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Ide

versão impressa ISSN 0101-3106

Ide (São Paulo) vol.33 no.50 São Paulo jul. 2010

 

EM PAUTA - CARTAS

 

Cartas trocadas: Walt Whitman – Sigmund Freud

 

Changing letters: Walt Whitman − Sigmund Freud

 

 

Ignácio Gerber*

Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Cartas imaginárias trocadas entre Walt Whitman e Sigmund Freud.

Palavras-chave: Cartas, Poesia, Sigmund Freud, Walt Whitman.


ABSTRACT

Imaginary letters in a correspondence between Walt Whitman and Sigmund Freud.

Keywords: Letters, Poetry, Sigmund Freud, Walt Whitman.


 

 

Prezado Professor Freud,

Meu nome é Walt Whitman e estou certo de que o senhor não me conhece, embora eu desfrute de alguma notoriedade como poeta em meu país. Sou também jornalista e foi um colega recém-chegado de Viena que certa noite me contou algo sobre o senhor e suas ideias. Fiquei imediatamente fascinado, se é que a compreendi, com sua ideia dos sonhos como porta-vozes enigmáticos de um Inconsciente que nos constitui além do tempo. Pareceu-me que mais além de uma hipótese científica este é um belíssimo achado poético. Nessa mesma noite tive dois sonhos estranhos – aliás, como todos os meus sonhos. No primeiro, que se passava em um tempo futuro, o senhor publicava um grande livro sobre os sonhos. No segundo, em um futuro talvez mais distante, o senhor recebia um convite para visitar a América e chegava a nós de navio trazendo consigo “a peste”. Não sei o que isso significa e me pergunto se poderiam ser sonhos premonitórios. Tomei então a liberdade de escrever-lhe para pedir que me dissesse algo sobre esses sonhos e talvez pudéssemos prosseguir nos correspondendo.

Claro, devo iniciar me apresentando, pois já conheço um pouco sobre o senhor e o senhor, nada de mim. Usarei como apresentação dois fragmentos de meus poemas:

Saindo da ilha em forma de peixe
onde eu nasci – Paumanok –
bem concebido e criado por uma perfeita mãe,
depois de andar muitas terras,
morando em Mannahatta, cidade minha,
ou nas savanas do Sul,
ou soldado acampado ou carregando
o fuzil e a mochila,
ou labutando nas minas da Califórnia,
ou bronco em minha casa nos bosques de Dakota,
a comer carne e a beber água de fonte,
ou escondido para meditar
em algum canto bem fundo
longe do estrídulo das multidões. (p. 18)1

Uma vez no Alabama, enquanto eu dava
o meu passeio matinal,
vi pousada uma fêmea de pardal
em seu ninho entre os galhos
chocando seus filhotes.

Eu vi também o passarinho-macho
e parei a escutá-lo
ao alcance da mão
inflando o peito e gorjeando em júbilo.
E estando eu ali parado, me ocorreu
que o canto dele
não era só para o que estava ali,
nem para a parceira dele
nem mesmo para ele só,
nem para tudo o que os ecos mandavam
de volta
− mas muito além, sutil e clandestina,
era mensagem transmitida e oculta herança
para os que estavam acabando de nascer. (p. 21)

Do seu respeitoso admirador,
Walt Whitman

Cerca de um mês depois, 1890

Caro Senhor Whitman,

Como seria de esperar, sua carta me deixou intrigado e perplexo. Não fosse a beleza de seus versos, que me emocionaram profundamente, eu a teria simplesmente descartado. Mas não posso resistir à sedução de vossos sonhos. Em relação ao primeiro, confesso que tenho pensado – ou devaneado – em escrever um livro exaustivo sobre os sonhos. Ele vai se formando em minha mente e me surpreendeu vossa captação muito particular da ideia de Inconsciente que ainda germina em mim. Quanto ao segundo sonho, devo dizer que a ideia de um convite vindo da América parece-me altamente improvável. No momento são escassos os convites que recebo, mesmo de lugares muito mais próximos. Se me permite uma interpretação fora de contexto, sugiro que esses sonhos representam mais uma realização de vossos desejos do que mensagens premonitórias.

