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Ide

versão impressa ISSN 0101-3106

Ide (São Paulo) v.32 n.48 São Paulo jun. 2009

 

EM PAUTA - O CORPO DA PALAVRA

 

Figuras rupestres: arte e/ou escrita?

 

Pré-historic pictures: art or/and writing?

 

 

Ignacio Gerber*

Psicanalista, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O artigo enfatiza a continuidade analógica entre arte e escrita. A partir de um aforismo de Heráclito propõe as pulsões freudianas de vida e morte ou de união e separação como um campo contínuo de opostos complementares e inseparáveis e se pergunta sobre as fronteiras da psicanálise.

Palavras-chave: Arte, Escrita, Continuidade analógica, Inconsciente infinito, Atuações.


ABSTRACT

This paper emphasizes the analogical continuity between art and writing. Proposes the Freudian basic instincts, life and death, as complementary opposites and rises the question of the frontiers of psychoanalysis.

Keywords: Art, Writing, Analogic continuity, Infinite unconscious, Enactements.


 

 

Considerar a pintura rupestre como expressão de modos de comunicação abriu caminho para se conhecerem as culturas da Pré-História. ... A possibilidade de representar graficamente o mundo sensível é resultado, em parte, da capacidade da espécie humana de tomar distância em relação a ela mesma, posicionar-se em relação aos outros e ter como consequência do processo de evolução uma consciência reflexiva.

Anne Marie Pessis, Imagens da Pré-História

 

 

... Mas isto é arte? Essa pergunta arrogante tem sido usada como tema por vários cartunistas famosos, entre eles Don Martin (Mad) e Charlie Schultz (Peanuts). O jovem e talentoso Renato Rea recriou para nós essa pergunta em quadrinhos, à guisa de título deste pequeno ensaio. Tomemos a pergunta escrita a seguir – Figuras rupestres: arte e/ou escrita? – como uma legenda. Mas a “charge” nos remete, por associação livre, a outra pergunta que tem estado sempre presente na história de nosso ofício: “... mas isto é psicanálise?”. Como tem ficado demonstrado na atualidade, perguntas insidiosas só podem ser afrontadas com respostas paradoxais, o que já significa negar-se ao direcionamento da resposta oculto na própria pergunta: é ou não é? E, para além, negar-se à “malhereuse réponse”, de Blanchot, exaustivamente citado: “A resposta é a desgraça da pergunta”.

Entre as infinitas respostas paradoxais a essa pergunta agradam- me algumas possíveis, antes lembrando que a lei da não contradição ou do terceiro excluído de Aristóteles (não existe um terceiro termo T que se iguala simultaneamente a dois termos A e B, sendo A diferente de B) determina a lógica finita não-contraditória de nosso sistema consciente enquanto a lógica inconsciente a transcende, pois é contraditória e portanto infinita; voltaremos a isso. Eis algumas das respostas possíveis:

1. É e não é. Aceitemos com naturalidade o terceiro incluído.

