ação de um afeto que, ao receber expressão verbal, pôde desaparecer. Ela própria referia-se à psicanálise como talking cure. Freud utilizou-se de seu conhecimento de inglês, apesar da língua materna comum a ambos. Com a paresia do braço direito, Anna O., ao tentar rezar, não encontrou palavras, mas conseguiu repetir uma oração/um poema para crianças em inglês. Mais tarde, quando surgiu uma histeria grave e altamente complicada, ela só falava, escrevia e compreendia o inglês, enquanto sua língua materna permaneceu ininteligível por dezoito meses. Fica esclarecido então que, após reproduzir a cena original que constituía a raiz de toda a sua doença, Anna O. voltou a falar o alemão, sua língua materna.

Outra menção ao tema da língua estrangeira em psicanálise foi feita por Freud ao escrever a História de uma neurose infantil &– O homem dos lobos (Freud, 1918/1969) em que descreve a análise de um jovem russo cujo sonho, cerne do famoso caso clínico, teria sido sonhado em uma língua e traduzido para outra. Haveria feito alguma diferença se ambos, analista e paciente, tivessem a mesma língua materna? É possível, pois o paciente usou suas dificuldades com a língua estrangeira como uma tela protetora para atitudes sintomáticas, principalmente ao fazer associações com o sonho.

Em Fetichismo (1927/1974a), outra referência é feita ao idioma estrangeiro na obra de Freud: o paciente em questão fora criado na Inglaterra e posteriormente, quando vai para a Alemanha, esquece-se quase que por completo da língua materna. O fetiche originado na primeira infância tinha de ser entendido em inglês, e não em alemão.

É por puro acaso que, nas nossas experiências clínicas rotineiras, somos levados a vivenciar situações em que analista e paciente não possuem a mesma “língua materna”. E esta é uma questão em que nunca paramos para pensar. Quando nos deparamos com circunstâncias tão especiais, conscientizamo-nos dos numerosos problemas que podem surgir. Por exemplo: um analisando, ao falar sobre os conflitos e ansiedades de sua infância numa segunda língua, aprendida na idade adulta, poderia construir um tipo de “escudo de proteção” em relação ao tumulto evocado pelas emoções primitivas através da língua materna. É também possível que o analista que se comunica na língua materna do paciente, mas não na sua própria, tivesse a preocupação de não ser capaz de seguir o processo analítico através dos jogos de palavras, atos falhos, metáforas e modos de falar existentes em todos os idiomas.

Por princípio, uma análise que se realiza em idioma estrangeiro implica o fato de que necessariamente um dos membros da dupla analítica não se utiliza de sua língua materna, pressupondo a presença de um estrangeiro de fato. Tais indivíduos pensam, falam e sonham em línguas diferentes. E iludem-se quanto ao fato de que o uso da mesma língua materna os conduziria ao encontro analítico a uma situação nirvânica... É claro que o paciente nos convida a falar a sua língua e, ao solicitar tal comunicação, já percebemos o temor do estrangeiro, uma vez que o desejo manifesto é de igualdade &– a sua língua &–, e não de alteridade.

O impacto provocado pelo analisando também desperta estranheza no analista, e este irá recorrer a seu arsenal conhecido, familiar, materno, composto de leituras, formação e vivências &– psicanalíticas ou não, em língua materna ou não &– para aproximar-se do mundo psíquico de seu paciente.

 

O estrangeiro

Não podemos deixar de considerar que o estrangeiro gera, ao mesmo tempo, estranheza e provoca inquietação, curiosidade e fascínio; seu sotaque atrai por ser inusitado e faz com que notemos que sua língua materna permeia todo o seu discurso e se impõe de tal forma que sabemos estar diante de alguém que busca ser compreendido na sua singularidade. Diz Fédida:

Na fantasia infantil, é sem dúvida o estrangeiro que desempenha por excelência o papel de sedutor. Ele causa impressão e desaparece, levando consigo o desejo que capturou. A ambigüidade de sua aparência faz com que ele tome corpo no sonho e esvaneça ao despertar, mas alimentando uma expectativa de volta (1992, p. 59).