Em relação ao seu convite para nos correspondermos, eu respondo que:

“Desconhecido, se você vier passando e der comigo e quiser
me falar,
Por que não há de falar comigo?
E eu, por que também não haveria de falar com você?” (p. 17)

Portanto, me escreva que responderei assim que possível.

Saudações,
Prof. Freud

Algum mês de 1901

Prezado Prof. Freud,

Será que ainda se recorda de mim? Passaram-se muitos anos de nossa troca de cartas, mas tenho escusas para minha demora em responder-lhe. Mark Twain, um conhecido escritor americano, de certa feita deparou-se com uma nota de seu falecimento em um jornal de grande tiragem e apressou-se em escrever-lhes esclarecendo, com seu humor característico, que a notícia de sua morte era um tanto exagerada. Bem, conto-lhe isto porque, no meu caso, a notícia de minha morte ocorrida em 1892 não é absolutamente exagerada! Realmente aconteceu, mas espero que isto não seja um impedimento para reatarmos nossa correspondência, mormente agora em que me parece entender – mais que isso, sentir profundamente em mim – a atemporalidade inconsciente e a própria noção de eternidade.

Mando-lhe mais um fragmento de poema e peço-lhe, com perdão da ousadia, que me fale do seu Traumdeutung; afinal, meu primeiro sonho se realizou.

Não creio que setenta anos sejam
o tempo de um homem ou uma mulher,
nem sejam setenta milhões de anos
o tempo de um homem ou de uma mulher,
nem que possa jamais conter-se em anos
a existência da minha ou de qualquer pessoa.

Maravilhoso que eu deva ser imortal?
Pois todos são imortais.
Bem sei que é maravilhoso, mas
a visão em meus olhos
é igualmente maravilhosa,
e o modo pelo qual fui concebido
no ventre de minha mãe
é igualmente maravilhoso,
e como de bebê passei à fase do engatinhar
num par de verões e invernos até andar
e falar – tudo isso é igualmente
maravilhoso.

E que minha alma neste instante abrace
a vocês todos e nos sintamos
afeiçoados sem nos termos visto
um ao outro jamais, e talvez nunca
nos voltemos a ver – tudo o que há nisso
é igualmente maravilhoso. (p. 122)

Com admiração,
Walt Whitman

Uma semana depois

Caro Sr. Walt Whitman,

O senhor me surpreende cada vez mais. Outro que não eu, a esta altura quase acostumado a me defrontar com os mistérios infinitos da alma, teria duvidado da possibilidade de continuarmos a nos escrever e mais ainda do seu sincero interesse pela minha obra, mas no momento em que vivo um interlocutor é para mim uma dádiva preciosa que não pode ser recusada. Seguem-se, pois, algumas reflexões sobre o Traumdeutung:

Ao começar meus estudos,
me agradou tanto o passo inicial,
a simples conscientização dos fatos,
as formas, o poder do movimento,
o mais pequeno inseto ou animal,
os sentidos, o dom de ver, o amor
– o passo inicial, torno a dizer,
me assustou tanto,
e me agradou tanto,
que não foi fácil para mim passar
e não foi fácil seguir adiante,
pois eu teria querido ficar ali
flanando o tempo todo,
cantando aquilo
em cânticos extasiados. (p. 15)

Porém, às vezes me pergunto: como este livro será recebido? Só o que espero é que

Não me fechem as portas, orgulhosas
Bibliotecas,
Pois justamente o que estava faltando
Em tuas prateleiras apinhadas,
É o que venho trazer.
...................................................
Um livro à margem,
Sem nada a ver com os restantes,
E que não pode ser sentido só
Com o intelecto.
Vocês, porém, com seus silêncios latentes,
A cada página hão de estremecer
Maravilhadas. (p. 16)

Será que daqui a trinta anos eu ainda pensarei, como penso hoje, que :

[Este livro] contém, mesmo de acordo com meu julgamento de hoje, talvez a mais valiosa das descobertas que tive a boa fortuna de fazer. Insights como esse nos ocorrem somente uma vez na vida...