2. Responder com outra pergunta: é ou não é na opinião de quem?

3. Tudo é psicanálise – psicanálise não são coisas, mas certa cosmovisão sobre as coisas.

4. Tudo tem a ver com tudo...

Para tentar pensar melhor essa questão, vamos apelar não às bruxas, mas ao nosso patriarca Freud. Ao longo de sua longa vida e do desenvolvimento crescente de suas conjeturas, Freud sempre se apoiou em dualismos básicos, a começar pelo dualismo fundante da psicanálise consciente-inconsciente, e pelos vários dualismos pulsionais: instintos de sobrevivência versus instintos eróticos, pulsão de vida versus pulsão de morte, chegando em suas obras finais – no Abriss póstumo, por exemplo – a uma conceituação mais essencial e abstrata: impulso de unir versus impulso de separar (instinto, pulsão, impulso, traduções inevitavelmente insatisfatórias do “trieb” freudiano). Coloca-se a questão: Freud pensaria mesmo em termos de dualismos estritos, dois polos isolados, o que então justificaria seus embates com o sistema monista de Jung, ou ambas essas representações esquemáticas, aparentemente reducionistas, seriam apenas as tentativas possíveis de representar um campo contínuo de qualidades psíquicas, relacionadas de maneira complexa; opostos complementares e inseparáveis unidos eternamente em proporções mutantes segundo uma lógica contraditória que ainda nos escapa. Talvez algo como a dialética intuitiva do Yin-Yang, na qual o Yin é tão-somente mais Yin do que Yang e o Yang mais Yang do que Yin. Nenhum dos dois representa o bem ou o mal em si mesmos. “Opostos são complementares” é um aforismo emblemático de Heráclito de Éfeso, que viveu há 2600 anos e já então rompe com a separatividade do “ou isto ou aquilo”, substituindo talvez por “tanto quanto”. Esse fragmento de Heráclito foi tomado de empréstimo pelo eminente físico atômico e filósofo Niels Bohr para ornamentar seu brasão de armas e tornou-se um dos lemas da mecânica quântica: “tanto onda quanto partícula” ou “tanto função de onda quanto singularidade”. Parece-me que uma leitura atenta de Freud deixa claro que essa concepção de opostos complementares permeia suas ideias e de resto seria estranho que não fosse assim, porque toda a ciência do seu tempo abria suas portas positivistas para as concepções probabilísticas, contraditórias e aleatórias tanto na biologia como, coisa nunca antes imaginada, na física e na matemática.

Poderíamos tentar ilustrar esse tipo de concepção com o caminho do meio da filosofia oriental. Navegamos na vida – precisa e imprecisamente, como dizia Pessoa – entre as duas margens de um rio na busca de uma terceira. De um lado, ou melhor dizendo, em uma determinada dimensão cósmica, a pulsão de vida, de união, e do outro, a pulsão de morte, de separação. O caminho do meio não é uma linha reta equidistante das margens, mas uma linha sinuosa que a cada tanto pode nos aproximar perigosamente de uma ou de outra margem. Viver “bem” é buscar o equilíbrio mutante do momento vivido, e para tanto suportar em si mesmo o puro presente das turbulentas emoções paradoxais; o bom marinheiro se revela nas tempestades. Do mesmo Heráclito é a tão conhecida “jamais entraremos outra vez no mesmo rio”; em certa medida navegaremos sempre por mares nunca dantes navegados.

Bem, embora essas ideias não sejam absolutamente novas neste século XXI, como as pensamos nós, pessoas contemporâneas? O cientista, o psicanalista, o homem da rua? Será que já incorporamos esse pensar contraditório que admite o paradoxo criativo e com isso expande o pensamento, ou ainda nos aferramos a um raciocínio mais seguro e limitado? Parece-me que Freud foi um dos grandes pioneiros da ruptura de um certo positivismo dogmático que permeava a ciência de sua origem. E é essa uma das grandes contribuições da psicanálise ao pensar atual: tolerar a contradição, o paradoxo, e torná-los criativos. Nessa concepção cambiante de cintilações de unir e separar, podemos perceber tendências entre os seres humanos que se agradam mais do unir ou do separar. Claro que marcar as semelhanças e as diferenças é fundamental, mas alguns tendem a enfatizar mais as semelhanças e outros mais as diferenças. A ênfase exagerada destes últimos pode levar a consequências do tipo do isolacionismo científico ou escolástico e no limite extremo ao racismo. Claro que se ancorarmos na outra margem, a indiferenciação radical pode também ser esterilizante, mas confesso que, pessoalmente, eu tendo a ver a pulsão de unir como mais primordial, inerente à nossa espécie humana de seres tribais e, por que não, mais simpática. Sim, no sentido de uma pulsão amorosa que consegue integrar as inevitáveis separações e diferenças.

Se voltarmos à pergunta que deflagrou esta já longa digressão, vemos que as respostas possíveis flutuam nas águas de nosso rio ao sabor dos anseios pessoais por uma das margens. De um lado existem os que acham que a psicanálise é magnificamente específica, ciosos em criar fronteiras protetoras e quiçá corporativas. Do outro os que a consideram como um recorte amplo que se soma a todos os outros recortes multidimensionais e transdisciplinares na matriz infinita do conhecimento humano. Para respeitar as diferenças é indispensável reconhecê-las; apesar de minha adesão explícita às fronteiras abertas, considero importante a existência de adesões opostas que me complementem. Imagino um mapa do conhecimento humano em que, em uma analogia com o mapa-múndi cartográfico, as fronteiras lineares demarcadas entre países de cores diferentes se dissolvessem em um vasto dégradé de cores que transitassem gradualmente ao longo das semelhanças e diferenças geográficas, climáticas, culturais e étnicas. Somos todos seres planetários, mas como e quanto cada um de nós sente isso dentro de si?