Perceber-se estrangeiro, ser estrangeiro ou estar no estrangeiro parece ser sinônimo de uma busca de identidade, pois remete à pergunta: “Quem sou eu?”. A reação mais comum é destruir o estrangeiro, destruir o diferente e defini-lo como inexistente. Talvez daí resultem os regimes totalitários, de dominação social ou política que calam a voz daquele que é estrangeiro de alguma maneira. O irônico é que o estrangeiro, analogamente ao escravo, deve ocupar o lugar do silêncio e só passa a existir ao tomar a palavra. Qual seria então o temor? Não é do silêncio, e sim da palavra que, embora não dita, se anuncia. O silêncio poliforme experimentado pelo estrangeiro o limita, e talvez, devido à impossibilidade de falar, o imigrante tente fazer em vez de dizer. Geralmente os estrangeiros são aqueles que desempenham funções braçais. O estrangeiro também faz filhos e talvez, ao fazer filhos no novo lar, sinta-se novamente em casa, o que pode ser uma atitude de reparação em relação à própria terra-mãe e um reasseguramento da capacidade criativa.

A palavra “xenofobia” (fobia do estrangeiro) &– atualmente muito usada em países europeus, devido ao grande número de imigrantes árabes e africanos &– originou-se do grego zenos (“estrangeiro”) em referência não àqueles que vinham de longe &– como os bárbaros &–, mas aos que pertenciam a comunidades vizinhas.

O uheimlich (O estranho) de Freud (1919/1976b) aponta para a presença simultânea de uma vivência de conhecimento e de estranhamento &– ambas características do inconsciente que é estrangeiro e familiar ao mesmo tempo.

O fato de uma análise realizar-se em língua estrangeira parece evidenciar questões pertinentes a todo e qualquer processo analítico, pois, como já dissemos, a presença simultânea do familiar e do estrangeiro constitui uma característica do inconsciente que pode ameaçar a condição narcísica pela revelação da diferença. Em compensação, poderiam ocorrer maior facilitação no contato e o aparecimento de aspectos mais primitivos, assim como de “outras linguagens” na dupla, o uso da língua para a manutenção da resistência à investigação do psiquismo, a construção da interpretação na mente do analista e sua “tradução pelo paciente” e a capacidade de introjetar “novos objetos”.

Tais questões não se relacionam somente ao idioma em si, mas se referem intensamente à compreensão do processo analítico, o qual, sabemos, depende muito da linguagem. São questões pertinentes a essa situação o papel da língua nos conflitos, na regressão e na adaptação; a compreensão do idioma, das metáforas; as reações intrapsíquicas e interpessoais à tradução e às transformações simbólicas; a relação entre o meio lingüístico e a mensagem, forma e conteúdo.

De tal singularidade decorrem as seguintes reflexões: questões transferenciais e contratransferenciais muito específicas em face de situações de perda e luto vinculadas à imigração, à transitoriedade e à substituição da língua materna por uma língua estrangeira; situações de exílio e de estrangeiridade por opção; surgimento de maior resistência ao trabalho devido à não-familiaridade com os aspectos culturais do outro. Presente pode estar a resistência &– ao estrangeiro, à alteridade, a outros códigos, ao temor da exclusão. Tais questões estão presentes em toda e qualquer análise, quer a língua materna seja igual, quer seja diferente.

Qual seria então o valor de discorrer sobre as peculiaridades de uma análise que se dá em língua estrangeira para um dos dois membros da dupla?

É possível que o fato de estarmos sempre transitando na mesma língua faça com que muitas questões não sejam observadas ou até mesmo permaneçam banalizadas, ao passo que em língua estrangeira a alteridade salta aos nossos olhos o tempo todo.

A comunicação em língua estrangeira implica o abandono do familiar, do bom, do idealizado, e traz consigo uma dor narcísica. Porém, não me parece que a temporalidade ou mesmo os fatores externos sejam tão relevantes, mas sim o contexto da vida psíquica, cujo peso será maior do que o das condições externas. Por outro lado, indivíduos que tenham sido forçados a incorporar uma língua estrangeira por motivos políticos, religiosos, ou outros, ou que tenham sido obrigados a abandonar sua terra natal, também carregarão a dor narcísica da perda, enfatizada por situações de realidade. Talvez apresentem ainda certa dificuldade em estabelecer uma relação satisfatória com a nova língua e seus interlocutores.