Com afeto,
S. Freud

… de 1908

Caro Prof. Freud,

A atemporalidade em que estou imerso tem seus inconvenientes para nossa correspondência, já que me sinto cada vez mais desligado do seu tempo cronológico. Passou-se muito tempo por aí? Estou sabendo que meu segundo sonho se realizou. Quanto à “peste”, ainda que o senhor tenha nos inoculado com esse vírus benfazejo, imagino os anticorpos das resistências conservadoras e preconceituosas que se oporão a ele, mas pressinto também que seus efeitos liberadores se farão sentir aos poucos, que muitas crises ainda serão vividas sem que a lição seja aprendida, mas talvez, daqui a um século, uma mudança catastrófica se faça sentir.

Broadway (1908)
Wall Street (2008)

Que aceleradas marés humanas,
seja noite ou seja dia!
Que ardores, que paixões, ganhos e perdas,
em tuas águas flutuam!
Que redemoinhos de perversidade,
beatitude e tristeza, te sustentam!
Que curiosos olhares indagadores
− fagulhas de amor!
Cobiça, inveja, desdém,
ironia, esperança, aspiração!
Tu portal, tu arena – de miríades
de filas e longos agrupamentos!
(Só teus marcos de pedra, esquinas e fachadas
poderiam contar tuas histórias inimitáveis;
tuas janelas ricas e os hotéis
amplos e as calçadas largas.)
Tu, a dos pés sem descanso correndo
e de leve pisando e deslizando!
Tu como o próprio mundo
um mosaico de cores
– como a vida infinita, zombeteira, abundante!
Tu, enviseirada, vasta,
mostra a lição! (p. 134)

Walt Whitman

… de 1909

Caro Sr. Whitman,

Certamente nossos tempos são tão diferentes quanto à lógica finita do Consciente e a lógica infinita do Inconsciente. De resto, compartilho de seu otimismo a longo prazo, embora eu seja injustamente tachado de pessimista. Se suas previsões se cumprirem e se esta casa de onde lhe escrevo ainda estiver de pé daqui a cem anos, talvez uma placa do tipo “Aqui viveu...” seja afixada junto à porta.

Mas isto me leva a uma questão que tem me preocupado no momento. Sinto-me pressionado pelos colegas e discípulos a criar uma instituição psicanalítica internacional e fico me perguntando se existe qualquer conciliação possível entre Psicanálise e Instituição. Você teria algo a me dizer? Pergunto-lhe porque, embora intua que a espacialidade não tem mais sentido para você, tendo a imaginá-lo olhando as coisas de cima.

S. Freud

... de 1910

Caro Sr. Freud,

Já aconteceu, a Instituição está criada, e não me cabe criticar, mas não resisto a colocar-lhe através de um poema como me sinto a respeito:

Ouço dizer que contra mim foi alegado
que eu procurava destruir instituições,
mas em verdade eu nada tenho contra
nem a favor das instituições
− que tenho eu afinal a ver com elas
ou com a destruição delas?
Tudo o que eu quero é fundar
em Mannhatta e em toda e qualquer cidade
destes Estados, litorâneos ou do interior,
e pelos campos e bosques,
e em qualquer barco de quilha pequena ou grande
singrando quaisquer águas,
sem edifícios ou regras ou fiadores
ou qualquer tipo de argumentação,
a formidável instituição
do amor entre camaradas. (p. 66)

Walt Whitman

… de 1910

Caro Sr. Whitman,

Também através de um poema lhe respondo como me sinto a respeito:

Precursores

Como são eles colocados sobre a terra
(surgindo a intervalos),
como são caros e terríveis para o mundo,
como eles se habituam a si mesmos
assim como aos demais
− que paradoxo chega a parecer
o tempo deles −
como as pessoas respondem a eles
ainda que os não conheçam,
como algo de intransigente persiste
na sorte deles em todos os tempos,
como todos os tempos
escolhem mal as coisas
com que os adular e os recompensar,
e como o mesmo preço inexorável
há de ser pago ainda
pela mesma grandeza
encomendada. (p. 15)

Prof. Freud

Em torno de 192...