Bem, vamos do pré-texto ao pretexto.

As figuras rupestres são arte ou escrita? Ambas, evidentemente. Quando o primeiro de nossos ancestrais desenhou um ser rudimentar na parede da caverna, estaria fazendo isto solipsisticamente, só para si, ou já se comunicava com a espécie a que pertence mesmo antes que outro pudesse captar a mensagem pictórica? Parece-me que no primeiro traço significativo já surge a escrita. Claro que os pesquisadores e pensadores pósteros teriam de delimitar pontos de mutação na qualidade das mensagens, com sofisticações crescentes ao longo do tempo e do espaço, mas parece- me impossível a determinação de uma fronteira rígida entre o desenho e a escrita, entre o pictograma, o ideograma, o logograma, o fonograma, a letra. Como exemplo, dessas diferentes visões temos dois excelentes livros sobre o surgimento da escrita: The history of writing, de Andrew Robinson, de 1995, e L’aventure des écritures, naissances, de Anne Zali e Annie Berthier, de 1997. Neste último livro, o nascimento da escrita é datado em 3.300 anos antes de Cristo com as tábuas sumérias na Baixa Mesopotâmia. No outro, a cronologia se expande até 25 mil anos antes de Cristo, incorporando a comunicação pictográfica ou protoescrita. As opiniões e categorizações variam na dependência da postura emocional do estudioso. Citamos David Bohm, eminente físico atômico e filósofo, profundamente influenciado por seu contato íntimo com Einstein e Krishnamurti:

A experiência com a natureza assemelha-se muito à experiência com seres humanos. Se alguém se aproxima de um outro homem com uma “teoria” a respeito dele, como um “inimigo” contra o qual é preciso se defender, esse homem responderá da mesma maneira e, portanto, a teoria será aparentemente confirmada pela experiência. De maneira semelhante, a natureza responderá de acordo com a teoria com a qual for abordada. (Bohm 1980)

Um exemplo histórico significativo de como a abordagem preexistente no cientista pode ser um obstáculo é o caso clássico de Champollion na decifração dos hieróglifos egípcios a partir da pedra da Rosetta. Ele imaginou, a partir da visão prevalente entre os estudiosos de sua época, que os símbolos hieroglíficos fossem exclusivamente pictogramas e não símbolos fonéticos, excluindo a possibilidade desses últimos em sua investigação: ou uma coisa ou outra. Isso o levou a um impasse e, somente ao incorporar as contribuições de outros “decifradores” seus contemporâneos, como Thomas Young (1819) e William Barkes, que lhe enviou em 1822 uma cópia das inscrições hieroglíficas do obelisco bilíngue de Philae, Champollion se deu conta de que os hieróglifos cumpriam ambas as funções conforme o contexto e então se abriu à compreensão da lógica da escrita hieroglífica em 1823. Citamos o resumo dos fundamentos da escrita hieroglífica feito por Andrew Robinson:

O sistema de escrita é uma mistura de símbolos semânticos, isto é, símbolos que correspondem a palavras e ideias, também conhecidos por logogramas, e símbolos fonéticos, fonogramas, que correspondem a um ou mais sons (alfabéticos ou policonsonantais). Alguns hieróglifos são figuras reconhecíveis de objetos, um pássaro ou uma serpente, isto é, eles são pictogramas, mas a figura (picture) não revela necessariamente o sentido do signo. Assim, na “cartouche” de Cleópatra (no obelisco de Philae), a imagem de sua mão funciona como o fonograma T. Assim o pictograma pode funcionar como fonograma e como logograma dependendo do contexto... Múltiplas funções.