Do mesmo modo, se fizermos uma analogia com a situação analítica, o vínculo entre analista e analisando tenta resgatar através da transferência e da contratransferência as perdas do bom, do idealizado, do narcísico, e oferece o aprendizado de novos pensamentos, novas palavras e novas imagens inerentes ao processo psicanalítico, com a presença ou não de uma língua estrangeira.

O impacto com a língua estrangeira cria recursos para que possamos pensar e circunscrever as diferenças que nos perturbam além de simplesmente designá-las pelo que não são: não discursivas, não verbais, indizíveis, irrepresentáveis. Assim, pode-se enriquecer o processo analítico.

O uso árido de palavras, sem mímicas, gestos ou entonação diferenciada &– que são necessidades práticas do emprego da linguagem &– pode servir como mecanismo de defesa.

Ao adquirir maior entendimento dessas múltiplas formas de expressão, teremos ampliada a nossa capacidade de ajudar nossos pacientes. De que maneira tais idéias poderiam ser aproveitadas nas análises que se processam em língua estrangeira?

 

A fala e a linguagem

A fala e a linguagem nela contida são extremamente significativas, pois fazem parte da análise do começo ao fim. Em toda e qualquer análise, para que haja o encontro entre analista e analisando, efetua-se um splitting dos elementos da fala ou de qualquer outra diferença. A idéia de que uma análise esteja se processando num só código não deixa de ser ilusória, uma vez que uma dupla linguagem é necessária ao trabalho do analista: a sua própria e a do analisando, a transferência e a contratransferência.

Muitos analistas, fluentes em língua estrangeira, não se arriscam a trabalhar numa língua que não seja a sua própria. Sentem-se impedidos de não usar seu aparato verbal familiar, aflitos com a eventualidade de não entender/ser entendido por seu paciente e com a necessidade de aproximar-se do conteúdo latente, apoiando-se em outras linguagens.

Paralelamente, observamos a resistência do paciente que, ao não usar sua língua materna num processo analítico, parece sentir-se mais exposto, mais vulnerável em seus mecanismos de defesa, por também temer não ser inteiramente compreendido.

De acordo com André Green, “a palavra permanece sendo relação e mediação. Interpsíquica e intrapsíquíca, ela cria um meio de linguagem, entre mundos subjetivos. Sua função é de reunir e também de dividir e é pelas suas propriedades, símbolo de Mesmidade e de Alteridade” (Green, 1988, p. 77).

A palavra remete à ausência e não compreendê-la implica uma dupla ausência. A idéia da compreensão equivale a uma posição de completude, ao passo que a incompreensão simboliza a incompletude, portanto, equivalente da perda edipiana ou da castração.

Aquele que usa uma língua estrangeira revive questões primitivas da aquisição de linguagem e vivencia mais intensamente a perda da ilusão de completude. A língua materna nunca será esquecida, apagada ou silenciada, pois é portadora da primeira identidade de um indivíduo. Portanto, quando aprendemos a falar uma ou mais línguas, é como se resolvêssemos questões de separação tanto interpessoal como intrapsíquica e, assim, devemos sempre levar em consideração como as separações geográficas e pessoais estão inseridas na aquisição de uma nova língua.

Em muitos casos de imigrantes observa-se o desejo de uma restituição, mesmo que seja de modo secreto e tortuoso, o que também é uma cisão, com o intuito de proteger um equilíbrio interno em vista dos cortes vivenciados. Mas a cisão poderá agir proibitivamente e impedir a entrada de novos objetos, o que, por sua vez, irá impulsionar o movimento de re-união. A re-união dos objetos internos com os externos oferece igualmente a possibilidade de iniciar o processo de reparação, em que novas línguas verbalizam e pensam conflitos antigos em palavras diferentes.

A primeira condição necessária para adquirir uma identidade é a presença do outro. Este promove um campo dialético que possibilita a tensão da diferença entre os opostos, sem ser necessariamente considerado um inimigo. O outro gera a tensão produtiva da diferença e permite o desenvolvimento.