Caro Sr. Freud,

Embora me pareça já intuir algo sobre a psicanálise, falta-me o essencial: saber o que se passa no consultório entre um analista e seu paciente. Claro que meus princípios éticos me impedem totalmente de invadir sua sala de consulta valendo-me da minha etérea condição; eu me sentiria como um terceiro não psicanalítico. Peço, se for possível, que me relate uma pequena história que se passou entre vocês, talvez algum fragmento de sua própria fala.

Walt Whitman

... de 192...

Caro Sr. Whitman,

Você me pede o mais difícil, talvez impossível, mas vou tentar. Uma ressalva: minhas obrigações intelectuais com o futuro da psicanálise tem quase limitado meus atendimentos a colegas médicos interessados em tornar-se profissionais da psicanálise. Confesso que isso me causa um certo enfado, mas alguns dos que me procuram mantêm meu entusiasmo pela investigação e pela descoberta. Particularmente uma mulher inteligente e encantadora − por que não dizer? Podemos nomear a isso eufemisticamente de Transferência. Nosso trabalho de análise já se prenunciava em uma carta que recebi em 1912. Mantenho seu nome em sigilo por razões óbvias:

Caro professor,

Desde que assisti ao Congresso de Weimar, no último outono, o estudo da psicanálise tem continuado a preocupar-me, e torno-me absorvida quanto mais penetro no assunto. Estou prestes a realizar agora meu desejo de passar meses em Viena. E o senhor permitirá que eu me aproxime de si, que assista às suas conferências e, ainda, que seja admitida às suas Noites de Quarta-Feira? O único objetivo de minha visita a Viena é dedicar-me mais profundamente a todos os aspectos dessa matéria.

Atenciosamente,
L.A.S. (Salomão, 1963/1975)

Atendendo a seu pedido, vou transcrever três falas minhas em três sessões diferentes ao longo de nossa análise: nosso primeiro encontro analítico, uma outra sessão em um momento importante do processo vivido por nós, e finalmente nossa última sessão:

Primeiro encontro...

A nova pessoa que vem a mim
é você?
Ouça um conselho, para começar:
eu sou com certeza bem diferente
do que você imagina.
Você imagina encontrar em mim
seu ideal?

Acha tão fácil assim eu me tornar
seu amante?
Pensa que minha amizade
é fonte de satisfação sem impureza?
Julga que eu seja fiel e digno de confiança?
Além desta fachada,
do meu jeito macio e tolerante,
você não vê mais nada?
Acha que vem avançando
em bases realmente firmes
na direção de um homem realmente heroico?
Pela cabeça nunca lhe passou,
ó sonhadora,
que tudo isso pode ser maya, ilusão? (p. 63)

Tempos depois

Seja você quem for,
receio que você esteja
trilhando as trilhas das ilusões:
receio que essas supostas realidades
venham a derreter-se debaixo dos seus pés
e suas mãos;
mesmo agora os seus traços, alegrias,
conversa, casa, negócio, costumes,
maneiras, preocupações, loucuras, crimes,
dissipam-se a afastar-se de você,
e diante de mim surge
você em corpo e alma verdadeiros,
à parte das tarefas, do comércio, lojas,
trabalho, fazendas, roupas, a casa,
comprar, vender, comer, beber, sofrer, morrer. (p. 95)

Ao final

Seja você quem for
agora segurando minha mão
sem uma coisa há de ser tudo inútil
– é um leal aviso que lhe dou
antes que continue a me tentar:
não sou aquele que você imagina,
mas muito diferente.

Quem é que gostaria
de vir a ser um seguidor meu?
Quem é que gostaria de lançar
sua candidatura ao meu afeto?

O caminho é suspeito,
o resultado é incerto, destrutivo talvez;
teriam que abrir mão de tudo mais
tendo eu a pretensão
de ser seu padrão único e exclusivo;
sua iniciação haveria de ser ainda assim
extensa e fatigante,
toda a teoria da sua vida passada
e toda conformidade com as vidas em redor
precisariam ser abandonadas;
por isso deixe-me agora
antes de perturbar-se ainda mais,
deixe cair sua mão no meu ombro,
coloque-me de lado e siga seu caminho. (p. 59)

Do amigo,
S. Freud

... de 192...