O processo contínuo em que imagens se transmutam em pictogramas, ideogramas, logogramas, até um alfabeto estruturado, repete o processo intrapsíquico do desenvolvimento da mente humana desde os protopensamentos até o pensar mais sofisticado. Como diz Anne Marie Pessis em seu belo livro Imagens da Pré-História:

A produção de imagens gráficas se realiza de maneira análoga à produção de imagens mentais. Em vez de produzir mentalmente a partir do mundo sensível, a construção gráfica é desta vez material, mas tem como ponto de partida nossas relações mentais. ... É o gesto ... que marca a diferença ... (p. 75)

Ao longo de sua história a psicanálise percorreu o caminho inverso, partindo da terapia centrada na palavra falada, da racionalidade estruturada, percorrendo ideogramas, pictogramas, protopensamentos, até a pura emocionalidade, mergulhando na a-racionalidade lógica do Inconsciente – tudo aquilo que transcende nossa lógica consciente. Como exemplo, a análise dos desenhos e jogos infantis surgiu como uma expansão mais tardia na nossa clínica. Por outro lado, a linguística estrutural, embora mantendo sua importância específica, se coloca hoje apenas como parte de um complexo de comunicação muito mais amplo e sutil. A totalidade inconsciente da subjetividade humana se comunica, se desvela, através de toda e qualquer manifestação expressiva, de toda e qualquer atuação de um determinado ser; a fala e a escrita são casos particulares especiais no universo das atuações possíveis. Nesse sentido o gesto que se manifesta em uma caligrafia pessoal certamente contém em si esse condensado inconsciente de toda uma vida; podemos criticar usos que se façam da grafologia, mas ela aborda um canal respeitável de captação de nossa expressividade. Assim como Freud incorporou as inevitáveis resistências ao processo psicanalítico como aliadas na compreensão de seus pacientes, os psicanalistas atuais estão incorporando as atuações, antes consideradas apenas uma recusa à comunicação, como uma comunicação em si mesma: enactements, “comuniquemas”. Por princípio o método psicanalítico não recusa nenhuma mensagem, seja qual for o seu meio e tantas vezes “o meio é a mensagem”. A negação já é uma comunicação positiva; o vazio da comunicação é pleno de possibilidades.

Um dos temas recorrentes na obra de Freud, e desenvolvido poeticamente em Moisés e o monoteísmo, é a continuidade analógica entre os processos intrapsíquicos individuais e os processos coletivos socioculturais. Mas a trajetória que liga indivíduo e sociedade passa certamente pela continuidade analógica entre processos intrapsíquicos individuais e processos interpsíquicos entre dois seres humanos, no mínimo. Em outras palavras, a teoria das pulsões e a teoria das relações de objeto são também opostos complementares, partes inseparáveis de um campo multidimensional. Penso que o confronto datado entre os militantes de cada uma dessas teorias atendeu apenas a uma ênfase excessiva na separatividade e soa hoje como ingenuidade ou obsoletismo epistemológico. Parodiando Freud: Há muito mais continuidade entre ideias opostas do que a impressionante cesura do corte epistemológico nos teria feito acreditar.

A caligrafia chinesa nos oferece um belo exemplo dialético de continuidade e singularidade. Por um lado, seus ideogramas atuais conservam, na sua essência, as imagens e pictogramas que lhes deram origem. Por outro lado, a contribuição do gesto do calígrafo ao sentido do ideograma faz parte da mensagem: a direção, o sentido, a intensidade com que a mão move o pincel sobre o papel, deixando nele traços, rastros estéticos da criatura que por lá passou deixando sua marca: arte e escrita.

Dando um salto para o diálogo escrito através de computadores, apesar dos inúmeros signos e códigos gráficos criados a todo momento na tentativa de transmitir as emoções sutis, “o gesto”, do digitador ao leitor da mensagem na tela, parece-me, espero que sem saudosismo, que se perde aí um canal privilegiado de comunicação afetiva tão próprio das “antigas?” cartas manuscritas que nos permitiam reconhecer a letra de uma pessoa querida, um algo mais revelando seu estilo. Algumas “letras” deixaram lembranças marcantes em mim: a letra indecifrável das receitas médicas, código esotérico a excluir a nós pacientes, ou a letra clara e elegante de todos os meus antigos professores de português. Confesso que tantas vezes não consigo decifrar minha própria letra.