Como o desenvolvimento da identidade se dá através de uma dupla, a aquisição da linguagem, de outro código, levará a uma subjetivação. Se a língua materna é parte fundamental desse processo, seriam o aprendizado e o uso de uma nova língua responsáveis por uma nova subjetivação? A importância parece ser da ordem do afeto, já que a língua materna veicula a lembrança daquela que nos introduziu na fala. Por isso, cada um de nós tem uma relação muito particular com a sua língua ou com as línguas que puderam organizar a sua infância...

A língua, estrangeira ou não, desempenha uma função psicanalítica que é adquirida, mas que continua a ser importantíssima, responsável pela revelação do processo secundário dentro da análise. Ao considerarmos que o que se fala numa língua estrangeira faz muito mais parte do processo primário devido a toda regressão experimentada com o uso de uma língua estrangeira e consiste muito menos num processo secundário defensivo, teremos uma idéia do enorme valor desta proposta. O analista não pode permanecer constantemente no processo secundário, porque isso o impediria de sonhar. Na situação analítica, o analista entra e sai do processo primário muitas vezes ao longo de uma mesma sessão, e tal fluência entre um estado e outro é importante.

Enfim, o processo psicanalítico envolve uma alquimia em que se devem dosar cautelosamente o processo primário e o processo secundário, tanto por parte do analista como do paciente. Em toda e qualquer dupla sempre há uma superioridade lingüística (bem como outras rivalidades), porém, pelo fato de se dar em língua estrangeira, a análise destaca as condensações e os deslocamentos que fazem parte do processo primário.

Há posturas opostas em relação à presença da língua estrangeira em psicanálise, e elas se baseiam em duas hipóteses: 1) A língua materna seria fundamental na análise por estar impregnada de imagens precoces e de imagens oníricas. As defesas são mais estruturadas na língua materna, com uso mais amplo do processo secundário; 2) Em língua estrangeira, o inconsciente está mais desarmado e seus mecanismos de defesa, menos articulados na verbalização. Há maior transparência por haver menos recursos de simbolização.

Amati-Mehler, Argentieri e Canestri, em The Babel of the unconscious, advogam fortemente a primeira hipótese, mencionando a afirmação de Otto Fenichel:


Sendo a língua um instrumento privilegiado da psicanálise, uma análise deveria ser conduzida na língua mais familiar para o paciente, que nem sempre é sua língua materna, embora se acredite que o acesso aos conflitos arcaicos seja favorecido pelo uso da língua materna (1993, p. 54).1

Com o uso de uma língua estrangeira como instrumento para análise, o acervo de vivências infantis traduzidas em palavras e passíveis de serem elaboradas naquela língua será pequeno pela ausência do imaginário vivido em tal idioma. Com uma menor vivência de imagens, de angústias primitivas em língua estrangeira, as defesas também serão menos poderosas.

Por outro lado, o analista deve forçar-se a modificar seus instrumentos enfocando mais a dinâmica das sessões e a dispensar maior atenção aos aspectos transferenciais. Essa situação freqüentemente força o analista a fazer uma revisão de seus estereótipos interpretativos. A idéia parece embutida no desejo de ter um analista que compartilhe a língua materna que não o inglês, o alemão ou o espanhol, e sim uma compreensão de seus desejos inconscientes;ainda, a mesma idéia carrega não só uma fantasia inconsciente de recuperar uma situação de fusão e comunicação total, como a convicção de que só poderemos ser compreendidos por alguém exatamente como nós mesmos.

O alívio de falar a língua materna e a fantasia de funcionar analiticamente melhor na própria língua parecem relacionar-se com a não-vivência de cisão, de desintegração evidente.

Quando um paciente conhece mais de uma língua e sabe que seu analista também é falante de uma língua estrangeira falada por ele, é muito freqüente que escolha referir-se a uma ou outra questão usando uma palavra estrangeira. Isso cria de certa forma uma atmosfera de intimidade e de familiaridade por intermédio do elemento que, a princípio, era “estrangeiro”.