Caro Freud,

Fiquei muito surpreendido com a liberdade e o calor humano de suas falas. Eu imaginava, preconceituosamente sem dúvida, que analistas falassem racional e friamente interpretando dados “científicos”, talvez baseado em meus contatos anteriores com tantos médicos – não todos, claro – que se defendiam de qualquer envolvimento emocional com seus pacientes através de uma fala empostada e professoral.

Ocorreu-me então fazer um comentário teórico sobre o seu relato:

E agora, cavalheiros, eu lhes deixo
uma palavra
para ficar nas mentes de vocês
e nas suas memórias
como princípio e também como fim
de toda metafísica.

Tendo estudado antigos e modernos
sistemas dos gregos e dos germânicos,
tendo estudado e situado Kant,
Fichte, Schelling e Hegel,
situado a doutrina de Platão,
e Sócrates superior a Platão,
e outros ainda superiores a Sócrates
buscando pesquisar e situar,
tendo estudado bastante o excelso Freud
eu vejo reminiscências daqueles
sistemas grego e germânico,
deparo todas as filosofias,
templos e dogmas cristãos encontro,
e mesmo sem chegar a Sócrates eu vejo
com absoluta clareza,
e sem chegar até o divino Cristo,
eu vejo
o puro amor do homem por seu camarada,
a atração de um amigo pelo amigo,
de uma mulher pelo marido e vice-versa
quando bem conjugados,
de filhos pelos pais, de uma cidade
por outra, de uma terra
por outra. (p. 62)

Com afeto,
Walt

... de 1938

Querido Walt,

Pressinto que vamos nos encontrar em breve. A ideia da morte não me assusta, até a desejo. Mas tenho me preocupado com minha possível biografia. Infelizmente o discípulo e amigo que melhor me compreendeu, a ponto de ter se permitido discordar de mim, morreu há alguns anos; a vida me destinou a dor absurda de sobreviver a alguns filhos. Talvez o discípulo menos indicado para escrevê-la seja aquele que se arrogará esse direito.

Veja o que penso disso:

Enquanto eu lia o livro,
a famosa biografia:
– Então é isso (eu me perguntava)
o que o autor chama
a vida de um homem?
E é assim que alguém,
quando morto e ausente eu estiver,
irá escrever sobre a minha vida?
(Como se alguém realmente soubesse
de minha vida um nada,
quando até eu, eu mesmo, tantas vezes
sinto que pouco sei ou nada sei
da verdadeira vida que é a minha:
somente uns poucos traços
apagados, uns dados espalhados
e uns desvios, que eu busco
para uso próprio, marcando o caminho
daqui afora.) (p. 14)

Até breve,
Sig.

… ∞ …

Walt,

… Misticismo é a obscura autopercepção do reino além do Ego, do Id.

Interrompida a comunicação através de palavras.

O prosseguimento deste interessante diálogo poderá ser acessado pelos leitores em seus próprios sonhos: WW.SF. Traumdreams.

 

Referências

Freud, S. (1953). The interpretation of dreams. In S. Freud, Standard edition of the complete psychological works of Sigmund Freud (J. Strachey, trad., Vol. 4, p. xxxiii). (Trabalho original publicado em 1900).         [ Links ]

Freud, S. (1941). Findings, ideas, problems. In. S. Freud, Standard edition of the complete psychological works of Sigmund Freud (J. Strachey, trad., Vol. 23, p. 300). (Trabalho original publicado em 1938).         [ Links ]

Salomão, J. (Dir.) (1975). Freud – Lou Andreas-Salomé, correspondência completa (D. Flacksman, trad.). Introdução de Ernst Pfeiffer. Imago: Rio de Janeiro. (Trabalho original publicado em 1963).

Whitman, W. (1983). Folhas das folhas de relva (G. Campos, trad.). São Paulo: Brasiliense. (Trabalho original publicado em 1855).         [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência
Ignácio Gerber
Av. Brigadeiro Faria Lima, 2121/64
01451-925 − São Paulo − SP
tel.: 11 3813-3683
E-mail: ignaciogerber@terra.com.br

Recebido: 10/04/2009
Aceito: 20/04/2009

 

 

* Psicanalista, membro efetivo da SBPSP.
1 Todos os poemas de Walt Whitman foram retirados de Folhas das Folhas de Relva, 1983.

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