O inconsciente funciona em um campo lógico multidimensional, impensável na nossa lógica usual tridimensional consciente. Reparem que quando se passa de uma figura unidimensional, uma reta, para uma bidimensional, um plano, e dessa para uma tridimensional, um sólido, aumentam-se geometricamente as trajetórias possíveis de ligação entre dois pontos, ou seja, os vínculos possíveis entre os vários pontos da figura. Essa rede de interdependência entre todos os seus conteúdos, somada a seus “infinitebytes” de memória caracterizam o Id, “puro” Inconsciente. Podemos então pensar o Inconsciente como um espaço com N > 3 dimensões, talvez infinitas dimensões, onde todos os pontos se conectam. Livre associação como um modo radical de funcionamento inconsciente: tudo tem a ver com tudo. As características emocionais, para além das racionais, determinam as infinitas conexões lógicas do momento vivido; para serem captadas, por associação livre, pelas limitadas possibilidades finitas de nosso sistema consciente, essas conexões tem de ser drasticamente reduzidas: o reducionismo racional consciente. É por isso que Bion preferia a antinomia finito-infinito à consciente-inconsciente e Matte-Blanco expandiu-a para consciente-divisor-finito e inconsciente-indivisível-infinito. Ou seja, o inconsciente funciona com uma lógica infinita. Contribui para isso sua total aceitação da contradição, pois, se admitirmos relações contraditórias entre duas proposições, expandimos enormemente as relações aceitáveis entre elas.

Finalizo com uma questão prática: parodiando André Green, que se perguntava se a sexualidade ainda interessa aos psicanalistas hoje, eu pergunto: o Inconsciente ainda interessa aos psicanalistas hoje? O quanto toleramos a contradição, o paradoxo, o infinito inalcançável em nós mesmos sem apelar ansiosamente para uma racionalidade que nos tranquilize reduzindo o inevitável desconhecido? Corremos o risco de repetir a caricatura do físico clássico que assim abordava sua pesquisa sobre a galinha: “imaginemos uma galinha esférica...”. Seria um exagero dizer que o Consciente é um mecanismo de defesa diante do Inconsciente? Ou que Freud, diante do Inconsciente, assim como Pascal diante dos espaços infinitos que o assombravam, teria criado uma instituição como mecanismo de defesa? Sonhar o Inconsciente implica aceitar os paradoxos lógicos, a impermanência dos fatos, a interdependência dos eventos; implica introjetar o infinito: um exercício de compaixão. Parece-me – ou quer me parecer – que aqueles de nós mais tendentes a unir, tendem também a ser mais bem-humorados.

 

Referências

Bohm, D. (1980). A totalidade e a ordem implicada. São Paulo: Cultrix.        [ Links ]

Freud, S. (1938). Moses and monotheism. In S. Freud, Standard Edition (Vol. XXIII). London: Hogarth Press.        [ Links ]

Freud, S. (1938). Outline of psychoanalysis. In S. Freud, Standard Edition (Vol. XXIII). London: Hogarth Press.        [ Links ]

Gerber, I. (2008). O jogo do inconsciente. Revista Percurso, 40, 55-68.        [ Links ]

Green, A. (2008). A ilusão de uma base comum e o pluralismo mítico. Livro Anual de Psicanálise, 21.        [ Links ]

Martin, D. (1969). Dom Martin cooks up more tales. New York: Signet Books.        [ Links ]

Matte-Blanco, I. (1988). Thinking, feeling and being. London: Routledge.        [ Links ]

Pessis, A. M. (2003). Imagens da Pré-História. São Paulo: Fundham.        [ Links ]

Robinson, A. (1995). The history of writing. London: Thames& Hudson.        [ Links ]

Zali, A. & Berthier, A. (1997). L’aventure des écritures, naissances. Paris: Bibliothèque Nationale de France.

 

 

Endereço para correspondência
Ignacio Gerber
Avenida Faria Lima, 2121/64 – Jardim Paulistano
01451-925 - São Paulo - SP
Tel.: 11 3813-36 83
E-mail: ignaciogerber@terra.com.br

Recebido: 30/03/2009
Aceito: 10/04/2009

 

 

* Psicanalista, membro efetivo da SBPSP.