É mais difícil para o analista, quando faz uso de uma língua estrangeira, ter atenção flutuante, uma vez que precisa ficar muito atento à compreensão da língua estrangeira em si para que possa apreender as significações e nuances que estão ocultas ou que o impedirão de construir a interpretação. A valorização dos processos secundários por cada analista é responsável pelo grau de liberdade interna para que a atenção flutuante possa ocorrer, apesar da verbalização e do peso das palavras em si, e para que outros elementos como a linguagem gestual, o ritmo, a musicalidade etc. possam ser levados em consideração. Também haverá uma relação entre os aspectos pessoais do analista estrangeiro e sua relação com a própria estrangeiridade, seus aspectos narcísicos e a existência ou não da prioridade de falar corretamente a língua estrangeira.

Quando se está muito imerso numa situação analítica, quando a transferência é muito intensa, o analisando nem se dá conta da língua em que está falando, porque o mundo interno estará ocupando o lugar do mundo externo. A ilusão será de fusão total, independentemente da língua que estiver em uso.

A psicanálise pertence ao nosso tempo e não se dirige somente a analistas e analisandos, mas ao conhecimento humano como um todo. Freud teve o privilégio de investigar mais do que a relação analítica e de revelar de forma ampla uma nova compreensão dos fenômenos psíquicos que pertencem ao domínio da cultura: do sonho à religião, passando pela arte e pela moral. Por isso a psicanálise é parte da cultura moderna: ao interpretá-la, modifica-a e ao refleti-la, gera constante renovação. A obra de Freud se alterna entre a investigação médica e a cultura e, por isso, testemunha a amplitude de seu projeto.

Ao considerar-se apenas a universalidade dos aspectos culturais, desenvolve-se uma situação restritiva do mundo psíquico, com a possível banalização das questões individuais. Para a psicanálise, a singularidade promove a expansão, ao passo que a universalidade promove a restrição. Portanto, devemos considerar as questões culturais como apêndice das questões lingüísticas e investigar os aspectos fundantes do imaginário, os quais serão os condutores do conhecimento do indivíduo.

A superordenação da linguagem cria o disfarce mais efetivo. É somente através da ruptura de estruturas que se torna possível a renovação, e isso se faz presente tanto na psicanálise como na cultura. Do mesmo modo que não pretendemos considerar a língua isoladamente, também não podemos considerar a cultura por si só. As dife renças culturais podem ser extremamente enriquecedoras e estimuladoras de novas descobertas da dupla analítica. Na questão com o estrangeiro isso fica mais evidente, porém não reparamos com que intensidade lidamos com a diferença diariamente em nossas próprias clínicas. Há a ilu são de que, ao analisarmos alguém como nós, da nossa cultura, o trabalho será mais fácil e o acesso mais direto às representações inconscientes. O inconsciente é, e sempre será inconsciente, em qualquer língua ou em qualquer cultura.

Na verdade, o maior risco que os analistas correm é o de se manterem sempre na mesma língua, em campos seguros, aderidos a modelos teóricos rígidos, impedindo desta forma o surgimento de um mundo novo através da exploração de novas emoções.

A migração é uma mudança de tal magnitude que não só põe a identidade em evidência, como também a coloca em risco. A perda de objetos é maciça, incluindo os mais significativos e valorizados: pessoas, objetos, lugares, idioma, costumes, clima, às vezes profissão e condição social ou econômica, a todos os quais estão ligados intensas lembranças e afetos. Também estarão expostos a perdas de partes do self e de vínculos correspondentes a esses objetos.

Aqueles que migram para construir uma nova vida sentem a experiência de maneira muito diferente daqueles que abandonam a terra-mãe para se salvar. Quem migra para construir algo novo tenta intensamente usufruir a nova moradia, uma vez que o novo lar de há muito que habita seus sonhos. Aqueles que tiveram de migrar para sobreviver chegam com muito medo, invadidos por fantasias persecutórias e de aniquilamento. Talvez pudéssemos dizer que aquele que deseja migrar acaba “possuindo” a terra e a língua, ao passo que aquele que é forçado a migrar acaba sendo “possuído” por elas.

Ser estrangeiro é uma condição que não se modifica, que é constantemente lembrada pela língua que se fala, permeada pelo sotaque revelador da língua materna. Neste sentido, o estrangeiro opõe-se à idealização. É uma situação de alteridade evidenciada e forçada. O estrangeiro, personagem do diálogo, tem aqui uma função mais essencial, que é a de colocar a identidade em questão.

Citando Julia Kristeva: “Queremos mudar de língua, mas queremos guardar a música da outra. Por quê? Temos a impressão de conservar nossa identidade, pois parece evidente que falar uma língua estrangeira é despersonalizante” (1994, p. 23).

A formação da identidade é um processo que surge da assimilação mútua e bem-sucedida de todas as identificações fragmentadas da infância, que por sua vez pressupõe uma boa continência de todas as primeiras introjeções. Portanto, a língua materna regula a lembrança daquela que nos introduziu a falar. Situações de exílio ou mesmo a emigração, apesar dos desterros individuais e coletivos, impostos ou voluntários, favoreceram a produção de conhecimento através do instinto de vida presente no indivíduo &– como Freud, que foi recebido na Inglaterra como herói, mas que nunca deixou de sentir-se exilado.

O paciente estrangeiro atribui a idéia de continência à sua língua materna, porém sabemos que a língua é apenas um dos aspectos formadores de tal continência. É precisamente essa função continente, junto com o trabalho interpretativo, que permite ao processo de elaboração contribuir com a consolidação do sentimento de identidade. Por ação desse processo, é possível aceitar a perda das partes infantis do self e também o desprendimento dos aspectos regressivos que bloqueiam o caminho para o estabelecimento dos aspectos adultos. O paciente não se dá conta de que o analista é outra pessoa, e somente pode considerá-lo uma língua, que de preferência não seja outra língua. Não há discriminação entre sujeito e objeto.

A questão fundamental que se impõe é o desejo de que o outro, como analista, possa compreender tudo o que se passa na mente do analisando, desde que não ultrapasse certos limites... No entanto, quando podemos sonhar junto com nossos pacientes, as palavras passam a não ter tanta importância.

“O silêncio”, como diz Heidegger, “é o modo autêntico da palavra. Só se cala aquele que pode falar” (1927/1993, p. 318). A dificuldade de tolerar o silêncio, aqui como metáfora da língua estrangeira, ou seja, a não-língua materna, ou de ser falado pelo outro, na verdade nada mais é do que a dor eterna da perda de um paraíso. E aquilo de que o melancólico se ressente nada mais é do que a perda de uma época que jamais será reencontrada.

 

Conclusão

A clínica psicanalítica é nosso esperanto e nossa esperança. Não há nada mais psicanalítico do que a pluralidade, as divergências, as inconsistências. Ao respeitar a alteridade tanto no nível individual como no da postura psicanalítica, renunciamos às mais diversas fantasias onipotentes e nos tornamos mais amadurecidos.

A linguagem que usamos para nos aproximar da fala do paciente deve ser a da intimidade e tradicionalmente a linguagem da intimidade seria a língua materna. A importância e o valor da língua materna são incontestáveis, porém, diante de sua ausência, a criatividade, as outras linguagens podem ter funções tão ou mais importantes que ela. Mas como analista sabemos quanto nos escapa através daquilo que Freud descreveu como a ferramenta fundamental da psicanálise: a palavra. Esta pode revelar e esconder, comunicar e enganar, aproximar e afastar... é familiar e estrangeira ao mesmo tempo. Há o ritmo e a dimensão do inconsciente que deverá atravessar todas as barreiras para usar da possibilidade da expressão e do encontro.

O descompasso presente no encontro analítico provoca um estranhamento de si, tornando possível a paixão: é ela o itinerário de um eu em busca de si mesmo pelos caminhos da alteridade, e isso nada mais é do que a viagem que, como analistas ou como pacientes, em língua materna ou em língua estrangeira, nos sentimos curiosos de fazer...

 

Referências

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Endereço para correspondência
Joyce Kacelnik
Rua Joaquim Antunes 490/104 &– Pinheiros
05415-001 &– São Paulo- SP
Tel.: 11 3083-3449
E-mail: joyce.kacelnik@uol.com.br

Recebido: 30/05/2008
Aceito: 30/06/2008

 

 

* Reflexões sobre língua materna, língua estrangeira e psicanálise.
** Instituto da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.
1 Tradução livre da autora.